A VIDA DE TOMÁS DE AQUINO
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A VIDA DE TOMÁS DE AQUINO

 

A FAMÍLIA E O SEU IDEAL

Tomás de Aquino nasceu na Itália, no Castelo de Roccassecca, num pequeno lugarejo a 30 quilometro de Nápoles, provavelmente no inicio do ano 1225. Seu pai era um nobre, Landolfo de Aquino, Conde de Aquino, que vivia no Castelo com sua família constituída de esposa e cinco filhos, três rapazes e duas moças, no Condado de Aquino, Reino da Sicília, e administrava a produção de seu burgo. A mãe de Tomás era a condessa Teodora de Theate, ligada a nobreza pela dinastia dos Hohenstaufen do Sacro Império Romano-Germânico. O irmão de seu pai, de nome Sinibald, seguiu a vida religiosa na Abadia Beneditina em Monte Cassino, onde era Abade. Por essa razão, embora seus dois irmãos tivessem seguido a carreira militar, a família buscou encaminhar Tomás para seguir o seu tio na vida religiosa.

Como era comum naquela época, Tomás foi enviado a Abadia, pertencente a Ordem Religiosa Beneditina, com cinco anos de idade, na condição de “oblato” (leigo que se oferece para serviços numa Ordem Monástica), aos cuidados de seu tio Abade Sinibald.

Na Abadia permaneceu por mais de 8 anos. Entretanto, em face do conflito entre o Imperador Frederico II e o Papa Gregório IX, no inicio do ano 1239, os seus pais decidiram matriculá-lo na Universidade de Nápoles, onde permaneceu dos 14 aos 19 anos de idade. Teve como professor de aritmética, geometria, astronomia e música, o mestre Pedro de Ibêmia, que era famoso pelos seus estudos e suas obras. Nesta época, ele também teve a magnífica influência do sacerdote e pregador, Frei João de São Juliano, que fazia parte do esforço organizado pela Ordem Religiosa Dominicana, com o objetivo de cativar e conseguir novos adeptos para a Ordem. Tomás descobriu nos ensinamentos e orientações do Frei João o carisma Dominicano que cativou o seu espírito. Depois de diversos encontros e muitos assuntos abordados, aderiu a Ordem Religiosa. Na continuidade, em 1244, com a idade de 20 anos e contra a vontade da família, entrou oficialmente na Ordem Dominicana, fundada pelo Padre Domingos de Gusmão, que acabava de ser constituída oficialmente. Seus pais queriam que ele se tornasse um Abade Beneditino em Monte Cassino e na continuidade, provavelmente seria eleito Arcebispo em Nápoles. Mas ele escolheu outro caminho, ficou apaixonado pelos projetos dos Dominicanos.

Quando sua mãe, a Condessa Teodora ficou sabendo da decisão do seu filho, perdeu totalmente o controle emocional, pois não concordou com a atitude dele e se dispôs a fazê-lo desistir daquele intento, voltando a Monte Cassino, “nem que fosse à força”. Tomás ao receber a intimação da sua mãe, e conhecendo bem a força da vontade materna, que removia montanhas para satisfazer o seu objetivo, fugiu para Paris, a fim de escapar da tirania da sua progenitora. Mas, logo no inicio da viagem, foi dominado pelos seus dois irmãos militares, que vieram buscá-lo para conduzi-lo a presença da mãe. Ele quis resistir, mas não “teve jeito”, seus irmãos eram muito mais fortes, depois de o espancarem brutalmente, tentaram e quase conseguiram arrancar o seu hábito religioso. Ele teve que ficar muito esperto, para não ser despojado de sua veste dominicana e ficar praticamente sem roupa.

Assim, capturado, o levaram a presença da mãe. Foram muitos dias de conversa e propostas, mas que na realidade, resultaram em nada, porque ele não cedeu, queria continuar Dominicano. Nervosa e quase perdendo a tranquilidade, a mãe mandou que as duas filhas, usassem de seus argumentos com a finalidade de convencer, a qualquer preço, o seu irmão “rebelde” a renunciar a Ordem Dominicana. Tomás também decidiu apresentar os seus fortes argumentos e suas fundamentadas razões. Resultou numa longa semana de muita conversa e entendimentos entre os três irmãos. O desfecho desta longa entrevista foi surpreendente: uma de suas irmãs decidiu se fazer religiosa, entrou no Convento de Santa Maria de Cápua, onde viveu santamente e se tornou Abadessa. A outra irmã, embora permanecendo no lar junto à mãe, buscou acalmar o ambiente, empregando todo o seu esforço para que houvesse paz na família. A lucidez e a argumentação de Tomás, revestida com a força do DIVINO ESPÍRITO SANTO, fez luzir a razão e a verdade simples e direta, alcançando um insuperável poder de persuasão, que deixou as duas irmãs atônitas e convencidas de que o procedimento dele era correto.

