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SACERDOTE DO ALTÍSSIMO

 

 

TRAJETÓRIA DIFÍCIL

Mas o seu caminho não foi fácil. Inicialmente todas as tentativas e as experiências que adquiriu no convívio e na busca de uma Comunidade Religiosa, transcorreram sem qualquer resultado favorável. Até que, estando em Grenoble, e indo rezar no Santuário da VIRGEM, na escadaria do templo, se encontrou com Dom Eugênio Mazenod, que era o Bispo de Marselha e também, o fundador dos Oblatos de Maria, pois foi ele que o acolheu a dois anos passados quando ingressou no Noviciado em Marselha. Logo o religioso reconheceu Pedro Julião e brincou: “Você ainda está vivo”? Sorrindo, abraçou o jovem e este lhe contou a sua história, inclusive de que estava ali em Grenoble para entrar no Seminário. O Bispo Dom Mazenod prontamente intercedeu em favor dele e Julião cheio de alegria, foi acolhido no Seminário em Grenoble.

Apesar da sua fraca saúde, soube controlar os estudos, as práticas religiosas e o repouso necessário, de maneira a não comprometer as suas chances de chegar ao Altar.

Depois de complementar a formação teológica e espiritual, Pedro Julião com 23 anos de idade, foi ordenado Sacerdote no dia 20 de Julho de 1834, pelo Bispo de Grenoble, Dom Bruillard. Era o dia da festa de Santo Elias.

No dia 22 de Julho, celebrou a sua primeira Santa Missa no Santuário de NOSSA SENHORA DE OSIER, que fica a 20 quilômetros da cidade. Este Santuário estava confiado aos Oblatos e, o Padre responsável era aquele antigo Diretor do Noviciado, quando há anos passados, estava em Marselha.

As semanas passavam e ele ainda não tinha voltado a La Mure para visitar as suas irmãs, dar-lhes as noticias dos fatos ocorridos e celebrar uma Santa Missa na cidade.

Sua irmã Mariana que o conhecia muito bem manifestou ao Bispo local suas inquietações. O senhor Bispo escreveu a Pedro Julião, que recebeu a carta um mês depois da sua primeira Santa Missa. A carta pedia que ele voltasse a La Mure, a fim de se repousar e preparar a saúde para os muitos compromissos da existência. E também, durante este tempo de espera, os Superiores dos Oblatos decidiu atender a sua intenção de ser admitido na Comunidade dos Oblatos. Pedro Julião voltou a La Mure e ficou esperando do Bispo Mazenod, a sua nomeação.

 

CHATTE E MONTEYNARD

E assim, permaneceu em sua casa até o mês de Outubro, quando recebeu carta do Bispo Bruillard, pedindo que ele fosse a Chatte, uma cidadezinha não longe de Osier, para ajudar o Cura local.

No Domingo, dia 26 de Outubro, celebrou pela primeira vez na Igreja Paroquial de Chatte. Ele estava com 26 anos de idade, e ficou Coadjutor Paroquial em Chatte.

Depois de dois anos nesta Paróquia, o senhor Bispo o transferiu para Monteynard, que está bem mais próximo a La Mure, em razão da sua frágil saúde. Este procedimento do senhor Bispo Bruillard foi justamente para atender os pedidos das suas irmãs. O lugarejo de Monteynard era muito pequeno e a Paróquia tinha apenas 450 fiéis.

A chegada do Padre a Monteynard foi festejada com entusiasmo, por que também, ele vinha na qualidade de Pároco da Comunidade local. A Igreja era pequena, velha e estava em mau estado de conservação, precisando de vários reparos. Ele não se intimidou, arregaçou as mangas e resolutamente enfrentou todas as obras. Também, dava total assistência aos paroquianos e, fazia questão de visitar os doentes rezando pela saúde e recuperação de todos eles. Como autêntico pastor, ele tinha por objetivo se santificar e também santificar todas as "suas ovelhas", seguindo os métodos de outro Santo Pároco muito famoso, o Cura d'Ars, que era seu grande amigo. Assim, todos os dias depois de rezar o Ofício Divino na Igreja, Padre Eymard saía para conversar com os fiéis e conhecer as suas notícias. Dotado de um forte carisma para atrair, instruía e animava a todos, obtendo notáveis conversões.

