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A FORÇA DAS SUAS PALAVRAS

 

O PREGADOR

Hoje, lendo o que as antigas testemunhas escreveram sobre ele, devemos considerar a sua eloquência de uma maneira mais elevada e admirável que se possa imaginar, pois veja o texto elaborado por um seu contemporâneo: “Vi-o e conheci-o pessoalmente, uma maravilha, e posso dizer que ele a muitos converteu do erro pela palavra e o exemplo [...] era vibrante e fecundo no falar”. (Frei Basílio Roewer – Vida, Milagres e Culto – Editora Vozes).

Antonio era um astro que iluminava e abrasava o coração de seus ouvintes. Por isso não deve constituir admiração que o Santo fosse considerado como um dos mais insignes e aplaudidos oradores de seu tempo.

Diz a tradição, que os ouvintes eram às vezes em tão grande número que as Igrejas não comportavam receber tanta gente, e muitos ficavam do lado de fora. Então, tornava-se necessário armar um púlpito nas praças públicas, e todo o barulho que existia (na praça e redondezas) que pudesse impedir a boa audição, silenciava, numa admirável manifestação. Todos sentiam a doçura das palavras que saíam da boca do pregador, e percebiam a luz que ele derramava sobre as suas inteligências.

O demônio inimigo de todas as almas, não olhava com bons olhos a imensa colheita de frutos que a palavra do Santo produzia nas multidões, e utilizando de todos os artifícios maléficos, procurava interferir na obra de Frei Antônio.

Certa vez, um grande número de pessoas, que por certo, não cabiam dentro da Igreja, estava com data marcada para participarem da Santa Missa e ouvirem o sermão de Frei Antonio. Então, foi montado na praça pública um púlpito elevado ao lado de um Altar para a celebração Eucarística. Ao começar o sermão, ele advertiu o povo de que o demônio vinha tramando contra ele. E de fato, quando estava no auge de suas entusiasmadas palavras, eis que o madeiramento do púlpito cedeu e desabou com grande barulho. A expectativa e o imediato silêncio que logo se seguiu, foi prontamente cortado pelas palavras de Frei Antonio, que ileso, em pé sobre os destroços, continuava firme e vigorosamente o seu sermão.

Ele tinha todos os dotes de um bom orador, inclusive, possuía uma memória prodigiosa, pois retinha o que aprendera, era versado tanto na teologia como nas ciências profanas, além de possuir o principal e necessário ao orador sacro, que era estar abrasado de zelo pela glória de DEUS e a salvação das almas.

Em 1227 ele esteve em Roma, na época em que tinha sido eleito o Papa Gregório IX, que foi um grande amigo de São Francisco e ajudou de modo relevante à Ordem Franciscana. Quis o Papa ouvir o exímio pregador, cuja fama se espalhara por toda a parte. O humilde Santo Antonio, teve então, que pregar perante o Vigário de CRISTO e na presença de muitos Cardeais. Foi um sucesso! Todos admiraram a sua eloquência, sua piedade, a erudição e principalmente a correta e perfeita interpretação dos mistérios da Sagrada Escritura. O Papa entusiasmado encontrou um apelido para Santo Antonio, chamando-o carinhosamente de “Arca do Testamento”.

Ao longo de sua existência, o Santo se revelou também um apaixonado devoto de NOSSA SENHORA. Nos seus sermões, sempre a saudava com pequenas invocações, como se fossem jaculatórias, recordando as excepcionais qualidades e virtudes da VIRGEM MÃE. Comemorava e venerava intensamente todas as Festas de MARIA e em particular, exaltava com vigor, a ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA AOS CÉUS. É como ele dizia, é a Festa do Nascimento da MÃE DE DEUS.

NA FRANÇA

Antonio tinha sido nomeado por São Francisco como professor de Teologia no Convento de Bolonha, na Itália, onde permaneceu pouco mais de um ano. Todavia, as necessidades da Igreja exigiram a sua presença na França. No sul daquele país se propagavam doutrinas heréticas que estavam produzindo muita confusão no meio dos cristãos. Os seus adeptos se denominavam a si próprios de “cátaros” (palavra grega que significa “puro”). Esses “cátaros” no sul da França também eram chamados de “albigenses”, porque o centro da propaganda herética estava na cidade de Albi.

