FINAL DA CAMINHADA EXISTENCIAL
O CONSOLADOR DAS MÃES
Benedito sentiu o amor e percebeu os sobressaltos do coração de sua querida mãe. Conheceu de perto a sua dor, os seus cansaços e todos os sofrimentos dela, assim como de muitas outras mães que o procuravam no Convento. É por essa razão, que ele sempre teve um respeito muito profundo e um carinho todo especial e de dimensões inigualáveis, com todas as mães que lhe procuravam para um desabafo, um conselho, uma bênção ou pedindo uma oração necessária a sua família, ou a conversão de um filho.
Joana de Giovanni era uma dessas mães, moradora na cidade de Palermo. Seu filho ausentou-se de casa e não dava notícias há vários meses. Desesperada, foi ao Convento a procura de Frei Benedito. Este, logo que a viu, falou:
- “Quer notícias do filho, não é mesmo Dona Joana? Pois logo as terá”.
E assim aconteceu. Dias depois o rapaz voltou para a casa paterna, são e salvo.
Frei Benedito cuidava atenciosamente de visitar as mães quando estavam em vésperas de parto, animava-as e enchia os seus corações de esperança, e em muitos casos, profetizava o futuro grandioso dos seus filhos.
Certa vez, quatro senhoras de Palermo: Eulália, Lucrecia, Francesca e Eleonora, esta com uma criancinha de cinco meses nos braços, foram ao Convento visitar Frei Benedito. Na volta, ainda perto do Convento, a carroça tombou e matou a criancinha da senhora Eleonora. Foi uma gritaria muito grande e os Frades veio prestar socorro, inclusive Frei Benedito. O quadro era triste e desolador. Frei Benedito vagarosamente e muito sério se aproximou de Eleonora que chorava muito, inconsolável, com o filhinho ao colo. Ele disse a ela: “Pode parar de chorar. A criança não está morta. Pode lhe dar de mama”. De repente um silêncio envolveu a todos, os presentes ficaram olhando e chegaram a imaginar que Frei Benedito estivesse fora de si! Mas não estava! Ele sabia o que dizia. Mal a mãe levou a mão ao seio, naquele gesto materno de amamentar, olhando para o rostinho da criança, viu que nele se abriu um belo sorriso. Tudo terminou em grande alegria e num comovente ato de fé a DEUS, que é PAI e CRIADOR, ali presente, naquele sinal Divino, milagrosamente devolvendo a vida a criança.
SEUS ÚLTIMOS DIAS
Frei Benedito percebeu que seu fim se aproximava. Percebia e se alegrava, por que sentia em seu coração a presença materna de NOSSA SENHORA e o seu querido e amado JESUS que o esperava ao lado do batente da porta.
Em Fevereiro de 1589 ele ficou enfermo, teve que permanecer na cama. E assim doente ficou com seus sofrimentos durante dois meses, dando por assim dizer, os últimos retoques a sua santidade, sendo provado na sua paciência e na humildade.O médico do Convento, Dr. Gian Domenico Rubiano, homem piedoso e competente, depois de examinar Frei Benedito disse a Comunidade: "O caso dele é grave e não há recursos na medicina. È triste para todos nós, mas vamos perdê-lo em breve"!
- "Não doutor. Desta vez ainda não morrerei. NOSSO SENHOR quer que eu fique curado desta enfermidade, mas de outra que terei em breve, não vou escapar"!
Esta profecia também se cumpriu integralmente, porque ele morreu sessenta dias depois.
Nesse período, a grandeza de seu amor se manifestou firme e construtiva até o último instante. Sabendo que os conselhos e orientações de um pai bem experimentado na vida, com a passagem de ida para a eternidade já comprada, suas palavras e ensinamentos se tornaram inesquecíveis e foram guardados diligentemente no local mais hermético do coração de todos que o amavam. Como a Imitação de CRISTO, os ensinamentos sobre o arrependimento e a conversão do coração eram quentes e cheios de vida:
- “Miserável será... Se não te converterdes a DEUS. Por que queres deixar para depois teus bons propósitos? Levanta-te e começa neste instante. Agora é tempo de conversão”.
- “O que nos adianta viver muito, quando tão pouco nos emendamos?”
- “Façamos penitência, porque na hora da morte haveremos de nos arrepender muito pelo tempo desperdiçado no pecado ou não aproveitado para a salvação”.
