Maria de Nazaré, foi a primeira a receber uma manifestação em plenitude do ESPÍRITO SANTO, quando no Dia da Anunciação, tornou-se o cibório sagrado e inviolável, que guardou em seu seio por nove meses o FILHO DE DEUS. E tudo aconteceu de maneira surpreendente e maravilhosa, naquele pequeno lugarejo de Nazaré nas montanhas da Galiléia, há dois mil anos passados. Maria tinha terminado as ocupações habituais na casa e descansava em seu quarto; pensava no noivado com José, nas palavras inspiradas do Livro Sagrado e exultava com a incomensurável misericórdia do CRIADOR, sempre amparando, protegendo e ajudando o povo a encontrar o caminho do direito, da justiça e do amor fraterno, na realização do projeto de vida e na busca da felicidade; sentia que em seu coração crescia diariamente um incontido e irrefreável amor a DEUS, que a levou consagrar-se inteiramente a ELE: as suas obras, o seu trabalho, seus pensamentos, sua vontade e toda a sua vida. E assim, enquanto pensava, embalada por lindos devaneios, eis que de súbito apareceu um Anjo e ela tremeu... Com o susto do inesperado, colocou-se de pé e muito embaraçada com a visita imprevista, fitou-o desconfiada e em silencio. O Anjo sorrindo cumprimentou-lhe:
"Alegra-te, cheia de graça, o SENHOR está contigo!" ( Lc 1,28 )
Ouvindo a saudação ficou admirada e naturalmente deve ter pensado: mas o que significa isto, meu DEUS ?
Sem que Ela soubesse, o CRIADOR concedeu-lhe muitas prerrogativas especiais: foi preservada da mancha do pecado original e estava cheia de graças. O ESPÍRITO SANTO ocupava uma dimensão imensa em seu coração, pelo mérito de ter sido escolhida MÃE DE DEUS. Todavia, mesmo sem conhecer os privilégios que o CRIADOR derramou em seu espírito e embora apreensiva com aquela visita, permaneceu com sua natural modéstia e simplicidade, respondendo timidamente ao cumprimento do Anjo, com uma respeitosa inclinação e permaneceu em silêncio, olhando para ele. Com um amável sorriso, o Anjo procurou tranquiliza-la, dizendo que era o Arcanjo São Gabriel e estava cumprindo as ordens do Céu:
"Não tenhas medo, Maria! Encontraste graça junto de DEUS. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e o chamarás com o nome de JESUS. ELE será grande, será chamado FILHO DO ALTÍSSIMO, e o SENHOR DEUS lhe dará o trono de Davi, seu pai; ELE reinará na casa de Jacó para sempre, e o seu reinado não terá fim".( Lc 1,30-33 )
Maria emocionada, sentiu aquele frio indefinível da satisfação percorrer o seu íntimo, percebendo que DEUS correspondia ao seu profundo e ardente amor, que a ELE dedicou com toda a força da sua alma, com o mais sublime ímpeto do coração e com a maior intensidade de sua vida. Por isso, visivelmente perturbada por aquela extraordinária manifestação, num esforço para controlar o ardor de seus sentimentos, lembrou-se do voto de castidade perpétua que intimamente fez aos 12 anos de idade, e por isso humildemente perguntou:
"Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem algum?"( Lc 1, 34 )
O Arcanjo São Gabriel assumindo uma atitude compenetrada, respondeu a Maria:
"O ESPÍRITO SANTO virá sobre ti, e o poder do Altíssimo vai te cobrir com a sua sombra; por isso o Santo que nascer será chamado FILHO DE DEUS". ( Lc 1,35 )
Atenta e deliciando a maravilhosa experiência do Amor Divino, Maria de Nazaré com sua natural simplicidade, em silêncio continuou ouvindo as palavras do Arcanjo de DEUS:
"Também Isabel, tua parente, concebeu um filho na velhice, e este é o sexto mês para aquela que chamavam de estéril". ( Lc 1,36 )
Neste momento, devem ter brilhado muito mais os lindos olhos de Maria, demonstrando um profundo júbilo, porque ela tinha imensa amizade por sua prima Isabel e sabia o quanto ela desejava ter um filho. E o Anjo continuou inferindo, argumentando e mostrando a Maria, que o seu voto de castidade foi aceito pelo SENHOR e que seria resguardado, porque seria uma conceição milagrosa e completando, afirmou:
"Para DEUS, com efeito, nada é impossível". ( Lc 1,37 )
Houve um silêncio absoluto... A natureza parou, as aves não gorjeavam mais, não se ouvia qualquer ruído, a expectativa era geral...
