"UM CORAÇÃO AMOROSO"
GENEROSIDADE CONSTANTE
Nunca ninguém que necessitasse ou algum pobre que se aproximasse de Edwiges para solicitar um auxílio, saiu de mãos vazias. O Padre Hermano afirmava:
- “Ela possuía grandes rendas financeiras. Mas não retinha nem a centésima parte do que recebia mensalmente, para seus gastos pessoais e as necessidades de sua família. As grandes quantias que permaneciam intocáveis, ela distribuía para os pobres e para as Igrejas. Quando terminava os seus recursos, recorria aos de seu marido, que também era muito generoso, para socorrer os pobres e necessitados.”
Edwiges possuía uma Granja que se chamava “Zeuina” . Nela colhia verduras, batata, milho, tomates, cenouras, feijão, arroz e muito mais. Abateu-se sobre aquela região uma grande escassez de alimentos, provocando uma abominável carestia. O povo menos favorecido em recursos financeiros, começaram a passar necessidades. Edwiges mandou proclamar nas áreas vizinhas, que todos os flagelados se dirigissem a Granja para receberem auxílio. Reunidos todos aqueles pobres que não eram em pequeno número, ela mandou que lhes fossem distribuídos os alimentos conforme as suas necessidades. E assim aconteceu. Acabados os alimentos que estavam estocados, ela mandou que fossem distribuídas as carnes, e depois os queijos, e depois barris de óleo e caixas de sal, a fim de que aqueles famintos pudessem cozinhar e temperar adequadamente os alimentos com saudável sabor.
O NÚMERO TREZE
O carinho pelos pobres estava também unido a uma devoção pelo número treze. Numa época passou a reunir periodicamente treze pobres, em memória de CRISTO e seus Doze Apóstolos. Quando viajava de um lugar para outro, mandava levá-los em carruagens e mandava hospedá-los em acomodações escolhidas para que ficassem perto dela. Na hora das refeições, fazia com que todos os treze se assentassem e ela se incumbia de servir fartamente cada um deles, e só então, se assentava no seu lugar para a sua refeição. Contentava-se com muito pouco, com os alimentos mais simples. Os pratos de carne, ou comidas finas e preparadas com requinte, ela fazia questão de distribuir aos seus treze pobres. Embora fosse rica, era a mais pobre entre os seus amados pobres.
PROTETORA DOS ENDIVIDADOS
Edwiges se esforçava em todas as oportunidades para imitar CRISTO, e lendo no Novo Testamento, o Evangelho de NOSSO SENHOR escrito por São Mateus, ela mantinha presente em seu coração a Oração do Discípulo ensinada por JESUS, e as palavras de recomendação de Confiança no PAI ETERNO. (Mt 6,7-15) (Mt 7, 7-11). Ela não só distribuía os seus bens como também perdoava aqueles que lhe devia.
E foi assim que nasceu uma especial devoção a Santa Edwiges: ela passou a ser invocada como “Padroeira dos Endividados” por que quando em vida, alguém que estivesse “apertado financeiramente”, com a “corda no pescoço”, cheio de dívidas, e sem condições de pagá-las, ia correndo procurar a Duquesa Edwiges, e ela generosamente cobria o valor da dívida com o seu próprio dinheiro, ou se a dívida fosse com ela mesma, imediatamente perdoava o devedor e cancelava o débito dele.
UMA INTERVENÇÃO IMPRESSIONANTE
Edwiges era muito querida por NOSSO SENHOR!
Nas oportunidades o SENHOR se manifestava atendendo a sua intercessão, para realçar e revelar com evidência, que ELE apreciava muito as virtudes e o comportamento pessoal dela.
Em certa ocasião, um facínora, inimigo declarado do Duque Henrique, esposo de Edwiges e adversário proscrito daquela região, fora finalmente capturado pelas autoridades. A sentença para ele foi à morte na forca.
Para que a notícia da captura e condenação à morte do facínora não chegasse aos ouvidos de Edwiges, o Duque mandou tirá-lo do cárcere mesmo à noite, para que sem demora, na madrugada ele fosse executado. Por que ele sabia que se Edwiges tivesse notícias do acontecimento, iria interceder pelo bandido, como generosamente costumava fazer por todos. Os executores fizeram todo o preparo rapidamente e logo ao raiar do dia, colocaram o facínora na forca, deixando o seu corpo pendurado, balançando no espaço.
Aquela noite Edwiges tinha ido a Igreja, e rezando diante do SENHOR, não se apercebeu que as horas passaram ligeiras. Como ela costumava regressar a sua casa pela porta da Sacristia, o Sacristão fechou a Igreja e ficou esperando a Duquesa terminar as suas preces. Ela regressou ao seu lar quando o dia começava a raiar. O Duque foi ao seu encontro. E na verdade, ela já conhecia o fato do facínora, pois lhe tinha sido contado por uma acompanhante fiel. Por isso, logo que o Henrique a encontrou, ela primeiro censurou o seu marido pela crueldade que ele demonstrou. Depois lhe pediu que encaminhasse a ela aquele homem já sentenciado à morte.
