MARTÍRIO DA SANTA
FILOMENA E O SANTO CURA D’ARS
Já em casa, junto aos seus familiares, certo dia Pauline-Marie foi visitar o Venerável Cura D’ars, a quem descreveu a sua milagrosa cura. Padre Vianney, que já conhecia a obra de Pauline-Marie e sua dedicação a Igreja, assim como a sua difícil e dolorosa doença, ficou comovido com a intercessão de Santa Filomena, e ele que já apreciava as noticias sobre a Santa, passou a cultivar um fervoroso relacionamento de amizade com a Santinha, rezando com frequência e suplicando a intercessão dela em benefício de muitas pessoas que necessitavam. Padre Vianney também possuía um extraordinário privilégio Divino de interceder diretamente junto a DEUS em favor das pessoas. Mas sua humildade sempre foi muito grande, e ele nunca quis aparecer. E por isso mesmo, as curas Divinas que aconteciam por sua intercessão, ele sempre atribuía a sua querida Santa Filomena. Inclusive, mandou erguer na sua Igreja, uma Capela especial, dedicada a Virgem Mártir. E como retribuição de Filomena, nessa Capela aconteceram inúmeras e notáveis curas, conversões e milagres, por intercessão da Santinha. E sua amizade por ela era tão fervorosa, que se consagrou com um voto especial a Santa Filomena, e era maravilhoso observar, atestam todos os hagiógrafos do Santo Cura D’Ars, a intimidade que existia entre ele e a Santa. Ele a chamava pelos nomes mais carinhosos: “querida Santinha”, “minha agente especial”, “Princesinha do Céu”, etc. Pelo seu lado, Filomena prestativamente intercedia junto a DEUS e conseguia do SENHOR as mais assombrosas graças que se possa imaginar, tudo quanto o Santo Cura D’Ars lhe pedia.
Desse modo, foram Pauline-Marie Jaricot e o Padre Jean Marie Baptiste Vianney (o Santo Cura D’Ars), os principais instrumentos utilizados pela Divina Providência, para expandir a devoção a Santa Filomena.
REVELAÇÕES DE SANTA FILOMENA
Além dos desenhos e inscrições encontradas nas Catacumbas, nada mais se conhecia sobre a vida da Santa. Isto por que, tudo o que foi escrito e anotado naquela época, foi destruído pelos sequazes dos terríveis Imperadores Romanos que não suportavam o cristianismo, da mesma forma como eles também destruíram todas as informações que existiam sobre muitos outros Santos e Mártires.
Todavia, pela Vontade de DEUS, na época certa tiveram resposta todas as orações que os fervorosos devotos faziam, suplicando a Santa que descrevesse os fatos ocorridos na sua vida. Santa Filomena revelou a três pessoas que viviam em locais diferentes e distantes: um sacerdote, um artífice e uma religiosa de Nápoles, que também não se conheciam, e descreveu-lhes pormenorizadamente a história da sua vida e tudo o que ela sofreu por NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Na sequência dos anos as três revelações foram comparadas e, observou-se que concordavam totalmente entre si, inclusive as referências e explicações das inscrições e símbolos encontrados no seu sarcófago, nas Catacumbas.
Das três revelações, embora praticamente iguais, uma delas era mais circunstanciada, ou seja, tinha mais detalhes. Foi a revelação feita a Irmã Maria Luisa de Jesus, fundadora de três Mosteiros e Comunidades Religiosas, sob o titulo de “Irmãs Oblatas da Virgem Dolorosa e de Santa Filomena”.
