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ACONTECIMENTOS PERIGOSOS

 

 

A LEPRA INVADE A EUROPA CENTRAL

Rompendo a tranquilidade de Castiglione, surgem noticias alarmantes sobre casos de lepra, que era um flagelo terrível que se alastrava violentamente na Europa Central. E matava impiedosamente, porque os médicos eram insuficientes, os remédios não adequados e a ignorância sobre o mal, favoreciam o alastramento da epidemia. Por essa razão, as pessoas que tinham recursos emigravam em massa para outras regiões que não estavam afetadas. Também Dom Fernando preocupado com a epidemia, levou a esposa e os filhos para uma região não infestada, no margraviado de Monferrato (região do soberano Duque de Monferrato). Chegaram à noite em Casale, e o Marquês muito cansado e bastante preocupado, sentiu forte crise de gota, sendo forçado a permanecer na cama. Os médicos recomendaram que ele fosse a Lucca e se submetesse aos famosos banhos, já em muita evidência e com bons resultados.

Dom Fernando concordou e levou com ele o filho Rodolfo que também necessitava se submeter aos mesmos banhos, pois o seu crescimento denunciava retardamento e fraqueza. E levou também Luizinho com o seu preceptor Del Turco, como companheiros de viagem. Isto por que, no final do tratamento em Lucca, o Marquês tinha a intenção de levar o filho Luís a Florença, para apresentá-lo ao seu grande amigo Duque Francisco I, e também dar continuidade aos seus estudos.

Outra vez o pequeno Luís teria que se separar da mamãe e dos outros irmãos. Foi um acontecimento doloroso com muitos abraços, exortações e conselhos, ficando com os olhos cheios de lágrimas e também deixando com lágrimas os olhos da sua querida mãezinha. Com a bagagem na carruagem, saíram de Casale para Florença.

ESTUDANDO EM FLORENÇA

Na bela cidade italiana, alugaram uma casa onde puderam se instalar. Pedro Francisco Del Turco continuou na função de vigia e mordomo, ficando de certo modo, responsável perante Dom Fernando, pela segurança e educação dos dois pequenos: Luizinho e Rodolfo. Juntou-se a eles o Padre Júlio Bresciano, que ficou na qualidade de preceptor, incumbindo-se da educação dos dois meninos: da língua toscana, bem como de diversas ciências. O camareiro Clemente Ghizoni e outros auxiliares ficaram encarregados da alimentação, limpeza e tudo mais, ou seja, das coisas que a posição social dos dois pequenos marquesinhos exigisse.

O Marquês Dom Fernando se despediu e retornou para junto da família. Luizinho estava com 9 anos de idade e permaneceu estudando em Florença por mais de dois anos e meio.

E na verdade, foi um tempo muito proveitoso, por que não só desenvolveu os seus conhecimentos, como realizou notáveis progressos na piedade. Frequentava a Santa Missa todos os dias, assim como também participava de todas as solenidades religiosas que eram celebradas na cidade, pelas diversas associações religiosas. Em especial, gostava de frequentar o Santuário da Anunciação, e lá permanecia por longo tempo, rezando junto a imagem da SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA. E foi neste Santuário, que certa manhã, diante da querida MÃE DE DEUS, Luís fez o “voto de castidade perpétua”!

Como tinha um altíssimo conceito sobre o Sacramento da Penitência, começou a se confessar com maior frequência, sempre se preparando diligentemente e grande compunção, admiravelmente incomum para a sua idade, fazendo um esforço cada vez maior para progredir sempre mais, mantendo-se mais vigilante consigo mesmo. Assim foi que se lembrou dos “palavrões” que aprendeu com os soldados nas casernas de Casalmaggiore e o “furto” da pólvora, que quase matou a sua vida. Para ele aquelas passagens pareciam gravíssimas. E tanto era assim, que no Confessionário, ao começar a descrever aqueles fatos, desmaiou aos pés do Padre Francisco Della Torre, da Companhia de Jesus.

E assim, ele fazia grandes progressos tanto na santidade como na ciência. Também, os acontecimentos da existência seguiam o ritmo normal. Chegou uma carta do seu pai para o Duque de Toscana, amigo dele, solicitando-lhe o obséquio de ajudá-lo, remetendo-lhe de retorno os dois filhos: Luís e Rodolfo.

GOVERNADOR DE MÂNTUA (CASALE)

Esta solicitação de Dom Fernando aconteceu em razão de ele ter sido nomeado Governador de Casale, pelo Duque Guilherme de Mântua, seu parente. Desejando estreitar ainda mais os laços de parentesco e amizade com a Casa de Mântua, julgou vantajoso para o seu filho, aceitar a qualidade de pajem (menino que acompanhava um nobre), que o Duque oferecia a Luizinho.

Muito obediente como sempre, não colocou qualquer resistência ao pai. Despediu-se da corte de Toscana e transportou-se para Mântua.

