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MISSÃO DIVINA

 

 

DECIDE SER TERCIÁRIA

Nesta época provavelmente Angela já tivesse 18 anos de idade. Não desejando se casar e nem entrar num Mosteiro, mas querendo ser mais livre a fim de poder se Confessar sem a restrição da idade, de participar com mais frequência na Santa Missa e Comungar JESUS Sacramentado em todas as oportunidades, inclusive ter a liberdade de louvar muito mais o SENHOR e também de demonstrar mais amor aos irmãos, ela teve uma “profunda inspiração”: de se fazer Terciária Franciscana, ou seja, ingressou na Ordem Terceira de São Francisco, no Convento de Garda, portanto, sem abandonar o mundo.

Como norma Terciária, começou uma vida de pobreza, de muito mais trabalho, orações e abstinências, renunciando a tudo, para alcançar e possuir somente DEUS Eterno Bem, seguindo o exemplo do Fundador da Ordem Franciscana, São Francisco de Assis, o “pobrezinho de Assis”. E assim, considerando-se um nada, para encontrar tudo em DEUS, dedicou-se primordialmente a piedade cristã, as santas leituras, as profundas meditações e as obras de misericórdia.

 

NOVAMENTE EM DESENZANO

Quando alcançou a idade de 20 anos, provavelmente no ano 1494, decidiu voltar a Desenzano, motivado por duas grandes razões: primeiro, por que em face da elevada posição social dos tios, eles sempre recebiam visitas; segundo, por que eles gostavam de retribuir as visitas e gostavam de levá-la junto, como companhia. Isto naturalmente deixava claro, que a residência dos tios, embora fossem excelentes pessoas, não era indicada para a maneira de viver que ela queria cultivar, com uma existência dedicada a oração e a solidão. Por isso, decidiu voltar para o sitio agrícola e viver junto com os irmãos, retomando a sua vida campestre cultivando a lavoura, vivendo na maior pobreza e no duro trabalho do campo, reservando um tempo especial, o qual se dedicava com muito amor e carinho as suas orações e aos seus projetos.

 

DEUS QUER UM INSTITUTO DE VIRGENS

E seguindo o seu plano de catequizar moças jovens, despertando-as para uma vida em DEUS, reativou as suas boas relações de amizade na redondeza e em Desenzano, inclusive atraindo companheiras para o seu trabalho. Certo dia, depois  do exaustivo trabalho no campo, como de costume, às doze horas fazia a necessária pausa para a refeição. Após o almoço, deu um longo passeio pela redondeza através do caminho que conduzia a Brudazzo, enquanto rezava o Santo Rosário.

As companheiras descansavam após a refeição e se entretinham conversando alegremente, quando de súbito, uma delas lembrou-se de Angela e falou:

- “Ela desapareceu?”

Outra companheira esclareceu: “Não, ela não tarda a voltar. Deve ter ido por ai, a fim de rezar em algum lugar mais ermo”.

Angela rezava o Rosário de NOSSA SENHORA quando entrou em êxtase. NOSSO SENHOR lhe concedeu uma “visão” que iluminou o caminho da sua vida futura, indicando-lhe uma Obra que devia instituir, com muitas outras mulheres.

Aconteceu assim:

“As nuvens se deslocavam ligeiras no espaço, e ela foi envolvida por uma fulgurante luz no solo, onde estava ajoelhada, ao mesmo tempo em que viu uma imensa escada que se elevava dali até o Céu, em cujos degraus se encontravam muitas jovens sorridentes com lindos vestidos. Elas subiam e desciam, duas a duas, enquanto cantava louvores a DEUS NOSSO SENHOR, acompanhadas pelos Anjos. Uma das jovens se aproximou e lhe disse:”

- “DEUS lhe concedeu esta visão para você saber, que antes da sua morte, fundarás em Bréscia, uma Sociedade de Jovens como estas jovens, como você mesma tem imaginado”.

