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CARINHO E BONDADE INCOMPARÁVEIS

 

HOMEM DE FÉ CONSISTENTE

Liberto dos encargos determinados pelo Conselho de Consciência do Rei,  que o atemorizava, Padre Vicente se entregou completamente a missão de proporcionar conforto aos infelizes.

A guerra, a fome e a peste assolavam terrivelmente as Províncias do leste e norte da França; a mortalidade aumentava em proporções alarmantes. Padre Vicente agiu firme, recolheu vultosas quantias de dinheiro e os distribuiu aos necessitados através dos “Sacerdotes da Missão” e também pelas “Filhas da Caridade”. Além desta cuidadosa atenção, dedicadamente eles também assumiram o ofício de enterrar os mortos, de assistir aos doentes e servir sopas aos famintos.

Padre Vicente de Paulo era de fato um homem de DEUS. Ele nada fazia e nem construía, simplesmente motivado por uma inspiração pessoal. Todo o seu imenso trabalho, recheado de obras de todas as espécies, visava em especial o bem-estar humano, assim como socorrer primordialmente o necessitado, porque na verdade, por trás de todas as suas ações, havia um poderoso estimulador que era a Vontade Divina. Sua fé em DEUS era tão consistente, que lhe impedia de qualquer iniciativa que não lhe possibilitasse perceber, ainda que superficialmente, os desígnios da Providência Divina.

Só para evidenciar de maneira bem clara este seu procedimento, vamos apresentar alguns exemplos, que explicam claramente:

1) Nós lemos acima que Senhora de Gondi destinou uma elevada soma de dinheiro para a fundação de Missões nos imensos terrenos da família. O que fez Padre Vicente que era o seu Diretor Espiritual? Embora tivesse grande eloquência, muita disposição e preciosa virtude de falar, não pensou logo em ele mesmo, fazer as pregações. Visitou diversas Casas Religiosas, oferecendo as dezesseis mil libras da Senhora de Gondi, aos Jesuítas, aos Oratorianos, e a diversos Padres que ele julgou aptos para realizar aquela Missão. Em todos encontrou a mesma negativa de “impossibilidade”. Só então aceitou intimamente realizar aquela obra da Senhora de Gondi, que a Providência Divina de modo tão visível lhe reservou.

2) Aproximadamente cinco anos depois, Padre Vicente estava instalado com seus primeiros Missionários no “Colégio dos Bons Meninos” , cujo prédio estava em estado bastante deplorável. Monsenhor Le Bon, Cônego regular de São Victor, lhe ofereceu a Abadia de São Lázaro, com magníficos edifícios, jardins espaçosos e bem conservados. Uma oferta sedutora. Entretanto, Padre Vicente recusou. Monsenhor Le Bon não desistiu. Durante um ano voltou a procurá-lo e fazer a mesma oferta diversas vezes. O Padre sempre recusou aceitar. O Cônego acabou por perder a paciência e discutiu com o Padre Vicente, porque não conseguia entender aquela intransigência num acontecimento que ia melhorar a sua instalação. Por isso, mandou que ele ouvisse o parecer do seu Confessor. E foi assim que seguindo o conselho do seu Confessor o Padre Vicente aceitou a Basílica de São Lázaro, para onde transferiu a nascente Congregação da Missão.

Estava claro o procedimento do Padre Vicente de Paulo, ele não era um homem que fundava uma obra para fazer concorrência a outras existentes. Na verdade, ele nada empreendia sem conhecer de algum modo, a Vontade Divina. Assim, apoiado na Vontade de DEUS, prosseguia as suas obras com coragem inabalável, enfrentando dificuldades, injúrias e até ameaças. Padre Vicente de Paulo tinha uma fé tão sólida e viva, que fazia todos compreenderem em cada momento do seu cotidiano que: “DEUS era a sua vida”. Por isso mesmo, detestava todo e qualquer tipo de publicidade. Ele amava a sua Congregação, via e enxergava os progressos alcançados pelos seus Sacerdotes, mas não gostava de ouvir elogios, dizia: “Basta que DEUS conheça os fatos”. Ele não se deixava lisonjear pela grandeza. Era o mesmo Padre Vicente em todas as épocas: simples, humilde, com uma fé ilimitada em DEUS, que só buscava fazer o bem e transmitir amor ao próximo. E para emoldurar o quadro das suas preciosas e admiráveis virtudes, não podemos nos esquecer do verniz de acabamento, representado pelo seu completo desinteresse pelas coisas. Nunca pediu e nem quis aceitar nada para si mesmo ou para os seus parentes. Poderia ter ajudado a família, às vezes necessitada, arranjando melhores situações para os seus primos que eram Sacerdotes. Preferiu deixá-los nas mãos da Providência Divina. Ele, particularmente queria ser somente o “homem de DEUS” e o “homem das almas”. E por isso se tornou um dos maiores homens de “Ação” de todos os tempos.

