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MÍSTICA E DEVOÇÃO

 

 

O SAGRADO CORAÇÃO DIVINO

Ela também exercitou de modo consciente e profundo a prática da caridade, que lhe deram forças para suportar os próprios sofrimentos da doença que debilitava progressivamente o seu organismo. Sempre serena, desapegava-se das suas próprias vontades, direcionando integralmente todo o seu amor ao adorado JESUS. NOSSO SENHOR, bondade sem limites, apreciando as suas virtudes, permitiu a sua confidente divulgar para conhecimento da humanidade, a imensidão da Sua infinita Misericórdia, albergada no aconchego carinhoso do CORAÇÃO DIVINO, em benefício de todos os pecadores.

Na realidade, a Devoção ao SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS é um acontecimento mais recente para a nossa fé. Mesmo assim, para Gertrudes, NOSSO SENHOR antecipou e lhe ofereceu a experiência do Seu Misericordioso Coração que está sempre aberto a humanidade de todas as gerações.

Desde o ano de 1282, quando teve a primeira e inesquecível visão de JESUS, Santa Gertrudes foi agraciada até o dia da sua morte, com diversas visões do CRISTO SENHOR, face a face, quando ELE a desposou por meio de sete magníficos e preciosos anéis, que simbolizavam as suas sete virtudes mais esplendorosas, e em sinal da sua mística, da sua vida religiosa e contemplativa, trocou o Seu Divino CORAÇÃO com o dela. Desse momento em diante, a existência da jovem Monja tão abençoada, tornou-se sobrenatural e misteriosa. Desta experiência admirável e indescritível, nasceu em Santa Gertrudes um imenso e incomensurável amor ao SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS. Assim, muito antes daquelas extraordinárias Aparições do SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS (1647-1690) a Santa Margarida Maria Alacoque, religiosa da Ordem da Visitação em Paray-le-Monial, na França, Santa Gertrudes de Helfta teve maravilhosas e extraordinárias experiências do Amor de DEUS, 400 anos antes.

Para Santa Gertrudes, o CORAÇÃO DE JESUS aparecia-lhe como um tesouro que encerrava todas as riquezas; outras vezes aparecia como uma lira tangida pelo ESPÍRITO SANTO, entoando enternecedoras músicas para delícia da SANTÍSSIMA TRINDADE e da corte celeste; em outras oportunidades também aparecia como uma linda nascente jorrando águas para alívio das almas que estão no Purgatório, infundindo fortaleza aos que lutam na terra e delícias aos bem-aventurados no Céu; outras vezes, o SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS lhe aparecia como um lindo turíbulo de ouro, do qual subiam ao PAI ETERNO tantas colunas de perfumado incenso, quantas são as classes de homens pelas quais ELE deu a vida.

 

CONVITE INIGUALÁVEL

Certo dia, São João Evangelista apareceu a Santa Gertrudes e a convidou repousar com ele junto do SENHOR, ficando ela do lado da “Chaga Aberta pela Lança”, para melhor entrar no íntimo do CORAÇÃO DIVINO, considerando que ela ainda não era um espírito na eternidade. Apontando o peito de JESUS, disse São João: “Eis o SANTO dos SANTOS que atrai para SI todos os bens do Céu e da Terra”. Assim, unidos ao SENHOR, João Evangelista e Gertrudes sentiram as suaves palpitações do CORAÇÃO do SALVADOR, tal como ele, João, havia sentido na Última Ceia. Foram muitas as experiências admiráveis e maravilhosas que Santa Gertrudes teve o privilégio santificado de realizar com o SENHOR DEUS, e que na realidade, colocava a sua alma num patamar tão elevado, como os Anjos no Céu.

 

OBRA DE GERTRUDES

Ela escrevia em latim, e sua primeira obra foi “REVELAÇÕES” também conhecida pelo nome “Mensagem da Misericórdia Divina” (Legatus Divinae Pietatis). Depois escreveu “EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS” e por último escreveu “PRECES GERTRUDIANAS”.

