Site hosted by Angelfire.com: Build your free website today!

 

=A CONGREGAÇÃO=

“ARCEBISPO DE CUBA”

 

FUNDAÇÃO DOS CLARETIANOS

Depois de 15 meses de trabalho intenso, em meados de Maio ele deixou as Canárias e regressou a Espanha, chegando a Barcelona, e depois a Vic. Tinha em mente outro projeto, fundar uma “Congregação Missionária de Sacerdotes” que denominou: “Filhos do Imaculado Coração de Maria” (os Claretianos). E por essa razão, queria trocar idéias com os amigos: Cônego Soler que era o Reitor do Seminário; Dom Casadeval Bispo de Vic, e o amigo Padre Passarell. Com o apoio e aval deles, levou o assunto ao conhecimento de diversos Sacerdotes que já estavam animados pelo mesmo anseio e que aceitaram sem titubear, por que sem dúvida, já tinham sido escolhidos pelo SENHOR.

No dia 16 de Julho de 1849, animados de grande fervor, os Padres juntos, unidos no mesmo ideal, começaram com exercícios espirituais no Seminário, com a aprovação do senhor Reitor e do senhor Bispo.

ARCEBISPO DE SANTIAGO DE CUBA

Aconteceu que no dia 11 de Agosto, após o final de uma palestra que dava para o clero de Vic, comunicaram-lhe que o senhor Bispo de Vic precisava conversar urgente com ele. Com presteza se dirigiu ao palácio episcopal e diante do prelado, o senhor Bispo lhe passou as mãos um Decreto Real datado de 4 de Agosto, que o nomeava Arcebispo de Santiago de Cuba. Padre Antonio ficou perplexo e meio desajeitado, e por isso declarou não ser possível aceitar aquela nomeação. E pediu ao senhor Bispo para transmitir à Corte sua decisão irrevogável. Ele não queria abandonar a sua “Livraria Religiosa” , com os muitos livros que escreveu e distribuía ao povo, assim como, acabar com a “Congregação Missionária dos Filhos do Imaculado Coração de Maria”, que estava nascendo, e dava os primeiros passos.

Mas o Bispo de Vic, seu Superior, pressionado pelo Núncio Apostólico Dom Brunelli e pelos rogos do Ministro da Justiça, Lorenzo Arrazola, ordenou que ele fosse. Ele estarrecido, não ousava dizer “sim” , mas por outro lado não podia desobedecer, dizendo “não”. Então pediu ao senhor Bispo alguns dias para rezar, a fim de poder confirmar a sua resposta conscientemente. Convocou quatro sacerdotes, seus amigos, homens sábios, virtuosos e da sua inteira confiança, pedindo-lhes orações, para que após alguns dias de retiro espiritual, ele pudesse, enfim, conhecer a Vontade de DEUS e poder então, confirmar a sua resposta ao senhor Bispo. No dia combinado, depois de conferenciar com os quatros sacerdotes, obteve a resposta clara e definitiva: “Era a Vontade de DEUS que ele aceitasse, sem objeções”. E assim foi feito.

Dia 6 de Outubro de 1850, festa de São Bruno, fundador da Ordem Cartusiana (Cartuxa), Padre Antonio Maria Claret foi Sagrado Arcebispo na Catedral de Vic. Na terça-feira, dia 8 de Outubro, ele foi a Madri e no dia 13, o Núncio Apostólico Senhor Brunelli lhe impôs o pálio.

No dia 20 de Dezembro a fragata “La Nueva Tereza Cubana” iniciou a viagem que conduziu o senhor Arcebispo Antonio Maria Claret a Cuba. Desembarcaram em Havana depois de uma boa viagem. Na verdade enfrentaram algumas tempestades e agitação do mar, por causa de mau tempo, mas chegaram bem, sem dificuldades.

No dia seguinte, fizeram a entrada solene na cidade, de acordo com o protocolo. E em seguida, deu início aos trabalhos missionários na capital e na cidade do Cobre, a 27 quilômetros de Havana, onde ele venerou a imagem de NOSSA SENHORA DA CARIDADE, que é a padroeira do país.

Com ele, vieram a Cuba uma boa equipe de Sacerdotes e algumas irmãs de Caridade, que ajudaram efetivamente nos serviços pastorais e nas atividades missionárias em todas as cidades e nos pequenos lugarejos cubanos, onde trabalharam.

