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IRMÃO REDENTORISTA

 

NOVA TENTATIVA

Mas não queria simplesmente voltar para casa, queria cultivar o ideal de se tornar um religioso, porque aquele pensamento unido a uma profunda vontade estava vivo e vibrava no seu coração. Assim, deixando o Palácio do Bispo, foi direto ao Mosteiro dos Capuchinhos e bateu a porta. Ele pensava, já estou com quase 19 anos de idade e bem maduro para merecer uma oportunidade. Quem veio atendê-lo foi o Prior, o mesmo que atendeu na primeira vez. Mas ele não o reconheceu, o Geraldo estava bem mais magro e pálido, com os olhos lá no fundo, resultado de seus sofrimentos no intenso trabalho com Dom Cláudio e das penitências e jejuns que fazia, e que o enfraqueceram muito mais. Na verdade, até dava a impressão de uma pessoa doente. Por isso mesmo, logo que terminou de fazer o seu pedido, educadamente o senhor Prior o despediu, dizendo-lhe não ser possível.

Saiu dali visivelmente entristecido e lamentando a sua sorte. Foi para a Igreja e se colocou diante do sacrário e se entregou integralmente nas mãos de DEUS. Seja como ELE quiser. E assim depois de algum tempo junto de JESUS, recobrou a sua tranquilidade e decidiu voltar a sua casa. Naquele momento estava convencido de que JESUS queria que ele continuasse no ofício de alfaiate.

Empregou-se novamente, reaprendendo as habilidades do ofício junto ao velho mestre Vito Mennona. E na sequência dos meses, logo que percebeu estar em condições de trabalhar sozinho, abriu a sua alfaiataria na casa da sua mãe.

Para ele o trabalho não era apenas uma maneira de ganhar o dinheiro, mas muito mais, por que também era uma maneira de servir a DEUS na pessoa dos pobres. Sendo um bom alfaiate, simpático e muito consciencioso, cobrava muito barato os seus serviços e aqueles que eram pobres de fato, ele nem cobrava nada, e ainda ajudava com algum dinheiro. Mesmo assim, o movimento era grande e ele ganhava muito dinheiro. No fim do mês pagava todas as contas e repartia o restante que sobrava com os necessitados.

Um dia sua mãezinha conversando com ele, lhe recomendou que não esbanjasse o dinheiro assim, mensalmente dividindo com os pobres, pois era necessário separar uma reserva financeira para o futuro. A resposta dele foi à viva expressão da sua fé e confiança na Providência Divina: “Mamãe, DEUS cuidará de nós”.

O tempo passava e a vida continuava naquele mesmo ritmo, mas evidentemente, o seu grande ideal de se tornar um religioso se mantinha albergado no seu coração, não estava esquecido, mas simplesmente adormecido, em consequência de todos os acontecimentos do quotidiano.

RESSURGE A ESPERANÇA

Surgiu uma noticia que logo agitou o seu espírito e o deixou ansioso por conseguir mais detalhes e informações concretas. Uma nova Congregação havia sido criada na Igreja, os Redentoristas, que foi fundada por Dom Afonso de Ligório, o qual reuniu uma preciosa quantidade de homens de valor, cheio de ideal apostólico e que já andavam de cidade em cidade, pregando o Evangelho e divulgando os seus Estatutos, e em missões populares aos mais abandonados e destituídos de socorro espiritual. Eles viviam nos arredores de Nápoles procurando ajudar os pobres.

Transcorria o mês de Abril de 1749 e a cidade de Muro também estava programada a ser visitada pelos novos Missionários. Geraldo vibrava de alegria, sentia no peito um imenso calor de esperança, insinuando que ele poderia se ingressar na nova Comunidade Religiosa.

Eram quinze Missionários Redentoristas que chegaram a Muro Lucano e as missões se iniciaram com muito empenho e decididas participações dos habitantes da cidade, que frequentavam a todas as celebrações e reuniões na Igreja. Geraldo vibrava de alegria e participava de tudo.

E na maior e melhor confraternização decorriam os dias, e ele, também participando ativamente aguardava a oportunidade de conversar com os missionários, para falar de seu desejo e da sua vontade irresistível de seguir a vida religiosa. Com este objetivo, entre os missionários, ele escolheu o Padre Paulo Cáfaro, que o havia impressionado muito pela convicção das palavras, por sua simplicidade e demonstração de espírito de oração.

O encontro com o Padre Cáfaro foi à tardinha. Geraldo chegou alegre, sorridente e entusiasmado diante da simplicidade simpática e acolhedora do Padre. E assim, foi logo descrevendo a sua vida, os fracassos e todos os tipos de dificuldades que tinha encontrado. O Padre silenciosamente ouviu tudo. Geraldo completa as suas palavras dizendo que desejava entrar na Congregação Redentorista, e que queria ser apenas um humilde Irmão Coadjutor, para ajudar os Padres na proclamação da Palavra de DEUS.