Suas obras são essencialmente constituídas com os relatos das visões. Algumas delas podem parecer estranhas, com representações difíceis, mas, na realidade fazem parte de uma experiência mística, testemunhos concretos de uma existência espiritual muito especial e em perfeita união com DEUS. Algo muito íntimo, que na sua humildade a faziam chorar quando meditava os sofrimentos da Paixão do seu amado JESUS.

 

Nos “EXERCÍCIOS ESPIRITUAIS”, ela quis proporcionar as suas Irmãs de hábito um meio para crescimento da vida espiritual. São sete os Exercícios, como se fosse uma escada, de forma que cada degrau vai auxiliando de modo concreto a se alcançar um acréscimo espiritual. Os Exercícios representam também a “Semana da Criação”(os sete dias utilizados por DEUS), onde ela coloca o ser humano, como imagem perfeita do CRIADOR.

 

Os “EXERCÍCIOS” na realidade, são um verdadeiro “Manual Gertrudiano”, o qual engloba sete pequenas obras, uma independente da outra, mas, que se completam, pois faz considerações abrangendo a vida inteira da humanidade, desde o nascimento até a morte. É um conjunto de instruções e estímulos, para o fiel elaborar um fecundo caminho de procedimento, com orações e meditações.

O “Primeiro Exercício” considera a renovação da graça Batismal. O Sacramento do Batismo é a porta que permite a entrada e recepção de todos os demais Sacramentos. Assim sendo, Santa Gertrudes considera o Batismo como a “base sobrenatural da santidade”. Sobre ela (a santidade) deve erguer o edifício Divino da vida humana.

O “Segundo Exercício” conduz o fiel à suprema vocação, ou seja, a Vocação do Estado Religioso. É onde acontece à verdadeira “conversão” , com o estado de consagração da alma a DEUS.

O “Terceiro Exercício” está, por assim dizer, perfeitamente ligado ao anterior, pois se trata do propósito definitivo da conversão, que no caso religioso, é celebrado solenemente através do pacto da “santa profissão dos votos”.

O “Quarto Exercício” vem estimular o fiel a recordar a renovação do seu total abandono a DEUS, oportunidade em que simultaneamente, a alma se torna participante da riqueza dos tesouros das graças que a Igreja concede ao fiel.

O “Quinto Exercício” é uma escola de instrução, indicando direções seguras e sugestões animadoras, para o fiel trilhar consciente o seu caminho e possuir meios e suportes para cumprir dignamente o maior de todos os Mandamentos, o “Mandamento do Amor”.

O “Sexto Exercício” consiste na indicação mais perfeita, na mais resplandecente beleza da chama do amor que se eleva aos Céus, como louvor e agradecimento, numa adoração mais luminosa a DEUS, no exercício de um culto fervoroso, mais sublime e mais desinteressado da criatura ao seu CRIADOR. È, portanto, o exercício por excelência, no qual acontecem os êxtases de amor.

O “Sétimo Exercício” assegura tornando legítimos todos os anteriores e os aperfeiçoa, porque se fundamenta na humildade, que verdadeiramente é a raiz de todas as virtudes, e primordialmente o temor a DEUS. Esta última parte focaliza em evidência, as cenas dolorosas da Sangrenta Paixão de NOSSO SENHOR.

A piedade de Santa Gertrudes se revela luminosa nos Exercícios. Ela é realçada com a sua percepção sobre a transcendência de DEUS que é principio e fim da criação; sua devoção ardente a SANTÍSSIMA TRINDADE e por cada pessoa Divina, realçando um amor intenso, repleto de gratidão e dedicação ao SALVADOR, que é o Mediador Supremo e Caminho para o PAI ETERNO. Por fim, culmina com a demonstração de um sentimento profundo de admiração e de confiança filial a NOSSA SENHORA, nossa MÃE SANTÍSSIMA, assim como o seu desejo da união eterna e de ver a “Volta de JESUS”.

