“CARIDADE E SANTIDADE”
JESUS AMOROSO
Quando chegou ao lar, foi direto para o quarto e ficou refletindo por um longo tempo. E então, nessa oportunidade, foi instruída interiormente sobre a oração e teve consciência do infinito e abrangente Amor de DEUS. Catarina compreendeu que ela era pecadora, e aquela foi uma experiência espiritual que trazia felicidade ao seu coração, porque significou uma orientação segura para o verdadeiro caminho de uma vida em DEUS. Mas essa maravilha a deixava tão feliz que não conseguia se expressar por palavras. Por isso mesmo, este fato marcou verdadeiramente o início da sua íntima união com DEUS através da oração. E então, nesse precioso momento, JESUS lhe apareceu totalmente flagelado e sofredor, com a coroa de espinhos e carregando a SUA Cruz. Essa imagem do Redentor, ficou tão profundamente gravada em sua alma, que ela chorava frequentemente lembrando-se da monstruosa ingratidão da humanidade que com seus pecados, não considera e nem se lembra do inestimável benefício da Redenção realizada por JESUS. NOSSO SENHOR assumiu todos os pecados da humanidade de todas as gerações, sendo covardemente condenado. Enfrentou terríveis e abomináveis flagelos, e por fim foi pregado na Cruz, e nela morreu derramando o SEU precioso e Sagrado Sangue sobre todas as gerações, infundindo graças e virtudes sobre todos nós, além de amorosamente escancarar as Portas do Paraíso Divino como presente de Salvação para Feliz Vida Eterna, dando oportunidade a todas as pessoas que acolherem o SEU AMOR e a SUA DIVINA MISERICÓRDIA.
CULTIVANDO A SANTIDADE
Poucos dias depois, ela voltou a Igreja e procurou o mesmo sacerdote para realizar, finalmente, uma boa confissão. Queria limpar definitivamente sua existência anterior. Depois, com a consciência tranquila, agora verdadeiramente começou a sua “vida de purificação”. Durante muitos anos, aqueles fatos estiveram vivos em sua memória e a fizeram sofrer pelos pecados cometidos. Esta realidade lhe infundiu uma corajosa fibra, que a levou a praticar sacrifícios e penitências para revelar a DEUS a sua transformação e a grandeza de seu amor que renasceu.
Também por desejo pessoal, conseguiu a graça especial e raríssima de poder receber a Sagrada Comunhão Eucarística nas Santas Missas todos os dias do ano. Verdadeiramente uma prática extremamente rara, principalmente para as pessoas leigas na Idade Média. E ela seguiu firme o seu caminho. Participava todos os dias da Santa Missa e recebia JESUS Sacramentado. Sentia-se tão fortificada com a Comunhão Eucarística, que chegou a passar os 40 dias da Quaresma sem tomar outro alimento, além de um copo com água misturada com vinagre e sal. E também, para que o seu corpo e seu espírito estivessem perfeitamente obedientes ao “Divino Amor” que a consumia, praticava severas flagelações, dormindo sobre uma modesta enxerga e tendo como travesseiro um pedaço de madeira. Quanto as orações, ela sempre rezava ajoelhada, com a maior concentração, durante 7 a 8 horas seguidas.
DEUS NUTRIA SEUS DESEJOS E NECESSIDADES
Nesse tempo da sua vida, Catarina sempre reservava um espaço para escrever os fatos da sua existência, oferecendo estimulo a todos que amavam o SENHOR. Todavia ela nunca se dispôs a se expressar claramente sobre a sua comunhão mística com DEUS, primordialmente pela sua imensa humildade e profundo respeito que sentia diante das Graças de NOSSO SENHOR. Na verdade, Catarina só deu conhecimento dos maravilhosos acontecimentos de sua vida, a partir da verdadeira perspectiva de que divulgando, ajudaria os outros no caminho espiritual. E assim, com um santo objetivo, aceitou contar o que lhe aconteceu na época da sua conversão. Com evidência afirmou, que sua alma era totalmente orientada pela Vontade Maravilhosa do SENHOR, que lhe proporcionava todas as coisas. E por isso mesmo, abandonou-se integralmente nas Mãos de JESUS durante 25 anos. Não utilizou nenhuma criatura instruída para orientá-la ou lhe ensinar os caminhos da existência. Absolutamente ninguém. Apenas DEUS nutria os seus desejos e as necessidades da sua vida, através da oração constante.
PROJETO AMOROSO
Na sequência Catarina idealizou dar um complemento auxiliar ao seu projeto amoroso com DEUS, realizando serviços úteis de auxílio aos doentes e necessitados. E foi então, que procurou o Hospital Pammatone, o maior complexo hospitalar de Gênova, e nele se empenhou com todas as suas forças e disposição, dando uma preciosa assistência, construindo amizades sólidas e dedicadas. Sua atuação foi admirada e aplaudida por todos, por sua fé e empenho. Para facilitar a sua atuação, separou no Hospital um cômodo onde pode residir e atender as necessidades com mais agilidade. Todos, de um modo geral, admiravam a sua firme e eficiente administração. Formou-se ao seu redor um efetivo grupo de seguidores, com discípulos e colaboradores, que perplexos de admiração, se mantinham fascinados pela sua fé cristã e sua caridade. A Diretoria do Hospital elevou-a ao Posto de Reitor do Pammatone.
