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“PRECIOSO BALUARTE

CRISTÃO”

 

 

PRELÚDIO

Pouco se sabe sobre os primeiros bispos de Roma, porque as informações e textos da época são escassos e em determinados casos, são praticamente inexistentes. Sobre Clemente Romano a melhor fonte é através de Santo Irineu, que foi Bispo de Lyon, na França, até o ano 202. Ele afirma que Clemente “tinha visto os Apóstolos",“tinha se encontrado com eles” , e “ainda tinha nos ouvidos a sua pregação e diante dos olhos a sua tradição”. (Adversus Haereses L III, c.3, n.3)(Contra as Heresias). Existem também uns poucos textos do século IV e do século VI, que falam de São Clemente como um mártir. Na verdade, São Clemente foi eleito Papa numa época bastante difícil para a Igreja Católica, cheia de perseguições contra os seguidores de JESUS CRISTO.

 

FAMÍLIA E RELACIONAMENTO

Clemente nasceu em Roma, de família hebraica, na região do Monte Célio, por volta do ano 30. A tradição cristã acrescenta que na época, seu pai era um Senador Romano chamado Faustino, da família Flávia, e que tinha parentesco com o Imperador Romano Domiciano. De acordo com Origines (ano 254), Eusébio (ano 340) e Jerônimo (ano 420), Clemente foi um dos colaboradores de São Felipe Neri, e foi Discípulo de São Paulo em Filipos. E tanta amizade e consideração São Paulo tinha por ele, que na Epístola que escreveu aos Filipenses cita o nome de Clemente:

"Rogo também a ti, Sízigo, fiel “companheiro”, que lhes prestes auxílio, porque me ajudaram na luta pelo Evangelho, em companhia de Clemente e dos demais auxiliadores meus, cujos nomes estão no Livro da Vida.”(Fl 4,3)

Era uma família cristã, que embora parente do Imperador, se mantinha distante das reuniões festivas de Domiciano. Clemente foi um dos primeiros a receber o Santo Batismo diretamente pelas mãos do Apóstolo São Pedro. Cresceu e estudou em Roma, revelando-se pessoalmente um homem possuidor de um espírito minucioso com um raciocínio muito rápido, embora possuísse índole tranquila e observadora. Sobretudo, era um forte e destemido defensor das verdades cristãs. Vivia no meio dos cristãos e ouviu pregações e ensinamentos de diversos Apóstolos de JESUS. Foi discípulo de São Pedro com quem apreendeu as verdades cristãs e com quem, em diversas oportunidades, também se emocionou, quando o Apóstolo Pedro concluído os ensinamentos, em dias mais tranquilos lhe descrevia fatos e acontecimentos da vida de NOSSO SENHOR. É fácil imaginar, que eram momentos inesquecíveis, os quais o levavam a permanecer minutos em completo silêncio e cabisbaixo, com o coração envolvido por uma profunda e amorosa simpatia por NOSSO SENHOR.

 

FEITO PRESBÍTERO E MAIS TARDE BISPO

Clemente vivendo nos meios cristãos, se revelava um homem culto, valoroso e brilhante, simples e modesto, e também extremamente preocupado com a justiça e o direito do povo, principalmente daquelas pessoas menos favorecidas. Assim em face das suas reconhecidas qualidades e avançado conhecimento cristão, foi feito Sacerdote por São Pedro e posteriormente Bispo. Oportunidade em que pode atuar decisivamente expandindo o cristianismo e ajudando com mais frequência o povo necessitado.

Durante a estadia de São Pedro no Oriente Médio, onde participou do Primeiro Concílio Ecumênico da Cristandade (anos 48/49), São Pedro confiou o Governo da Igreja aos três futuros Bispos de Roma: Lino, Anacleto e Clemente.

Em Roma, Clemente participava ativamente das atividades das Igrejas, seja na Catequese ou na orientação administrativa em diversas Comunidades cristãs na cidade e na periferia, também catequizando e fazendo com que JESUS fosse mais conhecido pelos fiéis. Ele se preocupava entristecido e admirado, quando observava o povo fanático tratando o Imperador Romano como se fosse um “deus”. Inclusive presenciou em varias ocasiões, grupos de homens e mulheres numa Praça, onde havia uma estátua do Imperador, cantando fervorosamente, louvando e incensando a imagem do Imperador César.

