FINAL DA MISSÃO
UMA CASA EM JERUSALÉM
Enquanto o assunto da nova Constituição caminhava, Padre Eymard quis fundar a Quarta Casa da Congregação. Conversando com o Padre de Cuers, escolheram Jerusalém. E assim no dia 6 de Janeiro de 1864, Padre de Cuers em companhia de um jovem estudante de teologia, de nome Albert Tesnière, embarcou num navio para conseguir um imóvel ou um terreno apropriado na cidade.
Mas não tiveram êxito. Primeiro conversaram com os muçulmanos sobre a possibilidade de eles lhes transferirem o prédio do “Cenáculo” que estava na posse deles, onde JESUS fez a Última Ceia com os Apóstolos. Não houve entendimento. Depois, tentaram comprar um terreno próximo ao “Cenáculo” para edificar a Casa da Congregação. Mas, os Franciscanos que tem prioridade para todas as obras católicas em Jerusalém, não concordaram. O assunto foi levado a Roma para a decisão final, e o Vaticano confirmou não ser possível a construção pretendida pela CONGREGAÇÃO DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO.
ASSEMBLÉIA GERAL DA ORDEM
Novamente em Paris, os membros da Congregação se reuniram em Assembléia Geral (Capitulo) a fim de terminar o texto da Constituição e de proceder à eleição do Superior Geral da Ordem Religiosa.
Foi concluída e aprovada a nova Constituição da Congregação e, durante o Capítulo aconteceu a votação para escolha do Superior. Padre Eymard foi unanimente escolhido Superior Geral, recebendo todos os votos da Comunidade, menos um (o voto dele). Quando o resultado foi anunciado, ele pediu que o desculpassem, estava tão emocionado com a confiança demonstrada por todos, que sozinho retirou-se ao seu quarto, enquanto os religiosos foram para a Capela cantar o “Te Deum” de ação de graças.
Resignado com a eleição, ele percebeu ter sido a Vontade de DEUS manifestada através daquele desejo evidente dos seus co-irmãos. Retomou ao trabalho e aos cuidados e desenvolvimento da Congregação. Mas também estava preocupado com sua irmã Mariana, que estava gravemente enferma. E por isso lhe escreveu no dia de 16 de Julho de 1865, pedindo-lhe noticias mais concretas.
A SAÚDE DA SUA IRMÃ
Mas, as noticias sobre a irmã não eram boas. Então ele decidiu ir lá para ajudá-la. No dia 1º de Agosto de 1865 já se encontrava em La Mure ao lado da irmã para lhe auxiliar. Celebrou a Santa Missa no quarto dela e lhe deu a Sagrada Comunhão, e também, fez uma peregrinação de três dias ao Santuário de NOSSA SENHORA DA SALETE e rezou muito em sua intenção. Quando voltou, ela estava melhor. Assim, mais tranquilo, se despediu e viajou para retornar ao trabalho. Todavia, já se encontrava quase no meio da viagem, quando sua carruagem foi alcançada por um mensageiro, que lhe transmitiu a notícia da piora de Mariana. Ele voltou, imediatamente. Celebrou outra Santa Missa no quarto dela, lhe deu JESUS SACRAMENTADO, voltou ao Santuário de NOSSA SENHORA DA SALETE onde suplicou a intervenção da MÃE DE DEUS, e depois foi rezar no Santuário de NOSSA SENHORA DO LAUS. Finalmente, com a irmã fora de perigo, Padre Eymard voltou a Paris para continuar sua obra.
CASA DA CONGREGAÇÃO NA BÉLGICA
Não sendo possível fazer uma Casa em Jerusalém, ele voltou-se para um antigo sonho de fundar uma Casa na Bélgica, atendendo um pedido que lhe foi feito há muito tempo, para criar uma Comunidade Eucarística em Bruxelas. Com a benção do Arcebispo de Paris Cardeal Morlot, ele viajou a Bruxelas e se encontrou com a abastada senhora Meeûs. Ficou combinado que uma Capela e alguns apartamentos adjacentes estariam disponíveis para a Comunidade do SANTÍSSIMO SACRAMENTO.
Assumindo todas as providências, a inauguração da nova Casa aconteceu no dia 2 de Fevereiro de 1866, na festa da Apresentação do SENHOR JESUS no Templo em Jerusalém. Toda cerimônia foi realizada à tarde, e às 15 horas ele deu a Bênção com o SANTÍSSIMO SACRAMENTO. No dia 6 de Fevereiro, com um pouco mais de tempo, escreveu ao Padre de Cuers e lhe contou as noticias sobre a Nova Casa da Congregação.
Embora tenha tido muitos problemas com sua saúde em todo o tempo que passou na Bélgica, Padre Eymard com uma vontade admirável, tomava os medicamentos, ficava em repouso e acabava superando as crises e as dificuldades que surgiam.
RETIROS E PREGAÇÕES
O restante do ano de 1866, quando não estava ocupado com seus deveres da Comunidade, pregava ou organizava retiros, que eram seu apostolado predileto. No fim de Abril, já havia ido a Gand na Bélgica, pregar para um grupo de senhoras da Adoração. No mês seguinte, de volta a Paris, pregou no Carmelo de Bergerac; depois em Julho, pregou um Retiro em Mauron; em Setembro pregou Retiro em Angers. Fez peregrinação a NOSSA SENHORA DA SALETE e ao Santuário de NOSSA SENHORA DO LAUS; depois foi pregar em Nemours. Uma atividade impressionante e incansável.