 

EXPERIÊNCIA EM DESENZANO E REDONDEZAS

Ela feliz, por aquela linda e bela noticia passou a se movimentar mais, convidando todas as jovens virgens da redondeza, aquelas que já conhecia e outras que lhe foram apresentadas. E assim, numa iniciativa pessoal, sem qualquer plano, passaram a viver numa casa em Desenzano, numa experiência como imaginava, jovens virgens reunidas rezando e fazendo penitências da mesma maneira como faziam as Monjas contemplativas. Mas, ainda não possuía desenhado na sua mente o projeto de uma Fundação. As jovens entusiasmadas rezavam fervorosamente e buscavam praticar o bem, auxiliando as pessoas mais necessitadas, exercitando a piedade e a caridade cristã. Modestamente ela visitava as casas para expor as famílias as verdades cristãs, com o objetivo preconcebido de procurar converter alguma alma para DEUS.

E para ajudar, ela conseguiu um Padre Confessor, a fim de atender as jovens na Confissão Sacramental e ministrar ensinamentos cristãos nesta casa, que passou a ser uma espécie de sede do trabalho que realizavam. Mas eram poucas moças, por que também, o lugarejo era pequeno.

Desse modo, no inicio do século XV, nada caracterizava de muito especial a existência de Angela, a não ser as suas dedicadas orações, o árduo trabalho no campo, a obra piedosa de auxílio a comunidade, sem nenhum sinal e nenhuma providência efetiva, referente a Missão que deveria cumprir. Simultaneamente, nesta época, viveu anos de paz e terríveis anos de guerra, que começou em 1509 e continuou até fins de 1516. Neste período o que mais ressaltou foi a sua paciência e imensa caridade. Sua presença amiga era procurada por muitas pessoas, não só em Desenzano, mas em todas as aldeias e lugarejos ao redor do Lago Garda. Com palavras sábias e inteligentes, com suavidade e ternura, buscava conduzir todos que a procurava pela estrada do Céu, ao encontro do SENHOR. Com humildade, mas firme convicção, visitava as casas e expunha as famílias as verdades Divinas, falava sobre os Mandamentos de DEUS, sempre procurando converter as pessoas, apresentando-lhes JESUS com a sua admirável e impressionante Obra Redentora.

 

ENVIADA Á BRESCIA

Todavia, em fins de 1516, um pedido inesperado mudou totalmente a sua vida. Depois de quatro anos de guerra  entre os nobres, a cidade de Brescia estava arruinada, muitas famílias choravam os seus mortos. Os Padres Superiores da Ordem Terceira Franciscana, cientes das qualidades e da rica personalidade espiritual de Angela, mandaram que ela fosse a Brescia, a fim de consolar a viúva Catherine Patengola, que durante a guerra perdeu o marido e praticamente dois filhos (uma filha e um genro), ficando sozinha com uma pequena neta de 4 anos de idade. A senhora Catherine e seu esposo, sempre foram cristãos fervorosos e por isso, a preocupação dos Padres Franciscanos. Angela com um responsável espírito de obediência deixou tudo: irmãos, amigos, casa e o campo, e viajou para cumprir a ordem recebida. Entretanto, antes da viagem, elegeu entre as poucas moças que a ajudavam no pequeno apostolado de Desenzano, uma delas, para ser a responsável e continuar o trabalho, a fim de atender a população carente.

E assim, com pouco mais de quarenta anos de idade, mudou-se para Brescia e se hospedou na casa de Catherine Patengola para ajudá-la e confortá-la da morte do marido e dos filhos. Além deste atendimento, ela também começou a exercitar um trabalho de dar conforto e conselhos a todos os que necessitavam. E pouco a pouco, esta atividade se expandiu de modo admirável, pois eficientemente consolava as pessoas que a procuravam dando-lhes um sadio lenitivo para as suas dificuldades e problemas. Através das suas orações, da sua mediação espiritual e do seu notável modelo intercessor de pacificação, ela servia com eficiência e com muito amor ao povo de Brescia. E por isso mesmo, ganhou o carinhoso nome de "Mãe" . Todos procuravam pela "Mãe". Nesta época, ela também se uniu a um Cenáculo Espiritual do qual participavam diversas pessoas ilustres: o rico comerciante e piedoso cristão Antonio Romano, Jerome Patengola que era neto de Catherine Patengola, do agrônomo Agostino Gallo e de James Chizzola, um dos mais brilhantes representantes da nobreza local, pois ele era o Embaixador Veneziano e fundador da Academia Rezzato de Brescia; isto, além de outras pessoas importantes da sociedade.

