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VIDA CAMPESTRE

 

PAIS E FILHOS

Angela nasceu no dia 21 de Março de 1474, no povoado de Desenzano del Garda, próximo a Brescia, na Lombardia, Itália. Seus pais era o senhor João de Merici e a senhora sua Mãe descendia da família Biancosi da cidade de Saló. Viviam da agricultura e criação de animais. Além dela, que era a filha mais nova, o casal tinha mais quatro filhos, sendo a família formada por duas meninas e três meninos.

João e a esposa eram fervorosos cristãos, e por isso mesmo, ensinaram aos filhos conhecer DEUS e a VIRGEM MARIA, recomendando sempre amá-los com grande fervor. Ele tinha uma devoção toda especial a NOSSA SENHORA e pelo Sofrimento e Morte Redentora de JESUS na Cruz, enfatizando aos filhos, a necessidade de respeitar e sempre rezar suplicando o auxílio e a misericórdia de DEUS para o bem da vida de cada um, por que todos aqueles sacrifícios e sofrimentos do SENHOR, tinham a sublime finalidade de proporcionar vida em plenitude a todos nós.

 

A ORAÇÃO ACOMPANHANDO O VIVER

Ao amanhecer, antes do trabalho, o pai sempre rezava uma pequena oração com a família: um Pai Nosso e três Ave Maria. Após o trabalho, o senhor João sempre lia o evangelho do dia ou um trecho sagrado, para os cinco filhos, e depois explicava as dúvidas que surgissem. Nos dias quentes as leituras eram feitas ao ar livre, mas quando o tempo esfriava, todos ficavam reunidos em casa ao redor da lareira. O livro que sempre usava era as Sagradas Escrituras (a Bíblia), embora também circulasse naquela época pequenos livretos com histórias da vida dos Santos.

Aquelas leituras penetraram na alma de Angela de tal forma benéfica, que se constituíram na primeira “inspiração” ou “iluminação espiritual” da sua vida, desde quanto tinha apenas 5 a 6 anos de idade. Pois, ela mesma afirmava, que foi a oportunidade em que conheceu DEUS, não de uma maneira abstrata, mas ouvindo as leituras feitas pelo seu pai, sentiu o SENHOR de modo concreto, vivo e amoroso, e então, começou a cultivar uma vida espiritual sóbria e contemplativa. Na verdade, aquelas leituras, na continuidade, a conduziram por um caminho de oração em que, começava a falar com DEUS e depois permanecia recolhida, preferindo a solidão para rezar e meditar sobre sua existência com o SENHOR. Foi também neste tempo que passou a estimular a sua irmã mais velha a gostar de rezar, pois tinha um gênio bem semelhante ao seu.

Os pais conversando entre si comentavam com alegria: “Com a graça de DEUS, nossos filhos se manifestam como bons cristãos, e Angela tem se revelado ser mais piedosa e fervorosa nas orações, do que os outros. Todavia, todos eles, nos têm proporcionado muitas alegrias.”

Ela pensava sempre nas orações, se preocupando em apurar as suas virtudes pessoais, buscando ser mais humilde, cultivando a modéstia, procurando ser piedosa e afastando para bem longe, a malícia e a maldade que quisesse ocupar sua mente, revelando um coração puro e revestido de plena inocência. E assim, vivendo ardorosamente dentro do verdadeiro espírito cristão, conforme observava à senhora Biancosi, sua mãe, Angela fez voto de castidade perpétua, considerando ser a melhor maneira que escolheu para revelar a DEUS a grandeza do seu amor, embora tivesse apenas sete anos de idade.

 

IRMÃ E COMPANHEIRA

Estava sempre na companhia da sua irmã, e juntas conversavam muito, além gostarem das mesmas diversões, principalmente aquela de construir pequenos oratórios com altares, onde rezavam e cantavam. Às vezes, o irmão mais novo, Giuliano, também compartilhava destas brincadeiras, inclusive, assumindo o posto de Sacerdote no oratório.