Para Maria, no entanto, na sua habitual simplicidade e autentica humildade, era uma pausa necessária para respirar, para recuperar o fôlego de seus sentidos, tão excitados e lisonjeados pela bondade infinita do CRIADOR. E veio o "Sim" tão esperado... o "Sim" que nos trouxe JESUS, o nosso Salvador e Redentor, o "Sim" que nos legou a plenitude da misericórdia Divina, porque neutralizou a intensidade do "Sim de Eva" , aquele "sim" da primeira mulher ao Anjo das Trevas, que originou o Pecado e a Morte.
Então, o ESPÍRITO SANTO que habitava o coração de Maria e tinha configurado os seus virtuosos carismas conforme o modelo Divino, soprou em sua alma e ela disse:
"Eu sou a serva do SENHOR; faça-se em mim segundo a tua palavra!" ( Lc 1,38 )
A partir daquele instante, DEUS completou o decreto da Anunciação, despediu-se o Arcanjo São Gabriel, mas Maria não ficou sozinha, começava a Santa gravidez de NOSSA SENHORA.
Aquela experiência do ESPÍRITO SANTO completou os dons de sua alma, se podemos dizer que nossa MÃE SANTÍSSIMA alcançou naquele momento sublime, o esplendoroso ápice da Graça Divina. E conduzindo-se com simplicidade e precioso equilíbrio emocional, demonstrou ao longo de sua existência a beleza e a maior pureza de seus sentimentos mais profundos, personificando com admirável nobreza e fidelidade o ESPÍRITO DE DEUS, cultivando intensamente a Vida no ESPÍRITO.
AÇÃO DOS CARÍSMAS EM MARIA:
Maria de Nazaré exercitou em profusão os carismas que inundavam a sua alma. Embora sejam poucas as menções que encontramos na Sagrada Escritura sobre as suas atividades, aquelas que existem, encerram uma riqueza ilimitada, porque realçam de modo evidente e enternecedor, as suas virtudes que emergem de cada acontecimento, revelando as suas qualidades excepcionais e sua atuação marcante, no ambiente de sua época.
Naquele pequeno lar em Nazaré da Galiléia, onde passaram a viver quando voltaram do exílio no Egito, Maria, José e o MENINO JESUS, puderam cultivar o mais simples e puro amor, repleto de harmonia e de uma prodigiosa paz. Cuidando dos serviços domésticos ou na sinagoga lendo os livros sagrados, Ela iluminada pelo ESPÍRITO sempre acreditou na presença de DEUS no Filho que lhe fora confiado. Sua Fé era autêntica e mostrava permanente adesão ao SENHOR. NELE colocava integral confiança e toda Esperança, porque acima de tudo ELE era o imenso sol que inundava e iluminava a sua existência. E conforme sabemos pelas epístolas de São Paulo , a Fé é Dom do ESPÍRITO (1 Cor 12,3). Esta "Fé" Maria possuia em plenitude e revelou ao longo de toda a sua vida.
De acordo com a Lei Judaica, a maioridade, ou seja, a idade em que o indivíduo entrava em pleno gozo de seus direitos civis, começava para o israelita aos 12 anos de idade. O jovem tornava-se filho da Tora, isto é, "filho da Lei" , membro da comunidade judaica e era obrigado a participar, pelo menos, das três principais solenidades que todos os anos eram realizadas no Templo em Jerusalém.
A celebração da Páscoa dos 12 anos de JESUS, foi numa época de grande movimentação política e por isso, existia um ambiente de medo e apreensões, que cresceu com a costumeira afluência de pessoas.
Terminada a solenidade, como habitualmente acontecia, as famílias regressavam à seus lares. Entretanto, sem que ninguém percebesse, JESUS ficou em Jerusalém.
José e Maria pensando que ELE estivesse na caravana, junto com outras pessoas amigas, seguiram normalmente a viajem. Mas no entardecer do primeiro dia, quando a caravana parou em local previamente determinado a fim de que cada família montasse a sua barraca para descansar e passar a noite, ELE não aparecendo, ficaram preocupados. Cheios de aflição procuraram JESUS nos diversos grupos de famílias que compunham a caravana. Mas ninguém sabia DELE. Então, depois de uma noite mal dormida, voltaram à Jerusalém e chegaram no entardecer do segundo dia. No dia seguinte, terceiro dia, O encontraram pela manhã, no Templo entre os Doutores da Lei. (Lc 2,41-50)
Esta marcante passagem, realça outros admiráveis carismas que o ESPÍRÍTO colocou no coração de Maria: Caridade, Paciência, Longanimidade, Autodomínio, Brandura e Mansidão, os quais Ela exercitou em plenitude, apesar dos momentos de angústia e aflição que teve de suportar, por causa do desaparecimento de seu Divino FILHO.