 

A VOCAÇÃO MARISTA

Mesmo estando há pouco tempo em Monteynard, encontrou-se com o Padre Touche, aquele seu velho amigo e confessor no Santuário de NOSSA SENHORA DO LAUS, que lhe deu notícias interessantes, lhe informando da fundação recente de uma Comunidade Religiosa chamada SOCIEDADE DE MARIA. Essa notícia reacendeu nele uma velha chama de ser missionário. Ele sempre sonhou um dia ser um missionário. Sem tardar, foi a Lyon conversar com o Padre Jean-Claude Colin, que era o Superior e Fundador da Ordem dos Padres Maristas e estudar as suas reais possibilidades. Voltando a Monteynard, escreveu ao seu Bispo Bruillard, pedindo para ser dispensado das obrigações Diocesanas, com a finalidade de se juntar aos Maristas.

Depois de muitas conversações, incluindo diversos prós e contras, finalmente foi liberado no dia 4 de Julho de 1839. Sua irmã Mariana pensando na sua pouca saúde, imaginou que o caminho de missionário seria desastroso a sua vida e, por isso, viajou a Grenoble para interferir junto às autoridades, a fim de não permitir a mudança que ele pretendia. Mas já era tarde, Padre Eymard já havia concretizado a transferência. Mariana ao voltar de Grenoble, encontrou em casa com seu irmão que havia chegado de Monteynard, e já estava com sua bagagem pronta para viajar. O encontro foi triste e repleto de lágrimas. Ela insistia para que ele continuasse em Monteynard, e ele afirmava que agora havia alcançado o lugar de trabalho conforme o ideal da sua vida. E num gesto de desespero ela suplicou ao irmão que ao menos, ficasse mais um dia com ela em casa. Ele respondeu: “Minha irmã, DEUS me chama hoje, amanhã será tarde demais”. E colocou a bagagem na carruagem e sem olhar para trás, mas com o coração repleto de tristeza, partiu para Lyon, enquanto Mariana e Nanette choravam inconsolavelmente.

 

NA ORDEM RELIGIOSA MARISTA

Na terça-feira, dia 20 de Agosto de 1839, começou o seu preparo intelectual e espiritual, dentro da orientação e normas Maristas, sob a direção do Padre Pierre Colin, irmão mais velho do Padre Fundador da Ordem Religiosa. E logo a seguir, participou do Retiro Espiritual com mais 40 membros da Nova Comunidade, que foi organizado e pregado pelo Fundador Padre Jean-Claude Colin.

Em fins de Novembro, assumiu como Diretor Espiritual do Colégio Marista de Belley e lá seguiu firme com o seu trabalho, revelando as suas excepcionais qualidades de orientador e administrador educacional.

Por outro lado, a sua partida brusca de La Mure estremeceu as relações fraternas com suas irmãs, que ficaram extremamente magoadas, não compreendendo o comportamento do irmão, por isso, não lhe respondeu nenhuma carta daquelas que ele lhes enviou. Evidentemente este foi um fato passageiro, que logo em pouco tempo ficou superado, em razão do fraterno amor que existia entre eles.

O trabalho era intenso e cada vez maior. Para descansar, Padre Eymard pegava o violino ou sentava-se ao piano e distraia a Comunidade com canções militares.

Depois, deixou o Colégio, pelo fato de ter sido nomeado Provincial da Ordem, indo para a Casa Mãe, Casa de La Puylata, em Lyon, e como sempre, novas responsabilidades e um trabalho bem mais exigente e muito maior.

Como Provincial, seguiu um dia para o Porto de Havre, a fim de presidir a partida de treze Maristas, em missão no Pacífico. Ele tinha vontade de partir junto, mas sua saúde não ajudava.

Seu amigo e co-irmão Marista, Padre Mayet percebeu o fervor de seu zelo apostólico em relação às missões, mas DEUS não lhe permitiu realizar o seu sonho. Sua saúde, jamais suportaria os rigores da vida missionária.

