AS EPÍSTOLAS
De Roma ele escreveu duas cartas: a primeira
endereçada aos fieis da Ásia Menor, principalmente aqueles do Ponto, da Galáxia, da
Capadócia e da Bitínia. Presume-se que ele escreveu esta epístola um pouco antes do
ano 64 e contou com a colaboração de Silvano e Marcos, que também ajudaram São
Paulo. Na parte final da carta, escreveu:
“Por Silvano, irmão fiel, como entendo, vos escrevi em poucas palavras, exortando-vos e testificando que esta é a verdadeira graça de DEUS, na qual deveis permanecer firmes. A (Igreja) que está em Babilônia (Roma), eleita como vós, vos saúda, como também Marcos (o Evangelista), o meu filho. Saudai-vos uns aos outros com o ósculo da caridade. A paz esteja com todos vós os que estais em CRISTO JESUS! Amém.” (1 Pd 5,12-14)
Pouco tempo antes de escrever a Segunda Epístola, provavelmente no início do ano 67, endereçada a todas as Comunidades Cristãs, em êxtase recebeu um aviso do SENHOR, que sua missão estava chegando ao fim, por isso escreveu:
“Entendo que é justo despertar-vos com minhas admoestações, enquanto estou nesta tenda terrena, sabendo que em breve vou me despojar dela, como, aliás, nosso SENHOR JESUS CRISTO me revelou.” (2 Pd 1,13-14)
PRISÃO E MORTE
Segundo a Tradição Cristã, Pedro foi preso nos
primeiros meses de 67, como cúmplice do incêndio da cidade de Roma. Foi
condenado à morte de cruz, conforme sentença da primeira sessão do Tribunal
Romano, sob a ordem do Imperador Nero. A execução foi consumada pelos lictores
e soldados da guarda pretoriana, na colina do Vaticano, no mesmo dia em que
Paulo foi decapitado. (Conforme carta de Clemente, bispo de Roma em 95 –
Arquivo do Vaticano). No momento da execução, Pedro pediu para ser crucificado
de cabeça para baixo, porque não se sentia digno de morrer na cruz, como
CRISTO morreu. Os carrascos atenderam a sua última vontade.
Os documentos a seguir testemunham a crucificação do Apóstolo:
A maneira como ocorreu e o local onde Pedro morreu, deveria ser conhecida em muitos círculos Cristãos no fim do primeiro século, da mesma maneira que está bem clara a citação no Evangelho de São João relativa à profecia de CRISTO sobre Pedro, afirmando que ele seria conduzido onde ele não queria ir. Isto para significar qual o tipo de morte que teria para glorificar a DEUS. JESUS disse a Pedro: “Em verdade, em verdade, te digo: quando eras jovem tu te cingias e andava por onde querias; quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te conduzirá aonde não queres.” (João 21,18-19). Tal citação concede aos leitores um conhecimento seguro sobre o modo de como Pedro foi morto.
Outro testemunho relativo ao martírio de Pedro e Paulo, é fornecido por Clemente de Roma em sua Epístola aos Coríntios (escrita cerca de 95-97 AD), em que ele diz: "Por zelo e astúcia o maior e a maioria dos Discípulos íntegros (da Igreja) sofreram perseguição e foram levados à morte. Coloquemos diante de nossos olhos o bom Apóstolo São Pedro, o qual foi submetido a um tratamento injusto e cruel, sofrendo numerosas misérias, e assim, tendo dado testemunho do SENHOR, foi martirizado, e entrou no lugar merecido da glória". A seguir, ele menciona Paulo e vários outros eleitos que juntos ou isoladamente, sofreram o martírio “entre nós” (hemin de en, i.e., entre os romanos, IV). Clemente de Roma está se referindo a perseguição que Nero covardemente fez aos cristãos, e aqui, ele coloca em realce o martírio que Pedro e Paulo sofreram naquela época.