Padre Cáfaro com o semblante sério falou algumas palavras: “Geraldo, a Congregação dos Missionários Redentoristas não é para você. Você é demasiado fraco para suportar a austeridade da vida religiosa”.

Houve um momento de silêncio, o Padre permaneceu sério e Geraldo ficou triste e decepcionado. Chorou e chorou copiosamente, enquanto o Padre Cáfaro visivelmente triste permanecia cabisbaixo. Geraldo despede-se dele e vai saindo. De repente volta, fazendo nova tentativa. Já quase sem voz falou: “Padre Cáfaro, já entendi tudo. Mas, por amor de DEUS, me aceite pelo menos a título de experiência. Se eu não prestar, mande-me embora. Eu quero apenas uma chance”.

O Padre Cáfaro muito a contragosto lhe respondeu: “Nem assim. Vai com DEUS. ELE lhe mostrará o caminho que você deve seguir”.

Quando Geraldo chegou a sua casa e tomou a bênção da sua mãe, ela logo percebeu que alguma coisa tinha acontecido com ele. Geraldo conta tudo, o que havia acontecido e as suas experiências em outros tempos. Chorava muito e estava inconsolável. Sua mãe com carinhosas palavras maternais procurou de todos os meios aliviar a sua dor e os seus sofrimentos. Depois, com empenho Dona Benedita tentou remover do filho aquela idéia de seguir a vida religiosa. E para isto, esforçou-se com uma infinidade de argumentos lógicos e possíveis, mas, quando percebeu que não o estava convencendo, chamou as filhas para ajudarem também com os seus argumentos e sugestões. Tudo em vão. Ele permaneceu em silêncio, mas o seu coração apontava para a vida religiosa.

Terminada a missão em Muro os Redentoristas partiram para outra cidade. Mas Geraldo não pode nem se despedir deles, porque a mãe e as irmãs, o trancaram no quarto.

A MISSÃO CONTINUA

Os Missionários Redentoristas estão a caminho, iam a pé, pois este era o usual meio de transporte deles. Seguiam para a cidadezinha de Rionero numa nova missão popular. Alegres e felizes com o êxito alcançado caminhavam conversando descontraidamente. De repente escutam uns gritos: “Esperem senhores Padres! Esperem! Eu quero ir com vocês”. A princípio eles se assustaram, mas depois observaram que era um jovem, e disse um deles: “É um moço, e vem correndo a toda. O que será que aconteceu?” Quando chegou mais perto, o Padre Cáfaro o reconheceu: “É o Geraldo”.

O que aconteceu?

Quando os Missionários saíram de Muro, a mãe e as irmãs o trancaram no quarto. Ele, todavia, desejoso de fazer a última tentativa com o Padre Cáfaro, pegou o lençol e a colcha de sua cama, emendou, torceu a maneira de corda e amarrou na tranca da janela, e desceu até a rua sem que ninguém percebesse, correndo rapidamente pela estrada indo ao encontro dos Missionários.

Junto ao grupo de Missionários e na presença de todos suplicou ao Padre Cáfaro para aceitá-lo na Comunidade Redentorista. O Padre mais uma vez negou. Geraldo chorou e chorou muito, dizendo que seria só por experiência... Mas o Padre não aceitou. Geraldo insistiu, argumentou, mas não adiantou nada, o Padre se manteve em silêncio, e com a mesma decisão.

Chegaram a Rionero e de acordo com os planos pré-estabelecidos, começaram imediatamente a missão. Geraldo estava presente em todos os eventos, acompanhando tudo com fé e entusiasmo. E cada dia e em cada momento renova o seu pedido. Padre Cáfaro mantém o silêncio. Mas ele continuou pedindo e rezando sempre, e NOSSO SENHOR deu uma inspiração a Geraldo para vencer a resistência do Padre Cáfaro: Geraldo foi procurá-lo, e atirou-se aos seus pés, e entre lágrimas e soluços falou: “Meu Padre, se vocês não me aceitarem entre seus irmãos, vocês vão me ver todos os dias à porta do Convento pedindo esmola. Eu lhe imploro pelo amor de DEUS, me aceite ao menos por experiência”.

Aí o Padre Cáfaro se dobrou, ficou comovido com a súplica do Geraldo e o aceitou. Mandou que se levantasse do chão e escreveu um bilhete à Vila Iliceto, dirigido ao Padre Superior da Comunidade, dizendo o seguinte: “Ai vai um irmão totalmente inútil para o trabalho, por ser de compleição muito fraca. Não tive condição de rejeitar a sua admissão, sem lhe dar uma chance. Isto, por causa de seus insistentes pedidos, e também, da grande consideração que lhe têm os moradores de Muro”.

Esse bilhetinho, pouco recomendável, encheu Geraldo de alegria, e mais feliz ficou, quando recebeu a ordem de partir para o Convento de Iliceto. Depois de um dia de viagem, repleto de alegria, chegou ao Convento. Era o dia 17 de Maio de 1749.

