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ESCOLAS GRATUITAS

 

 

GUERRAS CIVIS E CARIDADE

Mas as guerras civis que se espalhavam pela França causavam uma grande desolação, enfraquecendo a religião, produzindo a derrocada dos costumes, a decadência moral, a destruição e a morte, além do abominável aumento da pobreza. Poucas pessoas viviam em condições normais, enquanto a grande maioria se encontrava em condições de extrema ausência de recursos: os homens do campo nas aldeias, e os trabalhadores de um modo geral nas cidades, viviam miseravelmente, sem instruções e sem condições financeiras para se instruir. Só um número reduzido podia enviar os seus filhos a Escola. E por isso mesmo, a grande maioria dos jovens não tinha recursos e condições de sonhar com um futuro promissor.

Entretanto, à medida que a paz se desenhava no horizonte, com a diminuição e término das guerras, despontavam em varias regiões, pessoas religiosas que caridosamente queriam ajudar os necessitados, que eram muitos. Madame Maillefer, (Senhora Jeanne Dubois), prima de João Batista, já vinha ajudando os jovens pobres na cidade de Reims, auxiliando o Padre Nicolás Roland no seu projeto com as Irmãs do Menino Jesus. Todavia, se deslocou para a cidade de Rouen em companhia do marido por motivo de trabalho, e lá fixou residência. E naturalmente, lá em Rouen, continuou o mesmo trabalho com as meninas pobres. Com o falecimento de seu marido, depois de dois anos de trabalho, quis continuar com o seu programa de dar esmolas e educar os jovens pobres, com a maior intensidade possível. Inclusive iniciou uma instalação em Rouen, de um educandário para meninas pobres, seguindo as orientações do seu primo, Padre Nicolás Roland. Mas aconteceu que ele também, depois de um exaustivo e eficiente trabalho com as Irmãs do Menino Jesus e na Catedral de Reims, faleceu prematuramente, conforme já mencionamos acima. E Madame Maillefer, não sentindo condições de realizar sozinha aquela obra em Rouen, procurou arranjar uma pessoa para ajudá-la. Por indicação de amigos e parentes, ficou conhecendo e contratou o senhor Adrian Nyel que era pessoa conhecida no ramo de educação das crianças. Mas, na sequência dos meses, refletindo sobre a grandeza do trabalho, considerou melhor se unir ao projeto do seu primo Padre João Batista em Reims, que era o continuador da obra do Padre Nicolás Roland, e por isso, lhe enviou o senhor Nyel com uma carta bem explicativa, a fim de estudar as possibilidades de auxilio mútuo, no mesmo ramo de assistência aos pobres. E assim, depois dos naturais entendimentos, Madame Maillefer se uniu ao trabalho do seu primo Padre João Batista, ajudando a obra com empenho e dedicação, e o senhor Nyel, ficou como auxiliar imediato. E nesta oportunidade, decidiram começar a primeira Escola gratuita para meninos na Paróquia de São Mauricio. O Pároco acolheu a proposta com muita alegria e prometeu ajudar o projeto. Todas as providências foram acertadas e devidamente preparadas, e as aulas começaram na Paróquia em 1679. E assim, esta foi à primeira das muitas Escolas gratuitas Fundadas em Reyms, Rouen e redondezas.

 

HOMEM DE GRANDE CULTURA

Em 1680, acabou o tempo da Licenciatura para o Padre La Salle, ele tinha realizado todos os exercícios e exames na Faculdade de Teologia de Reims e de Paris, recebendo o “título de Doutor”.

 

DISCIPLINA NECESSÁRIA

Em 1681 surgiram alguns contratempos na organização das Escolas gratuitas, pois professores começaram a “matar aulas” dando um terrível mau exemplo e transtornando o andamento do projeto de educar. Com o objetivo de minimizar falhas, Padre João Batista alugou uma casa onde reuniu todos os professores, também com o objetivo de melhor facilitar a fiscalização dos mesmos. E juntando o útil ao necessário, neste local reservado a eles, teve a oportunidade de lhes ensinar religião e os fundamentos da ordem e do bom comportamento. No Natal de 1681, as escolas que eram três, já observavam fielmente o ritmo de exercícios que Padre João Batista lhes havia prescrito.

