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PARA SERVIR AO SENHOR

 

PAIS TRABALHADORES

Daniel nasceu no dia 15 de Março de 1831, em Limone sul Garda (próximo a Bréscia), e os seus pais, Luís e Domingas Pace, eram agricultores muito pobres. O pai era empregado e encarregado de cuidar da grande plantação de oliveiras do Dr. João Batista Ferrari, e a senhora sua mãe realizava trabalhos domésticos.

A família ficou grande, pois seus pais tiveram 8 (oito) filhos, e ele foi o terceiro na ordem de nascimento. Todavia, em pouco tempo se tornou o único membro da família, pois os irmãos morreram com poucos anos de vida, por motivo de enfermidades que a família não teve recursos para tratar. O irmão mais velho ainda conseguiu viver até os 21 anos de idade, quando também faleceu em razão de sérias complicações na sua saúde.

 

ESTUDAR ERA DIFÍCIL

Pelas muitas guerras que existiram, aquela região da Itália, pertencia ao Império Austro-Húngaro e vivia em grande pobreza.

O Colégio em Limone só tinha um professor para os dois primeiros anos do curso primário. E assim, quando Daniel terminou o 2º ano, ajudado por parentes que admiravam a sua inteligência e sua aplicação nos estudos, foi para Verona continuar o Curso Primário, hospedando-se numa pensão familiar, e logo, seus amigos e parentes conseguiram que ele fosse matriculado no Colégio fundado e dirigido pelo Padre Nicolau Mazza.

 

 

Padre Mazza era um sacerdote bem conhecido e muito famoso naquela região italiana, acreditava na juventude, principalmente nos jovens que demonstrassem interesse em estudar, em aprender e desenvolver os seus conhecimentos. Anteriormente fundara um Instituto para meninas pobres e órfãs, com excelente resultado; depois fundou um Colégio para meninos que tivessem uma inteligência viva e persistente moralidade (ele pessoalmente pesquisava e escolhia os jovens), com a finalidade de formá-los sábios sacerdotes da Igreja ou homens de caráter, capacitados a servir dignamente a sociedade. E assim, na continuidade do trabalho, estimulado por suas virtudes pessoais e por um grande amor a DEUS, passou a alimentar um sonho de enviar a África alguns Padres do seu Instituto, para implantação do cristianismo e realizar vigoroso amparo aos cristãos existentes. Desse modo, apoiado neste ideal africano, também passou acolher no seu Colégio meninos negro. Se eles chegassem a se tornar sacerdotes, ótimo, dizia o Padre Mazza! Todavia, também seria suficiente que ao voltarem à África, aqueles jovens já tivessem se transformado em homens sábios, bem instruídos e com o caráter cristão bem formado.

 

 

AMADURECENDO UM IDEAL

Por essas razões, Daniel sendo aluno do Padre Mazza, amadureceu uma decisão e encontrou espaço interior para estimular o seu desejo de ser sacerdote e de se consagrar as missões, principalmente na África.

Com a idade de 18 anos já estava definitivamente decidido: “queria ser Missionário na África”.

 

 

A POBREZA AFRICANA

Pelo ano de 1870, a África ainda era um continente misterioso e de difícil acesso, dividido em tribos com os seus chefes. O único território colonizado era a Argélia, ocupada militarmente pelos franceses desde 1830. Na verdade, a grande divisão colonial só veio a acontecer mais tarde, a partir de 1884-85. Até então, os europeus só conseguiam fazer apoio em vários pontos, ao longo da costa. O explorador inglês Stanley chegou a afirmar: “A pobreza campeava em todas as regiões. Com apenas 7 dólares era possível comprar um escravo na Tanzânia e vendê-lo por 30 dólares no mercado de Zanzibar”. Outro explorador escreveu: “Apesar da proibição imposta pelos ingleses, o comércio de escravos continuava intensíssimo e com enormes lucros. Homens, mulheres, aguardavam o dia da partida, andando nus pelas ruas, como se fossem animais famintos e doentes. A varíola, cólera e a malária grassavam entre eles”.

Por causa desta situação e sendo imenso o continente Africano, o Vaticano se preocupava e buscava conseguir um modo que fosse mais racional e seguro, para os missionários trabalharem e atuarem nas diversas regiões. A parte central continuava sendo um imenso deserto religioso, pelas dificuldades de ser acessado pelos missionários. Mas em 1848 foi realizada a primeira expedição a África Central. Eram 5 Missionários, dos quais, um sacerdote era do Colégio do Padre Mazza, e nesta época, Comboni era seminarista.

