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DONS DIVINOS

 

HUMILDADE

Tinha acontecido um problema de ordem disciplinar no Convento. Frei Benedito que era o Guardião chamou a atenção de um rapaz noviço, na presença dos outros, repreendendo-o pela falta cometida.

Acontece que aquele rapaz era inocente e o Guardião então, incorrera num grave engano. Ao saber da verdade, no dia seguinte, no refeitório com toda a Comunidade Religiosa presente, Frei Benedito se penitenciou publicamente. Ficou ajoelhado diante do noviço e lhe pediu perdão pela injusta repreensão. Os dois se abraçaram e choraram juntos, diante da Comunidade feliz com o desfecho do caso.

MESTRE DOS NOVIÇOS

Existe na vida de São Benedito uma informação que não ficou bem esclarecida. Também porque os processos canônicos para a Beatificação e Canonização dele não esclarecem e não faz referência sobre a questão. Desse modo, verdadeiramente, não se sabe se Frei Benedito foi ou não, “Mestre dos Noviços”.

Todavia, numa atenciosa apreciação dos acontecimentos da vida dele, nos conduz a perceber a inquestionável presença dos Dons do ESPÍRITO SANTO que iluminavam o seu procedimento e orientavam o seu caminho. Dos Sete Dons Divinos, pelo menos três são absolutamente visíveis e sobressai nos acontecimentos diários de Frei Benedito: “Sabedoria, Entendimento e Conselho”. A “Sabedoria” é um Dom que faz a pessoa conhecer DEUS e as coisas Divinas com grande profundidade e faz também, a pessoa beneficiada, ter gosto pelas coisas do SENHOR. O “Entendimento” é um Dom que dá aos que o possui, uma intuição profunda das verdades reveladas, exceção para os Mistérios Divinos, mas que pelo menos abre caminho para que eles sejam perfeitamente acolhidos. O “Dom do Conselho” faz com que a pessoa saiba escolher com rapidez e confiança, o caminho mais certo e seguro, quando alguma dificuldade ou a dúvida assalta o seu coração.

Por isso, mesmo sem saber se Frei Benedito foi Mestre dos Noviços, podemos vislumbrar com absoluta clareza que ele auxiliava sim, na formação religiosa dos Noviços, ministrando-lhes diariamente aulas sobre a Sagrada Escritura. E suas aulas eram tão especiais, tão bonitas, consistentes e profundas, que quem estivesse assistindo logo ia imaginar que estava diante de um professor famoso, catedrático laureado em alguma grande Universidade do mundo. E na verdade, Frei Benedito era um notável Teólogo, mas não formado num grande Seminário ou numa famosa Faculdade da época, mas construído e burilado sim diretamente pelo ESPÍRITO SANTO que derramou caudalosamente seus dons sobre ele, do mesmo modo como derramou e formou os Apóstolos.

Vários teólogos da época, de reconhecido renome e valor intelectual, ouvindo noticias sobre aquele prodígio que acontecia no Convento, foram ver para crer, e voltaram plenamente convencidos de que os Dons de Pentecostes continuavam vivos na Igreja.

Um célebre teólogo de Palermo, o Padre Dominicano Vicente Nagis, andava cheio de escrúpulos e de certo modo enrolado com uma passagem da Sagrada Escritura. Decidiu ir consultar Frei Benedito sobre o assunto. Na sua natural simplicidade, o Guardião do Convento ao saber que o Padre Vicente veio visitá-lo, foi ao encontro dele, e com todo o cuidado, já foi levando exatamente uma clara explicação sobre o assunto da passagem bíblica que ele não entendia. O Dominicano ficou maravilhado com o conteúdo da explicação e com a modéstia e simplicidade de Frei Benedito. Ao voltar para Palermo, admirado e feliz com a acolhida, falou: “Os Franciscanos não tem somente um sábio no Convento de Santa Maria de JESUS, mas também um grande Santo”.

PROCISSÕES DE LOUVOR AO SANTO

No terceiro ano de seu mandato de Guardião do Convento, Frei Benedito teve de viajar para participar de um Capítulo Geral da sua Ordem Franciscana, realizado em Girgenti (Agrigento), no centro-sul da Sicília, no ano de 1578. Esta cidade está distante 135 quilômetros de Palermo e a popularidade de Frei Benedito tinha crescido tanto, que sua pessoa havia se tornado famoso e era conhecida por muita gente, inclusive naquela região. Então aconteceu que o povo sabendo da reunião dos Franciscanos, ficou em diversos locais, aguardando a passagem da comitiva. Foi uma festa... Com prazer e muita alegria, todos saudavam fervorosamente a passagem do Santo. Aclamações jubilosas e ruidosas se ouviam por toda parte. E mais, muita gente, bem entusiasmada, se acercava da comitiva franciscana para pegar uma relíquia da batina de Frei Benedito. E a vontade do povo era tão grande que os franciscanos tiveram que correr mesmo, para não serem alcançados, embora estivessem sorridentes e agradecidos.

