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RELIGIOSO JESUÍTA

 

 

PREPARATIVOS NECESSÁRIOS

Complementaram os preparativos a fim de que ele deixasse o seu lugar de primogênito ao irmão Rodolfo. Tiveram que viajar a Mântua, a fim de dar entrada da documentação na justiça. A papelada oficial correu todos os canais, conforme a legislação da época, até que no dia 2 de Novembro de 1525, com todos os documentos perfeitamente corretos, no palácio de São Sebastião e com a presença dos mais ilustres membros da família Gonzaga, Luís assim como o seu pai e os outros parentes qualificados, assinaram o último documento na presença da autoridade legal.

Desse modo, finalmente ele pode entrar na Companhia de JESUS, pobre, mais pobre do que muitos dos seus confrades na Ordem Religiosa, de condição mais baixa que a dele. Mas ele não se importava. Na verdade, Luís até se sentia mais feliz.

As ocultas dos parentes, mas com a autorização dos pais, Luís tinha mandado fazer num alfaiate de Mântua, a batina preta que ia usar na Companhia de Jesus. Terminada a cerimônia de assinaturas e cumprimentos, ele mandou um funcionário pegar a roupa no alfaiate e a vestiu para participar do almoço oficial de despedida com toda a família. No momento em que ele entrou na sala todos ficaram surpreendidos, a comoção foi geral. Parecia que ele nunca tivesse usado outra vestimenta, tão bem assentava em sua pessoa a batina. As lágrimas emocionadas desciam de todos os olhares.

No mesmo dia Luís escreveu ao Geral da Companhia, dando-lhe a jubilosa noticia. À noite antes de dormir, depois de ter se despedido de todos, foi ao quarto de seus pais e abraçou-os fervorosamente. Amorosas lágrimas naquele feliz momento inundaram completamente as suas faces. Depois ele se ajoelhou no chão do quarto e solicitou a bênção dos seus pais. E então, depois de muitos beijos e da despedida, foi para o seu quarto ultimar os preparativos, por que no dia seguinte cedo a caravana partiria para Roma.

A VIAGEM

A comitiva que acompanhava Luís era formada pelo Capelão Dom Ludovico Cattaneo, o preceptor Pedro Francisco Del Turco, Dr. G. B. Bono, o camareiro Jacó Ballarini e outros serviçais. Logo cedo, praticamente de madrugada iniciaram a viagem.

Assim que chegaram a Roma, seguiu para o palácio de Cipião Gonzaga, Patriarca de Jerusalém, seu parente. Depois de um breve repouso, Luís com 17 anos de idade, desejou imediatamente se apresentar ao Padre Acquaviva, Geral da Companhia de Jesus. Encontrou-o no jardim. Beijou-lhe a mão e ajoelhou-se humildemente, ao mesmo tempo em que suplicou pelo amor de DEUS que o aceitasse entre os seus filhos espirituais. Padre Acquaviva acolheu-o como se acolhe um filho amado, esperado há muito tempo. Luís entregou-lhe a carta de seu pai e no dia seguinte ocupou a sua pobre cela na Casa Religiosa. Esta Casa do Noviciado estava junto a Santo André do Quirinal, e se destinava a formação da vida espiritual e interior, bem como, ensinar e consolidar o espírito próprio da Companhia de Jesus, em todos os seus membros. Até esta época, Luís levava uma vida espiritual admirável, própria e independente. Daqui para o futuro, tudo passou a ser regulado pela obediência, passando assim, ter um caráter de estabilidade. Os sacrifícios, as orações, o silêncio, a meditação, os jejuns, etc., tudo será padronizado pela regra e os costumes da Ordem.

Os aspirantes ao estado religioso, antes de serem admitidos ao Noviciado, devem passar um período de provas denominado: “Primeira Provação”. Luís já tinha atravessado um longo período de provação, com seu pai, que era do conhecimento dos seus superiores. Só lhe restava passar algum tempo em recolhimento, rezando como determinava a Comunidade Religiosa e em total obediência. E assim, foi abreviado o tempo da Primeira Provação e iniciou o seu “Noviciado”, que constituiu a “Segunda Provação”. Entretanto, embora seguindo fervorosamente a disciplina da Casa, em face de seus hábitos anteriores, muitas vezes insistiu com os Superiores para que lhe permitissem jejuns, cilícios e outras penitências, mas nunca fez mais do que lhes concediam. Ele obedecia rigorosamente todas as ordens recebidas.