Depois de dois anos como Provincial, o Padre Colin o nomeou Visitador Geral, posto ocupado com muito empenho e dedicação até o ano 1851. Período em que viajou muito para dar Assistência as Casas da Ordem, fazendo visitas a todas as Comunidades Maristas.

 

GUERRA CIVIL NA FRANÇA

Em 1848, estourou a guerra civil que sacudiu a França. As indústrias sofreram com as frequentes greves. Os Mosteiros e as Ordens Religiosas quiseram ajudar e não foram compreendidas. Em Lyon aconteceram muitos conflitos, com mortes e prisões. O Governo Provisório baixou decreto tornando todas as Organizações Religiosas fora da Lei. Houve muitos saques e depredações.

Padre Eymard foi preso por um grupo de agitadores quando andava pela rua e, quiseram lançá-lo no Rio, quando um deles o reconheceu e gritou: “Não façam isto com ele, é o Padre Eymard”. Ele era muito considerado principalmente pelos pobres e pelas classes menos favorecidas, por que carinhosamente, como um pai, sempre cuidava e ajudava a todos.

 

ADORAÇÃO NOTURNA DO SANTÍSSIMO

Nos primeiros meses de 1849, foi a Paris para visitar a Casa dos Maristas. E foi nesta visita que se encontrou pela primeira vez com o Conde Raymond de Cuers, ex-Capitão de Fragata, com o qual, mais tarde, compartilhou de instituir e colocar no mundo a Nova Comunidade do SANTÍSSIMO SACRAMENTO. Raymond estava em Paris com o pianista convertido Hermann Cohen, ocupando-se da Sociedade de Adoração Noturna, cujo fim era promover a oração durante a noite, na presença do SANTÍSSIMO SACRAMENTO. Padre Eymard viu, gostou e ficou estimulado com aquela prática.

Em 1850, ele mesmo serviu de intermediário entre o Arcebispo de Lyon e um grupo de leigos, obtendo as autorizações necessárias para começar o movimento da Adoração Noturna, naquela cidade de Lyon.

No ano seguinte, ainda em Lyon, empenhou-se no estabelecimento de outra obra, a Terceira Ordem das Irmãs de Adoração e Reparação, fundada por Madre Marie-Thérèse Dubouché. No dia 29 de Janeiro de 1851, Padre Eymard celebrou a Santa Missa e expôs o SANTÍSSIMO SACRAMENTO, para aquela Comunidade também dedicada a Eucaristia.

 

ESTÍMULO PRECIOSO

No dia 3 de Fevereiro de 1881, rezando no Santuário de NOSSA SENHORA DE FOURVIÈRE, teve uma preciosa experiência espiritual, que o encorajou a criar um grupo de homens que se dedicassem a Adoração do SANTÍSSIMO SACRAMENTO, da mesma maneira como Madre Dubouché fez para as mulheres. Quando rezava diante da imagem da VIRGEM SANTÍSSIMA, ouviu com toda a clareza a voz de NOSSA SENHORA, bem lá no fundo da sua alma: “È necessário haver uma Congregação Religiosa destinada a honrar de modo especial, a SAGRADA EUCARISTIA, por que esta devoção é o meio de solucionar os intrincados problemas do mundo, de renovar a vida cristã e promover a autêntica formação de Sacerdotes e leigos”. Padre Eymard tremeu de emoção. Rezou e suplicou a ajuda de nossa MÃE SANTÍSSIMA e, retornando a Casa, escreveu e explicou tudo minuciosamente ao Padre Colin. E fez isto, por que ele compreendeu e viu realmente na SAGRADA EUCARISTIA à solução para todas as necessidades do clero e dos fiéis. E por essa razão, insistiu que o SANTÍSSIMO SACRAMENTO fosse adorado permanentemente, para se tornar uma poderosa fonte de enriquecimento espiritual a todas as pessoas.

 

A TERCEIRA ORDEM DE MARIA

Até nesta ocasião, o Padre Eymard se ocupava ativamente da Terceira Ordem de MARIA, cuja responsabilidade lhe fora confiada pelo Padre Colin. Era um grupo de leigos, associado à Comunidade Marista que também compartilhava da espiritualidade da Ordem Religiosa. O grupo cresceu em número e em entusiasmo, e ele então, formou três grupos distintos: de homens casados, de celibatários, e um grupo de jovens senhoras.