 

ELEITO PAPA

A piedade e o seu exemplo de vida e fé causavam admiração e cativava corações. Ele até converteu uma das irmãs do Imperador Domiciano chamada Domitila. Por isso mesmo, a conversão de Domitila ajudou bastante na suavização da sangrenta perseguição que acontecia no Império Romano contra os cristãos, enquanto Domiciano imperava.

Com o falecimento de São Pedro no ano 67, o Bispo Lino foi escolhido pelos religiosos e assumiu a Cátedra cristã (ano 67 a 76). Com o falecimento do Papa Lino no ano 76, o Governo da Igreja Católica passou a ser dirigido pelo Bispo Anacleto (ano 76 a 88). No ano 88 o Papa Anacleto faleceu, e Clemente Romano foi escolhido Sumo Pontífice da Igreja Católica, governando-a desde o ano 88 até o ano 97.

 

DESEMPENHO COMO SUMO PONTÍFICE

Sua atuação no comando do Cristianismo foi proveitosa e eficiente, pois sempre se mantinha ligado nas necessidades do povo e preocupado em buscar caminhos de santidade para os fiéis. Clemente se esmerava fervorosamente em pregar o Evangelho com firmeza, a fim de que fosse bem entendido pelas pessoas, e primordialmente centrava na necessidade de fidelidade absoluta à doutrina de NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Enfrentou com inteligência e sabedoria as divisões internas na Igreja e soube controlá-las com dignidade. Restabeleceu a Crisma de acordo com o rito de Pedro, que foi o primeiro Papa e seu mestre. Implantou na tradição religiosa o uso da palavra “Amém” (que significa creio, estou de acordo, assim seja, confirmo) nas orações e nas celebrações. Também lhe é atribuída à introdução das Vestes Sagradas na Liturgia. No ano 95, atuando como Sumo Pontífice dos Cristãos, no mês de Dezembro criou 10 Sacerdotes, 02 Diáconos, e 15 Bispos, que foram enviados a diversos locais. No mapa, dividiu a cidade de Roma em Sete Regiões, comandada por sete Notários (Escreventes), com a responsabilidade de cada um pesquisar e colecionar anotações corretas, com todos os fatos e Atos acontecidos na área de cada um, principalmente aqueles que envolviam Mártires Cristãos.

O cristianismo, sob sua direção, aumentou muito. Foi o Papa Clemente I quem enviou São Dionísio, o primeiro Bispo de Atenas, para a Gália, para ser o primeiro Bispo de Paris, com seus ilustres companheiros, levando aos franceses a luz da verdadeira fé.

Em Roma, ele deu o véu das virgens para Santa Domitila Flavia e fez o Batismo de Sisine, um dos primeiros da cidade, que veio por curiosidade somente para examinar as assembléias dos cristãos. Mas surgiu um problema nos seus olhos, que lhe tirou completamente a visão, a qual foi recuperada pelas orações do Santo Pontífice Clemente I. Agradecidos a DEUS, Sisine com sua esposa Teodora, foram muito zelosos e com disposição ajudaram na propagação do Evangelho.

São Clemente Romano foi um grande defensor da autoridade do Sumo Pontífice e da Igreja de Roma, afirmando que verdadeiramente a Igreja e o Papa, são os detentores das revelações divinas, possuindo a autoridade necessária para comandar os cristãos.

A PROBLEMÁTICA COMUNIDADE DE CORINTO

Naquela época a Comunidade Cristã de Corinto na Grécia, não trilhava o mesmo caminho pacífico e ordeiro dos cristãos, havendo confusões e mal-estar dentro da própria Comunidade. Havia entre os cristãos um grupo mais jovem que se rebelou contra os Presbíteros (Sacerdotes mais idosos e o Bispo) criticando os superiores hierárquicos e não respeitando as suas determinações, criando um indesejável ambiente. E assim procedendo e seguindo por este caminho odioso, decidiram afastá-los dos seus postos (os Padres idosos e o Bispo, se lá existisse), substituindo-os por Presbíteros jovens, como diziam “cheios de vida”, para assumirem os comandos da Igreja.

O Papa Clemente I não concordando com aquela situação se empenhou em re-colocar as autoridades nos seus devidos lugares. E com este objetivo, escreveu-lhes uma longa e austera missiva: “Carta de Clemente aos Coríntios”.