Nessa época, devido às frequentes invasões de conquistadores, os soldados haviam trazido à sífilis e a peste, que se tornaram epidemias crônicas, atingindo toda a população, rica e pobre. Ela a todos dizia: "Não se encontra caminho mais breve, nem melhor, nem mais seguro para a nossa salvação do que esta nupcial e doce veste da caridade". Enquanto isso, a fama de sua santidade corria entre os fiéis.
POR SUAS FERVOROSAS ORAÇÕES
E trilhando sempre o caminho do bem, conseguiu que Giuliano Adorno, seu marido, deixasse sua existência de perdição, abandonasse aquele comportamento dissipado e se convertesse. Na verdade o que aconteceu, foi que Giuliano Adorno foi conquistado por ela, a ponto dele abandonar a sua vida desregrada, e de se tornar um terciário franciscano e se transferiu para o hospital, a fim de oferecer a sua ajuda à esposa. A conversão de Giuliano foi tão sincera e radical, que colocou o seu patrimônio financeiro à disposição para atender aos mais necessitados. Concordou em viver na companhia da esposa, como se fosse um irmão, sincero e espiritualmente dedicado ao Amor de DEUS. Catarina e Giuliano passaram a cuidar de todos os doentes, inclusive aqueles mais graves. Depois de alguns anos, em 1482 eles se mudaram para uma casa próxima ao Hospital. Giuliano totalmente convertido contraiu uma terrível enfermidade que não conseguiu curar, e morreu em 1497. Ela continuou cada vez mais despojada de tudo, servindo a DEUS na total entrega aos pobres, aos mais doentes e abandonados.
PROFUNDO EXERCÍCIO DA CARIDADE
A participação de Catarina no cuidado dos doentes ainda continuou por mais 13 anos até os seus últimos dias da jornada existencial. Na sua íntima comunhão com DEUS, foi premiada com dons especiais de profecia, conselho e cura. E continuando na sua obra caridosa entrou numa Associação Religiosa: “A Sociedade da Misericórdia”, constituída por famílias mais importantes e distintas de Gênova. Ela ficou encarregada de socorrer e distribuir esmolas aos pobres, doentes e os leprosos, proporcionando-lhes alimentação, roupas para vestir e habitação. Sua dedicação foi tão admirável que inspirou os diretores do Hospital a lhe entregar a administração de todo o complexo Hospitalar. Mas importante e deve ser ressaltado, que todo esse atencioso e admirável trabalho nunca lhe impediu de manter o seu coração sempre unido a DEUS.
De sua conversão até sua morte, não houve acontecimentos extraordinários, e realmente, somente dois elementos caracterizaram a sua vida inteira: por um lado, a experiência mística, ou seja, a sua profunda união com DEUS, vivida verdadeiramente como uma união esponsal; e, por outro, a assistência aos doentes, a organização do Hospital Pammatone e o serviço ao próximo, especialmente aos mais abandonados e necessitados. Esses dois pólos, DEUS e o Próximo, preencheram completamente a sua existência, que transcorreu praticamente servindo ao Hospital com dedicação e muito amor.
Em 1507, com o físico enfraquecido e também, por causa do constante contato com os mais contaminados, adoeceu e nunca mais se recuperou. Morreu em Gênova com 63 anos de idade no dia 15 de setembro de 1510. Seu corpo inicialmente foi sepultado na Capela do Hospital. Todavia, pouco mais de um ano depois, descobriram um filete de água que passava embaixo da parede onde estava o túmulo. O caixão ficou totalmente danificado, mas o Corpo de Catarina estava perfeitamente incorrupto. Foi transferida para um ataúde especial. O precioso ataúde foi transportado nos anos seguintes para diversos lugares, até que em 1694, seu corpo ainda incorrupto foi colocado num artístico cofre de prata, sob o altar principal de uma Igreja que foi construída em sua homenagem no Bairro de Portoria, em Genova.
ESCRITOS
Além daquelas anotações espirituais que ela começou a fazer desde um pouco antes do seu casamento, escreveu um livro autobiográfico denominado: “DIALOGO - A CATARININHA”.
Todavia, na acepção concreta da palavra, ela escreveu um único livro, descrevendo a sua vida e seu pensamento, e é dividido em três partes: “Vita” (a Vida); “Dimostratione et Dechiaratione del Purgatório” (também denominado = “Trattato del Purgatório”); e a terceira parte: “Dialogo tra l’anima e Il corpo”;
Traduzindo: (A Vida); (Demonstrações e Declarações do Purgatório) também denominado = (Tratado do Purgatório); e a última parte (Diálogo entre a Alma e o Corpo).
O Compilador da Obra de Santa Catarina de Gênova foi o seu Confessor Padre Cattaneo Marabotto. O livro foi publicado e comercializado em toda Ligúria e principalmente em Gênova a partir de 1551.
Em português o livro é conhecido pelo nome: “A VIDA E A DOUTRINA DE SANTA CATARINA DE GÊNOVA”.
BEATIFICAÇÃO E CANONIZAÇÃO
“CATARINA FIESCHI ADORNO” foi “BEATIFICADA” pelo Papa Clemente X, no dia 6 de Abril de 1675, no Vaticano. “CATARINA”, foi “CANONIZADA” pelo Papa Clemente XII, no dia 16 de Junho de 1737.
Em 1943, o Papa Pio XII a declarou “SANTA CATARINA DE GÊNOVA, Padroeira dos Hospitais na Itália”.
Sua Festa Litúrgica anual é celebrada e comemorada no dia 15 de Setembro.