Nero foi Imperador Romano entre 54 e 68. Em
Julho de 64 começou a terrível perseguição que empreendeu contra os cristãos, e no começo
de 68 fugiu de Roma e se suicidou. Assim sendo, a morte de Pedro aconteceu no mencionado
período, de Julho/64 a princípio/68. O ano 67 é aquele de maior preferência entre os biógrafos
e da Tradição Cristã. Contudo, o dia do martírio também é desconhecido; 29 de junho, foi o
dia escolhido para a sua Festa desde o quarto século, todavia, não existe uma
prova concreta de que foi exatamente no dia 29 que ele morreu.
Ainda relativo à maneira da morte de Pedro, possuímos uma tradição, atestada por Tertuliano ao término do segundo século e por Orígenes (conforme História Eclesiástica, II, Eusebius Pamphilus, Bispo de Caesarea – 265/339) afirmando que ele foi crucificado. Orígenes disse: "Pedro foi crucificado em Roma com a cabeça para baixo, como ele tinha desejado morrer".
TÚMULO DE PEDRO
Ao pé da Colina do Vaticano,
nas proximidades da Via Cornélia, o Príncipe dos Apóstolos encontrou o seu
lugar de sepultamento. Deste sepulcro, Caius já falava no terceiro século.
Durante um tempo os restos de Pedro e Paulo foram postos em
uma abóbada na Via Ápia no lugar “ad
Catacumbas” onde a Igreja de São Sebastião está localizada.
(A sua ereção no século IV foi dedicada aos dois Apóstolos). Os restos
provavelmente tinham sido levados para lá no começo da perseguição de
Valeriano em 258, para protegê-los contra a ameaça de dessacralização
empreendida pelo Imperador Romano, quando o Cemitério dos Cristãos foi
confiscado. Depois os restos mortais retornaram ao local anterior, e o Imperador
Constantino, o Grande, fez uma Basílica magnífica erguida em cima do
sepulcro de Pedro ao pé da Colina do Vaticano. Esta Basílica foi substituída
no décimo sexto século pela atual Basílica de São Pedro. Abaixo da estrutura
do altar, em cima da abóbada que abriga o sarcófago com os restos do Apóstolo,
foi feita uma cavidade. Ela estava fechada na frente por uma pequena porta ao
lado do altar. Abrindo a porta o peregrino poderia desfrutar do grande privilégio
de se ajoelhar diretamente em cima do sarcófago de Simão Pedro. A Chave desta
porta só era concedida com especial autorização. (cf. Excursões de Gregory,
"De gloria martyrum", I, 28).
A memória de São Pedro também está
associada a Catacumba de Santa Priscilla na Via Salaria. De acordo com a Tradição
Cristã, São Pedro ali instruiu os cristãos e administrou o batismo a muitas
pessoas. Esta tradição parece estar baseada em testemunhos mais antigos. A
catacumba está situada debaixo do jardim de uma vila da família de um antigo
Senador Cristão, a mansão era denominada de Acilii Glabriones, e a sua construção
foi antes do fim do primeiro século. Acilius Glabrio, foi cônsul romano em 91.
Quando descobriram que ele era cristão, foi condenado a morte pelo Imperador
Domiciano. É bem possível que a fé da família tenha se originado no tempo
Apostólico, e que segundo a Tradição, o Príncipe dos Apóstolos recebeu uma
hospitaleira recepção na casa do cônsul, durante a sua estada em Roma.
Em recentes escavações iniciadas em 1940, realizadas embaixo da Basílica de São Pedro, no Vaticano, os arqueólogos observaram que todos os túmulos convergiam para um túmulo especial. Ao redor dele tinha sido construído um muro de terracota, pintado em vermelho e que pelas inscrições, era particularmente venerado. No muro continha desenhos de grafitos, que peritos leram as letras: “PE – TR”, iniciais do nome grego Petros (Pedro), e “EN” que queria dizer “ENI”, ou seja “está aqui”. Então significa: “Pedro jaz aqui”. Assim, as escavações arqueológicas permitiram identificar o lugar exato da sepultura de Pedro, situada sob o atual altar da Confissão. Os restos mortais foram transladados para a Basílica de São Pedro, onde se encontram num túmulo especial.