MORTE DE DOM FERNANDO

Em Castiglione, o trabalho transcorria normalmente. Somente Dom Fernando com a artrite e outros problemas de saúde, passou a inspirar maiores cuidados. E na verdade, aquele mal já tinha feito grandes progressos na saúde dele, e por isso, a família decidiu levá-lo a Milão, por que lá existiam melhores recursos, que poderia ajudar a sua saúde. Chegou extremamente cansado com a viagem. O tratamento seguiu o ritmo mais apurado. Mas o seu organismo já não estava reagindo como devia. Padre Francisco Gonzaga, seu parente, que ajudou muito a solucionar o problema do seu filho Luís, foi chamado com urgência. Dom Fernando vendo-o chegar numa hora totalmente insólita, 4 horas da manhã do dia 12 de Fevereiro de 1586, compreendeu que o seu momento decisivo estava chegando. Aproveitou e fez uma completa Confissão. Foi chamado o notário e ele lhe ditou o seu testamento. A seguir, Padre Francisco começou as orações para os moribundos.

Dom Fernando estava resignadíssimo, e sua maior consolação era a lembrança de ter consagrado a DEUS o seu querido e inesquecível Luís. Fazia três meses que o seu filho já se encontrava no Noviciado da Companhia de Jesus. Os familiares choravam. Ele, porém, agradecia e exortava a todos rezarem e agradecerem a DEUS tê-lo chamado no momento propício.

Na manhã seguinte, dia 13, expirou nos braços do Padre Francisco, estando toda família presente no quarto, rezando ajoelhada, chorando e suplicando a misericórdia de DEUS para Dom Fernando.

Luís recebeu através dos seus Superiores, a notícia do falecimento do seu pai, que lhe transmitiram com toda a caridade e com a mais profunda fraternidade cristã. Seu coração bem formado, como é natural, se entristeceu e chorou. Pediu licença aos Superiores e foi rezar na Igreja, diante do Sacrário, intercedendo carinhosamente junto a DEUS, pela alma do seu pai.

NO NOVICIADO

A devoção ao SANTÍSSIMO SACRAMENTO, que sempre se manteve vivíssima em seu coração quando vivia ao lado da família, agora, na Ordem, teve o seu natural e fervoroso cultivo. Também ajudar a Santa Missa, que constituía uma imensa alegria quando estava em Castiglione, agora, evidentemente, jamais permitiu que fugisse uma única oportunidade de ganhar tanta honra e merecimentos em ajudar uma Santa Missa. Teve ocasiões de ajudar em 6 e até 7 celebrações num único dia.

Sempre amou NOSSA SENHORA e, sugava DELA aquele amor imenso como leite materno, acrescido por graças Divinas singularíssimas, entre as quais o dom da castidade e da sua vocação. Por isso mesmo, a SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA sempre foi a Grande Soberana da sua vida.

Tinha também, imenso respeito e admiração pelos Anjos, primordialmente pela primorosa virtude angélica da humildade, que está bem evidenciada nas Sagradas Escrituras, a fim de que a humanidade compreenda ser esta virtude, um infalível e eterno decreto de DEUS: “de que ninguém pode subir a glória eterna onde estão os Anjos, senão pelo caminho da humildade”. E por isso mesmo, Luís recomendava: reze para o teu Anjo da Guarda ao menos três vezes ao dia: de manhã, pela tarde e a noite. Faze de conta que deves ser guiado por “Ele”, como se fosse um cego, que não vendo os perigos, se abandona inteiramente à Providência daquele que está ao seu lado, pela Vontade de DEUS.

E numa atmosfera de ardente amor, com jejuns, vigílias, flagelações, sacrifícios e profunda meditação, as forças de Luís se iam consumindo como a chama da lâmpada do SANTÍSSIMO, à míngua de azeite. Seus Superiores, verdadeiros pais, deram conta disso. Pelo bem da sua saúde, proibiram-lhe jejuns de qualquer espécie, bem como abstinências, disciplinas (flagelação) e todas as penitências corporais. Designaram-lhe ocupações manuais, reduziram sua meditação para meia hora por dia e visita ao SANTÍSSIMO, uma vez por semana. Ele, com todo o seu fervor amoroso fazia o possível e o impossível para obedecer.