 

BONDADE SEM LIMITES

O Salesiano Padre Arcanjo muitas vezes dizia: “A bondade é portadora do selo Divino”. É um dos atributos essenciais do SENHOR DEUS, que incessantemente brota do Sagrado e Misericordioso CORAÇÃO DE CRISTO. Assim sendo, quanto mais uma alma procura se identificar com o SALVADOR, mais ardente e luminosa brilha a sua piedade, imensa e tranquila se mostram a sua indulgência, assim como mais sincero e puro é o seu amor. Padre Vicente possuía todos estes tesouros albergados na sua alma e derramados pelo seu coração.

Sendo bom para todas as pessoas, sem distinções, Padre Vicente se excedia quando se tratava dos pobres. Sentia por eles uma grande e verdadeira ternura. Os sofrimentos deles feriam a sua sensibilidade e lhe arrancava exclamações de compaixão.  E assim, movido por aquela força interior, empregava todo o seu esforço para aliviar as dores, cercando-os com o maior carinho e uma profunda atenção.

Para se conhecer Padre Vicente verdadeiramente, e com perfeita clareza, seria bom, por exemplo, ler o Regulamento que ele compôs para a sua primeira Confraria de Caridade. Nele são traçadas as linhas de conduta ideal que deveriam ser seguidas pelas voluntárias no atendimento aos pobres. Os conselhos que minuciosamente insere no escrito são sem qualquer dúvida, resultado do seu imenso conhecimento e testemunho da sua longa prática pessoal.

Entre muitos aspectos interessantes que ele aborda, não se esquecendo absolutamente de “nada”, estabelece que no dia marcado para o atendimento, “a Dama de Caridade responsável pelo serviço dos pobres, deverá preparar a refeição e levá-la aos doentes. Falará com cordialidade sincera e sem afetação, cumprimentando-os alegre e caridosamente. Isto porque a Alegria mostrada na face tem grande importância para aquele ou aquela que sofre. Assim, a “esmola da alegria” na maioria das vezes vale mais do que um socorro material, porque leva um pouco de bem-estar a um sofrimento interior, iluminando com um doce e alegre sorriso as sombrias tristezas da indigência” (aquilo que lhe falta para viver).

Escreveu mais: “Nos Domingos e dias de Festa, as Damas da Caridade devem levar aos pobres, certas guloseimas, por exemplo: galinha cozida para o jantar. Nos dias de abstinência, dar-lhe-ão ovos, mas terão o cuidado de prepará-los, de acordo com o apetite deles”.

Padre Vicente não dimensionava o tamanho da caridade, ele não gostava de ajudar de modo mesquinho, restrito, dando ao pobre só o estritamente necessário.

E neste assunto, ele ainda continua: “Se apesar de tão delicadas atenções os amados doentes não melhorarem, as Damas da Caridade procurarão para que lhes sejam administrados os Sacramentos, e se for o caso, também se encarregarão do enterro, e assistirão aos funerais, ocupando neles o lugar de mães que acompanham os filhos ao túmulo”.

As ilustres senhoras que em Paris frequentavam as habituais reuniões do Padre Vicente, não cansavam de ouvi-lo, porque sua eloquência além de admirável e fervorosa estava sempre envolvida por uma lógica inquestionável, que evidenciava e despertava a razão.

Numa ocasião, a “Obra das Crianças Abandonadas”, atravessava uma fase terrível, na eminência de desaparecer irremediavelmente. A Obra foi fundada em 1638, e no inicio acolheu doze crianças que tinham sido abandonadas pelos pais. Dez anos depois já existiam na Obra cerca de 4 mil crianças, meninos e meninas abandonadas. Então para continuar mantendo o Projeto erram necessários recursos consideráveis, que as ajudas concedidas pelo Rei da França, as ofertas dos Benfeitores, assim como as esmolas recolhidas na população, já não eram suficientes, e a preocupação atingiu um grau bastante elevado no coração de todas aquelas senhoras e homens, que ajudavam na administração. As senhoras Damas da Caridade estavam na iminência de permanecer inertes, sem poderem prosseguir com aquela “Obra tão pesada”, que a infelicidade dos tempos a estava tornando “esmagadora”.