Estando em Cuba, mantinha forte correspondência com os sacerdotes da sua Congregação em Vic, a fim de que eles não esmorecessem no trabalho e firmassem no mesmo ideal.

Em Cuba, com tristeza pode presenciar os estragos extraordinários causados por diversos terremotos que sacudiram a ilha, no período de Agosto a Dezembro de 1851, atingindo praticamente todas as cidades, causando uma impressionante destruição e mortes.

Além da perda de vidas e de materiais, nos quatro primeiros meses dos cataclismos também surgiu uma terrível epidemia de peste e cólera-morbo que matou muita gente e apavorou as cidades. O Arcebispo Antonio Maria Claret, assim como os sacerdotes que o acompanhavam e todo o clero local, fez um trabalho belíssimo, atendendo a população desesperada que não sabia o que fazer. E apesar dos terremotos e da cólera, o Arcebispo e seus sacerdotes continuavam a se deslocar a pé, pregando e atendendo a população de todas as cidades e lugarejos, levando a palavra e o Amor de DEUS assim como, estimulando a conversão do coração do povo.

A seguir, adquiriu uma chácara em Porto Príncipe e colocou cristãos especializados para administrar e produzir frutas e legumes, e nela, passou a acolher os pobres que viviam pedindo esmolas e comida nas ruas de Havana e de outras cidades. Lá eles recebiam um aprendizado profissional, tinham dormitório e alimentação para a existência. Depois de alguns anos de estadia, os que tiveram aproveitamento, eram liberados e passavam a viver em função do trabalho que aprenderam, sendo empregados ou trabalhando por conta própria, recebiam o salário e a recompensa merecida pelo trabalho realizado.

A chácara estava dividida em duas seções, uma para mulheres e outra para homens, em que os administradores buscavam a recuperação total da pessoa: no aprendizado, alfabetização, saúde, alimentação, fundamentos da religião e uma profissão necessária ao viver no quotidiano, assim que deixassem a instituição.

AGRESSÃO COVARDE E TERRÍVEL

Em 1856, realizando a quarta visita pastoral a diversas cidades, ele chegou a Holguín no dia 1º de Fevereiro, sexta-feira, vigília da Festa da Purificação de NOSSA SENHORA. A cerimônia foi muito bonita com a celebração eucarística bem participada pelo povo, oportunidade em que ele com muito fervor, falou sobre a grandeza e as virtudes de MARIA. Terminada a função litúrgica na Igreja, saiu um tanto apressado em companhia de quatro sacerdotes e do seu auxiliar para a casa onde estava hospedado. À frente, levando uma boa lanterna, ia o sacristão, pois já estava escuro, era por volta de 20 horas e 30 minutos. Ao entrar na rua principal, larga e extensa, era cumprimentado por várias pessoas, inclusive muito daqueles que estavam na Igreja. De repente aproximou-se um homem, disfarçando como se quisesse beijar o anel do Arcebispo, e rápido levantou o braço com uma navalha na mão e desferiu um golpe certeiro, com toda a força, conseguindo rasgar o rosto do senhor Arcebispo no lado esquerdo, desde a orelha a ponta do queixo, além de produzir uma ferida no braço direito do prelado. Imediatamente o sangue jorrou em quantidade, deixando todos assustados, enquanto muitas pessoas acudiram e o levaram rapidamente a uma Farmácia mais próxima, ao mesmo tempo em que um grupo de gente agarrou o bandido e o entregou a Polícia, que o encarcerou.

A recuperação do Arcebispo foi lenta e inclusive, alguns médicos pensaram em operá-lo. Todavia, três coisas extraordinárias aconteceram durante a recuperação do Arcebispo:

1 – A cura instantânea de uma fístula que os médicos diziam incurável. Por causa do golpe de navalha, os canais salivares sofreram um rompimento e a saliva, líquida como água filtrava por um orifício em meio à cicatriz. Os médicos temiam arriscar uma cirurgia. Mas, as orações do senhor Arcebispo a NOSSA SENHORA e a JESUS foram mais fortes, resolveram a situação. No outro dia ele amanheceu curado, tendo a fístula desaparecido.

2 – Na cicatriz do braço direito, ficou gravada em relevo e a cores, branco e vermelho, uma efígie de NOSSA SENHORA DAS DORES com os traços absolutamente perfeitos e reconhecíveis. Ali permaneceu por dois anos para surpresa e admiração de todos, e depois foi desaparecendo aos poucos, até sumir completamente.