Aqueles hereges negavam o Mistério da Santíssima Trindade, a Encarnação de JESUS CRISTO, a Redenção, rejeitavam os Sacramentos e todo o culto público e chamavam a Igreja de “assembléia de pecadores”.

Como sabemos, os hereges e apóstatas são difíceis de serem convertidos, porque estão sempre dominados pelo fanatismo e utilizam a hipocrisia e astúcia, como suas principais armas. Assim, não havendo nenhuma esperança de sufocar a rebeldia contra a Igreja e o Estado, o Papa Inocêncio III junto com o Rei da França, organizou uma “cruzada” para combater os perigosos hereges.

Este era o cenário no Sul da França quando São Francisco mandou Antonio no ano de 1224, para aquele campo de trabalho, que o dominicano São Domingos de Gusmão, deixara três anos antes.

Embora não sendo homem violento e brigador, Antonio tinha uma arma especial: era um ardoroso pregador da verdade. Em breve, logo se tornou “um pavor dos infiéis”. Ele confundia-os com a força de sua palavra e com os seus convincentes argumentos.

Em Montpellier foi à primeira cidade onde fez ouvir as suas pregações. Ficou no Convento Franciscano local, além de exercer o seu ministério de missionário, também era professor, ensinava teologia aos jovens frades. E foi ministrando o ensinamento aos jovens, que ensejou o acontecimento de um fato milagroso:

Um Noviço resolveu abandonar tudo e voltar ao mundo, e na saída, furtou o Livro de Salmos com comentários, escrito por Santo Antonio. Os livros naquela época eram uma preciosidade e raríssimos. O Livro do Santo além de lhe fazer falta nos seus ensinamentos, ele lamentava também o pecado grave cometido pelo rapaz. Então, pôs-se a rezar pelo pecador e que lhe fosse restituído o Livro. NOSSO SENHOR ouviu as suas orações... O rapaz, na sua fuga ao passar por uma ponte, sentiu-se detido pela presença de um negro forte que caminhando na sua direção o ameaçava jogar da ponte no rio, se ele não restituísse o Livro. Aterrorizado com aquela ameaça, foi despertado de sua transgressão em face da grandeza do pecado cometido, e arrependido, voltou correndo ao Mosteiro. Lançou-se aos pés de Antonio e lhe restituiu o Livro. O Santo perdoou o rapaz e agradeceu profundamente ao SENHOR pela preciosa providência Divina em recuperar o seu importante e precioso Livro. Tanta impressão causou ao rapaz o acontecimento milagroso, que ele envergonhado e verdadeiramente arrependido suplicou e conseguiu novamente a admissão à Ordem Franciscana.

Foi esta passagem que deu origem ao fato de Santo Antonio ser considerado “o caminho” para o encontro de coisas perdidas. E por essa razão ele é muito invocado e com eficácia, pois propicia o encontro das coisas, ou seja, o “achado daquilo que foi perdido”.

De Montpellier Santo Antonio foi a Tolosa. Durante muito tempo procurou convencer os hereges da presença de JESUS CRISTO na Hóstia Consagrada. Os argumentos dele eram tão fortes que os infiéis, sem saber o que falar ficava mudos. Mas um deles mais ousado, querendo acreditar nas palavras do Santo, mas sem um fundamento moral no coração, decidiu propor uma questão:

“Eu voltarei a frequentar a Igreja Católica se presenciar um milagre. Deixarei minha mula três dias sem alimento. No quarto dia, estando ela esfomeada, ao invés de correr para a sua comida, irá ajoelhar diante da Sagrada Eucaristia, que será trazida a sua presença”.

Santo Antonio respondeu: “Confio no SENHOR que me concederá esta graça para a sua conversão e a dos outros”.