Entusiasmado com o progresso espiritual dos membros da Terceira Ordem, solicitou a Roma, ao Papa Pio IX, a aprovação da obra. E fez isto naturalmente, como uma iniciativa comum, fundamentada no êxito espiritual alcançado pela Terceira Ordem, que ele dirigia. Não imaginou que devia antes, ter levado ao conhecimento do Superior Geral da Ordem, Padre Colin e, inclusive, de solicitar a autorização dele. O Papa aprovou e o Padre Colin ficou magoado com o Padre Eymard. Foi criada uma abominável barreira entre os dois.

 

SUPERIOR EM LA SEYNE

Pouco tempo depois, Padre Eymard foi destituído do seu cargo na Terceira Ordem e nomeado Superior do Colégio Marista de La Seyne-Sur-Mer, onde reinava total desordem, a ponto dos Superiores da Ordem pensar em fechá-lo, tal as dificuldades e problemas que nele ocorriam.

Mas, Padre Eymard aceitou sem questionar, e imediatamente pôs-se ao trabalho com a mesma energia e tenacidade que sempre o caracterizou, alcançando em pouco tempo os frutos do seu zelo, graças ao seu grande senso administrativo e responsabilidade funcional.

Sob sua hábil direção, os anos que se seguiram foram prósperos para o Colégio. O número de alunos cresceu e os programas educacionais e espirituais se desenvolveram de modo notável. Mas, aquele sucesso no trabalho debilitou a sua frágil saúde. Padre Eymard foi afetado pela pneumonia que o obrigou a ficar em longo repouso.

Mas é importante lembrar aqui, que todo o tempo passado no Colégio, e mesmo antes, a Eucaristia sempre ocupava uma dimensão imensa no seu coração. Numa correspondência com a senhora Margarida Guillot, amiga e membro da Terceira Ordem de Maria em Lyon, ele revelou um pouco da imensa atração que sentia pela Eucaristia: “Deixe-me lhe dizer que eu não queria morrer antes de ver realizado um desejo grande e belo que o Bom DEUS colocou em meu coração, em relação ao culto de JESUS no SANTÍSSIMO SACRAMENTO. Ele é tão grande que minha pobre natureza quase tem medo, mas tão belo que essa visão me alegra e me encoraja a todos os sacrifícios”.

Um mês mais tarde, acrescentou numa outra missiva a mesma senhora: “Você adivinhou um pouco, mas não tudo. Trata-se de criar a Ordem do SANTÍSSIMO SACRAMENTO: eis a grande idéia”.

Durante os seus dezessete anos de vida marista, Padre Eymard gozou sempre da reputação de homem responsável e de um religioso bem generoso. Os maristas lhe confiaram às funções mais importantes na família religiosa: Mestre dos Noviços, Superior Provincial, Visitador Geral, Superior do Colégio em La Seine-Sur-Mer e Diretor da Terceira Ordem de MARIA.

 

CIÚME DOS MARISTAS

Mas também, como é natural, durante o tempo em que era Superior no Colégio de La Seine, entre 1851 a 1855, manteve contato com Raymond de Cuers, na esperança de criar a Ordem do SANTÍSSIMO SACRAMENTO. Entretanto, os Padres Maristas começaram a ficar enciumados com aquela direção tomada pelo Padre Eymard e não lhe deram qualquer apoio no projeto Eucarístico. Mas Pedro Eymard estava na direção certa, por que foi uma inspiração Divina que o conduzia por um novo caminho, e por essa razão, estava até decidido a apelar sozinho para Roma.

Por seu lado, para ir divulgando o seu projeto, encorajou certos alunos no Colégio em La Seine-Sur-Mer, a encarar uma vocação eucarística. Mas, os confrades Maristas entenderam mal e ficaram uma fera quando souberam da notícia, pois se sentiram ludibriados ao descobrir que o Padre Eymard, Superior do Colégio, no entender deles, estava recrutando candidatos Maristas para outra vocação. Inclusive veio o Padre Superior de Lyon, Padre Favre, que substituiu o Padre Jean-Claude Colin, para conversar com ele e avisá-lo que “a Sociedade de MARIA não podia encorajar projeto algum eucarístico, e que, portanto, lhe pedia que parasse com qualquer envolvimento nessa aventura”.