O fato aconteceu assim: No dia 3 de Agosto de 1833, a Irmã com 33 anos de idade, após a Santa Missa onde recebeu a Sagrada Comunhão, rezou diante da imagem de Santa Filomena e suplicou-lhe contar a história da sua vida. Desta vez a Santa respondeu e descreveu os fatos da sua existência a Irmã Maria Luisa de Jesus: “Seus pais eram nobres no reinado da Grécia, e como não tivessem filhos, rezavam aos falsos deuses dos pagãos, para conseguir o milagre de ter um herdeiro. No palácio, também vivia Púbio, um médico romano que era cristão, que impressionado com a cegueira espiritual dos soberanos, e inspirado pelo ESPÍRITO SANTO, falou-lhes sobre a fé cristã e o verdadeiro DEUS. O casal iluminado pela graça Divina, acolheu as palavras e a catequese do médico Púbio, e inclusive, pediu para serem batizados. Na continuidade dos meses, suplicando ao DEUS-CRIADOR o nascimento de um filho, a soberana ficou grávida e deu à luz a uma menina no dia 10 de Janeiro, à qual deram o nome de “Lumena” ou “Luz”, por ter nascido “à luz da fé”. Na ocasião do Batismo a criança recebeu o nome definitivo de “Filomena”, isto é, “Filha da Luz”, da Luz Divina, por que o Sacramento que a criança recebeu também iluminou a alma dos pais.
Aos cinco anos de idade recebeu a Primeira Comunhão, cultivando fervorosamente o seu amor ao Redentor, apesar da sua pouca idade. Com onze anos, fez “voto de virgindade perpétua”, se consagrando inteiramente a NOSSO SENHOR. Aos treze anos, em face do Imperador Romano Diocleciano ameaçar o reino da Grécia com uma destruidora guerra, o seu pai foi pessoalmente tratar com o Imperador em Roma, na companhia da sua mãe e ela foi junto. Durante a audiência, depois de diversos argumentos, o terrível Imperador disse que aceitaria as ponderações do nobre grego, com a condição dele deixar a sua filha, a encantadora princesa Filomena, para se casar com ele. Os pais da moça, sem avaliarem o caráter de Diocleciano, e com o desejo vivo de manter a paz no país, aceitou a drástica condição, em troca da pacificação dos confrontos políticos. E ao regressar a pousada onde estava a filha tentaram convencê-la a aceitar a oferta do Imperador, argumentando que ela devia ficar muito feliz com a proposta, pois ia se tornar Imperatriz de Roma. Filomena não aceitou, recusou prontamente dizendo aos seus pais que tinha se consagrado a JESUS por voto de castidade perpétua e, que não ia quebrar o seu voto de maneira nenhuma. Os pais insistiram com outros argumentos, mas não houve acordo, Filomena recusou tudo.
Então, os pais voltaram ao Imperador e expuseram a posição da filha, e ao mesmo tempo, tentaram sugerir outros caminhos para o acordo de paz. Diocleciano com todo o cinismo, considerou que a resposta da jovem era um pretexto de deslealdade e que aquilo, segundo ele, não tinha o menor cabimento. E a seguir com muitas outras grosserias, ordenou que lhe trouxessem a Princesa Filomena, por que ele queria conversar com ela, caso contrário, partiria para a guerra de uma vez. Os pais polidamente apresentaram outros caminhos e suplicaram a compaixão dele, considerando que Filomena era muito nova, com apenas 13 anos de idade. Mas ele não mudou, queria ver e conversar com a Princesa, pois estava seguro que a moça não ia rejeitar a sua proposta.
Na pousada, os pais conversaram exaustivamente com a filha e lhe expuseram as intenções do Imperador, que se ela não concordasse em casar com ele, estaria pronto a partir para a guerra e destruir a Grécia. Mesmo assim, a filha não concordou. Mas aceitou se apresentar a Diocleciano e dialogar com ele, pois sua decisão jamais seria alterada, e a fama de violento do Imperador era bem conhecida. Filomena ficou sabendo que ele poderia mandar matar de uma só vez ela e os seus pais.
A jovem foi se apresentar ao Imperador, e ele a recebeu sorridente, cheio de atenções, apenas pediu que os seus pais ficassem na outra sala de visitas, pois queria particularmente trocar idéias com a moça. E então, se desmanchou em elogios e propostas, fazendo todos os tipos de ofertas para mudar a opinião dela. E assim, Diocleciano ficou galanteando, cercando-a de atenções e amabilidades por um bom tempo, enquanto ela permanecia calada, ouvindo as propostas, mas sempre de maneira respeitosa, sem concordar com nada. E desse modo continuou até que o Imperador percebeu, e então, passou a mudar de tática, fez ameaças ao pais dela e, como nada conseguia, começou também fazer ameaças a ela. Na continuidade, já nervoso e impaciente, vendo frustradas todas as suas tentativas, ordenou que encarcerassem a moça nos subterrâneos do palácio e, ordenou que seus pais retornassem imediatamente a Grécia.