Nesta carta o Bispo de Roma começou lamentando as perseguições do Imperador Romano Domiciano aos cristãos, que verdadeiramente era um fato lamentável, mas que felizmente cessou temporariamente com a morte do Imperador. A carta tem data do ano 96 e nela, o Papa Clemente I respondia a solicitação da Igreja de Corinto, pedindo a sua intervenção para resolver um triste caso local, após o afastamento de Presbíteros daquela Comunidade, devido a uma contestação levada a cabo por jovens contestadores (provavelmente também Sacerdotes mais novos). Consta que provavelmente Presbíteros mais jovens teriam usurpado as prerrogativas dos mais velhos, inclusive estabelecendo normas referentes à ordem da hierarquia eclesiástica (Bispos, Presbíteros, Diáconos). São Irineu explica que esta carta do Papa, foi uma mensagem da Igreja de Roma à Igreja de Coríntio, com o objetivo de “promover a reconciliação e fazer existir a paz na Comunidade, renovando a fé e anunciando a Tradição que há pouco tempo a Igreja recebeu dos Apóstolos”. Foi uma carta longa e minuciosa, e na qual, São Clemente também retoma termos e orientações feitas por São Paulo, nas duas Cartas que o Apóstolo escreveu aos Coríntios.

Respeitosamente e com dignidade, o Papa Clemente I começa assim: “A igreja de DEUS que se reúne em Roma para a igreja de DEUS em Corinto, aos que são chamados e santificados pela Vontade de DEUS, por meio de NOSSO SENHOR JESUS CRISTO: Graça e paz a vocês do Altíssimo DEUS por meio de CRISTO, NOSSO SENHOR.” – (1 Clemente 1.1)

O Papa, com comparações sábias e inquestionáveis, pede para que os cristãos de Corinto recebam os Presbíteros que acreditava terem sido expulsos de suas funções injustamente dizendo: “Se algum homem desobedecer às palavras que DEUS pronunciou através de nós, saibam que esse tal terá cometido uma grave transgressão, e se terá posto em grave perigo”. E por isso mesmo, São Clemente incita aos Coríntios “a obedecer às coisas escritas por nós através do ESPÍRITO SANTO”.

“Vamos olhar fixamente para o Sangue de CRISTO, e ver como que o Sangue é precioso para DEUS, Sangue que foi derramado para nossa Salvação, e estabeleceu a Graça do arrependimento diante do mundo inteiro”.(1 Clemente 7.4)

“Todos estes, o grande CRIADOR e SENHOR de todas as coisas, nomeou a existir em paz e harmonia, enquanto ELE faz bem a todos, mas o mais abundante para nós, que fugimos para o refúgio das suas misericórdias, através de JESUS CRISTO NOSSO SENHOR, a quem seja dada glória e majestade para sempre e sempre. Amém”. (1 Clemente 20.11-12)

Com tranquilidade, em sua Carta aos Coríntios, ele revelou o seu espírito amoroso e preocupado com a unidade da Igreja. Os Coríntios se recusavam a seguir as ordens emanadas da Igreja de Roma e inclusive, na cabeça de alguns havia a intenção de se separarem de Roma. Então a Carta de Clemente foi fundamental para restabelecer a unidade cristã e acabar com as graves dissensões que ocorriam na Igreja de Corinto, unindo os cristãos na única verdade deixada por NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.

O Papa Clemente em sua missiva considera que aqueles problemas ocorridos na Comunidade Cristã de Coríntio se deviam à ausência de “duas importantes virtudes cristãs: humildade e amor fraterno”. Então reforça e relembra os deveres e funções dos leigos e dos Sacerdotes, distinguindo-os em linhas claras e evidentes, inclusive fazendo aparecer pela primeira vez à palavra “leigo” , que significa “membro do povo de DEUS”.

O Papa explica sabiamente que a Igreja era formada através do ESPÍRITO SANTO, que é o “único ESPÍRITO DE GRAÇA derramado sobre nós”. Além disso, aborda também na missiva, o tema da “hierarquia da Igreja” recapitulando a sua orientação. E assim, mostrava em realce a separação entre as “hierarquia da Igreja” e da “Comunidade dos leigos”. As duas embora independentes devessem manter uma proveitosa ligação. Ambos os “organismos”, deviam exercer os seus ministérios “segundo a vocação recebida”. O Papa Clemente explicou e aprofundou a doutrina da sucessão, considerando que o “PAI ETERNO enviou JESUS CRISTO, que por sua vez enviou os Apóstolos. Depois, os Apóstolos enviaram os Primeiros Chefes das Comunidades, e estabeleceram que eles fossem sucedidos por homens dignos”. O Papa esclarece assim, que a estrutura da Igreja não é uma estrutura política, mas uma estrutura Sacramental. Defende ainda que a Igreja não seja uma invenção dos Homens, mas sim, de DEUS.

