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ATUAÇÃO MISSIONÁRIA

 

PRIMEIRA MISSÃO

A expedição partiu no dia 10 de Setembro de 1857, zarpando de Trieste com destino a Alexandria no Egito.

Durante a permanência na cidade de Alexandria, Padre Daniel e dois companheiros: Padre Melotto e Padre Dal Bosco, fizeram uma romaria a Terra Santa (Israel-Palestina), que estava sob o domínio dos turcos. Mas puderam visitar e rezar em muitos dos lugares Sagrados, onde viveu JESUS e a Sagrada Família. Padre Daniel nas cartas que enviava aos seus pais descrevia minuciosamente todos os fatos que se tornaram inesquecíveis em sua memória. Como se fossem pequenas aventuras, como costumam acontecer nas viagens a outros países, e principalmente naquela época em que não havia os recursos atuais, ele contou, “... para conseguir celebrar uma Santa Missa na Basílica do Santo Sepulcro, teve de permanecer fechado lá dentro do Templo por duas noites e um dia” (havia muitos Padres interessados em também celebrar).

Depois que regressaram da Terra Santa a Alexandria, se uniu aos demais colegas e foram para o Cairo, dando início a viagem a Cartum, no Sudão, que era a sede central das missões na África. Viajaram pelo Rio Nilo de barco, depois de atravessar o deserto do Saara montados em camelos, gastando ao todo 115 dias de viagem e chegando a Santa Cruz, em Março de 1858.

 

FALECIMENTO DA SUA MÃE

Todavia, os europeus não estavam habituados com o clima africano, e sofreram muito naquele primeiro contato, pois além dos mosquitos que tinham de enfrentar, também surgiam as famosas febres africanas. Eles tinham certos ensinamentos para a proteção da saúde, mas não estavam completamente preparados para a agressividade silvestre daquele ambiente. Quase todos ficaram doentes, e muitos faleceram. O próprio Daniel passou semanas inteiras prostrado pelas febres. Somente Padre Beltrame continuava gozando de boa saúde. E no meio daquela experiência trágica, através de uma carta trazida por um comerciante de marfim vindo da Europa, Daniel ficou sabendo do falecimento da sua mãe no dia 14 de Julho de 1858. Ele escreveu ao seu pai: “Querido papai: O senhor ficou sozinho, depois de ter assistido à morte de 7 filhos e agora daquela que DEUS NOSSO SENHOR lhe concedera por companheira inseparável na sua vida... Sim, meu pai querido, ela acabou de chorar sobre esta terra e agora, aguarda no Céu, que nós, vencida a luta desta peregrinação terrena, nos unamos a ela na eternidade...”

 

COMBONI ADOECE GRAVEMENTE

Por outro lado, ficou claro que era impossível juntar meninos africanos para encaminhá-los a Verona, na Itália, como queria o Padre Mazza. As famílias não tinham suficiente confiança para entregar os seus filhos a aqueles Padres.

Compreendendo que o clima de Santa Cruz era letal, os missionários decidem procurar outro lugar mais saudável, para se estabelecer. Assim, de barco, passaram a explorar as margens do Rio Sóbat, afluente do Rio Nilo Branco. E na continuação, exploraram as possibilidades ao longo do próprio Rio Nilo. Mas não encontrando a mínima infra-instrutora voltaram a Cartum no início de 1859. Ali morreu o Padre Melotto e Padre Daniel ficou gravemente enfermo. Então, eles decidiram enviá-lo de volta a Itália para se tratar e depois conversar com o Padre Mazza e a Congregação pela Propagação da Fé, a fim de estudar novos planos de atuação na África, prevendo uma eficiente proteção ao missionário, assim como calcular e estabelecer novos procedimentos em face da grande diferença climática, no sentido de tornar possível, a continuação daquele empreendimento tão difícil.

Embora os Missionários tivessem uma fé imensa e não pensassem em desistirem, os inimigos eram muitos: os negreiros (comerciantes de escravos), a miséria, a ignorância, as doenças, o clima, a exploração, o desconhecimento do Evangelho, e outras.

Mas, apesar de todas as dificuldades, Daniel permaneceu fiel a sua vocação. E na verdade, ninguém conseguirá impedi-lo de voltar à África e de continuar o seu trabalho.

 

JUNTO DO PAI E DO PADRE NICOLAU MAZZA

No final de 1859 ele passou o tempo da sua convalescença ao lado do pai em Limone e também, junto do Padre Mazza no Instituto em Verona, mas nas oportunidades, continuava animado buscando ajuda no sentido de re-iniciar a obra que começou.