Outra citação importante, encontramos no Livro escrito por São João Evangelista. Ele fala de uma Boda em Caná da Galiléia (Jo 2,1-12), de um Casamento entre conhecidos de JESUS, que por certo aconteceu no molde dos costumes judaicos, em que a comemoração durava uma semana, e se constituia numa ocorrência agradável, de confraternização e amizade.
JESUS, NOSSA SENHORA e os Apóstolos foram convidados e estavam presentes.
MARIA vendo que o vinho estava acabando, avisou JESUS. Mas o SENHOR lembrou-lhe que sua hora de atuar ainda não havia chegado. Entretanto, com confiança, MARIA disse aos serventes:
"Fazei tudo o que ELE vos disser". ( Jo 2,5 )
Existiam ali seis talhas de pedra, que os judeus utilizavam para a purificação das mãos e pés. JESUS mandou que as enchessem com água e depois de transformar a água num delicioso vinho tinto, ordenou que as levassem ao mestre da Cerimônia. Este, ao receber aquelas talhas cheias com um vinho tão especial ficou admirado e disse aos nubentes:
"Todo homem serve primeiro o bom vinho e, quando os convidados já estão embriagados, serve o pior. Tu guardaste o bom vinho até agora !" ( Jo 2,10 )
O noivo ficou embaraçado, porque não sabia o que dizer e nem conhecia a procedência daquele vinho, mas os serventes sabiam e se calaram, por ordem de JESUS.
Nesta passagem, também de maneira notável e espontânea, Maria exercitou os seus carismas, evidenciando sobretudo o dom da Benignidade, a dimensão imensa da sua Bondade que é irmã do Amor e companheira da Fé. Ela conhecia o Coração de seu Filho e sabia a grandeza de sua misericórdia, por isso ordenou aos serventes: "Fazei tudo o que ELE vos disser". Aquela ordem aos serventes revela a dimensão incomensurável da convicção de Maria, alicerçada na Bondade do Coração de seu Divino FILHO. Sua fé era autêntica e sua confiança ilimitada porque estava fundamentada no Poder e no Amor de DEUS. Então, aquela foi mais uma natural manifestação dos carismas que habitavam o seu coração.
Estas realidades nos conduzem a lembrar quando Ela estava aos pés da Cruz de JESUS, antes do SENHOR entregar a sua alma ao CRIADOR. JESUS olhando para Ela entregou-lhe a missão de ser a Mãe Espiritual de toda humanidade, para nos ajudar e socorrer ao longo da existência, intercedendo junto DELE, Mediador Supremo perante o PAI ETERNO, a fim de alcançar as graças e benefícios para todos que suplicassem a sua inefável e tão valiosa proteção.
Então Ela pode exercitar com
intensidade e na maior grandeza de seu amor, o manancial sublime de suas
virtudes, ajudando, auxiliando, consolando, inspirando,
protegendo, encorajando todos os seus filhos que a procuram
e suplicam a sua tão querida e inefável intercessão junto a DEUS.
E também, no Cenáculo em Jerusalém,
no dia marcado pelo SENHOR, quando o ESPÍRITO SANTO veio e derramou
graças em plenitude sobre os Apóstolos e MARIA, Ela que já possuía
o PARÁCLITO CONSOLADOR, teve os seus carismas estimulados a fim de poder cumprir a sua missão e na companhia dos Apóstolos
do SENHOR, implantar e impulsionar a Igreja, fazendo-a crescer unida, fervorosa e amparada pelo Amor de DEUS. Estes acontecimentos e muitos outros
que a Biblia Sagrada descreve, testemunham que o ESPIRITO SANTO habitava
o coração de MARIA e a inundou com um caudaloso manancial de dons que sempre
foram manifestados por Ela, por sua bondade, fidelidade, ternura e pelos seus preciosos carinhos, que sempre revelou à todas as pessoas que a amam sinceramente e invocam o seu poderoso e maternal auxílio.
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