VIAGEM A NÁPOLES

Em fins de Outubro de 1586, o Mestre de Noviços, Padre João Batista Pescatore, homem sábio e de extrema bondade, professor e modelo que Luís admirava com simpatia, adoeceu. Os médicos durante o tratamento recomendaram que possivelmente uma mudança de clima ajudasse o enfermo a recuperar a saúde. E recomendou a cidade de Nápoles. Um dia, o Mestre Padre João Batista perguntou ao Irmão Luís:

- “Irmão Luís, virias com prazer a Nápoles comigo”?

- “Com muito prazer, senhor Padre”.

No dia 27 de Outubro de 1568, os dois, Luís e o Padre Pescatore, acompanhados de mais dois que tinha certa pratica de enfermagem, viajaram para a bela e ensolarada Nápoles. O Padre Geral Acquaviva preocupava-se com o Luís, que considerava uma “plantinha preciosa, mas que crescia raquítica”.

Chegaram a 2 de Novembro, cansados mas felizes, desembarcaram na Casa Professa dos Jesuítas, que também tinha o Noviciado. Foram acolhidos com amorosa solicitude, jantaram e depois foram conduzidos aos seus aposentos. Pouco tempo depois, os companheiros exaustos dormiram, mas Luís não conseguiu dormir, ficou acordado por longas horas, aproveitando para rezar e meditar.

Acontece que os problemas com a sua saúde não cessavam, apesar dos carinhos e dos cuidados que todos tinham com ele. Quando os médicos e Superiores se convenceram de que os ares de Nápoles não ajudavam Luís, depois de 6 meses de permanência na cidade, em companhia do Padre Gregório Mastrilli, no dia 8 de Maio de 1587, retornou a Roma.

CIDADE DE ROMA

O clima Romano e os cuidados dos Superiores melhoraram imediatamente a sua saúde. Como sempre, todos gostavam dele. Era um Anjo.

Na festa de Santa Catarina de Sena daquele ano de 1587, ele emitiu os seus primeiros votos. Estava radiante, naquela memorável manhã, ao pé do altar. Com os primeiros votos, Luís entrava para a classe dos escolásticos, já pertencendo a Ordem como verdadeiro religioso.

Ainda não tinha completado 20 anos de idade e já seguia o caminho de estudos bem profundos em busca de sólidas virtudes. No dia 15 de Fevereiro de 1588, recebeu a “tonsura”, na Catedral de São João de Latrão. No dia 25 do mesmo mês, recebeu o “ostiariato”. No dia 6 de Março recebeu o “leitorado” . No dia 13 também de Março, recebeu o “exorcizado”, e no dia 20, recebeu o “acolitado”. O Luís progredia nos estudos de modo brilhante e admirável, realizando altos progressos na ciência dos santos, sem nenhuma ostentação. Continuava modesto e humilde, exercitando a caridade e uma profunda devoção a DEUS e a VIRGEM MARIA, embora a sua saúde continuasse pequena e mesquinha.

Além dos estudos, assumiu também os deveres e obrigações da Casa, considerando que competia a cada religioso um horário de serviço para realizar os trabalhos necessários, no quotidiano. Então, o seu turno era na Segunda e na Terça-feira, quando servia na cozinha, lavava os pratos e preparava a mesa. Nos dias feriados, varria os quartos e os corredores, tirando as teias de aranha das diversas salas. Recebendo o encargo de acender as luzes da Casa, cumpriu pelo espaço de um ano tal ofício, com tanta exatidão, que todos chegaram a pensar ser este ofício, o seu maior prazer. E também, de boa vontade, vestia-se com roupas remendadas e desbotadas, chapéu miserável, mesmo estando em Roma. Com a mesma serenidade acompanhava um irmão religioso, através das ruas da cidade, com uma sacola na mão ou nos ombros, esmolando ou fazendo compras.

PEREGRINO DA PAZ

Em Setembro de 1589, estava passando suas férias de verão na casa Frascati e, já se preparava para voltar a Roma onde começaria o terceiro ano de Teologia, quando lhe aparece o Padre Roberto Bellarmino com a ordem de regressar imediatamente, pois teria que ir a Castiglione, a fim de tratar de negócios da família.