Diariamente Diocleciano descia até a prisão e renovava cinicamente os seus galanteios, e somente nestas ocasiões, um pouco antes da chegada do Imperador, cessavam as torturas que faziam na jovem e lhe davam de comer pão e água. Mas, ao observar a perseverante resistência dela, que nunca esmorecia, ordenou que renovassem as torturas com mais intensidade. Em todos momentos Filomena se mantinha ligada mentalmente a JESUS e MARIA, e se recomendava a ELES, suplicando a proteção Divina. Decorridos 37 dias deste terrível e cruel cativeiro, NOSSA SENHORA lhe apareceu aureolada com deslumbrante luz, trazendo nos braços o Seu Divino e Querido FILHO, e lhe avisou, que ela sairia dali em 3 dias, mas que os sofrimentos iam continuar mais severos e de outras maneiras, “e que ela devia corajosamente suportar tudo por amor de JESUS, e que ela não se preocupasse, pois estaria amparada por ELA e por NOSSO SENHOR”.
As palavras da VIRGEM se concretizaram integralmente, por que o Imperador vendo que nada conseguia da moça através do encarceramento, resolveu recorrer as torturas. Filomena foi açoitada publicamente, sendo a flagelação acompanhada por horríveis blasfêmias e impropérios de baixíssima qualidade. Como a jovem permanecia firme, sem pronunciar uma única palavra, Diocleciano levou-a novamente a prisão. Ali, coberta de chagas e dores, a moça esperava a morte, quando de súbito apareceram dois Anjos que a ungiram com um bálsamo celestial, e ela ficou repentinamente curada, inclusive sem nenhuma cicatriz.
Na manhã seguinte, os sequazes do Imperador lhe informaram que a moça estava perfeitamente viva e sem qualquer chaga. Ele admirado com a noticia, ordenou que a trouxesse a sua presença. Vendo-a mais bela do que antes ficou admirado e perplexo, e com palavras fingidas, cinicamente renovou os seus costumeiros galanteios cheios de promessas sedutoras. Fortalecida pelo ESPÍRITO SANTO, a moça com energia repeliu as palavras de Diocleciano, que agora transtornado, louco de raiva, mandou amarrar uma âncora de ferro ao pescoço da jovem e lançá-la no Rio Tibre.
E a ordem foi executada, mas no mesmo momento em que a lançavam no Tibre, o SENHOR mandou dois Anjos que cortaram a corda que prendia a âncora ao pescoço da jovem, e a levaram para a margem do Rio, sem nada sentir e com as roupas completamente enxutas.
Desapontado com o acontecimento, o Imperador atribuiu o prodígio a algum poder mágico que ela possuía, e por isso a chamou de feiticeira, e ordenou que ela fosse arrastada pelas ruas e depois transpassada por setas.
A ordem foi executada, e Filomena mortalmente ferida, foi mais uma vez transportada para o cárcere, onde a misericórdia Divina a fez dormir um profundo e reparador sono. Quando acordou, estava perfeita, sem nenhum arranhão e nenhum orifício no corpo causado pelas setas, estava com perfeita saúde.
Quando Diocleciano soube da notícia, não acreditou, gritou e esperneou na sala, chamando seus funcionários de incompetentes e incapazes. Totalmente fora de si ordenou que repetissem o suplício, que deveriam lançar quantas flechas fossem necessárias, até a morte da jovem.
Amarraram Filomena e os arqueiros se prepararam para lançar as setas, mas por incrível que possa parecer, as flechas se recusaram sair dos arcos. Imaginando que fosse uma intervenção de feitiçaria, levaram as setas para serem aquecidas num forno até se tornarem incandescentes, pois segundo as crendices da época, o fogo quebraria a feitiçaria. Mas, JESUS a livrou desse abominável tormento, fazendo com que as flechas incandescentes lançadas se voltassem contra os arqueiros e os matassem na hora.