Também em Girgenti, quando os Franciscanos chegaram, Frei Benedito foi recepcionado como um herói, pois há muito tempo o povo ouvia falar da sua santidade e dos milagres de DEUS que aconteciam, pela sua eficaz e carinhosa intercessão. Jamais se ouviram por ali tantas palmas e tantas aclamações!

Em face de todos aqueles acontecimentos, Frei Benedito tomou a resolução de viajar somente à noite, enquanto fosse possível. E quando saia a noite, cobria a cabeça com o capuz do hábito franciscano, para não ser reconhecido. A verdade, todavia, é que em muitas ocasiões, o disfarce de nada adiantou, porque ele foi reconhecido pelo povo, e teve de correr e muito, caso contrário, poderiam cortar em pedacinhos a batina dele.

CONCLUÍDO O CAPÍTULO GERAL

Frei Benedito deixou o posto de Guardião do Convento com a intenção de viver mais oculto para as suas orações e o progresso espiritual da sua Comunidade. Mas isto evidentemente, estava muito difícil de acontecer, por que a sua fama já estava longe, tinha alcançado regiões muito distantes. O povo queria ir ao Convento para conversar com ele, pedir orações, suplicar sua intercessão de cura junto a DEUS, enquanto alguns apenas queriam vê-lo, receber uma bênção ou um simples sorriso do Santo. O fato é que a portaria do Convento ficava cheia de gente diariamente procurando por Frei Benedito, e muitas vezes ele tinha até que se esconder, para encontrar o tempo de estar com DEUS nas orações, naquela atenção carinhosa que sempre dedicou ao SENHOR e a nossa MÃE SANTÍSSIMA.

Benedito, na verdade, era um autêntico franciscano, discípulo do “pobrezinho de Assis”. Ao emitir os seus “votos religiosos”, era outro Francisco prometendo seguir a CRISTO, pobre, obediente e casto. Era pobre, vivia pobre e amava os pobres. Sendo um deles conhecia perfeitamente os seus sofrimentos, se compadecia deles, e ao mesmo tempo, sabia consolá-los e infundir-lhes confiança.

INTERCEDENDO JUNTO A DEUS

Sua modéstia e humildade eram imensas, sempre se ocultava para evitar o aplauso das pessoas, mas na verdade, o que ele não conseguia esconder eram os dons que DEUS lhe dava, porque aqueles preciosos dons se manifestavam quando DEUS queria e não de acordo com o planejamento humano.

Um dia levaram ao Convento uma criancinha morta. Um suspense no ar... As pessoas penalizadas abriam passagem para os pais passarem com o corpo do menino. Carinhosamente e cheio de pesar, Frei Benedito pegou aquele corpinho sem vida no seu braço esquerdo e com a mão direita fez um Sinal da Cruz na testa da criança. E ajoelhando, convidou todos os presentes a rezar um Pai Nosso e uma Ave Maria. Quando terminava a oração, uma emoção correu violentamente o coração de todas as pessoas, que naquele momento, num gesto de alegre admiração presenciaram a ressurreição da criança, que acabava de ganhar a vida pela suprema Vontade de DEUS, se mexendo com saúde e alegria, nos braços de Frei Benedito. DEUS bondade infinita teve misericórdia dos pais daquela criança e restituiu a vida ao menino, fazendo acontecer um impressionante milagre.

AS VIRTUDES DO SANTO

Escreveu Dom Francisco de Paula e Silva: “As virtudes são entre si solidárias. Ninguém pode ter uma determinada virtude, em alto grau, sem ter as outras”.

Com a vinda de Frei Benedito para o Convento de Santa Maria de JESUS, em Palermo, brilhou intensamente a vida do religioso franciscano, que diariamente exercitava os seus votos com a maior perfeição. E sem dúvida, entre todos os votos, a pobreza foi à virtude que ele mais amou.