 

As “PRECES GERTRUDIANAS” não foram escritas por Santa Gertrudes, mas foram compostas por um jesuíta de Colônia em 1670. As orações têm uma função auxiliar, de levar personalidade aos escritos da Santa. Elas estão fundamentadas em escritos de opúsculos feitos por ela mesma, sobre diversas passagens bíblicas, sobre a Liturgia, sobre a Regra de São Bento e sobre as obras de São Bernardo de Claraval. Alguns hagiógrafos acrescentam que ela deve ter conhecido alguns escritos de Franciscanos, porque existem referências em parágrafos das “Preces” que sugerem esta possibilidade.

Toda a sua Obra e sua espiritualidade passaram despercebidos do povo em geral, até o ano de 1536, quando os Padres Cartuxos de Colônia, também na Alemanha, imprimiram o famoso Memorial. A aceitação e o êxito foram completos, sendo criada uma entusiasmada corrente espiritual em torno dos escritos da Monja, os quais foram traduzidos em diversas edições, realçando também a sua biografia. Acompanhando o êxito dos escritos, Santa Gertrudes passou a ser denominada "a Grande", ou "a Magna".

 

IDEAL MONÁSTICO - VISÕES

Santa Gertrudes é considerada modelo ideal de vida a ser seguido pelos religiosos, porque ela soube viver de maneira competente e admirável a vida monástica. Dom Colomba Marmion, Monge do Mosteiro de Singeverga, na região do Porto, em Portugal, fala do amor singular que NOSSO SENHOR JESUS CRISTO lhe testemunhava através da declaração: “Não existe na Terra criatura para a qual ELE se inclinava com tanto prazer”. E acrescentava, “... que O encontrariam sempre no coração de Gertrudes, cujos menores desejos ELE se comprazia em satisfazer”. Um dia, certa alma que conhecia tão grande intimidade, de NOSSO SENHOR com Santa Gertrudes, ousou perguntar ao SENHOR, que espécie de atrativos Santa Gertrudes possuía para merecer tais preferências? JESUS respondeu: “Amo-a assim, por causa da liberdade do seu coração, em que não entrou coisa alguma que possa ME disputar a soberania”.

Sempre ela estava desapegada inteiramente de toda criatura e de todas as coisas, porque em tudo, ela somente buscava o DEUS da Vida.

Um dia, no fim da Santa Missa de um Domingo de Ramos, ela meditava no modo como os amigos de JESUS o tinham recebido em Betânia, para onde ELE havia se retirado à tarde. E assim pensando, Gertrudes sentiu lhe acender o desejo de hospedar NOSSO SENHOR em seu coração. Logo de imediato JESUS apareceu e disse: “Aqui estou. E tu o que é que ME vais dar?” Santa Gertrudes respondeu: “Ah SENHOR! Sede bem-vindo, salvação da minha alma, meu único tesouro! Mas, que situação SENHOR! Não tenho nada preparado que seja digno da VOSSA magnificência. E assim, ofereço-VOS todo o meu ser, e peço-VOS que VÓS Mesmo prepareis em mim o que mais agradar o VOSSO CORAÇÃO”. E JESUS respondeu: “Uma vez que me dás liberdade, farei o que me pedes; mas, preciso da chave, para que possa encontrar e dispor de tudo quanto desejo”. Perguntou a Santa: “Meu SENHOR, que chave é essa de que necessitas e que eu VOS tenho de entregar?” Respondeu JESUS: “A tua própria vontade”. A Santa passou a compreender que NOSSO SENHOR se deleita numa alma que se entrega totalmente a ELE e nada reserva de si mesma; pela obediência perfeita, entrega a CRISTO a chave que ELE pede.

Num outro dia, depois que rezou as Vésperas da SANTÍSSIMA TRINDADE, Gertrudes pedia a NOSSO SENHOR que corrigisse certos defeitos, por demais manifestos, em um dos seus Superiores da Comunidade Religiosa. JESUS respondeu: “Não é só este que tem defeitos, mas todos os que governam a tua Congregação, tão grata aos MEUS Olhos, apesar disso. Pois cada um tem os seus defeitos. Não sabias? Ninguém neste mundo está isento de misérias. Mas deves ver nesta realidade, um dos efeitos da MINHA Misericórdia, que desta maneira aumenta o mérito de todos. Os súditos para se sujeitarem, precisam de maior virtude quando o representante da autoridade é imperfeito do que quando o procedimento dele é irrepreensível”.