No quarto dia, pela manhã, o Santo levou a Custódia com a Sagrada Hóstia à praça pública. Grande quantidade de hereges aguardava os acontecimentos. Trouxeram a mula esfomeada e a colocaram diante da ração, enquanto o Santo se aproximava com a Eucaristia. A mula recusou a comida e se ajoelhou, como para adorar JESUS. Todos cheios de admiração e espanto, presenciaram o milagre, e então aconteceu uma grande conversão, a maioria daqueles homens, sinceramente arrependidos, buscaram o caminho da Igreja.

Ainda em Tolosa, na França, no dia 14 de Agosto, véspera da Festa da ASSUNÇÃO DA VIRGEM MARIA, ele meditava sobre as glórias de NOSSA SENHORA e sentia uma profunda tristeza, pelo fato de parte da humanidade não aceitar e não crer que Ela foi recebida no Céu com o Corpo e a Alma. E assim, enquanto pensava, a MÃE DE DEUS lhe apareceu cercada de vivíssima luz e lhe consolou dizendo: “Fica certo, meu filho, que este meu Corpo, Arca do VERBO ENCARNADO, foi preservado da corrupção do túmulo. Fica igualmente certo de que, três dias depois da minha morte, ele foi carregado nas asas dos Anjos para a direita do FILHO DE DEUS, onde Eu reino como Rainha”.

Depois, NOSSA SENHORA, exortou-o a pregar esta Doutrina sem receio, o que ele fez ao longo de toda a sua existência.

Em seguida o Santo foi para Limoges, onde passou o ano de 1226, realizando uma obra admirável, em benefício das pessoas e da Igreja, como testemunho de seu incomensurável amor cristão, e do especial e milagroso auxilio que DEUS lhe concedia.

Certo dia, os Frades deixaram o Coro onde rezavam as Completas, observando que no campo vizinho, uma porção de pessoas estava devastando a plantação. Os Irmãos correram e foram contar o fato ao Superior Frei Antonio. Ele os tranquilizou, dizendo-lhes que voltassem à oração, porque aquilo era uma trama de satanás, para perturbá-los no recolhimento. Eles obedeceram e no dia seguinte, viram que o campo não tinha qualquer vestígio de devastação.

Em outra ocasião, tendo o Santo terminado a Santa Missa onde fez um magnífico sermão, a fim de fugir aos aplausos do povo, saiu depressa da Igreja em direção ao Convento. Encontrou-se com Pedro, um lavrador que residia nas proximidades, trazendo nos braços seu filho de quatro anos de idade, completamente aleijado de ambas as pernas, e além disso, com epilepsia. Lançou-se aos pés de Frei Antonio, suplicando que ele fizesse o sinal da Cruz sobre a criança e invocasse o precioso auxilio Divino. O Santo abençoou o menino traçando sobre ele uma grande Cruz, desde a cabeça até os pés. Chegando de retorno a sua casa, Pedro colocou o filho no chão e que alegria, que surpresa maravilhosa, observou que a criança, sem dificuldade, começou a andar, primeiro com o auxilio de uma muleta, e depois, somente com uma bengala era suficiente para ampará-lo a andar com desenvoltura, e por fim, andava normalmente sem qualquer auxílio e sem nenhum embaraço. Também nunca mais teve acessos de epilepsia!

DE REGRESSO A ITÁLIA

Com a morte de São Francisco de Assis em 3 de Outubro de 1226, Fundador da Ordem Franciscana, os demais membros tiveram que articular as naturais mudanças que deveriam ocorrer na Administração, e com esse objetivo, marcaram para o sábado de Pentecostes de 1227, a data para a realização de um Capítulo Geral da Ordem.

O comparecimento de Antonio era esperado, em face de seu ofício de custódio na França e também, porque era conhecido como profundo teólogo e exímio pregador.

O Santo deixou a França com uma auréola de nomes que bem marcavam a sua passagem por lá: era chamado de “taumaturgo”,“martelo dos hereges”,“terror dos demônios”, “trombeta do Evangelho”.

Mas a viagem de navio, da França para a Itália, não foi tão tranquila e direta, como ele desejava. A Providência Divina tinha outros planos. Antonio foi parar outra vez na Sicilia e se recolheu ao Convento Franciscano existente em Messina, aquele mesmo onde se abrigara da vez anterior.

