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RISONHO E ALEGRE

 

 

NASCIMENTO PARA A VIDA

Filipe Rômolo Neri nasceu em Florença, na Itália, no dia 21 de Julho de 1515, e foi Batizado na Igreja de São Pedro Gattolino, no dia seguinte ao seu nascimento. Sua mãe chamava-se Lucrezia di Marsciano, e seu pai Francesco Neri. Junto com suas duas irmãs Caterina e Elisabetta, foi educado num sóbrio ambiente familiar cristão de classe modesta.

Seus pais eram muito religiosos e sua mãe amava NOSSA SENHORA e queria que os filhos também amassem a VIRGEM MARIA, e por isso mesmo, lhes ensinou sobre a grandeza admirável do amor da MÃE DE DEUS, que carinhosamente derrama proteção e carinho, sobre todos aqueles que buscam e solicitam o seu tão eficaz e precioso auxílio.

Mas, após o nascimento de Antonio em 1520, o seu irmão caçula, a senhora Lucrezia teve problemas de saúde e faleceu quando Filipe tinha apenas 5 anos de idade. Para ele foi um grande trauma, por que embora pequeno, amava a sua mãe.

Seu pai, na sequência dos meses, se casou em segundas núpcias com Alessandra di Michele Lensi, que se revelou ser uma competente Madrasta. Com extremoso afeto e determinada consciência, procurou com todos os recursos, acolher e tratar os filhos com muito carinho, a fim de que eles não sentissem tanto a ausência da mãe.

Filipe, pelo seu lado, era também um menino muito amoroso, que sabia conquistar o coração de todos, e por essa razão, ganhou o apelido familiar de “Pippo buono” (garoto bom).

Seu pai era muito trabalhador, exercia a profissão de tabelião, fazia escritas, lançamentos contábeis e registros em geral, ofício que naquela época conferia um respeitável “status”. Mas o senhor Francresco, embora católico, tinha uma séria fraqueza, deixava-se envolver pela fantasia e acreditava em alquimia. Aceitava e dava crédito as premonições e previsões que os alquimistas faziam, e assim, investiu todos os seus bens, acreditando que ia receber muito mais e na verdade, acabou na miséria, não ganhando nada, deixando aos filhos uma paupérrima herança: de um relógio, alguns quadros e uma toga surrada.

Entretanto, os filhos não seguiram o caminho do pai, cada um procurou estudar, trabalhar e enfrentar com coragem os problemas que surgem no quotidiano. E assim, conseguiram viver modestamente e de alguma forma, cumprir a sua missão existencial.

Descrevem os hagiógrafos que Filipe, sempre mostrou um caráter firme, era vivo, arguto e tinha um irresistível gosto pelas brincadeiras, principalmente quando era criança e no início da juventude.

No Colégio, com os Padres Dominicanos do Convento de São Marcos, cursou o equivalente ao primeiro e segundo graus adotados aqui no Brasil, e onde também, ele recebeu dos Dominicanos, a parte inicial da sua formação cristã. Interessadamente estudava e rezava com primorosa concentração, não só para usufruir as vantagens do aprendizado, mas por que, sobretudo, sentia-se feliz e consolado rezando e pensando em DEUS.

Em 1527, quando tinha 12 anos de idade, ouviu os boatos que deixou o povo apavorado, pois se tratava de uma possível invasão militar, considerando que o poderoso exército do Imperador Carlos V, Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, estava próximo a Florença, e marchava firme em direção a Roma. A população ficou aterrorizada, com medo de eles aproveitarem e saquearem Florença, matando muita gente e destruindo muitos bens, e por isso, correram para as Igrejas para suplicar o auxílio Divino, pedindo ao SENHOR que os protegesse da guerra. Mas, o exército germânico não entrou em Florença, seguiu direto para Roma.

Todavia, pouco tempo depois, em 1532, por motivos políticos, os Médici, com todo o seu poderio militar, invadiram Florença, prenderam e mataram muita gente, principalmente os adversários políticos, aqueles que eram amigos das liberdades republicanas, os quais eram considerados inimigos e traidores do império. E a este grupo, pertencia também o senhor Francesco, pai de Filipe, embora a sua avançada idade e pobreza não representasse qualquer perigo.

Mas como a perseguição era geral, abrangendo crianças, homens, mulheres e velhos, Filipe junto com a família, parentes e patriotas, deixaram a cidade e se dirigiram a San Germano, que se encontra na metade do caminho entre Roma e Nápoles, e onde o “zio Rômolo” (rico Tio Rômolo – Bartolomeu Rômolo) estava estabelecido. Ele era primo-irmão do seu pai e também, um próspero comerciante.

 

SAN GERMANO

Filipe passou a viver como aprendiz de vendedor, onde permaneceu por quase um ano. Este tempo foi extremamente importante para a sua vida, por que lhe propiciou desabrochar a sua vocação.

Os dias decorriam no trabalho. Depois quando chegava o fim do dia, ele se retirava para lugares solitários, onde permanecia muitas horas em orações. Também, com frequência visitava a Abadia de Montecassino, situada a poucos quilômetros e, onde ao lado da Basílica havia uma minúscula Capela dedicada a CRISTO Crucificado, local preferido por ele para rezar. A Capela estava situada num lugar magnífico, construída numa fenda dos enormes rochedos de Gaeta de onde se pode contemplar: de um lado a imensidão do Mar Mediterrâneo, e do outro, as planícies férteis da Itália Meridional, com os Abruzzi ao fundo.