3 – No Arcebispo enraizou a idéia, que continuou crescendo, de fundar a Academia de São Miguel. Tão fixo ficou esse pensamento, que logo ao terminar a sua convalescença, começou a formular os planos para o projeto, que depois de elaborado, foi aprovado pelo Papa Pio IX.

Quanto ao malfeitor, o homem que feriu o Arcebispo Antonio, foi julgado e condenado. Mas o senhor Arcebispo o perdoou como cristão e sacerdote, inclusive, suplicou as autoridades em benefício do bandido, pedindo que lhe fosse  concedido o indulto.

CONFESSOR DA RAINHA

Mal terminada a missão e retornado a Havana, recebeu uma Ordem Real: a corte o convocava a retornar a Madri. Falecera o Arcebispo de Toledo, confessor de sua Majestade, a Rainha. O Arcebispo Dom Antonio Maria foi escolhido para substituí-lo.

Chegou a Madri em principio de Junho de 1857 e de imediato se apresentou a Rainha da Espanha, Sua Majestade Isabel II. Já no dia 5 de Junho recebeu a comunicação do Decreto pelo qual era nomeado Confessor dela.

O Arcebispo Antonio Maria Claret por suas virtudes e qualidades pessoais, logo ganhou o respeito e a amizade de todos. Passou também a ensinar catecismo à infanta Isabel, filha da Rainha e rezar o Terço e outras orações com a Rainha e todo o pessoal que servia ao Palácio. Da mesma forma, nas Santas Missas e nos Sacramentos, todos participavam com fé e muita devoção.

Mas, particularmente, apesar do respeito e do carinho como estava sendo tratado, o Arcebispo Antonio não gostava daquele ambiente tão luxuoso, cercado de tanta riqueza. Sentia-se como um passarinho na gaiola: “era bem tratado, mas se mantinha ansioso e forçava as varetas da gaiola com o objetivo de fugir e alcançar a liberdade”.

Por motivos políticos, que a Coroa tinha que exercitar, e os quais ele respeitava, mas detestava muito, inclusive por que estava afetando a sua saúde, decidiu se afastar da Corte. A Rainha implorou que ele ficasse e chorou muito, revelando a tristeza de seus sentimentos, mas ele não cedeu, com educação e fraterna amabilidade despediu-se da monarquia, e no dia 18 de Julho de 1865 viajou a Madri e depois a Vic, onde permaneceu.

É importante evidenciar aqui a violência e agressividade que imperava na política espanhola, principalmente considerando a ação dos comunistas que detestavam os cristãos. O Arcebispo Antonio sendo um homem honesto e responsável, jamais ofereceu espaço ou meios para as investidas daqueles que dominavam a política, e queriam mais favores e regalias. Não conseguindo a ajuda do Arcebispo, desencadearam uma abominável perseguição contra ele, caluniando a sua honra e inclusive, providenciando diversos atentados contra ele.

No dia 14 de Agosto de 1865, estando em oração na Igreja de São Domingos, diante do SANTÍSSIMO SACRAMENTO, NOSSO SENHOR lhe disse:

- “Irás a Roma”.

No dia 25 de Outubro de 1865 partiu para Roma e lá chegou no dia 4 de Novembro. Foi recebido pelo Papa Pio IX no dia 7, sendo aconselhado pelo Sumo Pontífice, que voltasse à Corte. Então, instalou-se a dúvida em seu coração: voltar ou não voltar?

Mas verdadeiramente ele não estava querendo voltar. Voltou sim, mas não para ficar, mas para resolver alguns assuntos do seu cargo. Mesmo assim, sendo um retorno temporário, o resultado foi desastroso, porque aconteceu o acirramento do ódio dos políticos liberais contra ele, e de tal modo e com tanta violência, que jamais ele sofreu tanto em sua vida. Uma enxurrada de perseguições caluniosas e aviltantes desabou sobre ele, sobre o seu nome e condição episcopal. A maioria dos jornais, revistas e pasquins de Madri e cidades próximas, dirigidos pelos liberais e proto-comunistas se fartaram em publicações ameaçadoras, agressivas, caricaturas grotescas, escritos escandalosos e aviltantes.

O venerando Arcebispo assistia a tudo com o coração amargurado, enquanto o Palácio adotava uma política de panos quentes, não reagia. Diante de tudo aquilo, decidiu deixar definitivamente a Corte e a Espanha, e seguiu para o exílio em Prades (na França) com seus missionários.