Por outro lado, aquelas histórias nos livretos sobre os Padres do deserto, assim como sobre os Santos Eremitas, também encantavam o coração dela, ensinando-a a apreciar e exercitar a oração na solidão. E assim, levada por uma força interior imaginava imitar aqueles exemplos, afastando-se com sua irmã para lugares solitários a fim de conversar e falar sobre as grandezas de DEUS, o Amor infinito do SENHOR por toda humanidade e o imenso, inesgotável e incomensurável carinho Divino, que diariamente derrama da eternidade graças em profusão sobre todas as pessoas, sem distinção de cor, raça e credo.

Os estudos naquela época não eram muito fáceis! Mas no povoado em que viviam, o senhor Padre conseguiu uma auxiliar Catequista que ao lado da Igreja alfabetizava o povo: as crianças e os adultos em horários separados.

Por isso mesmo, seus pais às vezes sorriam muito felizes, ao perceber que seguramente Angela estava cada vez mais firme nos seus propósitos e provavelmente, predestinada pela Providência Divina a alguma missão mais importante.

Todavia, um fato muito triste aconteceu, embora inserido no normal do quotidiano humano, mas surgiu assim, de repente sem aviso, chegando para turvar com pesadas nuvens, o céu azul e tranquilo dos seus jovens sentimentos. Angela chorou muito a morte da sua irmã, que era a sua companheira de orações e de divertimentos, assim como era uma amiga em todos os momentos. Sua irmã também trabalhava firme na roça e, ninguém sabia que possuísse algum tipo de problema na saúde, provavelmente um mal cardíaco. Talvez, nem ela mesma soubesse, pois nunca tinha ido a um médico para ser examinada. Naquele dia se sentiu mal com muitas dores no peito. Foi para casa acompanhada por Angela. Deitou-se para descansar e só acordou na eternidade. A maior tristeza de Angela foi presenciar a morte da irmã, sem que pudesse fazer alguma coisa para ajudá-la e, saber, sobretudo, que ela morreu sem se Confessar, sem comungar JESUS e sem ter recebido o Sacramento da Extrema Unção.

Este fato ocorreu provavelmente quando tinha a idade de 16 anos. Sozinha, continuou sentindo muita saudade da irmã, e por isso mesmo, cada vez mais buscava a solidão, se enveredando pelos caminhos mais desertos e pelos bosques mais fechados. Também, sentiu a necessidade de rezar mais, muito mais, para ela e sua irmã que estava ausente. Por isso, aumentou o volume das suas orações e dos seus sacrifícios, para agradar NOSSO SENHOR.

 

MANIFESTAÇÃO SOBRENATURAL

O tempo passou e a vida no campo continuou com suas naturais dificuldades, assim como, com as alegrias das boas colheitas. Nesta mesma época, ou seja, no ano de 1490, a misericórdia infinita do SENHOR quis compensar as dúvidas de Angela quanto ao destino da sua irmã, do mesmo modo que quis revelar a satisfação DIVINA, em face das suas preces e orações, cada vez mais frequentes, e então, lhe proporcionou uma concreta “visão”: “Um dia quando trabalhava no campo, de repente teve uma magnífica visão: viu a sua irmã na eternidade, rodeada de Anjos na glória celeste, sorrindo para ela”.

Desde aquele momento, se sentiu estimulada pela bondade do SENHOR, e intensificou ainda mais, a sua vida de orações e de renúncias.

 

MORTE DOS SEUS PAIS

Entretanto, as nuvens pesadas com más notícias ainda permaneciam circulando por aquela região. Os seus pais, provavelmente na faixa dos 60 anos de idade, já apresentavam problemas de saúde que não eram tratados, considerando as inúmeras dificuldades que existiam: os grandes deslocamentos até os locais onde havia recursos médicos e, as finanças da família que não era saudável. Em consequência, não tratando da saúde, não estavam em condições de continuar o trabalho pesado, pois a dureza do campo e a grandeza do esforço desprendido obrigavam a um exercício permanente com agilidade, que em outros tempos era normal e fácil para eles. Mas, também não era fácil suportar a inércia, permanecendo ociosos em casa. Por essa razão, imaginando que o ar puro do campo pudesse ajudar, os pais preferiram se colocar em movimento. Mas o organismo do casal não suportou aquele trabalho na lavoura e faleceram. Angela estava com dezessete anos de idade quando primeiro faleceu o senhor João, seu pai, e três meses depois, morreu a senhora sua mãe.

