“FORÇA DO AMOR”
UMA CONGREGAÇÃO RELIGIOSA
Com o falecimento do Pároco Abade Cloes em 1830, exatamente ele que era um grande defensor da Escola e suporte das duas irmãs, representou para elas uma grande perca. Todavia, ao em vez de abandonar os alunos, decidiram corajosamente alargar o ambiente que os albergava a custa de imensos sacrifícios. No ano seguinte de 1831, quando finalmente a Bélgica conseguiu se tornar independente da Holanda, a Escola prosperou, e então, Jeanne considerou que havia chegado à hora de pensar e estudar a possibilidade de construir uma Congregação Religiosa, que ela guardava carinhosamente no fundo do coração.
Idealizando corajosamente e com muitas orações, Jeanne assumiu a idéia e começou a trabalhar firme para Fundar uma Ordem Religiosa que inclusive já havia escolhido o nome: "Filhas da Santa Cruz de Liège”. Com a firme ajuda e supervisão do seu Diretor Espiritual, o Dignitário Eclesiástico da Igreja de São Bartolomeu de Liège, Padre Jean Guillaume Habets, foram redigidas as Cláusulas da Constituição. E sem perca de tempo, as atividades iniciaram em Agosto de 1832, com o objetivo de organizar as escolas privadas, para também prestar assistência aos presos, aos hospitais de carentes e dar atendimento as missões. Mas as duas irmãs e o Padre (Abade) Habets, que era o Diretor Espiritual e agora também como Conselheiro e Orientador, não realizaram o projeto sozinho: naquela mesma sala em que funcionava a Escola gratuita, utilizaram o espaço para reuniões e decisões. E assim, com interesse e alegria logo foram surgindo entre os próprios freqüentadores da Escola, meninas-moças interessadas em ajudar. E como elas, outras meninas de Liège que também simpatizaram com o ideal divulgado, se juntou a elas, formando um grupo coeso e comprometido. O Abade Habets, Confessor e Diretor Espiritual de Jeanne e Ferdinanda, confirmou: "Elas tiveram uma grande influência nos corações dos alunos e daqueles que buscavam algum auxílio, sempre obtendo conversões notáveis. E o trabalho de todos evoluiu e cresceu solidamente.
Em Setembro de 1833, na igreja de Potay, Jeanne e Ferdinanda fizeram os seus votos perpétuos. Como Jeanne tinha mais de 50 anos de idade foi preciso uma autorização da Santa Sé para receber o hábito religioso. Veio a autorização da Santa Sé e o senhor Bispo da Diocese, Dom Van Bommel, consagrou Jeanne que assumiu o nome de “MARIA TERESA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS”. Foi assim que nasceu a “Ordem Religiosa das Filhas da Santa Cruz de Liège", com absoluta simplicidade, e as jovens iniciantes, também fizeram os seus votos perpétuos e receberam o traje inicial da Congregação, tornando-se religiosas.
A MÃO DE DEUS
Evidentemente, tudo isto aconteceu, verdadeiramente pela bondade e providência do SENHOR DEUS, que é só amor e misericórdia infinita, e inclusive, reservou para Jeanne muitos anos de vida, permitindo que ela trabalhasse firme e produtivamente, quase até os últimos dias da sua existência. Assim, NOSSO SENHOR não deixou nada inacabado e rapidamente compensou o tempo perdido ou gasto por ela em outras atividades de caridade. Já com o hábito de Madre Teresa do Sagrado Coração Jesus, ela revelou uma disposição invejável, trazendo à realidade tudo o que seu coração possuía de bom: a delicadeza, o verdadeiro zelo, a alegria, a disponibilidade, cuidando das suas freiras que se deixavam mimar por aquela segunda mãe, uma ex-solitária lançada ao serviço dos pobres. Por outro lado, também os pobres e doentes se abandonavam corajosamente as mãos da Madre e das suas Irmãs, que com alegria e competência atendiam a todos que necessitavam de ajuda.
PROBLEMAS E ESPÍRITO RELIGIOSO
Existiram os problemas, ocorriam às dificuldades, da mesma forma como acontece na vida de todas as pessoas. Da mesma maneira, ninguém conhece a tempestade que envolve e agita o coração, e às vezes fica assombrado por uma assustadora "noite do espírito"; ajoelha, busca tranquilizar o coração firmado na fé que lhe concede a vida, e então, é salva apenas com uma Santa Oração ou com uma Direção Espiritual bem iluminada. Assim ela trabalhou com segurança e sem temor, ensejando sempre a possibilidade real da Congregação se expandir, crescendo decididamente na busca de horizontes até em outros países, vencendo com o Terço nas mãos, todas as barreiras e obstáculos que se elevavam na caminhada existencial.
Uma das suas motivações espirituais, que a acompanhou por toda a vida, às vezes ela gostava de citar e até acostumava a repeti-la: O Senhor apresenta a Cruz com uma mão e a consolação com a outra”.
E também, guardava e pronunciava com fervor, uma palavra de ordem e bom senso, que era cultivada com respeito e seriedade: “Ide aos pobres com um coração de pobre”.
O arcebispo da Bélgica reconheceu oficialmente a “Congregação das Filhas da Santa Cruz de Liège” em 1845 e aprovou as constituições em 1851.