Numa ocasião, recebeu uma comunicação da Congregação pela Propagação da Fé, que o convidou a se dirigir a França, a fim de colocar o seu projeto de evangelização da África sob a proteção do Governo francês. Padre Daniel não aceitou, por que não desejava que o seu plano de evangelização dependesse de uma potência política. É bem verdade que a França, a Áustria e outros países eram católicos, mas o fato de colocar uma dependência de evangelização a uma nação poderia provocar ciúmes e vaidades, o que funcionaria como elemento desagregador.

Por outro lado, depois que os Governos Europeus reunidos num Congresso em Paris, no ano de 1856, renovaram a proibição do comércio de escravos, tornou-se praticamente impossível trazer meninos africanos para serem preparados, educados e estudarem no Instituto do Padre Mazza, em Verona.

 

RETORNANDO A ÁFRICA

Seguindo a sua diretriz, nos primeiros dias de Janeiro de 1861, Comboni viajou para o Egito, desembarcando em Alexandria. Mas, na África, as dificuldades cresceram, os problemas estavam se tornando insuperáveis. Mesmo assim, com a esperança de transformar as crianças em verdadeiros soldados de CRISTO, conseguiu arranjar 7 meninos e logo retornou a Europa. Também no mês de Fevereiro, voltaram da África o Padre Beltrane e o Padre Dal Bosco, encerrando a expedição africana, de modo que a missão deixou de existir, em face das imensas dificuldades.

Em Verona, Padre Mazza nomeou Padre Daniel vice-diretor do Colégio, a fim de que ele participasse mais da vida escolar, dando aulas, palestras e ampliando a própria área de estudos, objetivando planejar outros caminhos para o seu ideal africano, que jamais abandonou.

 

IMPOSSÍVEL TRAZER CRIANÇAS AFRICANAS

Por causa das muitas missões de diversos países, que chegaram à África e tinham os seus próprios métodos, e não se uniam em colaborações com as outras missões, Padre Mazza e Padre Daniel meditaram sobre o assunto imaginando que talvez fosse uma boa solução, se conseguisse de Roma a fixação de uma área, mesmo que fosse pequena, onde então, eles pudessem trabalhar, desenvolvendo o seu projeto, unicamente sob a dependência de Roma. Entretanto, num estudo mais minucioso e no detalhamento deste projeto, esbarraram em outra dificuldade: o Instituto do Padre Mazza não tinha recursos suficientes para bancar aquela imensa despesa e em consequência, dependeriam continuamente de ajudas de outros organismos internacionais. E também, na mente do Padre Daniel foi aflorando outra constatação: os estudantes africanos em Verona, não estavam suportando o frio europeu; acostumados ao calor africano, muitos adoeceram, alguns chegaram a morrer de frio. E por outro lado, aqueles jovens africanos que conseguiam um bom aproveitamento nos estudos e se tornaram cultos, estavam preparados com a cultura européia, que é bem diferente da cultura africana. E por isso mesmo, estavam aptos a trabalhar na Europa e não na África. Afinal, o Continente Africano tinha a sua realidade peculiar, única, com sua história, seus diversos tipos de habitantes, seu clima, suas raízes sociais e políticas. Não era justo querer aplicar neste continente, os métodos usados, mesmo que tivessem alcançado excelente resultado em outros países. E assim, Padre Daniel compreendeu que este não era o caminho.

 

INSPIRAÇÃO DIVINA

E depois de muito estudo, inclusive bem amadurecido pela própria experiência, em Setembro de 1864 ele lançou o seu “Plano pela África”. A derradeira inspiração aconteceu de modo sobrenatural: no dia 15 de Setembro, em Roma, na Basílica do Vaticano, rezando sobre o túmulo do Apóstolo São Pedro, teve uma brilhante inspiração para escrever uma síntese das suas idéias a respeito das missões africanas e apresentá-la ao Cardeal Simeoni Barnabó, Prefeito da Congregação pela Propagação da Fé. Sobre este Projeto o Padre Daniel escreveu:“Tenho a certeza de que foi uma inspiração de DEUS, porque ele fulgurou na minha mente no dia 15 de Setembro, quando rezava durante o tríduo de preparação à Beatificação de Margarida Maria Alacoque (que promoveu a Devoção ao SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS). Escrevi o documento com dedicação. No dia 18 de Setembro, o Cardeal Barnabó já podia ler o projeto. Trabalhei nele durante 60 horas, sem parar”.