Padre Vicente alertado para o imenso problema convocou às senhoras Damas da Caridade para uma assembléia extraordinária. Iniciou suas palavras num tom tranquilizador e calmo, mas na realidade, a situação trágica que envolveria aqueles inocentes, e que fatalmente morreriam pela ausência de cuidados, arrancou-lhe brados pungentes, e disse com firmeza:

“Coragem minhas senhoras, a compaixão e a caridade levaram-vos a adotar estes pequeninos como filhos. Vós sois as suas mães segundo a Graça, quando as mães destas crianças segundo a Natureza as abandonaram. Vejam agora se realmente todas vós quereis também abandoná-las”.

“Deixai de serem suas mães para vos tornar agora seus juízes? A vida e a morte destas crianças estão nas vossas mãos. Vou pedir opiniões e votos. É tempo de pronunciar a sentença e de saber se quereis ter misericórdia para com elas. Viverão, se continuardes a tratá-las com caridade, mas ao contrário morrerão infalivelmente se as abandonardes. A experiência não permite dúvidas”.

Quando Padre Vicente terminou, o auditório chorava... As Damas da Caridade tiveram a coragem de aceitar os enormes sacrifícios, e o Rei por sua vez, decidiu aumentar consideravelmente a ajuda, a Obra estava salva.

 

VIDA INTERIOR

A fé do Padre Vicente de Paulo estava sedimentada numa confiança inabalável em DEUS, e era sustentada diariamente por uma vida interior intensa, apesar das suas numerosas e absorventes atividades no cotidiano. Da sua íntima união com o SENHOR DEUS ele extraía aquela inspiração admirável, acompanhada de uma força dinâmica poderosa, que fazia impulsionar corajosamente todas as obras e ultrapassar as dificuldades que surgiam a cada momento. E por isso mesmo, compreendendo perfeitamente a necessidade da oração na vida das pessoas, ele também se esforçava para inculcar em todas aquelas que habitualmente lhes estavam mais próximos, revelando a sua ardente convicção. Ele dizia: “Não há muita coisa a esperar de uma pessoa que não gosta de estar em permanente comunicação com DEUS”.

Numa das conferências que periodicamente dava aos Sacerdotes da sua Congregação ele expressava um raciocínio que traduzia a lógica da sua crença:

“Quereis saber por que é que não temos êxito numa obra? É porque nos apoiamos em nós mesmos, na nossa capacidade pessoal. E DEUS, o que faz? Retira-se daquele que assim procede, e o deixa sozinho. E ele embora trabalhe firme, tudo o que faz não produz qualquer fruto sadio, a fim de que ele mesmo reconheça a sua inutilidade, e aprenda, pela sua própria experiência que, por muito talento que tenha nada pode sem a ajuda de DEUS”.

Ele ensinava aos seus Missionários: “A perfeição do amor não consiste em ter êxtases, mas em bem cumprir a Vontade de DEUS. O mais perfeito dentre os homens será aquele cuja vontade estiver mais conforme com a Vontade de DEUS, de sorte que a nossa perfeição consiste em unir de tal modo a nossa vontade à de DEUS, de tal forma, que a Vontade DELE e a nossa sejam uma só no querer e no não querer; e aquele que for mais exímio neste ponto será o mais perfeito.”

Era um homem extremamente metódico, os seus dias se repetiam cuidadosamente com o mesmo fervor e a idêntica atenção. Toda a manhã se levantava, vestia rapidamente e ia para a Capela, onde fazia uma hora de meditação. Somente nos raríssimos casos de absoluta necessidade é que dispensava este exercício. A seguir subia ao Altar e celebrava a Santa Missa, a meia voz, pausadamente, com plena devoção. E também, nos momentos adequados, recitava o breviário com devoção e respeito, quase sempre de joelhos.

No trabalho iniciava e seguia da mesma maneira, com disposição e interesse, sobretudo, com o pensamento fixado em DEUS. Viam-no muitas vezes imóvel, com o olhar fixado longamente no Crucifixo, com certeza, suplicando ao SENHOR as luzes que necessitava.