Escreveu o Padre Benedito Nicolisi: “Não será exagero afirmar que a fama de santidade de Frei Benedito, quando ainda vivo, foi tão grande que raramente se encontra coisa semelhante em toda a História da Igreja”. Veja bem, Padre Nicolisi escreveu muito bem: “Fama de santidade, e não fama de milagroso”.

Eis algumas apreciações escritas pelo próprio Frei Benedito, e também pelos seus contemporâneos:

Escreveu o seu biógrafo: “Perfeito imitador do seu pai São Francisco de Assis, usava um hábito velho, remendado e pobre, com uma corda na cintura e pés descalços”.

Dizia Benedito: “A pobreza me é querida demais”.

E sobre a obediência ele falava: “Um religioso nada deve fazer sem a obediência aos seus Superiores”.

O Padre Michele de Girgenti que o conheceu muito bem escreveu: “Frei Benedito jamais fez alguma coisa contrária à virtude da obediência”.

Falando da Pureza de Benedito há diversos testemunhos assim: “Na presença dele todos tinham a impressão de estar diante de um Anjo”.

Em 1652, quando ele foi declarado Padroeiro de Palermo, São Benedito foi aclamado como “Templo da virgindade e do ESPÍRITO SANTO.”

A promessa Divina é linda e consoladora: “Os justos, que ensinaram a Justiça, brilharão como sóis por toda eternidade”.

O Padre Michele descreve novamente: “Os olhos de São Benedito estavam sempre brilhando quando ele rezava. O Santo ficava todo envolto numa luz celestial, de grande esplendor. Era maravilhoso”.

Outra testemunha do próprio Convento, contou o seguinte fato: “Certa noite, ao entrar na Igreja para rezar, vi num canto uma claridade que me chamou a atenção. O que seria? Não havia candeeiro e nem vela acesa. Contudo, alguma coisa brilhava intensamente. Cheguei mais perto e reconheci: era Frei Benedito, de joelhos rezando, rodeado de luzes que iluminavam o seu corpo que brilhava”.

Como Sacristão, Frei Benedito ajudou a Comunidade religiosa de maneira eficiente e modelar. Terá comungado no máximo, uma vez por semana, conforme o costume da época. Todavia, mesmo não podendo comungar, ele ajudava a Santa Missa todos os dias, celebradas pelos Sacerdotes do Convento e por outros Padres que se hospedavam em Santa Maria de JESUS. No ofício de Acólito ou Coroinha, Frei Benedito encontrava sempre um imenso e insubstituível prazer.

Sobre a devoção Eucarística de Benedito, apresentamos as palavras do Padre Inácio de Siracusa: “Frequentei durante cinco meses a Igreja de Santa Maria de JESUS e vi muitas vezes Frei Benedito participando da Santa Missa. Sua devoção e piedade chamavam a atenção de todos. Imóvel e com os olhos fixos no Altar, parecia ver a realidade contida na Eucaristia, o próprio JESUS”.

Frei Benedito também amou muito nossa MÃE SANTÍSSIMA, e também foi muito amado por ELA. NOSSA SENHORA sempre alcançava de DEUS para Benedito, tudo aquilo que ele LHE suplicava.

O transporte coletivo mais comum, naquela época, era a carroça. Certo dia o senhor João Jorge Russo com sua esposa, filhos e parentes, foram visitar o Convento dos Franciscanos. Já bem perto, a carroça ao atravessar uma ponte, tombou e caiu, esmagando o seu filho mais novo. A gritaria foi grande e os Frades correram para ajudar, socorrendo os feridos e com esforço viraram a carroça. Frei Benedito pegou o corpinho inerte da criança em seus braços e carinhosamente passando a mão sobre a face do menino, disse:

- “Tenham muita confiança em NOSSA SENHORA. Vamos rezar”.

Todos se ajoelharam e começaram a rezar. Neste mesmo momento, a criança abriu os olhinhos, como se estivesse acordando de um gostoso sonho. Sim, saiu do sono da morte e ressuscitou para a vida. O milagre de DEUS foi efusivamente comemorado por todos, enquanto Frei Benedito, furtivamente, sem que ninguém percebesse, saiu dali e foi rezar na Igreja, agradecendo o milagre a JESUS e a MÃE DE DEUS.