Estas observações do Padre Favre acabaram com o sonho do Padre Eymard de realizar o seu Projeto Eucarístico no interior da Comunidade Marista. Consternado diante dessa situação, procurou refúgio, força e reconforto na oração.

 

MAS O IDEAL EUCARÍSTICO PERMANECEU

E pacientemente, preparou toda a documentação, com o objetivo de facilitar a melhor exposição do seu projeto. E com a Graça de DEUS, na continuidade dos dias, providencialmente seu velho amigo e conselheiro Padre Touche parou em La Seine, a caminho de Marselha, com o objetivo de tomar um navio com destino a Roma. Padre Eymard exultou com a coincidência e abriu sua alma, expondo tudo ao seu amigo. Padre Touche depois de ler a documentação viu a seriedade do projeto e o bem que ele podia causar a humanidade, indistintamente a homens e mulheres, e se incumbiu de levá-lo ao Papa.

Por seu lado, Padre Eymard por insistência do seu médico, viajou para as Termas de Mont-Doré, com o objetivo de melhorar a sua saúde. E de lá, alguns dias depois da chegada a Doré, escreveu: “Aqui estou só e muito bem, na verdade, era o que eu queria. Mas há o Céu sobre minha cabeça e ao meu lado, o Divino Tabernaculo: tenho tudo que necessito”.

No dia 25 de Agosto de 1855, escreveu: “As águas me fazem bem: DEUS em sua Divina bondade deu-me este período de alívio, esperando o meu maior devotamento ao SEU serviço... DEUS não tem necessidade de nós, mas, quando se digna servir da nossa miséria e do nosso nada para a SUA Gloria, quando ELE nos faz a honra de sofrer pelo SEU Nome, ficamos muito felizes”.

Padre Touche chegou a Roma no dia 27 de Agosto e dias depois, em audiência com o Sumo Pontífice, apresentou o documento com a exposição e requisição do Padre Eymard.

O Papa leu todo o escrito, abençoou e encorajou o projeto, ordenando que se obtivessem as autorizações necessárias da parte do Superior Religioso da Ordem a que ele pertencia, assim como a autorização do Bispo local. Era  afinal, o caminho aberto ao Padre Eymard.

 

COLOCARAM PADRE EYMARD NA GELADEIRA

Quando Padre Touche entregou ao Padre Eymard as determinações do Sumo Pontífice, ele compreendeu que se encontrava numa encruzilhada, que teria de decidir qual a direção deveria escolher: abandonar a idéia do “Projeto Eucarístico” ou deixar a “Comunidade Marista”? Isto, evidentemente, em face da declarada oposição dos Maristas ao seu Projeto Eucarístico.

Contudo, sem decidir o caminho a seguir, no final de Setembro de 1855, Padre Eymard foi desligado das suas funções de Superior do Colégio de La Seyne e enviado para descansar em Chaintré, onde se encontrava o Noviciado dos Maristas. Lá permaneceu no silêncio, distante de qualquer função ou atividade comunitária, apenas rezando e entregue a Suprema Vontade de DEUS.

 

VIAGEM DO MARISTA A ROMA

Em Fevereiro de 1856, o Superior da Ordem Marista Padre Favre, foi visitar o Padre Eymard e lhe informou que ia a Roma a negócios e estaria disposto a conversar com o Papa sobre a situação dele: “Falarei de seu caso ao Papa e espero que você se submeta ao que ele disser”. Ao que Padre Eymard respondeu logo em seguida: “Me submeterei de boa vontade e integralmente”.

Padre Eymard sabia, conforme as palavras do Padre Touche, “que o Papa Pio IX havia abençoado o Projeto Eucarístico”, e que certamente, ele, o Sumo Pontífice, não ia voltar atrás. Portanto o Projeto estava assegurado. Só era necessário providenciar as formalidades e autorizações legais.