DEUS proporcionou ao seu amigo Benedito muitas consolações espirituais, nos dias que antecederam a sua morte. Certo dia, o enfermeiro vigilante percebeu que o rosto do doente se iluminou, a boca se abriu e os olhos ficaram fixos e extáticos. Ele pensou: “É o fim, Frei Benedito está cruzando o limiar da eternidade”. E correu para avisar a Comunidade. Mas não havia chegado a hora. A Comunidade ficou sabendo depois que Frei Benedito teve uma visita do Céu. Mais tarde ele contou ao enfermeiro: “Pode ficar tranquilo, eu vou falecer no dia 4 de Abril”. Respondeu o enfermeiro: “Imagine, Frei Benedito, esta casa vai ficar cheia de gente”. Isso ele disse prevendo o transtorno que haveria no Convento com a chegada de muita gente para o velório. Frei Benedito lhe respondeu: “Pode ficar sossegado enfermeiro, porque não virá ninguém”.
As duas profecias se cumpriram, Frei Benedito faleceu no dia 4 de Abril de 1589 e pouca gente compareceu ao velório. Como foi possível essa ausência de pessoas considerando a notável fama dele? A explicação dada pelos historiadores abrange diversos aspectos, mas que aparentemente, nenhum deles satisfaz à lógica e o merecimento. Disseram que nas proximidades de Palermo estava acontecendo uma grande Festa do ESPÍRITO SANTO e para que o povo não esvaziasse a festa, os Padres nada disseram. Comentaram também que os Franciscanos do Convento não deram publicidade do acontecimento, para evitar a invasão popular que sem dúvida, ia interferir na ordem religiosa, e por último, somente três dias de velório não iam satisfazer o povo que também estava pedindo relíquias do Santo. Por tudo isto os Frades guardaram silêncio e fizeram prevalecer à última vontade de Frei Benedito: “Depois de morto, eu quero ser sepultado de uma vez”. Seja qual for à explicação, na verdade o que ressalta de maneira notável foi à profecia do Santo, que se cumpriu integralmente: “Morreu no dia 4 de Abril de 1589 e não teve quase ninguém no velório”.
Não sabemos quantas horas o corpo de Frei Benedito foi velado. Mas não deve ter sido um longo velório. A seguir o corpo foi levado para a Igreja do Convento, onde a Comunidade rezou e cantou o ofício dos Mortos e logo depois, ele foi sepultado no Cemitério da Comunidade Religiosa.
Quando o povo ficou sabendo da morte dele, com grande tristeza e saudade, todos acorreram ao Convento, pois queriam rezar no seu túmulo. E depois imploraram por uma lembrança ou relíquia, pois Frei Benedito era muito amado por todos e sua bondade ficou derramada no coração do povo. Suas roupas, as roupas de cama onde ele faleceu, tudo o que lhe pertenceu, foram reduzidas a pequenas tiras, que cada um levou carinhosamente como precioso troféu.
Quanto ao Cemitério da Comunidade onde Frei Benedito foi sepultado, era um local com acesso difícil que começou a tumultuar o serviço do Convento, porque a quantidade de visitantes era muito grande e não cessava nunca, incomodando o silêncio da Comunidade. Resolveram então colocar os seus restos mortais num local mais acessível ao povo. Em 1591, dois anos depois da morte dele, Padre Lourenço Galatino, Visitador da Província Franciscana da Sicília, conseguiu do Cardeal Mathei autorização para colocar os despojos na Sacristia da Igreja de Santa Maria de JESUS, e o translado ocorreu no dia 7 de Maio de 1592. Foi lavrada uma ata sobre aquela transladação e foi assinada por todas as autoridades presentes. Dizem que o corpo de São Benedito estava intacto e exalando um perfume celeste. Para o novo sepulcro, fizeram um amplo buraco na parede grossa da Sacristia e ali então, numa nova urna, colocaram o corpo do Santo.
Entretanto, com o passar dos dias, a Sacristia virou uma Capela, com o povo ali rezando e cantando, e assim ficou durante dezenove anos, tirando o sossego e a tranquilidade da Comunidade Religiosa. Os Frades de Santa Maria então pediram a Santa Sé uma nova transladação, levando os despojos de São Benedito para dentro da Igreja mesmo. O Cardeal Pinello, Prefeito da Sagrada Congregação dos Ritos, em carta de 11 de Março de 1611, autorizou a nova transladação que foi efetivada no dia 3 de Outubro de 1611, com a presença do Cardeal Dória. A festa foi muito bonita com uma imponente procissão, onde o povo carregou os restos mortais do Santo numa urna de cristal.