Ali Filipe permanecia em orações, admirando aquela linda paisagem. Seu pensamento voava ligeiro e alcançava o seu passado, recordando os seus muitos pecados da infância e juventude, deixando-o triste e inconformado com aquelas atitudes, e por isso mesmo chorava muito, inconsolavelmente. Sinceramente se arrependia do mal que praticou, mesmo involuntariamente através de grosseiras brincadeiras e muita gozação, lamentando profundamente aquele tempo perdido. Sem dúvida era um sentimento bem elevado, que gerado no interior do seu espírito, buscava a Luz de DEUS suplicando o auxílio Divino. Com plena certeza, do alto da Cruz daquela Capela, NOSSO SENHOR aos poucos ia despertando a sua alma.

Filipe gostava de meditar sobre os versículos do Evangelho, e também, sobre o conteúdo de alguns livros de espiritualidade, como a biografia do Beato Giovanni Colombini. Nela ele encontrou três conselhos que lhe pareceram respostas claras às suas dúvidas, e por essa razão, procurava segui-los:

1 – “Falar sempre de JESUS CRISTO, do Seu Amor e ensinamentos. Quanto mais falar DELE em voz alta, tanto mais aumentará o fervor da alma”.

2 – “Dar mostras de bondade e amor a todas as pessoas, mostrando alegria e despertando nelas amizade e amor”.

3 – “Submeter-se a grandes mortificações, que nos liberta e torna livre o espírito”.

E foi rezando com fervor na Capela de Gaeta, que cristalizou a sua decisão de permanecer leigo, seguindo CRISTO, LHE entregando a sua vida. Não pensava em se consagrar a DEUS em nenhuma Ordem Religiosa. Certo dia, junto dos seus familiares, num ato simbólico expressivo, rasgou o desenho da árvore genealógica que o pai lhe havia presenteado, em que o colocava como herdeiro supremo da herança do tio. Ele que sempre foi submisso e obediente ao pai, decidiu não querer outro amor ou outro interesse, que não fosse NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Em seguida, abandonou a casa do tio e partiu para Roma.

 

NA CIDADE ETERNA

Chegando a Roma foi morar na casa de um conterrâneo chamado Galeotto Del Caccia. E como meio de sustento, assumiu a tarefa de preceptor dos dois filhos menores do hospedeiro. Assim, ficou instalado num quarto razoável e recebia uma porção de trigo, que levava ao padeiro para que fosse moído e transformado em pães. Durante muito tempo, sua alimentação não passou de um pedaço de pão e algumas azeitonas.

Nesses anos, dividiu o tempo entre o estudo, as orações e as obras de caridade. Frequentou aulas de filosofia na Universidade de Roma, denominada La Sapienza e aulas de teologia na Universidade de Santo Agostinho, durante um ano. Mas no ano seguinte, por necessidade, parou de frequentar a Universidade e vendeu os livros, interrompendo os estudos.

Entretanto, logo que normalizou sua existência, mesmo que muito modestamente, continuou estudando com interesse a obra de São Tomás de Aquino e pesquisando as Sagradas Escrituras, adquirindo um conhecimento equivalente aos dos maiores teólogos do seu tempo.

Anos mais tarde, fazendo um comentário sobre o seu viver, ele disse: “Estudei pouco e não pude aprender mais, porque era absorvido pela oração e outros exercícios espirituais”. Durante mais de 10 anos, dedicou a maior parte do seu tempo à oração, à leitura dos Evangelhos e das Sagradas Escrituras, assim como leu e estudou livros de espiritualidade, especialmente Colombini e Jacopone. Por outro lado, Filipe gostava de meditar sobre a Paixão de CRISTO em alguma Igreja Romana, ou nas Catacumbas de São Sebastião em Roma, aonde chegava a passar noites inteiras, rezando e pensando no SENHOR. Fruto desta convicção interior, escreveu: “Nada ajuda mais o homem do que a oração”.

Também estabeleceu o costume de visitar as “Sete Igrejas de Roma”, que são as Grandes Basílicas da Cristandade: Basílica de São Pedro, Basílica de São Paulo Extramuros, Basílica de São Sebastião, Basílica de São João de Latrão, Basílica da Santa Cruz de Jerusalém, Basílica de São Lourenço e Basílica de Santa Maria Maior ( Santa Maria Maggiore).

Não se tratava de uma peregrinação, mas uma sequência de visitas a cada uma delas, onde ele vivia o imenso prazer e a incomensurável felicidade de encontrar AQUELE Mesmo Amigo, Bondoso, Carinhoso e Fiel, que sempre estava à espera dele, assim como aguarda cada um de nós no silêncio do Sacrário, em cada Igreja, ELE que é o nosso querido e amado NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.

Essa devoção de visitar as grandes Basílicas, ele começou sozinho. Mas atraiu a atenção de muitas pessoas que resolveram acompanhá-lo. Juntou tanta gente que por volta de 1555, tornou-se um fato admirável. Era grande a quantidade de pessoas em procissão que caminhavam pela cidade visitando cada Templo, onde paravam, rezavam, ouviam uma pequena homilia e seguiam o trajeto, consumindo aproximadamente 8 horas de percurso, com paradas para refeições e descanso, o que conferia a esta prática, um notável espírito de penitência.

 

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