 

O PLANO PARA A ÁFRICA

É um escrito de 24 páginas com o seguinte titulo:

“Resumo do Novo Projeto da Sociedade dos Sagrados Corações de Jesus e Maria pela conversão da Nigrícia (como era antigamente chamado o Sudão) proposto à Sagrada Congregação pela Propagação da Fé, pelo Padre Daniel Comboni, do Instituto do Padre Mazza”.

Três meses depois, com as páginas revisadas, foram impressas com um novo titulo: “Plano pela regeneração da África, apresentado por Daniel Comboni, do Instituto do Padre Mazza, missionário apostólico da África Central”.

No documento ele enumera as grandes dificuldades encontradas para a evangelização e criação de núcleos de colonização, mas insiste que deve haver firmeza, um objetivo enfrentamento de todas as dificuldades, porque a renúncia missionária não é admissível. Somente para dar uma idéia do Plano, porque ele é completo, com muitos itens, realçamos três aspectos:

1 – É sumamente importante realizar a conversão das tribos africanas, lá mesmo, nos locais onde eles vivem.

2 – Promover a conversão da África pela própria África. Ou seja, fazer com que ela seja evangelizada e busque o progresso, pela vontade dos seus próprios filhos, que devem ir ao encontro de CRISTO.

3 – A realização deste projeto requer a participação e colaboração de todos os cristãos. A evangelização da África é um problema da Igreja e portando de todos nós, e não apenas de alguns católicos.

Redigido o Plano foi apresentado ao Cardeal Barnabó, Prefeito da Congregação pela Propagação da Fé, e logo a seguir foi apresentado ao Papa Pio IX, com quem Padre Comboni discutiu por quase uma hora a respeito dos diversos assuntos do projeto. Depois escreveu ao Padre Mazza: “Também conversei com 14 Cardeais e Arcebispos, com o Padre Geral dos Jesuítas e alguns membros importantes da mesma Companhia, recebendo a aprovação de todos”.

 

O INSTITUTO MAZZA NÃO TEM RECURSOS

O trabalho agora é lançar o Plano e iniciar a realização do mesmo. Mas logo de inicio apareceram os primeiros reveses. Padre Daniel depois de escrever ao Padre Mazza relatando o “Projeto África” , sentiu certa rejeição por parte dele. Isto porque, ele sabia que o seu Instituto não tinha condições de assumir um empreendimento tão grande, e por isso acabou escrevendo ao Padre Daniel: “Eu não tenho coragem para promover tal empreendimento, mas não vou impedir que você siga os caminhos traçados pela Providência Divina. Você pode agir e atuar como se fosse estimulado por mim e amparado pelo meu Instituto, mas ao mesmo tempo desligado de mim e sem depender de mim.”

Na verdade, Padre Daniel que conhecia muito bem o Padre Mazza, entendeu que ele não havia gostado daquela iniciativa e inclusive delicadamente se afastava de qualquer compromisso.

 

DIVISÃO DA ÁFRICA

O tempo passou e o Plano jamais foi realizado como Padre Daniel projetou. Vinte anos depois, países europeus ambiciosos caíram em cima da África não para educá-la e regenerá-la, mas para dominá-la, para extrair o ouro e minérios que o solo africano guardava, e dividi-la em partes (em possessões), depois de muitos entreveros e disputas entre os interessados. E assim nasceu a África inglesa, a África francesa, a África alemã, a África italiana, a África Portuguesa, a África Espanhola. As potências européias repartiram a África entre si.

Mas Padre Daniel não desistiu, tinha o apoio do Papa Pio IX e da maioria dos Cardeais. Viajou a Paris e recebeu a ajuda do grande missionário Padre Guilherme Massaia, denominado “Bispo dos Etíopes” . E através dele, recebeu grande quantidade de apoios que o entusiasmaram. A seguir, viajou a Londres, a Áustria e a Bélgica em busca de novos contatos e de mais ajuda. Marcou encontros, fez pregações, escreveu reportagens divulgando o Plano. Ele dizia: “Esta obra deve ser católica, nunca espanhola, francesa, alemã ou italiana. Todos os católicos devem ajudar os pobres africanos”.