Em 1853, Padre Mazza já tinha mais dois Padres Missionários prontos para o trabalho, e foram enviados a Ilha de São Lázaro, perto de Veneza, a fim de estudar a língua árabe. E posteriormente, eles foram mandados ao Sudão com a finalidade de estudar a possibilidade de fundar um “centro Missionário” nas dependências do Colégio que Padre Mazza já havia fundado lá, e que estava em funcionamento. Outro objetivo era juntar os meninos negros em Cartum para enviá-los a Verona, na Itália, onde seriam alfabetizados e educados, para posteriormente voltar à África a fim de ajudar no desenvolvimento do Continente. Os dois Missionários, Padre Castagnaro e Padre Beltrame, lá chegaram ao final de 1853. Mas, Padre Castagnaro, logo foi acometido por uma séria doença e morreu. Padre Beltrame começou firme o trabalho, mas não conseguiu juntar meninos para enviá-los a Verona. Todavia conseguiu autorização do Superior Religioso local, para estabelecer uma missão na Nigrícia, hoje denominada Sudão, justamente nas dependências do Instituto do Padre Mazza.

 

 

SACERDOTE DO ALTÍSSIMO

Daniel Comboni que acompanhava atentamente todas as notícias que chegavam do Continente Africano, se entusiasmou e ansiosamente aguardava a chegada do seu momento tão esperado.

Foi ordenado Sacerdote pelo Bispo de Trento, Dom João Nepomuceno Tchiderer, no dia 31 de Dezembro de 1854, com a idade de 21 anos, quando concluiu o seminário. Mas os superiores decidiram esperar um pouco, aproximadamente três anos, antes de enviá-lo à África.

 

EXERCITANDO AS VIRTUDES

Durante o ano de 1855, Padre Daniel exercitou o trabalho missionário na sua terra. Foi designado Vigário Coadjutor de uma pequena Paróquia próximo a Verona, e então, teve a oportunidade de revelar sua dedicação e coragem, na realização dos diversos trabalhos. Uma terrível epidemia de cólera se espalhou por Verona, Pádua, Vicenza e Veneza, que matou milhares de pessoas. Padre Daniel, usando de conhecimentos médicos adquiridos durante a sua preparação missionária, atendeu incansavelmente a população, dia e noite, sem receio de também ser contaminado. Sua abnegação foi tão grande que o alto comando do Império Austríaco, que dominava a região, tomou conhecimento e o elogiou publicamente.

E com este e outros corajosos e eficientes trabalhos, Padre Daniel prestou um benefício admirável, angariando a simpatia e amizade do povo.

 

PREPARATIVOS PARA A MISSÃO

Finalmente no ano de 1857, chegou à hora desejada de participar de uma Missão na África. Padre Mazza decidiu enviar à primeira expedição do seu Instituto a África Central, escolhendo para chefiá-la o Padre Beltrame e junto com outros companheiros, foi também foi escolhido o Padre Daniel Comboni, que com 26 anos de idade era o missionário mais novo.

Todavia, uma Missão requeria além da disposição e boa vontade humana, os necessários recursos financeiros para cobrir os deslocamentos, alimentações e atendimento das mínimas necessidades humanas. E o Padre Mazza dispunha de um pequeno e acanhado recurso, mínimo indispensável para o funcionamento do próprio Instituto. Por isso, os missionários tiveram que se movimentar a fim de conseguir os recursos antes de viajar. Cada sacerdote procurou solucionar as suas dificuldades financeiras pessoais, no sentido de não viajar deixando para traz dívidas e problemas familiares. Como por exemplo: o Padre Daniel Comboni, ficou sozinho numa família oprimida pela dor e endividada por causa das despesas com as doenças e mortes dos seus irmãos. E por isso, ele mesmo decidiu que não partiria, sem antes resolver todos os problemas da família. E conseguiu! Foi ajudado pelo Imperador Austríaco Ferdinando I, que desde que o conheceu, admirou as suas qualidades pessoais.

 

NECESSÁRIA ATENÇÃO AOS PAIS

Agora, restava ao Padre Daniel convencer os seus pais, porque eles iam ficar sozinhos. Sendo um casal bastante religioso, Padre Daniel quis contar com a ajuda dos seus amigos, do Vigário Paroquial e de outras pessoas, que explicaram aos seus progenitores a certeza de que a ida à África previa regressos periódicos a Europa, que não seria uma separação total. Anualmente Padre Comboni voltaria à Itália. Segundo a palavra firme do Pároco Padre Beltrame: “Nossa missão é de tal natureza, que pela insalubridade do clima africano e as ligações que devemos manter com a Europa será necessário a cada 1 ou 2 anos voltar a Itália”. Foi nesta oportunidade que Daniel deixou de presente aos seus pais o seu retrato, (oficialmente a fotografia é considerada que foi inventada em 19/Maio/1841). Por isso, nessa época ainda era uma novidade. Sua mãe recebeu a foto e comentou:“Dos oito filhos que o SENHOR me deu, só ficou um... E assim mesmo de papel!”

 

 

 

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