Hoje o corpo de Frei Benedito está colocado numa Capela lateral dentro da mesma Igreja de Santa Maria de JESUS, o velho Convento Franciscano que está situado a três quilômetros de Palermo.
BEATIFICAÇÃO E CANONIZAÇÃO
Em 1592, ou seja, três anos após a morte de Frei Benedito foi iniciado o Processo Canônico para a sua Beatificação. Todavia, por motivos outros, mais diretamente relacionados com desentendimentos administrativos e certo ciúme entre algumas Ordens Religiosas, o Processo ficou parado até 1622. O fato é que os habitantes de Palermo, a Comunidade Franciscana local e a Administração Municipal da Cidade, perderam a paciência de tanto esperar, e no dia 24 de Abril de 1652 Frei Benedito foi escolhido para “padroeiro da Cidade de Palermo” numa bonita solenidade de cunho estritamente particular, ou seja, de âmbito Diocesano, por que o Processo Canônico não havia chegado ao seu final. E a partir desta época, o Santo continuou sendo homenageado em diversas cidades italianas e também em cidades da Espanha e de outros países. Depois, o Processo Canônico emperrou outra vez no interior da Alta Administração! O Processo esfriou e ficou totalmente esquecido, somente voltando a ser movimentado oficialmente em 1713, quando a pedido do Cardeal Corradini, o Papa Clemente XI autorizou a reabertura do Processo que se arrastou lentamente até 1740.
Em 1743, o Papa Bento XIV permitiu a Ordem Franciscana preparar o texto religioso e celebrar a Santa Missa e Ofício Divino próprios em honra de Frei Benedito. Ensejou aos Franciscanos, presentes no mundo inteiro, propagar mais fortemente a devoção ao Santo, até que em 1763, o Papa Clemente XIII o Beatificou.
Em 1776, o Cardeal Visconti iniciou o Processo final para a Canonização. Depois de muitas reuniões e estudos sobre os milagres de DEUS acontecidos pela intercessão do Santo, finalmente Frei Benedito foi Canonizado no dia 25 de Maio de 1807, num Domingo da SANTÍSSIMA TRINDADE, pelo Papa Pio VII.
IMAGENS DE SÃO BENEDITO
Os Santos são representados em suas imagens de diversos modos, geralmente retratando algum acontecimento de sua existência, ou expressando a sua grande devoção, ou de algo que faz lembrar uma passagem importante da sua vida. As imagens de São Benedito desde longa data mostram o MENINO JESUS nos seus braços. Os artistas foram buscar inspiração em três fatos sugestivos ocorridos na vida do Santo, que traduz a tendência da interpretação.
O primeiro fato ocorreu na Ceia de Natal, no ano 1576, quando ele estava com cinquenta anos de idade. Deixou a cozinha e foi para a Igreja, e o almoço ficou aos cuidados de dois Anjos de DEUS que prepararam a Ceia para o senhor Arcebispo de Palermo e a Comunidade Franciscana, enquanto ele rezava e venerava o MENINO JESUS e a MÃE DE DEUS, numa linda pintura do Natal de JESUS, num quadro colocado ao lado do Altar-mor.
O segundo acontecimento ocorreu em 1582. Ele atendia o povo na Portaria do Convento de Santa Maria de JESUS, quando chegaram os pais e familiares transportando uma pequena criança morta. Ele tomou-a nos braços, fez o Sinal da Cruz na cabecinha da criança, e suplicando a misericórdia Divina, elevou a mente a DEUS CRIADOR e nosso PAI e, pediu também, que todos rezassem. DEUS ressuscitou a criança, que acordando cheia de alegria e amor, se movimentava feliz nos braços de Benedito.
O terceiro fato se refere à realidade de que os dias de Benedito sempre eram cheios de muito trabalho, e eram tantos que a noite ele estava simplesmente exausto. Então, ele que vivia durante o dia trabalhando sério e pesado para a glória de DEUS e da VIRGEM MARIA, à noite, era consolado com visões celestes e doces sonhos espirituais, quase sempre acompanhados da querida presença do MENINO JESUS.
Por esses motivos, os artistas concordaram em construir a imagem de São Benedito, com o MENINO JESUS ao colo.