Henrique presumindo que naquela hora já estivesse tudo consumado e o malfeitor morto, para consolar a piedade da esposa, disse-lhe:
- “Dou-lhe esse e mais outros desse tipo que quiser”...
Apressadamente ela chamou o seu procurador e mandou que ele fosse com urgência ao local da execução, e lhe trouxesse o condenado sem nenhum arranhão.
O homem meio preocupado foi cumprir a ordem da Duquesa, embora imaginasse que naquele horário tudo já estava acabado. Pegou a carruagem e foi rápido para o local do enforcamento. O malfeitor estava pendurado pelo pescoço... Rapidamente ele cortou a corda e o corpo caiu ao chão. E aquele que todos julgavam um cadáver frio, com admiração de todos que assistiram a execução, estava bem vivo e foi conduzido a presença da Duquesa Edwiges. Aquele encontro mudou a vida dele. O facínora se converteu e se tornou uma pessoa de bem, inclusive trabalhando no Ducado. Este fato foi relatado em Roma, naquela época, por várias testemunhas, no processo de Beatificação de Edwiges.
Sem dúvida, aconteceu uma intervenção Divina. DEUS NOSSO SENHOR teve misericórdia do pecador e perdoou os seus muitos pecados, pela intercessão piedosa de Edwiges.
ESPINHA DE PEIXE E CATARATA
A Irmã Raslaua era muito amiga de Edwiges, inclusive, foi professora e educadora da Duquesa na infância. Atualmente a Irmã foi eleita Abadessa no Mosteiro de Trebnitz.
Um dia, estando à mesa com Edwiges numa refeição, aconteceu um acidente. Uma espinha de peixe encravou na garganta da Irmã. Ela disfarçadamente fez todas as tentativas possíveis e não conseguiu removê-la. Levantou-se foi ao banheiro e tentou retirá-la provocando vômito. Não deu resultado. Vendo o perigo e sentindo muitas dores na garganta, voltou à mesa e com dificuldade expôs o caso a Edwiges. Compadecida com o sofrimento da sua amiga, rezou a DEUS e fez o Sinal da Cruz sobre a amiga. Imediatamente a espinha foi expelida. O fato causou alegria em todos, e naquele dia foi o assunto que dominou no Mosteiro.
Esta mesma Irmã Raslaua perdeu um irmão que ela amava muito. Por isso chorou tanto a morte dele, que poucos dias depois lhe apareceu nos olhos uma película branca cinza, talvez catarata, considerando a sua adiantada idade, e que lhe causava muito incômodo, atrapalhando sensivelmente a sua visão. Com o passar dos dias o problema se agravou e ela então recorreu novamente a sua amiga, e Edwiges cheia de compaixão, lhe disse:
- “Vá, pegue o meu Saltério e com ele trace o Sinal da Cruz sobre os seus olhos escurecidos e ficará boa”.
A Irmã obedeceu acreditando nas palavras de Edwiges, recordando-se das palavras de CRISTO: “Tudo é possível aquele que crê”. Pegou o Saltério de Edwiges e traçou um Sinal da Cruz sobre os olhos, e imediatamente desapareceu aquela mancha que impedia a sua normal visão. NOSSO SENHOR carinhosamente aceitou a intercessão de Edwiges e no ato da execução do Sinal da Cruz pela Irmã, vendo a sua fé sincera e decidida, curou os seus olhos.
UNÇÃO DOS ENFERMOS
Algum tempo antes de agravar a enfermidade que a levou a morte, ela pediu que chamassem Frei Mateus, que era o seu Confessor. Depois que se confessou solicitou ao Padre que lhe administrasse também o Sacramento da Unção dos Enfermos.
As Irmãs do Mosteiro ficaram apreensivas, pois sabiam muito bem, que Edwiges não fazia nada sem ter a absoluta certeza daquilo que predizia. E desse modo, as Irmãs perceberam que o fim de Edwiges estava próximo.
Naquela época o Sacramento da Unção dos Enfermos somente era aplicado ao fiel que estivesse realmente em risco de morte. Hoje, a Igreja amadureceu uma melhor interpretação para a utilização deste Sacramento, e assim, não somente aqueles que estão em risco de morte é que devem recebê-lo, mas todos os enfermos, com as suas diferentes enfermidades, por que eles recebendo o Sacramento ensejarão ao ESPÍRITO SANTO derramar em seu corpo combalido pela doença, as graças necessárias ao seu restabelecimento, ou conforme, sempre de acordo com a Vontade Suprema de DEUS, receberão as graças que purificarão o seu espírito e os conduzirão a felicidade eterna. Mas naquela época não era assim, e as Irmãs que conheciam muito bem Edwiges, viram que aquela solicitação, com certeza estava relacionada com sua próxima morte.