Conta a tradição, que neste Convento, ele esteve três dias encarcerado. O caso foi até muito interessante. Não existia água encanada. Para abastecer o Convento, os Frades iam longe para buscar água. Era um percurso cansativo e penoso. Certa vez, se ausentando o Superior por alguns dias, deixou Antonio em seu lugar. O Santo, compadecido com o difícil e cruel trabalho dos Frades para fazer o abastecimento de água, fez cavar um poço bem próximo ao Convento, com a intenção de poupar os Frades daquele imenso sacrifício e de solucionar o problema de falta d’água para sempre. Mas, no seu retorno, o Superior não gostou da iniciativa do Santo e repreendeu fortemente a Antonio, encarcerando-o por três dias. E todo o aborrecimento dele foi justamente porque Antonio tinha tirado aos Frades aquela terrível penitência de ir buscar a água tão longe, porque no pensamento do Superior aquela penitência era benéfica e necessária, servia para purificar os Frades. Antonio, servo humilde e fiel, cumpriu os três dias de cárcere se deliciando em poder fazer as suas próprias mortificações e se dedicando, a uma total contemplação a DEUS.

Depois, seguiu a Roma, foi chamado pelos Frades que viviam na capital italiana, tendo celebrado em diversas Igrejas e Basílicas, impressionando a todos que ouviam as suas palavras.

Finalmente seguiu para Assis, afim de participar do Capitulo Geral. Santo Antonio foi eleito Superior Provincial dos Conventos da região Emilia Romagna, que abrangia quase todo o norte da Itália. Este foi o campo de sua vida apostólica de 1227 até a sua morte em 1231.

Com sua eleição para Provincial incumbia-lhe visitar todos os conventos de sua área e planejar a construção de outros, de acordo com a necessidade e as circunstâncias. Assim sendo, embora a cidade de Pádua fosse a Sede do Provincialado, desde logo iniciou viagens de assistência e continuou a exercer com o brilhantismo de sempre, a missão de pregador.

O ÊXITO DE SANTO ANTONIO

O que de fato contribuiu para os notáveis e admiráveis resultados das pregações de Frei Antônio, era o seu abrangente saber, a sua eloquência e primordialmente, a sua santidade. DEUS NOSSO SENHOR completava a obra, dando força à palavra do Santo, realizando sinais e milagres, da mesma maneira como tinha prometido aos Apóstolos.

Chegando a Rimini, na Itália, onde havia grande número de hereges, com objetivo de atraí-los à luz da fé e ao caminho da verdade, pregou e discutiu com eles acerca da fé em CRISTO e na Sagrada Escritura. Mas os hereges não cediam, estavam estribados e obstinados em seus raciocínios errôneos e com o coração endurecido, nem queriam que o Santo continuasse a lhes falar. Por isso, eles impuseram o silêncio na cidade, ninguém tinha ordem para ouvir o Santo, as praças públicas estavam vazias e as Igrejas desertas. Divinamente inspirado, saiu rezando pelas ruas da cidade, semi-desertas, até próximo a embocadura do Rio Marecchia onde deságua no Mar Adriático, e como não havia ninguém para ouvir as suas palavras, convidou os peixes a comparecer: : “Venham vocês peixes ouvir a palavra de DEUS, já que os homens petulantes não se dignam ouvi-las”. A curiosidade dos hereges foi mais forte que a proibição imposta por seus superiores, e diversos se aproximaram para ouvir o que Frei Antônio ia falar aos peixes, que logo acudiram em grande quantidade e levantaram a cabeça fora da água, para melhor ouvir as palavras do Santo. Frei Antônio falou-lhes dos benefícios que eles receberam do CRIADOR: “Que livremente eles podiam se mover na água salgada e doce, que nela encontravam alimento e esconderijos, para se refugiarem na tempestade e nos perigos, que os preservou da extinção, quando destruiu os outros animais no dilúvio. Que também, um peixe foi honrado por DEUS, guardando no ventre o Profeta Jonas por três dias e depois o lançando na terra são e salvo! Foi também, por ordem do SENHOR, que Pedro encontrou uma moeda na boca de um peixe, para pagar o tributo a Cesar, por si e pelo Mestre Divino! Que os peixes foram o alimento do Eterno Rei JESUS antes e depois da Ressurreição, e enfim, que o peixe, é o símbolo de JESUS CRISTO, FILHO DE DEUS, e nosso SALVADOR. Por tantos benefícios, deviam ser gratos ao CRIADOR”. E quando assim ele dizia, os peixes inclinavam a cabeça e abriam a boca, num gesto para louvar a DEUS.