A cidade era menor do que Florença. Entretanto, embora a corte fosse mais modesta, floresciam as artes e as ciências, que junto às relações de parentesco, garantiram o bem estar e a boa educação dos marquesinhos.

Estando hospedado no palácio de um Gonzaga, Luizinho seguia sua vida como sempre, metódico e respeitoso, dedicado aos estudos e assíduo as orações. Gostava de visitar Igrejas e Mosteiros, onde permanecia rezando por longo tempo e nas oportunidades, conversava com os Sacerdotes.

Também visitava com frequência a residência de seu parente Dom Próspero Gonzaga. Sempre que nela chegava, visitava JESUS na Capelinha de entrada, e depois de algumas orações, subia para saudar os parentes. E todos gostavam de conversar com ele, embora fosse um menino de apenas 13 anos de idade.

Quanto à saúde, embora tivesse muita disposição, pegou o mal da pedra, se submetendo ao tratamento usado na época, com dieta quase absoluta de comida e bebida e permanecer no leito. Os médicos quiseram reduzir o jejum em face da extrema fraqueza demonstrada por ele, mas Luizinho não diminuiu, por que com o pretexto da moléstia e da extrema debilidade, era dispensado de participar da vida social da corte (representações, caçadas, brinquedos dos príncipes, etc.), e isto lhe favorecia criar um ambiente de solidão e de recolhimento, permanecendo junto a DEUS através das orações.

DE VOLTA A CASTIGLIONE

Com o correr do tempo, a notícia sobre a saúde precária do Luís chegou ao conhecimento de Dom Fernando e de Dona Marta em Casale, deixando-os muito preocupados. Imediatamente escreveu ao preceptor no sentido de reconduzir imediatamente todos os filhos, inclusive o marquesinho para o Castelo de Castiglione, sua terra natal. E pouco depois de meados de Junho, Dona Marta pode rever os seus filhos, inclusive para dar toda a assistência necessária ao Luizinho e “matar as saudades”, que era muito grande.

Examinado pelos médicos locais, eles lhe receitaram alimentação abundante com alto teor nutritivo, além de lhe ordenar que permanecesse no leito.

Nesta época Luís exercitou profundamente o seu amor a DEUS, sempre rezando e meditando sobre os mistérios da Paixão de JESUS, sentado na cama ou ajoelhado no chão do quarto, permanecia por longo tempo olhando o crucifixo e mentalmente conversava com NOSSO SENHOR.

E na continuidade, à medida que recuperava a sua saúde, aos domingos e dias de festas ensinava Catecismo aos pequenos de Castiglione, assim como, da mesma forma, dedicava-se a ensinar religião a todos àqueles que por qualquer circunstância, chegassem ao Castelo e entrassem em contato com ele. E naturalmente, os seus familiares era o campo preferido do seu ardor apostólico. Procurava catequizar todos os parentes.

VISITA DO ARCEBISPO DE MILÃO

São Carlos Borromeu, Cardeal Arcebispo de Milão, realizando sua visita pastoral às paróquias da Diocese de Bréscia, chegou a Castiglione. Na ausência de seu pai que estava em Casale, Luís foi cumprimentar o Cardeal que era aparentado com sua família. E o religioso ficou impressionado com os progressos espirituais daquele menino de apenas 13 anos de idade, e lhe perguntou se ele comungava seguidamente. Mas, por culpa dos hábitos daquela época, Luizinho ainda não tinha feito nem a Primeira Comunhão. O Cardeal não quis esperar mais. Aconselhou que ele estudasse o Catecismo de Trento, marcando a solenidade da sua Primeira Comunhão para o domingo seguinte, ou seja, dia 22 de Julho, festa de Santa Maria Madalena.

E tudo aconteceu de maneira maravilhosa, o pequeno Luís recebeu NOSSO SENHOR JESUS CRISTO na Santa Missa, das mãos do Santo Cardeal Carlos Borromeu, estando presente a cerimônia, sua mãe Dona Marta, seus irmãos e familiares, além do povo que encheu o templo. A partir daquele momento o seu coração decidiu: “a Eucaristia ficou sendo o centro da sua vida espiritual”.

A PERIGOSA ENCHENTE DO RIO TICINO

Dom Fernando preocupado com a saúde de Luís, mesmo em Castiglione, escreveu a Marquesa Marta, sua esposa, para levá-lo a Casale. Em fins de Setembro de 1580, Dona Marta com os dois filhos, Luís e Rodolfo e mais o pessoal do castelo, puseram-se em viagem. A estrada estava péssima, em face das chuvas do outono, e o rio Ticino, muito cheio, transbordou e inundou diversos trechos da estrada, inclusive fazendo correntezas. E foi tentando atravessar uma dessas correntezas, que a carruagem onde estava o Luis, lhe proporcionou um gravíssimo perigo de vida. No meio da correnteza sua carruagem partiu-se ao meio. A metade dianteira foi logo arrastada fortemente pelos cavalos e a outra metade, onde se encontrava Luís e o seu aio, foi arrastada perigosamente pelas águas, a ponto de quase tombar, quando providencialmente encontrou pela frente um grosso tronco de árvore atravessado, que impediu que ela continuasse desgovernada descendo rio abaixo e inclusive se emborcasse, evitando assim o desastre com os dois ocupantes. Rapidamente, dois homens da comitiva a cavalo, acorreram em auxilio e conseguiram resgatar os dois acidentados. A Marquesa que estava na carruagem da frente, não presenciou a perigosa cena. Mas, sendo informada logo em seguida, parou a comitiva numa Capelinha próxima, dedicada a NOSSA SENHORA, e abraçada ao filho, rezou e agradeceu a providencial proteção da MÃE DE DEUS.