“Os apóstolos pregaram o evangelho a nós da parte do SENHOR JESUS CRISTO; JESUS CRISTO o fez da parte de DEUS. Por isso, JESUS CRISTO foi enviado por DEUS, e os Apóstolos por CRISTO. Ambas as designações, portanto, foram feitas ordenadamente, de acordo com a Vontade de DEUS. Tendo recebido suas ordens, e sendo plenamente assegurado pela Ressurreição de NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, e estabelecidos na Palavra de DEUS, com toda segurança no ESPÍRITO SANTO, eles saíram proclamando que o Reino de DEUS estava próximo. E assim pregando em países e cidades eles viram os primeiros frutos do seu trabalho, tendo primeiramente os provados pelo ESPÍRITO, para serem Bispos e Diáconos daqueles que posteriormente viessem a crer. Mas isso não era nada novo, desde que de fato muitos anos atrás estava escrito em relação aos Bispos e Diáconos”. (1 Clemente 42.1-5)

“Em amor o SENHOR deu a si mesmo por nós. Por conta do amor que ele nos deu à luz, JESUS CRISTO NOSSO SENHOR deu seu Sangue por nós pela Vontade de DEUS; Sua Carne por nossa carne; Sua Alma por nossas almas”. (1 Clemente 49.6)

Também, na carta, fervorosamente São Clemente agradeceu a DEUS pela Providência de Amor que, criou, santificou e salvou o mundo. Ele explica e defendia que, do mesmo modo como CRISTO foi pregado na Cruz, os cristãos deviam rezar pelos seus perseguidores, mesmo que estes os perseguissem e quisessem crucificá-los. Defendia esta atitude, tendo como base de argumentação a Ordem Cristológica. E assim, o Papa Clemente I reconheceu, ainda, na sua oração a legitimidade das autoridades políticas segundo a ordem estabelecida por DEUS. Considerava que DEUS é uma soberania para além de César, porque a essência da soberania Divina não é terrestre, mas sim “do Céu”.

E continuou argumentando com firmeza, para acordar aquela problemática congregação cristã em Corinto, onde os "Presbíteros" e o "Bispo" (se existisse) tinham sido depostos. São Clemente clama pela restauração dos que foram depostos e pelo arrependimento dos faltosos, lembrando-lhes com clareza e energia os Mandamentos Divinos, visando manter a ordem e obediência à autoridade da Igreja estabelecida pelos Doze Apóstolos  com a criação dos "diáconos e bispos".

Desse modo o Bispo de Roma abordou diversos aspectos importantes na sua carta, que muito embora em alguns aspectos sejam intemporais, representam efetivamente a “solicitude da Igreja de Roma”.

Os Presbíteros são mencionados várias vezes, mas não são distinguidos dos Bispos. Não há absolutamente nenhuma menção a um Bispo em Corinto, e as autoridades eclesiásticas daquela cidade são sempre mencionadas no plural. O escritor R. Sohm acha que não havia Bispo em Corinto quando Clemente escreveu. Michiels e muitos outros escritores católicos também pensam assim, mas deixa a questão em aberto. Todavia, é bem provável que um Bispo pode ter sido nomeado como resultado da carta do Papa Clemente. 

Esta Carta é a única obra genuína de São Clemente que ainda existe. A história demonstra claramente e continuamente, a autenticidade de sua autoria da mesma. E por curiosidade, é o único e mais antigo documento cristão que não foi incluído no Novo Testamento.

Alguns escritores relatam uma Segunda Carta aos Coríntios e publicações diversas, como se fossem de autoria dele. Mas efetivamente, a verdade atesta, que o único escrito de São Clemente Romano que existe, é aquela Carta aos Coríntios. Com certeza, ele escreveu diversos outros documentos e missivas, mas que infelizmente, ao longo dos séculos foram destruídos pela avassaladora onda de destruição emanada dos Imperadores Romanos e de outros inimigos do Cristianismo.

 

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