CARISMA DA CONGREGAÇÃO
A nova Congregação tinha como prioridade a educação das jovens, mas também se dedicava aos doentes em suas casas, às mulheres prisioneiras, à catequese de crianças, de jovens e também de adultos, à confecção de bordados, a ocupar das crianças durante o dia e dos idosos à noite. E assim, trabalhando sério, as religiosas começaram a ser conhecidas na cidade. Foram incumbidas de uma função especial de retenção das mulheres de uma casa para reabilitação de prostitutas, e de uma casa de acolhimento para mendigos. A procura por todos os serviços era tão intensa diariamente, que da mesma maneira, pelas Graças do SENHOR DEUS, o número de Irmãs Religiosas sempre aumentavam consideravelmente.
A finalidade do Instituto era dar a JESUS CRISTO, que sofreu por nossa salvação, e a NOSSA SENHORA, MARIA SANTÍSSIMA DOLOROSA, padroeira e protetora da congregação, glória e honra em seus membros fracos e sofredores, como meninas pobres e doentes abandonados.
CARISMA PESSOAL
Com a permissão do Padre Habets, Madre Maria Teresa fez o voto de imitar JESUS, como uma criança: "sofrer em silêncio até a morte". Afirmou também com convicção: “Recolher em DEUS é uma felicidade inestimável”, e também, delineou atitudes com objetivo de impulsionar as suas filhas em poucas palavras: “Faça por JESUS. Faça tudo por amor de DEUS. Trabalhe só para DEUS; ELE vê todos os seus passos”!
DURANTE O JULGAMENTO CANÔNICO
Uma das irmãs testemunhou no julgamento canônico: "Senti que DEUS estava nisso e que Ela estava em DEUS." Outra resposta da irmã:“Nossa Mãe era como um ímã que atraía as almas e as atraía em sua ascensão a DEUS”. Essa influência da Madre Maria Teresa foi universal e constante. De fato, de 1838 a 1874, a cada três anos, ela era reeleita Superiora Geral da Congregação por unanimidade de votos das irmãs capitulares.
TRABALHO FIRME E FERVOROSO
Em 1841, a Congregação também atendia os presos. O trabalho no ano seguinte levou à fundação de um refúgio para convertidos e preparou as freiras para também aceitarem a direção de um grande abrigo de mendigos em Reck-heim, em Limburg (1843), e do hospício fundado na antiga abadia de Stavelot ( 1844), ao qual mais tarde acrescentaram um abrigo para órfãos. A fundadora decidiu cuidar de muitas pessoas infelizes porque, disse ela, “São almas por quem o Senhor derramou todo o seu sangue”.
Em 1851, as Filhas da Cruz estenderam também a Aspel, ao norte da Prússia Renana, um centro ideal para um reformatório de moças, um noviciado e um centro de ação em vista de futuras fundações. Quando a Madre Teresa chegou lá, ela imediatamente reconheceu com emoção não apenas os lugares que ela vira em sonho há cerca de vinte anos antes, mas até mesmo o jardineiro do castelo que ela possuía. Aspel foi o primeiro fruto de quinze casas de educação e caridade fundadas na Alemanha.
Recomendado pelo Abade Habets, as Filhas da Cruz também cruzaram os oceanos. Na verdade, elas se estabeleceram em 1862 nas Índias Orientais e em 1863 na Inglaterra. Em todos os lugares elas prosperaram porque foram dóceis às advertências de sua Superiora geral e fiéis imitadores das suas virtudes. O Cônego Brémas, primeiro Capelão das irmãs em Liège, fez esta reflexão: “A querida Madre não estudou os ascetas: as suas numerosas ocupações não lhe deixavam tempo para ler. Onde, então, ela tirou aquele conhecimento dos Santos que ela conhecia completamente? Sem dúvida, foi em sua união com JESUS EUCARISTIA. O Cônego estava profundamente convencido. JESUS foi O seu mestre, SUA consolação e a SUA força”.
MORTE DE MADRE MARIA TERESA
A Madre Maria Teresa do Sagrado Coração de Jesus, morreu no dia 7 de janeiro de 1876, bem próximo aos 99 anos de idade, em Liège e foi sepultada no cemitério de Chénée, também na Bélgica.
De acordo com o processo Canônico, cinquenta anos mais tarde o seu corpo foi exumado, como parte das providências, verificações e declarações oficiais dos fatos, ocorrendo uma surpresa admirável: “o seu corpo estava completamente incorrupto”.
BEATIFICAÇÃO
Junto com este fato, circularam notícias de um milagre realizado por DEUS através da sua preciosa interseção. Assim, em 1911, foi instaurado o processo canônico para verificar, apurar e estudar os acontecimentos, visando a Beatificação, em razão do milagre ocorrido. Desse modo foram analisados e estudados todos os procedimentos, para serem comprovados os aspectos do milagre, recebendo a aprovação preliminar da Igreja em Janeiro de 1991. Com o mencionado acontecimento, o processo para a Beatificação foi encaminhado aos Cardeais, que depois de exaustivamente estudado e argumentado aprovou o milagre e, encaminhou o processo para a decisão final do Papa João Paulo II, que determinou a “BEATIFICAÇÃO” no dia 21 de Abril de 1991. Nesta época, as suas filhas já estavam espalhadas por diversas partes do mundo, prestando benefícios ao povo em muitas regiões, e também tornando o seu carisma vivo, brilhante e inesquecível.
A Congregação conta hoje com mais de 103 “Comunidades Religiosas” espalhadas em quatro continentes.
Provavelmente a “BEATA MARIA TERESA DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS” (Jeanne Haze), tenha se tornado a Beata mais idosa da história da Igreja Católica, pois morreu aos 94 anos de idade, no dia 7 de Janeiro de 1876, em plena atividade.
Seus restos mortais são venerados desde o dia 21 de Abril de 1993 na “Capela da Casa Mãe das Filhas da Santa Cruz”, na rua Hors-Chateau, 49 em Liège, na Bélgica.