Quando algum visitante o procurava para consultá-lo sobre algum assunto muito importante, ele ouvia toda a solicitação em silêncio e com a face ligeiramente baixa. Quando a pessoa terminava a narrativa, às vezes ele ainda ficava algum tempo de cabeça baixa, como se estivesse dirigindo a DEUS silenciosas orações de súplicas, para que lhe inspirasse a fim de possibilitá-lo dar conselhos oportunos e certos. Se o problema exigisse da parte dele tomar decisões graves, ele se afastava e se prostrava diante do SANTÍSSIMO SACRAMENTO e nada decidia sem ter antes falado com NOSSO SENHOR.

 

GRAÇA E DEVOÇÃO

Seus hagiógrafos não mencionam se ele foi favorecido ou não com graças extraordinárias, apresentadas sob formas sensíveis. Na verdade, na sua vida parece que ele só teve uma visão. DEUS lhe concedeu a graça de ver a alma de Santa Joana de Chantal subindo ao Céu sob a forma de um globo em chamas. Padre Vicente que dirigia há muitos anos o Convento da Visitação de Paris, e que cultivava uma profunda e fraterna veneração pela ilustre fundadora, Santa Joana de Chantal, contou às Religiosas a mencionada visão, no mesmo dia em que Joana faleceu no Convento.

 

DEVOÇÃO A NOSSA SENHORA

Padre Vicente de Paulo tinha uma especial e muito carinhosa devoção pela MÃE DE DEUS e Mãe Espiritual de todos nós. Desde a infância ele amou ternamente a VIRGEM SANTÍSSIMA. Perto de Pouy, pequena aldeia onde moravam seus pais, erguia-se uma Capelinha consagrada a RAINHA DO CÉU, onde os habitantes da região frequentavam e participavam dos Sacramentos. Mas os terríveis membros Calvinistas saquearam e depredaram o Santuário no ano 1570. O menino Vicente embora triste, com muito prazer visitava aquelas ruínas... Conduzia para lá o rebanho de ovelhas da família e, enquanto elas pastavam, ele a sombra das árvores de joelhos rezava a querida VIRGEM SANTÍSSIMA que mãos sacrílegas tinham expulsado da morada naquele Santuário.

Também, ao lado da casa dos seus pais, erguia-se um grande carvalho, onde ele cavou um nicho e colocou uma imagem de NOSSA SENHORA, e piedosamente com muita devoção prestava uma modesta, mas sincera homenagem a MÃE DE DEUS.

Na sequência dos anos, ao longo de toda a sua vida de sacerdote, nunca deixou arrefecer em seu coração, aquele carinhoso amor tão especial que tinha por MARIA, NOSSA SENHORA. E a SANTÍSSIMA VIRGEM MÃE DE DEUS o recompensou amplamente: cercou-o com uma imensa proteção e, sobretudo, abrasou o seu coração inflamando-o com um incomensurável amor cheio de ternura e afeto, pelo Seu Divino e Amado FILHO JESUS.

 

MORTE E CANONIZAÇÃO

O Padre Vicente de Paulo viveu pouco mais de 84 anos de idade, que representa sem dúvida, uma longa vida naquela época. Morreu de velhice pelo natural desgaste físico em virtude da dedicação que empregou carinhosamente em todas as obras que realizou e participou. Não teve febre e nem dores, teve uma morte serena e tranquila no dia 27 de Setembro de 1660. Fechou os olhos para o mundo e voou pressuroso para os braços de DEUS.

Sua CANONIZAÇÃO foi realizada pelo Sumo Pontífice, Papa Clemente XII, numa magnífica celebração na Basílica de São Pedro no Vaticano, dia 16 de Junho de 1737. Depois, em 1885, no dia 12 de Maio, foi declarado pelo Papa Leão XIII, Patrono de todas as Obras de Caridade da Igreja.

 

CORPO INCORRUPTO

O Corpo de São Vicente de Paulo foi exumado pela primeira vez em 1712, na presença dos médicos, autoridades da Igreja e membros da Congregação. Estava incorrupto, apenas com pequenos sinais de deterioração na lateral do nariz e nos olhos. Em 1732, pouco antes da Canonização, o corpo foi examinado outra vez e, já se encontrava em inicio de decomposição, em face de uma longa inundação que ocorreu no terreno.

O corpo de São Vicente de Paulo foi reconstituído em cera e atualmente está exposto à visitação pública na CAPELA DE SÃO VICENTE, em Paris. O seu coração foi colocado num lindo relicário e se encontra na CAPELA DE NOSSA SENHORA DA MEDALHA MILAGROSA, também em Paris.

 

 

 

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