 

ATRITOS EM FAMÍLIA

Enquanto trabalhava firme em benefício dos africanos, em Verona, pessoas que não simpatizavam com ele teceram uma grande intriga, colocando-o contra o Padre Mazza de maneira abominável, até que o velho professor e seu grande amigo tendo acreditado naquelas calúnias tomou a decisão de tirar Padre Daniel definitivamente do Instituto Mazza. Quando Padre Daniel soube, reagiu como um verdadeiro filho: “O meu Santo e velho amigo Padre Mazza rejeitou-me de seu seio, mas eu o amarei até a morte... Ele pode fazer o que quiser... Eu sempre o chamarei e o tratarei com o respeito que merece um pai”.

Apoiado por Dom Guilherme Massaia escreveu a Roma esclarecendo todos os fatos referentes as calúnias que fizeram, e foi a Verona se encontrar com o Padre Mazza. A reconciliação foi completa e imediata. Posteriormente ele escreveu: “O bom velho jogou-se nos meus braços, beijou-me e disse: você é meu filho!” Mas o Padre Mazza já estava no final da vida. Re-integrou Padre Daniel ao Instituto, mas nada pode fazer pelo Projeto, porque faleceu pouco tempo depois, no dia 2 de Agosto de 1865, com 75 anos de idade.

Padre Daniel mais amadurecido com as conversas e contatos feitos em diversos países, e instruído pela sábia orientação de Dom Guilherme Massaia, fez a revisão do “Projeto África” realizando profundas modificações e, imprimiu novo documento ainda em 1865, no qual colocou a própria Congregação pela Propagação da Fé, como sendo a propulsora de todas as iniciativas e atividades do projeto.

 

SÓ UM PEDACINHO DA ÁFRICA

Nesta época, o imenso território da África Central, estava globalmente confiado aos Franciscanos. O Vaticano querendo dar uma oportunidade ao Padre Daniel Comboni, propiciou que ele viajasse em companhia do franciscano Padre Ludovico, e lá na África dividissem as partes de cada um. Ficou combinado que o Padre Daniel com o Instituto Mazza ficaria com a região da parte oriental do Rio Nilo, e os franciscanos com a parte ocidental.

Mas os franciscanos não tiveram êxito em suas iniciativas e no principio do ano seguinte, em Janeiro de 1866, regressaram a Europa. Padre Daniel também retornou em Março de 1866, mas porque tinha que arranjar pessoal para o trabalho, pois sozinho era impossível fazer tudo.

 

NOVAMENTE NA EUROPA

Em Verona, não podia contar mais com o Instituto do Padre Mazza, que havia falecido, e então, procurou o Bispo Diocesano Dom Luis de Canossa para lhe ajudar. O Bispo gostou das idéias e lhe proporcionou integral apoio. Assim ele fundou o seu primeiro INSTITUTO DOS FILHOS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, no dia 1º de Junho de 1867 e informou a Congregação pela Propagação da Fé, em Roma: “O senhor Bispo Dom Canossa deu início em Verona a um seminário para as missões africanas, que em tempo oportuno terá o nome de Instituto Bom Pastor pela Regeneração da África.” (O Instituto hoje tem o nome de MISSIONÁRIOS COMBONIANOS DO CORAÇÃO DE JESUS)

Mergulhado num oceano de atividades, Padre Daniel sempre encontrava todos os dias, o necessário tempo para rezar; não só para atender às obrigações de oração de todo sacerdote, mas também para uma oração pessoal que gostava de fazer, permanecendo horas diante do crucifixo do SENHOR.

 

APARIÇÕES PRÓXIMAS A VERONA

Em Verona, na Primavera de 1871, espalhou-se um boato sobre Aparições. Alguns meninos moradores numa aldeia próxima diziam que tinham visto NOSSA SENHORA e que ELA ia voltar. Como o povo já comentava o acontecimento e todos queriam presenciar as Aparições, o senhor Bispo mandou Padre Daniel ir lá e verificar o que estava acontecendo. Ele foi usando trajes de lavrador e observou que na verdade não estava acontecendo nada. Mas sua ida lhe ofereceu a oportunidade de um encontro sério. Entre os presentes viu uma jovem que não gritava como os outros e não se ajoelhou. Ele então se aproximou e lhe perguntou: “Por que você não faz como os outros, se NOSSA SENHORA está ai?” Ela respondeu: “Eu não consigo ver e nem ouvir NOSSA SENHORA”. Padre Daniel voltou depressa para casa, colocou a batina de sacerdote e regressou rápido para conversar com a moça a respeito da África e da missão. E conseguiu entusiasmá-la. Mais tarde esta moça se tornou uma das primeiras Freiras Combonianas e morreria na África, após longos anos de dedicação total a missão.

 

 

 

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