Luís mais ou menos sabia o que estava acontecendo. No ano passado, em 1588, morreu o tio Horácio, Marquês Solferino, que não possuindo herdeiros, os seus domínios deviam passar, por direito, a Rodolfo, irmão do Luís, que era o parente mais próximo. Todavia, o Marquês Horácio, por desavenças com Rodolfo, legou em testamento terras e títulos ao Duque Vicente de Mântua, que também era seu parente e parente de Rodolfo, embora mais afastado.

Com o aparecimento desta novidade, o impetuoso Rodolfo ocupou militarmente o Castelo Solferino, nele se entrincheirando. O Duque de Mântua sentindo-se afrontado, pois tinha os seus direitos consignados em testamento, mobilizou suas tropas e colocou-as em campo. Felizmente não chegou a acontecer nenhum combate, por que amigos comuns se interpuseram, conseguindo dos litigantes a transferência da arbitragem para o Imperador, a quem, efetivamente, cabia a última palavra.

Para ajudar, Dona Marta em companhia do filho Francisco, ela que também era Mãe de Rodolfo e Luís, partiu para Praga e expôs toda a questão ao Imperador. Assim iniciou o processo e foram ouvidas as duas partes dos litigantes. A sentença foi favorável a Rodolfo, e assim, o aspecto jurídico e político estavam resolvidos. O ressentimento do atrito é que perdurava. E como sempre, era alimentado pelos espiões que faziam intrigas e bordavam fuxicos. Os parentes, a Marquesa Dona Marta e a Duquesa Eleonor de Mântua tentaram interferir para apaziguar as partes, mas nada conseguiram. As intrigas eram muito grandes. Então, as duas preocupadas com a marcha dos acontecimentos, pensaram em Luís que era estimado pelas duas partes. Neste propósito escreveram ao Padre Acquaviva, o Superior da Ordem Jesuíta. Pelo seu lado, Luís nunca gostou de se envolver em intrigas e desentendimentos da família, sempre preferiu ficar afastado.

Agora, diante dele, Padre Belarmino que também era o Confessor, lhe disse que ali estava por ordem do Padre Acquaviva, Geral da Companhia, em face do referido problema. Acrescentou o Padre Belarmino: “Luís, se o Superior lhe mandar, deves ir! Minha opinião é que nunca se deve cessar de servir ao SENHOR”.

Luís, de imediato se dispôs a fazer de boa vontade o que lhe fosse ordenado, na presente conjuntura. E logo se pôs a caminho de Roma.

Na cidade, recebeu as devidas instruções do Padre Geral, despediu-se dos Cardeais parentes e amigos e na manhã do dia 12 de Setembro de 1589, na companhia do Irmão Jacó Vorlasca, que foi o seu Anjo da Guarda, partiu para a delicada missão. Seguiu direto a Mântua e se encontrou com a Marquesa Eleonor, sua tia, que o abraçou afetuosamente, se entretendo com ele por longo tempo. Antes da audiência, ele mandou avisar ao irmão Rodolfo, da sua chegada.

Quando Luís chegou a Castiglione a cidade ficou em festa, todos, sem exceções sabiam que ele havia chegado. Seu irmão Rodolfo o recebeu com um forte abraço e muita alegria e Dona Marta sua mãe, derramava lágrimas de alegria e de emoção, que inundaram sua face.

Luís passou vários dias em Castiglione, conhecendo os detalhes do problema e estudando a situação por todos os ângulos. E nunca deixou as suas orações. Rezava e meditava, fazendo os sacrifícios que as autoridades da Ordem Religiosa lhe permitiram. Para levar a bom termo a sua missão, teve de viajar diversas vezes até Bréscia e até Mântua, inclusive conferenciando e conversando longamente com os parentes.

Entretanto a audiência com o Duque estava demorando, em face de outros compromissos assumidos por ele anteriormente. Mas Luís pacientemente esperou com toda tranquilidade, avisando aos parentes que permaneceria aguardando o retorno do Duque.

Finalmente em princípio de Novembro o Duque cientificou a Luís que o aguardava. A humildade, a habilidade e a modéstia do Santo, protegido pela bênção de DEUS, tudo conseguiu. O Duque Vicente de Mântua o abraçou fervorosamente e o beijou, depois de uma hora e meia de conferência, a paz ficou concluída, com a integral renúncia do Duque sobre as possessões de Solferino. Muitos equívocos foram esclarecidos, aplainadas não poucas dificuldades e superadas muitas desconfianças. E encerrando definitivamente a questão, Luís fez questão de levar o próprio irmão Rodolfo e apresentá-lo ao Duque. O encontro foi cordial e o Senhor Duque de Mântua sentiu-se verdadeiramente feliz por ver restabelecida a antiga amizade familiar.