Gertrudes raciocinando concluía: “JESUS vive em nós a realidade dos Seus Mistérios e, quando temos fé e nos unimos a ELE com amor, arrasta-nos CONSIGO, fazendo-nos participar na virtude própria para cada situação”. Ela ouviu bem no interior do seu coração as palavras do SENHOR: “Tudo tem a sua hora nas adoráveis decisões da MINHA Previdente Sabedoria”.

 

ACONTECIMENTO ADMIRÁVEL

Na vida da grande Monja encontramos outro fato bem significativo. Num Domingo, antes da Festa da Ascensão do SENHOR, na enfermaria onde se encontrava, Gertrudes levantou ao primeiro sinal da Comunidade, apressando-se a rezar piedosamente as Matinas, para sobrar mais tempo que queria dedicar a Oração. Tinha terminado a quinta lição das Matinas, quando uma Irmã, também muito doente, aproximou-se dela. Esta Irmã não podia se unir ao Oficio porque ninguém o lia perto dela. Mas, cheia de compaixão, Santa Gertrudes interrompeu o seu Ofício e disse ao SENHOR: “JESUS, bem vedes que já fui além das minhas forças. Todavia, gostaria que fosse o SENHOR Mesmo a fazer esta caridade.” E recomeçou as Matinas para a Irmã enferma. Depois, estando a recitar o Ofício, CRISTO confirmou com suas palavras: “O que fazeis ao menor dos meus irmãos, considero como se fosse feito a MIM mesmo”. Nesse momento, ELE apareceu a Gertrudes e LHE deu ali mesmo provas tão grande de ternura, que a palavra é incapaz de encontrar o vocábulo correto para traduzir o adorável sentimento do SENHOR. Aliás, durante toda a sua vida, esta digna Monja, revelou uma caridade imensa e uma condescendência inesgotável, tão grande, que o SENHOR DEUS presente em sua vida, apreciava os seus virtuosos dons.

 

FIM DA CAMINHADA EXISTENCIAL

Em Fevereiro de 1288, atravessou um período de severas enfermidades com grandes sofrimentos. Ela dizia interiormente ao SENHOR: “Embora eu seja uma insignificância da VOSSA criação, meu amoroso desejo é morrer, enfim, estar junto de VÓS, meu adorado DEUS, e VOS oferecer a minha mais fervorosa homenagem da minha alegria, em união com a feliz sociedade bem-aventurada no Paraíso, que juntos, cantam e celebram louvores a VÓS no Céu, por toda eternidade”.

A Monja Matilde, sua íntima amiga, e que também era outra Santa querida de NOSSO SENHOR, concluída a sua missão existencial, no ano de 1298 partiu para os braços eternos do CRIADOR.

No ano de 1300, na festa de São Martinho, no dia 11 de Novembro, Santa Gertrudes perguntou ao Divino esposo: “SENHOR, quando me chamarás para VÓS”? JESUS respondeu: “Muito em breve EU tirarei você do mundo”. Ao ouvir as palavras de NOSSO SENHOR, Gertrudes sentiu uma imensa alegria.

No ano seguinte, durante a Páscoa, JESUS enviou dois Anjos para lhe anunciar: “Que estava prestes à hora da sua libertação”. Também lhe apareceram espíritos celestiais, alegres e sorridentes, cantando as mais belas e suaves melodias, convidando Gertrudes às alegrias do Paraíso Divino.

Apesar dos sofrimentos da doença, que raramente lhe davam uma trégua, Santa Gertrudes com decisão e vontade, ampliou as suas orações e os sacrifícios, em beneficio de todos. Finalmente na manhã do dia 16 de Novembro de 1302, com 46 anos de idade, sua alma como uma linda e feliz pombinha branca, partiu para eternidade, deixando muitas saudades no coração das Irmãs suas amigas e companheiras de ideal no Mosteiro Santa Maria de Helfta.

GERTRUDES DE HELFTA foi CANONIZADA no Vaticano, pelo Papa Clemente XII, no dia 20 de Julho de 1738.

 

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