Dias depois, já instalado e aclimatado no Convento, vivendo em perfeita harmonia com a Comunidade Religiosa, escreveu uma cartinha para a sua mamãe querida, pois tinha fugido de casa pela janela do quarto e não pôde se despedir de ninguém. Ele quis pedir desculpas a sua mãe e irmãs, assim como lhes comunicar a feliz notícia de se encontrar na Ordem Religiosa. Escreveu assim: “Querida Mamma e Sorelle: fugi. Já estou com os Missionários Redentoristas. Não se preocupem. Eu vou me tornar Santo. Esqueça-se de mim. Adeus!”

Esta noticia deixou Dona Benedita e as filhas com muita tristeza, mas certamente era a Vontade de DEUS, e por isso mesmo, o tempo ajudou a consolar a imensa saudade delas.

O NOVIÇO DA CONGREGAÇÃO DO SANTÍSSIMO REDENTOR

No final do ano 1749, e precisamente em meados do mês de Novembro, Geraldo começou o Noviciado no Convento Iliceto. È uma espécie de preparação para poder assumir conscientemente a vida religiosa, pela Consagração a DEUS e aos irmãos, através da profissão dos Conselhos Evangélicos.

Logo aprendeu em que consistia e como devia exercitar aquilo que ele mesmo escolheu. Ele veio para ser “Irmão Coadjutor” na Congregação. E assim, revelando que estava perfeitamente consciente das funções que devia exercer, criou um projeto de vida para ele mesmo, caracterizando bem a atuação do Irmão Leigo Redentorista: “Bom Irmão é aquele que sabe unir o trabalho manual à oração e aos exercícios de piedade; é aquele que acha meios de santificar todo e qualquer trabalho, transformando-o com fervorosas preces e jaculatórias; é aquele que é serviçal e está sempre disposto a servir; é aquele que nunca chega atrasado a nada e nem se intromete nos serviços dos outros; é aquele que se distingue pelas virtudes da modéstia, humildade, simplicidade, tranquilidade, amor ao silêncio e reconhecimento de espírito, não se deixando superar por ninguém em sua prática, sobretudo, na obediência e respeito aos Superiores. Por fim, é aquele que procura ser modelo vivo de amor fraterno, que ama a pobreza, e que trata com carinho os doentes; e também, que recebe com amor e atenção todos os hóspedes”.

Esta é apenas uma parte da norma criada pelo próprio Geraldo, para o seu programa de Noviciado. E ele soube treinar e exercitar, com amor e dedicação, tudo aquilo que elaborou ao longo de sua existência.

Aquele rótulo de "inútil e fraco" , que o Padre Cáfaro escreveu no bilhete, quando o enviou ao Superior do Convento, não durou muito tempo. Sua resistência física era espantosa, conseguia passar um dia inteiro sem comer nenhum alimento. Muitas vezes, durante as suas penitências, o seu alimento diário era apenas um pedaço de pão seco e duro, embebido na água, só para amaciar. Era homem do trabalho, enfrentava com prazer e alegria qualquer tipo de serviço.

Depois de seis meses de total e completa entrega a DEUS, sob a orientação do seu Diretor Espiritual, o Padre Cáfaro, ele fez a sua primeira Profissão Religiosa. Geraldo estava com 25 anos de idade no Outono de 1750.

Sentia-se plenamente satisfeito com o modo de vida que Santo Afonso, o fundador dos Redentoristas, traçou para os seus religiosos. Ficava exuberante de alegria sempre que constatava, na leitura das Normas da Congregação, como o fundador colocou de modo bem central e evidente, a necessidade do cultivo do amor a JESUS Sacramentado e como era essencial o amor a MARIA, MÃE DE JESUS e nossa Mãe.

O Noviciado foi uma notável escola para ele. Ouvindo e observando os outros, ele cresceu espiritualmente de maneira admirável, e de uma maneira tão evidente que ninguém nunca mais fez qualquer restrição de aceitá-lo como Irmão Coadjutor. Inclusive, começou a ser um exemplo de bom e fervoroso religioso para toda a Comunidade.

A primeira incumbência que Geraldo recebeu, após a sua profissão religiosa, foi a de Sacristão. Sua alegria foi muito grande, por que recebeu o privilégio de ficar lidando mais tempo com as coisas de DEUS na Igreja. E lhe dava também a preciosa oportunidade de estar mais vezes perto do Sacrário, fazendo companhia a JESUS. Relacionava-se com o SENHOR, como se estivesse conversando com uma pessoa à sua frente. Essa sua fé na Eucaristia ele procurava traduzi-la por gestos bem concretos: as toalhas do Altar sempre branquinhas, CRISTO estava sempre entre flores fresquinhas e bonitas. Cuidava de todos os afazeres com amor e dedicação, deixando a Capela sempre limpa e bem ornamentada.

 

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