 

BONDADE DO TIO

Bartolomeu Biancosi (Biancoso de Bianchis), um tio que morava em Saló,  irmão da mãe de Angela, foi ao encontro deles e disse:

- “Agora que vocês estão sozinhos, não deverão permanecer aqui. Venham comigo para Saló. Vocês serão meus filhos.”

O tio Bartolomeu Biancosi era um tabelião rico e de grande prestígio naquela região, além de ser dotado de um profundo sentimento religioso. Os jovens agradeceram o convite, e somente Angela viajou para viver com os tios em Saló. Os três irmãos continuaram trabalhando na pequena propriedade agrícola.

Para ela, a vida em Saló começou a ganhar ritmo, pois era um povoado maior e bem mais habitado. E assim, sempre ficava imaginando uma maneira de ajudar as pessoas necessitadas e primordialmente, procurava catequizar os jovens na sua mesma faixa etária de idade, aproximando-os de DEUS através da oração e das atividades de cada dia.

 

QUERIA RECEBER JESUS

Ainda não tinha feito a Primeira Eucaristia, embora desejasse fervorosamente. Isto por que naquela época, as pessoas só podiam receber a Primeira Sagrada Comunhão na maior idade, praticamente depois dos 18 anos. Mas, a vontade de Angela era muito grande e insistiu junto ao seu tio para conseguir junto às autoridades religiosas local, o direito de receber JESUS Sacramentado. E tanto insistiu, que o tio a levou e apresentou ao Pároco, com esta finalidade.

Ela desde mais jovem, possuía uma rara beleza, e, sobretudo, revelava ser uma mulher de decisão, embora aparentemente se mostrasse com bastante modéstia e humildade.

O senhor Pároco a examinou junto com uma senhora que o ajudava na Catequese, e na presença das jovens da sua idade, que almejavam receber a Primeira Eucaristia. Todos ficaram admirados com os seus conhecimentos religiosos, assim como, com a modéstia das suas respostas. Foi aceita e aprovada com louvor.

E assim, dando continuidade ao seu viver, cultivava as suas orações com fidelidade, buscava participar da Santa Missa com a frequência permitida, recebendo JESUS na Sagrada Eucaristia todas as vezes que o Pároco autorizava, e também mantinha o seu pequeno apostolado, com a permanente Catequese das jovens, objetivando instruí-las para DEUS, auxiliando a todos que necessitavam, realizando um profícuo e honesto trabalho cristão.

 

IDEAL DE MULHER SANTA

Consigo mesma, levava uma vida de orações e permanente sacrifício, por amor a todos os sofrimentos de NOSSO SENHOR, dormindo sobre tábuas, e jejuando vários dias em cada mês, alimentando-se naqueles dias, apenas com pão e água.

A mulher, na época, não tinha nenhuma liberdade para escolher o próprio futuro: tudo era decidido pelos pais, sendo encaminhada para o Casamento Escolhido (se fosse pobre) ou para a Vida Religiosa (se a família fosse rica). Angela, movida pelo ESPÍRITO SANTO não acolhia este procedimento, por que confiava na capacidade feminina, que no entendimento dela, tinha qualidades especiais e suficientes, que completavam as qualidades do sexo oposto. E por essa razão, começou a imaginar em instituir um adequado e honroso estado de vida para a mulher, no sentido de lhe oferecer a liberdade de amar o verdadeiro AMOR, DEUS nosso CRIADOR e MESTRE. E foi assim, inspirada pela verdade, que ela apontou um terceiro e digno caminho: “das mulheres no mundo viverem essencialmente consagradas ao SENHOR DEUS”.

Tanto na casa do seu tio como em outro lugar, era o centro dos comentários mais simpáticos e muito elogiosos. As pessoas admiravam a sua agilidade em servir. Por outro lado, à medida que crescia em idade, as suas habilidades e inteligência se tornavam bem mais exuberantes, deixando o tio e a esposa felizes e inclusive comentando a atuação dela:

- “Creio que NOSSO SENHOR nos abençoa. Pois a nossa sobrinha é um verdadeiro tesouro! Aparentemente tão frágil e tão forte ao mesmo tempo! Sempre disponível e sorridente, não é verdade?”

 

 

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