Em Casale, Luís continuou vivendo da maneira que sempre preferiu dedicado aos estudos e exercitando com grande devoção a sua piedade. Nos divertimentos, torneios e jogos, dirigidos ou orientados por Dom Fernando, ele tomava parte o menos possível. Na primeira oportunidade escapava e ia estudar, sem permitir que seu pai percebesse. Sua mãe, todavia, sabendo das suas preferências, não criava obstáculo ao seu querido filho. Quando se tratava de bailes e festas, Luizinho fugia sem dar notícias. E seu pai conhecendo esta sua decisão, não o forçava a comparecer e participar.

OS AMIGOS PADRES BARNABITAS

Em Casale teve a oportunidade de conhecer alguns Padres Capuchinhos e Padres Barnabitas. E foi na Igreja dos Barnabitas que ele travou amizade com diversos Sacerdotes e onde inclusive, participava das Santas Missas com Comunhão, e se Confessava com frequência. E criou uma amizade tão bem enraizada que às vezes ia visitar os Barnabitas na própria Casa da Ordem Religiosa, entretendo-se com palestras de cunho espiritual ou científico. E esta amizade foi o adubo precioso que solidificou sua vontade de também se tornar um religioso. Mas com pouco mais de 13 anos de idade, não quis confessar o seu segredo, guardando, por enquanto, hermeticamente fechado no coração.

NOVAMENTE EM CASA

Em 1581, findo o seu mandato de Governador em Casale, Dom Fernando e a família voltaram a Castiglione. Luís, já considerado adulto, não mais ficou sujeito ao preceptor Francisco Del Turco, que foi dispensado das funções. A vida austera que Luís iniciou em Casale, nunca mais a abandonou, ao contrário, acrescentou mais três jejuns semanais: quarta-feira, sexta-feira e sábado. Sua alimentação era tão escassa, que os serviçais por curiosidade, realizaram um controle das quantidades, e eles ficaram verdadeiramente impressionados: como alguém podia viver, se alimentando tão pouco. Estes serviçais, posteriormente foram chamados a depor no Processo para a Causa da Beatificação de Luís. E ainda, na continuidade dos dias, para dominar mais a sua vontade e melhor declarar o seu amor a DEUS, o jovem decidiu se flagelar três vezes por semana. Depois passou a se flagelar todos os dias, e por vezes, até se flagelava duas vezes por dia.

Nas horas de lazer, ia a Igreja e participava das orações corais dos religiosos de Castiglione.  E fazia isto em todos os meses do ano, mesmo no inverno frio e gelado daquela região. Ele enfrentava o frio corajosamente sem agasalhos apropriados e sem qualquer proteção, chegando a tremer de tanto frio. E mesmo assim, não diminuía os seus santos excessos. Não possuía um Diretor espiritual que lhe orientasse na via da perfeição, e todas aquelas práticas realizadas de modo inadequado, provocaram irremediáveis danos a sua mísera saúde.

Certa noite recitando os Salmos Penitenciais, exausto pelas práticas realizadas durante o dia, adormeceu, deixando acesa a vela na mesinha de cabeceira da cama. O fogo da vela passou para o pano que forrava a mesinha e pulou para o lençol da cama, se espalhando rapidamente, quando ele acordou e viu, o cortinado da janela estava em chamas e o fogo já tinha alcançado o colchão. Com gritos de socorro, a ação dos servidores do palácio impediu o alastramento do incêndio. Luís correu um sério risco de vida.

GRANDE DESENVOLVIMENTO MENTAL

O padre Dominicano Claudio Fini, se manifestou assim: “Dom Luis, de quem transluzia uma exemplaríssima santidade, deixa qualquer pessoa surpresa com as suas atitudes, com as conversas, maneiras e raciocínios, tendo apenas 13 anos de idade.”

Luís, embora com tenra idade, não denotava atitudes infantis. Modesto, simples e humilde até a singularidade, era possuidor de um retraimento e profunda taciturnidade, aliados a inteira gravidade e devoção, afirmavam os seus hagiógrafos. Era comum vê-lo pronunciar palavras assim: “Meu DEUS, bem quisera eu amar-VOS com aquele fervor que o SENHOR faz jus, por tão imensa a VOSSA Majestade! Sangra-me o coração ter que constatar, como os cristãos demonstra tanta ingratidão para com o SENHOR!...”

 

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