A medida que o povo via ou que tomava conhecimento dos fenômenos que ocorriam com Filomena, percebiam a real e inquestionável proteção Divina, e o valor incomensurável da amizade que o SENHOR tem por todos os seus filhos que O ama. As conversões aconteciam de maneira notável.
E por isso mesmo, acovardado com a situação e temendo algum tipo de revolta do povo, decidiu pela atitude extrema, ordenando que a moça fosse decapitada. E assim aconteceu. Filomena morreu e sua alma, gloriosa e triunfante subiu ao Céu para receber seu merecido prêmio por sua fidelidade a DEUS: recebeu a coroa da virgindade e a palma do martírio, sendo carinhosamente acolhida pela SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA e por NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.
Filomena revelou ainda, que a decapitação aconteceu às 15 horas do dia 10 de Agosto, numa sexta-feira. E foi por essa razão que NOSSO SENHOR determinou que nessa data chegasse a Mugnano as sagradas relíquias da Santa.
A Irmã Maria Luisa teve ainda o privilégio de receber outras revelações sobre Santa Filomena e, também de vê-la em belíssimas aparições. Numa dessas visões, a Irmã viu a Santa, como se fosse uma Dama de Honra no Céu, ajoelhar-se aos pés da VIRGEM MARIA, dizendo: “SENHORA do Céu e da Terra, venho pedir-VOS Graças”. E apresentou a MÃE DE DEUS uma lista com mais de trinta pedidos, de diversas pessoas. NOSSA SENHORA respondeu:
- “A Filomena nada se nega. Sejam-lhe concedidas todas as Graças”.
GRAÇAS E AMIZADE
A quantidade de graças que a Santa consegue para os seus devotos é impressionante, é uma quantidade tão grande que até podemos afirmar, não existem recursos que possam revelá-las. Apenas para realçar a grandeza e eficácia da sua intercessão junto a DEUS, já mencionamos que o Santo Cura D’Ars cultivou grande amizade pela Santa e através da intercessão dela, alcançou maravilhosos milagres de NOSSO SENHOR. Do mesmo modo, o Bem-Aventurado Padre Pedro Julião Eymard, fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento e da instituição da Adoração Perpétua de JESUS SACRAMENTADO, também tinha grande amizade por Santa Filomena e contava sempre com a sua preciosa e eficaz intercessão junto a DEUS. E assim, como estes dois grandes Santos, existem diversos outros que reconhecem o impressionante e admirável poder intercessor da Santa.
Também, muitos Papas utilizaram a amizade e a poderosa intercessão de Santa Filomena junto a DEUS, e entre diversos deles, citamos o Sumo Pontífice Pio IX, que a proclamou Padroeira das Filhas de MARIA; também o Papa Gregório XVI, que concedeu a aprovação do seu culto em 13 de Janeiro de 1837, além de instituir um Ofício e Missa especial com leitura própria no Breviário (Atual Liturgia das Horas). O Papa Leão XIII aprovou o uso do famoso “Cordão de Santa Filomena” , assim como erigiu a Arquiconfraria de Santa Filomena na França. Por sua vez, o Papa São Pio X, estendeu a Arquiconfraria de Santa Filomena para o mundo inteiro.
O CORDÃO DE SANTA FILOMENA
Esta piedosa prática nasceu espontaneamente entre os devotos da Santa e foi aprovada pela Congregação dos Ritos, no Vaticano, no dia 15 de Setembro de 1883. Mais tarde, no dia 4 de Abril de 1884, o Sumo Pontífice Papa Leão XIII enriqueceu-a com preciosas indulgências.
A utilização do “Cordão de Santa Filomena” , consiste em trazer, amarrado ao redor do corpo, uma corda de lã, de linho ou algodão, branco e vermelho para indicar a virgindade e martírio da Santa. Esta devoção é amplamente praticada, especialmente na Europa e agora também está sendo usada no Brasil, para obter graças espirituais e corporais.
Tornou-se obrigatório para aqueles que trazem a Corda recitar todos os dias a seguinte oração:
“Santa Filomena, Virgem e Mártir, rogai por nós, para que por intermédio da sua poderosa intercessão possamos obter aquela pureza de espírito e de coração, que conduzem ao amor perfeito a DEUS”. Amem.