 

LOCAL PARA O TRABALHO

Antonio Romano era uma pessoa admirável e de excelentes qualidades, sempre pronto a servir, dedicando-se com disposição e sentimento amoroso, ao exercício da caridade e das boas obras. Vivia numa casa confortável e ao lado, possuía outra construção independente, com ampla sala, dormitório, cozinha e sanitários, que alugava aos clientes. Atendendo ao pedido de Catherine Patengola, que era uma antiga amizade, cedeu o imóvel a Ângela, para servir de apoio as suas obras de caridade e ao seu inicial projeto da Fundação. Durante 12 anos Angela permaneceu naquele imóvel, que estava próximo a Igreja de Santo Afra (um dos primeiros mártires de Brescia), e também perto dos portões da cidade, os quais fixavam os limites entre o povo que trabalhava e os pobres que ficavam do outro lado.

 

PROCESSO CANÔNICO

Por ter vivido e acompanhado muito de perto a vida de Angela, o testemunho de Antonio Romano foi de notável importância durante o Processo Canônico para a Beatificação dela, por que propiciou evidenciar as suas reais qualidades, assim como fazê-las conhecidas com a necessária amplitude, enfatizando com realce, a sua benfazeja e crescente influência junto ao povo. Isto por que, dia a dia aumentava a sua santidade, ao se dedicar com profundo afeto aos pobres e as pessoas da cidade, com suas orações, com suas preciosas qualidades humanas, atendendo a todos, ouvindo cada um, compreendendo as suas queixas e lamúrias e, com sabedoria, iluminava o coração dos suplicantes, com conselhos e sugestões inteligentes, explicando de maneira inconfundível a presença de DEUS na vida das pessoas.

Ainda no Processo Canônico, Antonio Romano evidenciou o poder intercessor da oração de Angela, para obter graças de NOSSO SENHOR, e também, das suas coerentes e sábias palavras, com o objetivo de acalmar discórdias e obter justiça, nas desavenças: “Numa ocasião, retornando de uma peregrinação a Mantova, foi visitar o Príncipe Luigi de Castiglione, cujo castelo ficava próximo a Solferino, com a finalidade de obter dele a graça e o perdão em benefício a um dos seus servos que ele tinha banido da propriedade, e inclusive, de também lhe restituir os bens que lhe pertenciam. Apesar do caráter duro e orgulhoso do senhor Luigi, ela com palavras humildes e gentis foi capaz de persuadi-lo a perdoar o seu servo expulso”.

 

 

 

Agora, instalada em Brescia, tinha um local para exercer a sua espiritualidade e continuar com suas fervorosas orações, aguardando a manifestação Divina a respeito da Fundação. Permaneceu no exercício das suas obras de piedade e caridade, também fazendo contato com moças virgens da localidade, agora tendo em vista o seu projeto. Na Igreja, ou em casa no seu quarto, rezava e pedia a NOSSO SENHOR, a inspiração necessária para o impulso inicial e a realização da Obra que ELE queria.

 

REZOU NA SEPULTURA DE HOSANNA

Certo dia em que conversava com o senhor Antonio Romano manifestou o desejo de visitar o tumulo da Venerável Hosanna Andreasi (Andreas), uma senhora Terciária Dominicana que morreu em odor de santidade em Mântua, no ano de 1505. Desde o dia da visão profética da escada, Angela mantinha viva no pensamento a idéia de realizar a Fundação. Por isso, desejava visitar o tumulo de Hosanna, por que eram muitos e muitos os milagres que ela tinha conseguido de DEUS em benefício dos devotos que suplicavam a sua intercessão. Eram tantos, que também ficou estimulada a fazer um pedido a Venerável, no sentido dela suplicar a NOSSO SENHOR, a fim DELE revelar a Sua Divina Vontade quanto à realização do Plano da Fundação.