Somente no dia 22 de Abril de 1856 é que o Padre Favre, voltando de Roma, veio finalmente vê-lo em Chaintré. Eram nove horas da manhã e o Superior Marista convidou-o a passear no jardim, e logo, lhe lançou a notícia sem nenhum rodeio: “Em Roma, não se é de opinião que eu lhe conceda o que você pediu”. Padre Eymard, sério, mas sem qualquer hesitação, respondeu: “Bem, meu pai, não se fala mais disto. O que você fará de mim”?

Então parecia que estava tudo resolvido, que as autoridades Romanas eram contra o Projeto Eucarístico, e que restava ao Padre Eymard, voltar ao seu trabalho na Terceira Ordem Marista, conforme a sugestão e ordem do Padre Favre.

Acontece que a conversa continuou, por que o Padre Eymard ficou curioso de saber as impressões que o Padre Favre trouxe de Roma e sobre a sua visita ao Papa, e afinal, o que o Sumo Pontífice disse exatamente a respeito do Projeto Eucarístico?

Padre Favre começou tergiversando, dizendo que visitou os seus amigos Conselheiros, primeiro o Padre Alphonse da Cúria Romana. Também ouviu a opinião do Bispo Dom Luquet e do Padre Jandel, e todos concordavam que eu não podia e nem devia lhe conceder a permissão para o seu Projeto.

Então Padre Eymard lhe perguntou firme: “E o Papa, o que ele lhe disse”?

O Padre Favre, Superior Geral dos Maristas hesitou, ficou visivelmente atrapalhado com a pergunta direta do Padre Eymard. Com voz entrecortada, confessou: “Meu caro Padre, quando me vi na presença do Sumo Pontífice, fiquei tão emocionado, que me esqueci do seu problema. Foi DEUS que assim permitiu, sem dúvida”.

Padre Eymard olhou-o espantado e entendeu tudo: “O Papa Pio IX não rejeitou o Projeto Eucarístico”. Aquilo ficou tão evidente que não eram necessárias outras palavras. Padre Favre tentou explicar e argumentar por outro caminho, em vão. E então, ficou absolutamente claro o inevitável, o Padre Favre não ia lhe conceder espaço para o Projeto Eucarístico na Comunidade Marista, e sendo assim, Padre Eymard lhe disse: “Pois bem, estou decidido, vou deixar a Ordem Marista”. E educadamente se despediu do Padre Favre.

De volta ao seu quarto, Padre Eymard escreveu imediatamente ao seu amigo e colega Raymond de Cuers, dizendo que estava pronto a iniciar o Projeto Eucarístico.

Todavia, antes de partir, Padre Favre querendo ser agradável e prestativo, procurou o Padre Eymard e lhe disse: “Por favor, vá até Lyon para receber das minhas mãos a autorização oficial para você deixar a Sociedade Marista”.

 

A INVEJA FAZ ACUSAÇÕES INJUSTAS

E o Padre Eymard foi a Lyon. Todavia, aconteceu que lá chegando, foi literalmente bombardeado pelos seus co-irmãos Maristas já sabendo da sua decisão. O acusaram de infiel a sua vocação e de homem orgulhoso, que cedeu a sua ambição de querer estar em evidência abandonando o trabalho na Ordem. Padre Eymard sentiu-se ofendido e falou com o Padre Favre, que primeiro ele ia a Paris se submeter às autoridades religiosas imparciais, para conhecer e ter absoluta certeza daquilo que se passava no seu interior, se era uma vaidade pessoal ou uma inspiração Divina. E então, depois de tudo esclarecido, voltaria para pegar o documento com ele.