CONTRA A SUPERSTIÇÃO

O primeiro e maior Mandamento da Lei de DEUS diz o seguinte: “Amarás o SENHOR teu DEUS, de todo o teu coração, de toda a tua alma, com toda a tua inteligência e com todas as tuas forças”. O Padre Aloísio Teixeira de Souza CSSR, escreveu com muita propriedade, que a superstição é inimigo número um do grande Mandamento Divino. Em vez de levar as pessoas para adorar a DEUS e só NELE confiar e colocar a sua esperança, substitui o SENHOR por um objeto, ou por uma “coisa”, na qual querem confiar. Para o supersticioso, não é DEUS quem dirige o mundo e os destinos da humanidade, mas os astros, aquele número da sorte, o horóscopo, aquela planta amazônica ou um animal! E por essa razão, há teólogos que chamam a superstição de “sacramento do diabo”, em que a palavra sacramento neste caso, tem o sentido de sinal, ou seja, o supersticioso demonstra (é sinal de) que está contra DEUS. E por essa razão, Frei Benedito não suportava uma pessoa supersticiosa.

Uma senhora cujo marido bebia demais pensou em procurar Frei Benedito para lhe pedir uma ajuda. Todavia, antes, ela decidiu passar num curandeiro, que lhe deu um pó preto, o qual deveria ser colocado uma colher de sopa, na comida e na bebida do seu esposo para curar o seu vício.

Depois ela seguiu para o Convento e foi recebida asperamente por Frei Benedito, que foi logo dizendo: “Some daqui com esta droga diabólica que lhe acompanha”.

Envergonhada e compreendendo o alcance de seu erro, jogou fora o pó preto e voltou arrependida para pedir a bênção a Frei Benedito.

Desta vez ele a recebeu alegremente. Deu a bênção que ela pedia e prometeu que ao regressar a sua casa encontraria o marido calmo e completamente mudado. E assim aconteceu, daquele dia em diante, César Russo, o esposo daquela mulher, tornou-se um homem trabalhador, honesto e excelente marido, e inclusive, abandonou o vício da bebida.

DOM DA PROFECIA

O Profeta Joel fez a previsão de que o ESPÍRITO SANTO ia distribuir com abundância o “Dom da Profecia” , e São Lucas, autor dos Atos dos Apóstolos, confirmou o fato e esclareceu que não era o “Dom da Pregação”, mas sim o “Dom do Conhecimento do Futuro”.

E DEUS deu também esse Dom ao seu servo Frei Benedito, que soube fazer dele um uso muito útil.

O espanhol Antonio Vignes, residente em Palermo, era comerciante e atacadista na cidade. Fez compras de muitas mercadorias e estava esperando um navio que nunca chegava. Isso o deixou aflito e preocupado. Será que a embarcação foi atacada por piratas? Não suportando mais aquela expectativa e incerteza, foi procurar Frei Benedito no Convento, que o tranquilizou:

- “Pode ficar sossegado. Mais alguns dias o navio chegará com sua carga são e salvo. Ele ficou retido alguns dias na Sardenha, por falta de ventos favoráveis que enfunassem as suas velas”.

Muito grato a Frei Benedito, quando o navio chegou o comerciante pegou uma boa quantidade de peixes secos e levou para o Santo e seus Confrades. Mas o importante é que ele, o comerciante, não tinha avisado ao Santo que ia lhe enviar os peixes. Todavia no Convento, Frei Benedito foi à cozinha e deu a ordem: “Não preparem o almoço agora, esperem os peixes chegar. Não vai haver nenhum atraso”. E realmente, logo depois, o comerciante espanhol chegou com o presente que alegrou a todos. E também, todos ficaram admirados e imaginando, como Frei Benedito pode saber por antecipação o que ia acontecer?

Em 1578, Frei Benedito foi chamado à casa do Prefeito de Palermo, Dom Vicenzo Platamone, para dar uma bênção a esposa dele, que estava num processo de parto encrencado, e inclusive, ela já estava desenganada pelos médicos. O Prefeito o recebeu chorando copiosamente e suplicando que ele socorresse sua esposa. Frei Benedito falou:

- “Vou à Capela rezar o Rosário, e antes de terminá-lo sua esposa dará à luz um lindo menino, que um dia será grande sacerdote religioso”.

Tudo aconteceu conforme a palavra do Santo: nasceu o menino forte e bonito, muito estudioso e responsável. Os pais queriam vê-lo formado em Advocacia. E ele obedientemente cursou a Faculdade de Direito e se formou com distinção. Desse modo, atendeu o desejo de seus pais. No ano seguinte entrou na Companhia de Jesus, frequentou o Seminário e se tornou um famoso Sacerdote Jesuíta.

 

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