E Angela visitou o tumulo de Hosanna em Mântua e lhe fez o pedido de intercessão.

 

VIAGEM A TERRA SANTA

Em 1524, fazia oito anos que Angela se encontrava em Brescia, e já estava bem relacionada com o povo. Com ela já existia um pequeno grupo de moças que em sua companhia, exercitavam a caridade, auxiliando a todas as pessoas necessitadas.

Certo dia, pessoas religiosas ligadas a uma peregrinação organizada em Veneza para visitar a Terra Santa, a convidaram e a estimularam a participar. Sem se decidir, foi primeiro conversar com o seu benfeitor em Brescia, Antonio Romano. Ele gostou da idéia e disse que também viajaria. A seguir, ela entrou em contato com os tios em Saló, Bartolomeu Biancosi e sua esposa, convidando-os a fazerem parte da excursão. Eles aceitaram. Por essa razão, desejando ardentemente conhecer os lugares Sagrados, onde JESUS e MARIA viveram, ela também concordou e juntos, se uniram a excursão com as outras pessoas religiosas.

A viagem decorria em completo júbilo e todos muito felizes, imaginavam as alegrias que teriam, antecipando em pensamento, o imenso prazer de conhecerem e visitarem a terra de NOSSO SENHOR.

 

FICOU CEGA

Entretanto, ao chegar ao porto de Candia, na Ilha de Creta, de repente, Ângela ficou cega. Um acontecimento que logo causou preocupação em todos, e o grupo que estava na companhia dela inclusive ficou em dúvida, se deviam ou não continuar na viagem? Angela pensou: “Talvez o SENHOR permitisse esta provação para testar a minha vontade e me fazer participar da Sua Divina Paixão”. E então, no mesmo momento ela decidiu pelo seu grupo, em prosseguir na excursão com os demais peregrinos. A sua fé supriria a emoção visual, para poder venerar dignamente todos aqueles lugares sagrados.

Assim, amparada pelos seus devotos e companheiros de viagem, especialmente pela titia, esposa do tio Bartolomeu, percorreu e beijou repleta de emoção, todos os lugares santos que visitaram.

No regresso, enfrentaram uma grande tempestade. Todos ficaram receosos e pediram a Angela que suplicasse a misericórdia de DEUS, com receios de que a embarcação pudesse se naufragar. Ela ajoelhou e rezou fervorosamente. Em poucas horas a tempestade cessou. A viagem seguiu normalmente e aportaram a Ilha de Creta. Por uma força interior, ela foi ao Comandante da Embarcação e lhe pediu a gentileza de lhe permitir descer no porto, pois desejava fazer uma oração na pequena Igreja da Ilha. O Comandante autorizou, e ela desceu na companhia dos parentes e amigos, que a conduziram ao Templo em Creta. Entrou na pequena Igreja e pediu para ficar só diante de um Crucifixo que estava na parede.

 

MILAGRE DIVINO

Ajoelhou e rezou com muita fé, enquanto as lágrimas que desciam dos seus olhos, sem nada enxergar, logo se tornaram caudalosas e escorriam pela face caindo ao chão. Com um lenço, lentamente enxugava as lágrimas quando, de súbito, levantando os olhos: “Viu um belo crucifixo de JESUS, preso a parede, ornado com um ramo de flores!” “Gritou: Meu JESUS!” “Sua visão tinha voltado! Ela sorrindo e chorando, abraçou a imagem e agradeceu muito a NOSSO SENHOR.” O fato aconteceu na mesma Ilha onde tinha perdido a visão!

Percebeu naquele acontecimento “um sinal” Divino, como se o SENHOR estivesse dando luz a sua visão para enxergar o “novo” caminho, e ter a coragem de iniciar através dele, as obras da Fundação que ELE queria.

Chegou a Brescia totalmente decidida a enfrentar as inúmeras dificuldades que iam ocorrer, colocando em prática a inspiração dada por DEUS com a “visão da Escada”.

 

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