Depois o Santo despediu os peixes com a bênção. Os peixes retiraram-se pulando, manifestando alegria, como crianças pulando nos brinquedos de um parque. Os hereges em silêncio se debandaram... Aconteceram muitas conversões.

PÁDUA, SEDE DO PROVINCIALADO

Em Pádua existia desde 1220, um pequeno Convento, fora da cidade, num bairro de operários. O povo não lhe dava a necessária atenção, principalmente porque estavam divididos em facções políticas. E também porque havia uma grande licenciosidade de costumes. Mas as sucessivas pregações na Igreja acordaram o povo, que aos poucos passaram a frequentar e a ouvir os sermões de Frei Antonio, concretizando assim, abundantes conversões.

No final do ano de 1227 ele fundou a Confraria dos Colombinos, chamada assim por causa da Capela de NOSSA SENHORA COLUMBA, na qual se praticava exercícios de piedade. O Santo organizou o seu funcionamento, para garantir a perseverança dos que se converteram da heresia e da vida longe de DEUS.

Em Pádua pregou também os sermões quaresmais do ano 1228. Os paduanos desejavam possuir por escrito aqueles sermões tão bonitos e emocionantes. Antonio acedeu. Depois da Semana Santa escreveu exatamente aquilo que ele pregou, durante os quatro meses que permaneceu na cidade. Documento que os paduanos guardam com muito respeito e carinho.

Em seguida, Frei Antônio se fixou em Ferrara, visitando os Conventos da Ordem e pregando como sempre fazia. E nesta cidade também aconteceu uma manifestação notável da graça Divina, dando autenticidade à obra do Santo.

Uma senhora nobre queixou-se a Frei Antônio que sofria uma séria desconfiança por parte de seu marido, correndo até perigo de vida. Ele era extremamente ciumento. Não estava reconhecendo o filho que ela acabara de dar a luz como sendo seu, e ameaçava matar mãe e o filho. Pedia ao Santo que a socorresse com suas orações. Frei Antonio prometeu-lhe orações e consolou-a com a verdade, de que DEUS nunca abandona os inocentes. NOSSO SENHOR ouviu a oração. Dias depois, estava Frei Antônio em conversa com diversas pessoas, inclusive estando presente o marido ciumento, eis que veio de propósito, ou por mera coincidência, a ama da criança com o menino nos braços, seguido pela mãe. O Santo mimou carinhosamente a criança e depois lhe perguntou: “Dize-me, filhinho, quem destes homens aqui é teu pai”? O menino que não tinha nem um mês de vida, olhou para o fidalgo e disse bem claro e alto: “Este é meu pai”. A admiração foi geral! O pai meio envergonhado e sem jeito, mas ao mesmo tempo cheio de alegria, tomou a criança nos braços e beijou-a ternamente. Diante daquele milagre inquestionável, desapareceu definitivamente de seu coração a dúvida da sua paternidade, recuperando o seu equilíbrio emocional e nunca mais sentiu ciúmes de sua honesta e fiel esposa.

Como estava nas proximidades de Montepaolo, visitou o Eremitério (o Convento) onde há seis anos passado esteve como um obscuro Frade português, e de onde saíra já com fama de grande pregador e profundo conhecedor das Sagradas Escrituras. Não deve ter sido pequena a sua emoção em retornar a aquela “caverna solitária” onde se deliciara numa “vida escondida em CRISTO”.