CONCÍLIO VATICANO I

No dia 24 de Abril de 1869 voltou a Roma e se encontrou com o Sumo Pontífice, a fim de se defender das absurdas acusações que os comunistas faziam, e também com o objetivo de ajudar a articular o Concilio Vaticano, que Sua Santidade queria realizar. O Papa Pio IX que sempre confiou nele ficou agradecido, porque também, não acreditava naquelas calúnias, pois sabia da santidade do Arcebispo Antonio e conhecia a pureza do seu caráter.

O Concilio começou com muita participação e interesse das autoridades religiosas, e as sessões se realizavam nas Capelas do cruzeiro do Vaticano, que foram preparadas para o evento. Os assentos estavam dispostos em forma de anfiteatro. Os trabalhos e canseiras do Concílio mantinham os conciliares muito ocupados no desejo de sustentar e defender os direitos da Igreja e do Sumo Pontífice. E os debates se sucederam e a verdade ficou em evidência.

Diversos problemas foram solucionados e, sobretudo, aconteceu à defesa veemente e com muito empenho do Arcebispo Antonio Maria Claret, que usou de fortes argumentos provando de maneira incontestável a infalibilidade Papal, quando o Pontífice trata de assuntos relacionados a Fé e a Moral Cristã. Por fim, cumprida a sua missão, voltou para o exílio em Prades, nos Pirineus orientais, que era a casa dos Missionários espanhóis.

FINAL DA EXISTÊNCIA

Certo dia anunciou a um dos Padres da Comunidade que o seu fim estava próximo. No dia seguinte, o Superior da Casa lhe confidenciou que ele deveria se ausentar de Prades. Era para o bem dele. Ele resignado, louvou a DEUS.

No dia 6 de Agosto de 1870 viajou para o Mosteiro Cisterciense de Frontfroide, também na França. A revolução de Setembro de 1868 na Espanha já ganhava corpo e se espalhava em todas as direções. Com poucas horas depois da sua partida para o Mosteiro, se apresentaram em Prades oficiais da policia para interrogá-lo... Mas ele já estava longe.

Hospedado no Mosteiro de Frontfroide, apesar da sua fraqueza, cada manhã assistia a Santa Missa conventual e, à tarde, participava das orações das vésperas e completas. E sempre que tinha uma oportunidade, descia a Igreja para uma visita a JESUS no SANTÍSSIMO SACRAMENTO, e também, em outras oportunidades, descia para rezar a Via Sacra ou outra devoção.

No começo de Setembro de 1870, cumpria-se o que ele havia predito: a humilhante derrota de Napoleão Bonaparte nos campos de batalha.

Nos primeiros dias de Outubro de 1870, sentiu-se atacado por uma dor nos nervos, que durante as noites dos dias 4 e 5, aumentaram de tal modo, que nem ele e nem o Capelão que o assistia puderam descansar. No dia 8, o seu estado era mais grave, não conseguia ingerir nenhum alimento. Percebendo que seu estado de saúde não oferecia mais nenhuma resistência ao mau que disseminava em seu organismo, pediu os Sacramentos. Recebeu o Santo Viático das mãos do Padre Xifré, Superior Geral da Congregação.

Durante a doença, não se cansava de beijar o Crucifixo e repetir fervorosas jaculatórias. Por fim, às 08h45min da manhã do dia seguinte, nove (9) de Outubro de 1870, entregou suavemente o seu espírito ao SENHOR.

Seus aposentos foram transformados em oratório, pois continuamente se ouviam as preces dos religiosos que velavam o seu corpo. No dia seguinte foi transladado para a Igreja, onde ficou exposto até o dia 27 de Outubro.

Foi sepultado no cemitério dos monges, porque as autoridades não deram permissão para sepultá-lo na Igreja. Gravou-se na lápide do sepulcro a seguinte frase:

“Amei a Justiça, aborreci a iniquidade e por isso morro no desterro”.

Em 1897 os seus restos mortais foram transladados para Vic, onde hoje são venerados na Igreja dos Missionários Claretianos, a primeira Casa da Congregação fundada por ele em 1849.

Foi beatificado no dia 25 de Fevereiro de 1934, pelo Papa Pio XI. Foi canonizado pelo Papa Pio XII, no dia 7 de Maio de 1950, e sua festa é celebrada no dia 24 de Outubro.

FIM

 

PRÓXIMA PÁGINA

PÁGINA ANTERIOR

RETORNA AO ÍNDICE