SUA SAÚDE CONTINUAVA EM DECLÍNIO
O ano de 1868 começou meio pesado para ele, pois logo foi abatido por uma forte gripe acompanhada de febre. Todavia, cercando-se daqueles mesmos cuidados com repouso e tomando os remédios determinados pelo médico, se recuperou, e no dia 4 de Janeiro foi pregar um retiro espiritual à Comunidade de Marselha. Também aproveitou para visitar o seu grande amigo e companheiro Padre de Cuers, que estava em Roquefavour fazendo uma experiência com uma “Casa de Solidão”. Em seguida, passou alguns dias em La Mure e voltou à Paris. Em meados de Março, apesar de uma terrível fraqueza, proveniente do mal que o incomodava bastante, pregou um retiro em Angers, e no mês de Maio pregou retiro em Gand, na Bélgica. Mas Padre Eymard não estava bem, seu organismo não mais reagia adequadamente aos medicamentos e repouso. Ele se refugiava na oração. Semanalmente o trabalho continuava intenso, exigindo dele muito esforço e seriedade, a fim de seguir solucionando todos os problemas que surgiam e tentavam interferir no andamento da Comunidade Religiosa.
REPOUSO EM VICHY
Dia 17 de Julho, por ordem médica, partiu para Vichy para repousar uma semana. De lá, no dia 19 de Julho, mandou notícias as suas irmãs. Escreveu assim: “Devo ir a Lyon e irei a La Mure para agradecer a DEUS NOSSO SENHOR por tê-la curado, por que sua doença me inquietou muito... Estou muito contente de poder ir vê-las: não esperava este favor do Bom DEUS, porque tenho tantas coisas que me retêm em Paris”.
E esta foi à última carta que ele escreveu.
Isto por que, realmente, ele não estava bem. Passou a noite num hotel perto da estação de Lyon e tomou o trem da manhã para Grenoble. Viajou em jejum, pois desejava celebrar a Santa Missa em sua chegada, na Capela dos Padres de NOSSA SENHORA DA SALETE. Caminhando com dificuldade, encontrou um amigo de infância, Padre Bard, que era Diocesano. O amigo observando que ele não estava bem, o acompanhou até a Capela e reservou seu lugar na carruagem que o conduziu a La Mure. Eram 13 horas quando os dois deixaram a Capela. Seu amigo o acompanhou em parte da viagem, até a Paróquia onde trabalhava. Padre Eymard seguiu na carruagem. Era preciso percorrer mais 30 quilômetros até La Mure. Com o calor insuportável do mês de Julho, ele chegou extenuado depois de 5 horas de viagem. Suas irmãs contam que ele as cumprimentou, mas sem dizer uma palavra, e as acompanhou até a casa com um guarda-chuva e o casaco pendurados no braço. Subiu para o quarto e fez sinal de que ia escrever. Na verdade, o que ele conseguiu rabiscar naquele momento, somente a data e a assinatura eram legíveis.
MORREU PADRE EYMARD
No dia seguinte todos compreenderam a natureza da doença dele. Quando sua irmã veio lhe dar bom dia, ele foi incapaz de responder, por que sua boca estava torta, completamente disforme. Ele teve uma paralisia cerebral que o deixou naquele estado, sem poder falar e escrever. E assim permaneceu durante cinco dias. Na segunda-feira dia 27, sentou-se para tomar um pouco de sopa. Os dias que se seguiram não trouxeram nenhuma melhora. Ele estava cada vez mais fraco e respirando com dificuldade. À noite de sexta-feira foi muito mais difícil. Na manhã do dia seguinte, 1º de Agosto, Padre Chanuet, Sacramentino da sua Ordem Religiosa, celebrou em seu quarto uma Santa Missa e ele recebeu a Sagrada Comunhão; também recebeu o Sacramento da Unção dos Enfermos. Observando que o estado da sua saúde não reagia, ao meio dia, todos se reuniram no quarto para rezar a oração dos moribundos. Ele seguiu as orações, mas foi incapaz de formular as respostas. Eram duas horas da tarde, quando sua cabeça suavemente pendeu para o lado e ele entregou a sua alma a DEUS. Era a festa de São Pedro-Aux-Lions, seu patrono. Padre Eymard tinha apenas 57 anos de idade.
As noticias se espalharam ligeiras e o povo acorreu a sua casa. Todos queriam ver o “Santo”. Vinham para rezar e também tocar o seu corpo com terços e objetos piedosos.
No dia seguinte, seu corpo foi trazido para parte de baixo da casa. Ele estava vestido com uma túnica branca e uma estola. Às dezessete horas, doze Padres conduziram o corpo pela mesma rua, onde Pedro Julião Eymard criança, distribuía o óleo para os clientes do seu pai. No Cemitério, os habitantes de La Mure respeitosamente despediram do “seu Santo”, quando o corpo desceu à sepultura. O Sepulcro ficou perto da Igreja Paroquial e lá permaneceu durante quase 10 anos, quando os religiosos da sua Congregação do SANTÍSSIMO SACRAMENTO, com autorização oficial, conduziram o corpo a Paris, e o colocaram num bonito mausoléu na Capela da Casa-Mãe da Congregação, especialmente construído para ele.
Padre Pedro Julião Eymard foi BEATIFICADO no dia 12 de Julho de 1925 pelo Sumo Pontífice, Papa Pio XI, e foi CANONIZADO no dia 09 de Dezembro de 1962, pelo Papa João XXIII.