AINDA FALTAVA UMA QUESTÃO

Desde algum tempo circulava uma notícia que entristecia Luís, por que aparentemente se tratava de um caso de adultério na família. È que Rodolfo, seu irmão, vivia no Castelo com uma mulher jovem e bonita, Helena Aliprandi, filha do tesoureiro da corte. Luís viu a mulher instalada no palácio e senhora absoluta do coração do seu irmão. Esta realidade contrariava a família em dois aspectos: primeiro, que havia um movimento dos parentes para Rodolfo se casar com a filha do Conde Troilo; segundo, que sua mãe, a Marquesa Dona Marta, foi morar em outro lugar, por que não concordava em residir na mesma casa onde estava a amante do seu filho.

A verdade é que depois de muitos entendimentos, com provas documentais irrefutáveis, tudo ficou esclarecido, e pela intercessão humilde e misericordiosa do Santo, o assunto foi finalmente solucionado. Rodolfo ocultamente havia se casado com a moça e o documento foi lavrado por um notário de Milão, onde a cerimônia ficou registrada. Inclusive assistira ao matrimônio o Pároco de Castiglione, sendo tudo realizado regularmente, perante competentes testemunhas, e por essa razão, foi legitimamente dispensado dos pregões (avisos Públicos) pelo Bispo de Mântua. A intenção do casal de manter o casamento oculto se prendia unicamente a razões ligadas a nobreza, por que a jovem era plebéia, e também, por temor da oposição dos parentes e da própria mãe, que por certo, iam fazer muita resistência à realização do matrimônio, por que haviam escolhido outra moça para se casar com o Rodolfo.

Agora, com tudo devidamente esclarecido, em face dos constantes e objetivos argumentos do seu irmão Luiz, Rodolfo decidiu revelar a verdade, por que era necessário que houvesse a comunicação oficial do evento, acabando com o escândalo no entendimento do povo. Naturalmente, os familiares foram os primeiros a conhecer a verdade. Dona Marta, ficou extremamente feliz com a notícia, reconheceu por filha a nora Helena, aceitando tratá-la como tal, e dando a sua bênção aos esposos. E na sequência dos dias, todos os parentes de Castiglione, de Mântua e de Milão, também ficaram sabendo da verdade. Ao povo, o próprio Luís foi quem transmitiu a comunicação do fato, durante uma Santa Missa.

Alguns dias mais tarde, um suntuoso banquete reuniu em Castiglione toda a família Gonzaga, os parentes e amigos. E assim, mais uma vez fizera-se a paz sobre aquela Casa, por obra e méritos do Luiz, que alcançou de DEUS as graças necessárias, lhe permitindo estender as suas benfazejas asas de anjo da paz sobre toda a família.

ANIVERSÁRIO E POBREZA

No dia 9 de Março de 1590, em Castiglione, Luiz celebrou no seio da família o seu vigésimo terceiro aniversário e, logo depois, no dia 12 viajou para Milão. No caminho, parou em Pacência, na Casa da Companhia de Jesus, e quando os Padres foram cumprimentá-lo, o encontraram com um trapo na mão limpando os sapatos. Suas mãos estavam inchadas, cheias de frieiras ulcerosas, sangrando... Não aceitou luvas e nem outra proteção contra o frio. Dizia-se pobre, e como se sabe, os pobres não se podem permitir certas delicadezas.

Entretanto, as preocupações, as canseiras das viagens, as intempéries, abateram a sua resistência, que já não era tão rija. Poucos dias depois da chegada, caiu de cama, havendo sintomas de moléstia grave. Entretanto, com os cuidados médicos e o repouso, ele recuperou a saúde.

E logo, como sempre, começou os seus trabalhos. Estudava firme, como dizia: “Queria recuperar o tempo perdido no mundo”. Multiplicou as penitências e recusou um quarto individual, trocou suas batinas por outras mais velhas e remendadas, assim como passou a se ocupar das tarefas mais simples da Casa. Acompanhava os Irmãos que saiam a esmolar, principalmente nos dias de festejo, inclusive no carnaval, pregando infatigavelmente pelas praças.

 

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