 

PRIMEIRA CASA DAS ESCOLAS CRISTÃS

Em 1682, Padre João Batista decidiu avançar mais com o projeto, alugando uma casa na Rua Nova, num Bairro mais afastado, defronte ao muro das Religiosas Clarissas. Ali, ele também passou a morar com os professores e o auxiliar Adrian Nyel, com o objetivo de melhor instruir os seus professores e de criar um ambiente de grande harmonia e entendimento, para o bom êxito de todos os trabalhos. Ocuparam o imóvel no dia de São João Batista, dia 24 de Junho. Este imóvel se tornou a PRIMEIRA CASA DO INSTITUTO, Casa que os Irmãos das ESCOLAS CRISTÃS, ocupam desde aquele tempo até hoje, e que foi comprada definitivamente com a ajuda de pessoas caridosas no ano de 1700.

 

INSTRUÇÕES REGULAMENTADAS

E como medida importante, ele estabeleceu um “Regulamento de Convivência” para todas as horas do dia, tendo como base o “silêncio” , que todos deveriam seguir com simplicidade e obediência. Este “Regulamento” tinha por objetivo acostumá-los ao recolhimento e ao domínio das paixões, e por isso, ele também os aconselhava a rezar sempre e a receber os sacramentos com a necessária frequência.

As notícias do bom êxito das Escolas gratuitas se espalharam com rapidez, isto por que, as pessoas ficaram cientes vendo as vantagens que poderiam usufruir com a abertura dessas escolas, e por isso mesmo, entraram em contato com o Padre La Salle solicitando educandários para as suas regiões. Com o calendário organizado, Padre João Batista enviava o seu Auxiliar Nyel para as providências e indispensáveis preparação. E assim, as Escolas se multiplicaram.

 

DECEPÇÃO E SOFRIMENTO

Como é natural, com o crescimento do número de jovens nas escolas, cresceu também a necessidade de aumentar o número de professores, para ministrar aulas e ensinamentos bem preparados e adequados a realidade da época. Todavia, “como ninguém traz estrela na testa, indicando que é bom ou não”, aqueles professores de gênio e caráter duvidoso, logo começaram a decair de fervor, relaxando o cumprimento das “Regras” e influenciando uma boa parte dos colegas professores, que decidiram abandonar o Padre La Salle, renunciando a idéia de se consagrar à instrução da juventude.

O Padre João Batista de La Salle sofreu com este acontecimento, mas a oração refez as suas forças, permanecendo confiante e grato ao SENHOR por lhe propiciar o equilíbrio espiritual necessário. Reuniu aqueles que permaneceram fiéis e continuou firme no seu trabalho. Logo, em muito breve espaço de tempo, apareceram vários candidatos a professores, cheios de boa vontade e de muito fervor. E para ajudar a firmá-los no caminho escolhido, instituiu também um uniforme, a fim de diferenciá-los das pessoas do mundo, e os persuadiu a esquecerem o “nome de professores”, com que eram conhecidos por suas funções, e passaram a adotar o nome de “IRMÃOS DAS ESCOLAS CRISTÃS”.

Os meses e anos decorreram, vivendo na paz em total união, revelando um só coração e um só espírito. Tudo lhes era comum, nenhum interesse pessoal dividia o interesse principal e presente.

 

PROTEÇÃO PARA A VIDA

Entretanto, como viviam numa condição modesta, sem reservas para o futuro, começaram a surgir uns pensamentos de desconfiança, que os intranquilizaram. Começaram a pensar: "E se o Padre La Salle viesse a lhes faltar? O que aconteceria a nós e ao Instituto?" Era o tema fundamental do pensamento deles, que revelava uma forte desconfiança.