No resto do verão europeu continuou com o seu trabalho evangélico, visitando os Conventos da Ordem e pregando a palavra de DEUS. Foi assim que passou por Bolonha, onde tinha feito a sua primeira leitura teológica, e depois, transpondo os Montes Apeninos, chegou a Florença, pernoitando no Convento Franciscano da Santa Cruz.

Mas a noticia de sua presença se espalhou pela cidade e o povo católico ficou ansioso de conhecer aquele exímio pregador, que durante os seus sermões às vezes a misericórdia Divina se manifestava através de acontecimentos sobrenaturais. Ele, sempre humilde, afastou-se dali, indo abrigar-se no Monte Alverne.

Este alto monte fica no fim da Toscana, a uns 60 quilômetros de distância de Florença. Foi neste Monte que São Francisco recebeu as chagas de JESUS. E por isso mesmo, este Monte é também denominado de “Calvário de São Francisco”.

Para esse Monte retirou-se Frei Antônio atraído pela solidão que nele poderia desfrutar em penitências e pias meditações, além de poder venerar o lugar santificado por São Frâncico e que nunca mais foi abandonado pelos religiosos franciscanos.

Os Frades que residiam no Monte receberam Frei Antônio com grande alegria e quiseram alojá-lo na gruta dignificada por São Francisco. Ele humildemente declinou esta honra, preferindo um pequeno cubículo nas proximidades. E naquele santo ambiente, repleto de inesquecíveis recordações, permaneceu até a primavera de 1229, quando voltou a Florença para pregar a Quaresma. Depois seguiu para Milão, onde teve que enfrentar e combater as seitas heréticas dos “patarenos” e “valdenses” , da mesma forma que se empenhou em pacificar os partidos políticos dos “guelfos” e “guibelinos”.

Em seguida, passando por Vercelli, visitou o seu amigo Abade Tomás, acontecimento de grande júbilo para os dois, que até propiciou ao Abade derramar lágrimas de emoção. Continuando suas visitas como Provincial da Ordem, demorou-se nas cidades de Varese e Cremona. Nesta última havia um Convento pequeno e mal situado, bem fora da cidade. Os habitantes de Cremona ofereceram a Ordem um terreno dentro da cidade, e então, o próprio Frei Antônio dirigiu a construção da Igreja, que depois de pronta, foi dedicada a São Francisco de Assis. Em Cremona, na qualidade de Provincial, também teve o prazer de receber sete jovens que desejavam ser franciscanos.

Já estava no verão, provavelmente depois do dia 25 de Abril, quando continuou o seu itinerário, sempre a pé, indo a Bergamo e a Bréscia. Esta última cidade estava infectada pela heresia, que dividia os habitantes em dois partidos. E a palavra vigorosa de Frei Antônio foi decisiva, os hereges não resistiram e se afastaram. Então os partidos se reconciliaram e na Igreja, deram o abraço da paz. De muito longe vinham pessoas ouvir os sermões de Frei Antônio e não havia Igreja que comportasse a multidão, que às vezes chegava a trinta mil pessoas. Em Bréscia, Frei Antonio colheu os mais belos frutos que a fé e o amor a DEUS podem propiciar.

Nesta cidade ele lançou os alicerces de um Convento dedicado a São Pedro. Depois, em plena construção, numa das paredes da Igreja foi pintado um quadro em homenagem ao Santo, com a declaração de que o lugar é venerável, porque nele pregou Santo Antônio de Pádua.

Saindo de Bréscia, Frei Antônio alcançou Trento, próximo a fronteira com a Alemanha, onde já existia um Convento da Ordem. Mas, não pode ficar muito tempo, pois logo recebeu noticias de Pádua, que solicitavam a sua presença na Sede do Provincialado. Em Pádua já existia um pequeno Convento, como já mencionamos. Agora o senhor Bispo Conrado colocou a disposição dos Frades um Convento maior junto a Igreja de santa Maria. Frei Antônio foi para Pádua, afim de oficializar a doação e agilizar a mudança para o novo Convento, onde também ele passou a residir. Isto deve ter acontecido, no final do ano 1229.

 

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