 

JULGAMENTO PRONUNCIADO EM PARIS

Partiu a Paris à procura de confirmações sobre o seu ideal do Projeto Eucarístico. Por recomendação do seu amigo Bispo de La Bouillerie de Carcassone, foi visitar o Bispo Auxiliar de Paris, Dom Sibour, a fim de submeter toda a questão ao seu julgamento. No Arcebispado de Paris, também estava presente o Bispo Dom Trípoli, Sua Excia o Arcebispo de Paris e o Padre Carrière, Superior de São Sulpício. Todos ouviram a minuciosa exposição do Padre Eymard, sobre a sua trajetória espiritual polarizada pela atração eucarística e as etapas vencidas para provar a sua autenticidade. Ele explicou detalhadamente o seu plano de fundar uma instituição religiosa contemplativa de adoradores do SANTÍSSIMO SACRAMENTO, e ao mesmo tempo de vida ativa, com uma frente de apostolado voltada, sobretudo, para a classe operária. Os três Bispos e o Sacerdote reconheceram que a Providência Divina havia realmente determinado a direção do seu carisma, e lhe deram a segurança que ele tinha necessidade, para se lançar de todo o coração no Projeto Eucarístico, e deixar de lado as suas dúvidas.

Naquela mesma noite escreveu ao Padre Favre: “Os Bispos me responderam por duas vezes que acreditavam que a Vontade de DEUS era que eu me devotasse à Obra do SANTÍSSIMO SACRAMENTO... Eu não lhe conto as penas, as tentações, as provações que DEUS me permitiu eu passasse. Não lhe conto também como custa ao meu coração, a todos os meus sentimentos, dar este passo, este grande passo; por que eu só vejo a Cruz e o Cálice diante de mim, e ainda serei feliz se DEUS Se dignar de agradar e ficar satisfeito com o meu sacrifício; mas o que posso dizer com toda a simplicidade é que serei sempre grato de coração, de reconhecimento e por devotamento filial, como filho da Sociedade de MARIA... Então, como não amaria eu uma Sociedade que tem uma MÃE tão boa e tão terna para mim”?

Padre Favre não tardou a responder ao seu velho amigo em carta do dia 20 de Maio. Em poucas palavras carinhosas e amigas, ele termina sua missiva dizendo: “A separação que ocorreu entre nós não nos impedirá de nos amarmos sempre nos CORAÇÕES DE JESUS E DE MARIA”.

 

OS CONGRESSOS EUCARÍSTICOS

Padre Eymard depois de ter caminhado muito tempo na escuridão e incerteza, seguia agora por uma nova estrada, projetada pelo seu ideal e pela Vontade Divina. A sua visão Eucarística o colocava na corrente de renovação da devoção ao SANTÍSSIMO SACRAMENTO, que crescia na França. Apesar das pessoas comungarem raramente naquela ocasião, as fervorosas práticas de devoção constituíam sementes preciosas destinadas a favorecer uma prática Eucarística mais profunda e vigorosa. Já mencionamos a obra da Adoração Noturna e a obra da Madre Dubouché que fundou uma Congregação de mulheres voltada à oração diante do SANTÍSSIMO SACRAMENTO. Por sua vez, Marie-Marthe-Baptistine Tamisier, uma jovem que ingressara na Congregação das Servas do Santíssimo Sacramento, onde permaneceu durante quatro anos, sob o nome de Irmã Emilie-Marie Tamisier, inspirada na obra e divulgação Eucarística do Santo fundador, Padre Pedro Julião Eymard, deu a sua preciosa e efetiva colaboração, idealizando os Congressos Eucarísticos. Foi uma iniciativa pioneira que logo recebeu a benção e o integral apoio do Padre Eymard, ele que já era denominado “O Apóstolo da Eucaristia” . Ela saiu do Convento para ser no mundo uma Missionária itinerante da Eucaristia e divulgou intensamente o cultivo, a adoração e os Congressos Eucarísticos.

Tudo começou em 1881, inspirada pelo seu mestre Padre Eymard, e vencendo os numerosos obstáculos, organizou o primeiro Congresso Eucarístico, que se realizou na cidade de Lille, sob o tema “A Eucaristia salva o mundo” . Foi um sucesso sem precedentes e contou com a bênção especial do Papa Leão XIII. Para a efetivação do Congresso, também recebeu plena e total ajuda dos Padres Sacramentinos, além de diversos Bispos e numerosas personalidades leigas. A partir daí, multiplicaram-se os Congressos Eucarísticos, não só regionais, mas também nacionais e internacionais, até os nossos dias.

 

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