Padre João Batista lhes perguntou as razões daqueles pensamentos? E eles lhes responderam com franqueza: "Não vemos nada firme e nem estável na Fundação, que o menor transtorno poderá ruir todos os projetos. Então isto é muito triste para nós, sacrificar nossa própria juventude a serviço do bem público, e depois ficarmos desamparados, velhos e às vezes até doentes!..." Padre La Salle, cujos pensamentos estavam arraigados na Providência Divina, confiando plenamente em DEUS, argumentou solidamente, buscando reanimar a coragem e a fé dos Membros do Instituto: “Homens de pouca fé! Então querem colocar limites à Divina Providência? Não sabem que a bondade do SENHOR é sem limites?”

E citou todas as passagens evangélicas, as mais expressivas, sobretudo, repetindo-lhes: “DEUS conhece as vossas necessidades e jamais deixará de ajudá-los e socorrê-los, se fordes fiéis a ELE”. Tudo isto, sem dúvida, é uma perfeita e completa verdade. Mas na realidade, eles, os jovens professores, não duvidavam da Providência Divina, tinham honesta fé em DEUS NOSSO SENHOR. Mas raciocinavam dentro da realidade humana, presente, na qual não existia nada materialmente reservado para eles. E em qualquer organização é sumamente imperioso se prever reveses e vitórias na existência. E por isso insistiram: “Para o senhor é fácil nos falar bonito assim! Nada lhe falta, tem dinheiro, uma situação privilegiada com um Diaconato na Catedral. Tudo isto o coloca a salvo da miséria, que indubitavelmente cairemos se falharem as Escolas...”

 

CULTIVO DA POBREZA

Padre João Batista refletiu e sentiu a seriedade da argumentação percebendo que eles tinham razão de lhes falar assim, por que ponderavam sobre a realidade do futuro de cada um, um fato real e presente. Por isso, a partir daquele momento, pensando muito e rezando com fervor, suplicando a Luz do ESPÍRITO SANTO, teve a inspiração de ser pobre, de também cultivar a pobreza na posse dos bens, exercitando a pobreza em plenitude, como aparentemente ele vivia pobre no quotidiano. Mas isto não foi fácil, a família e os amigos não concordaram e aconselhavam que ele não doasse os seus bens aos pobres. Por outro lado, Padre João Batista também atacou o lado referente ao seu trabalho na Catedral. Pediu o afastamento, mas o senhor Arcebispo não quis conceder a sua liberação. E este assunto se alongou por meses, por que o trabalho que ele realizava na Catedral era importante e do agrado de todos.

 

RENÚNCIA DOS BENS

Em 1683, por decisão própria, renunciou os seus bens. Era uma posição consciente. Por esse motivo, investiu por outro lado: quis destinar todos os seus bens aos Irmãos das Escolas. Mas aqui, além da recusa dos familiares, não havia um suporte e nem um parecer juridicamente legal, por que inclusive as Escolas não estavam oficializadas.

Os meses seguiram e grassou uma terrível fome naquela região. Padre La Salle encontrou o início da solução, foi vendendo tudo o que lhe pertencia e comprou alimentos, que distribuiu organizadamente a todos os necessitados, não deixando nenhuma família em falta durante dois longos anos.

 

DEIXOU O TRABALHO NA CATEDRAL

Finalmente, também conseguiu deixar de ser Cônego, com o consentimento do senhor Arcebispo, cedendo o seu lugar a um Padre necessitado. E continuou exclusivamente com o seu trabalho nas Escolas, vivendo na pobreza, sem possuir bens pessoais, junto com os seus professores. Deste modo, ele passou a trilhar um caminho em busca da segurança legal para o Instituto, com a finalidade abrangente de beneficiar a todos em quaisquer circunstâncias da vida. Então era necessário, em primeira instância, oficializar e legalizar juridicamente o Instituto.

 

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