Mas a mãe não queria saber de muita conversa. Farta de ouvir argumentos com os quais não concordava, tomou uma medida drástica: mandou encarcerar o Tomás na torre do Castelo, forçando-o com esta tentativa violenta, a fazê-lo desistir de sua vocação Dominicana.

Assim, em completa solidão, Tomás permaneceu por quase dois anos. Pela porta do aposento onde se encontrava, só chegavam às refeições; ele não podia sair para nenhum lugar. Mas, sabiamente ele soube aproveitar o seu tempo, dedicando-o aos estudos e a contemplação do SENHOR.

Pelo seu lado, os frades Dominicanos conhecendo os fatos, não esqueciam Tomás, e de longe, espiritualmente acompanhavam o seu drama. E procuravam consolá-lo, através das orações e lhe enviando com sagacidade, livros e novos hábitos que lhe chegavam às mãos por intermédio de suas próprias irmãs, que já compreendiam o seu sentimento e suas razões.

Já havia decorrido um tempo considerável e Tomás não tinha modificado a sua vontade. Esta realidade estava deixando a mãe e os dois irmãos nervosos, pois estavam mancomunados no mesmo propósito de tirá-lo da Ordem Dominicana. Por isso, elaboraram uma trama abominável: com a desculpa de que uma mulher queria encontrá-lo para se confessar, enviaram-na à torre. Mas era uma jovem de maus costumes, que foi contratada para fazê-lo pecar. Era um dia frio e a lareira estava acesa. Para melhor se proteger, Tomás deslocou a sua pequena mesinha de estudos para junto da lareira. A porta se abriu e entrou a moça com um vestido muito justo e um olhar terrível, cheio de sedução, com passadas “sinuosas” e firmes. Ele muito ligeiro, saltou da cadeira, pegou um tição em brasa na lareira e partiu na direção dela, que vendo a “coisa preta”, não esperou, deu uma rápida meia volta e fugiu como pode, para escapar do fogo do tição que brilhava nas mãos de Tomás.

Homem inteligente, percebeu nesse satânico episódio a intervenção Divina, que lhe inspirou e lhe deu forças para reagir. Naquele mesmo momento traçou com o mesmo tição em brasa uma cruz na parede, ajoelhou-se e renovou sua promessa de castidade.

Descreve a Tradição, que DEUS NOSSO SENHOR e a SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA, vendo o seu esforço e autêntico autodomínio para vencer as forças do maligno, à noite lhe proporcionaram um magnífico sonho: dois Anjos vieram visitá-lo e o cingiram com um cordão celestial, dizendo: "Viemos da parte de DEUS e conferir-te o dom da virgindade perpétua, que a partir de agora será irrevogável".

Nunca mais São Tomás sofreu qualquer tentação de concupiscência ou de orgulho. Após a sua morte, quando recebeu o titulo de Doutor Angélico, não lhe foi dado apenas por ter transmitido a mais alta doutrina, mas também e sobretudo, por ter com seu comportamento ilibado, se assemelhado aos espíritos puríssimos dos Anjos, que contemplam diariamente a face do SENHOR DEUS.

Estudou filosofia em Nápoles e, ao longo dos estudos, revelou as suas preciosas e consistentes qualidades. Por essa razão, foi enviado pelos seus superiores a estudar em Paris, na França, sendo matriculado na famosa Faculdade de Teologia, que era dirigida pelo Bispo Alberto Magno, o qual, era o mais conceituado Mestre da Ordem dos Padres Pregadores (Ordem Dominicana), que se tornou seu amigo e admirador, e exerceu profunda influência em sua obra. O Diretor Bispo Alberto (futuro Santo Alberto Magno) que desde o inicio o observava com cuidado, ficou impressionado com sua inteligência e com sua sisudez. Percebeu que ele não gostava de “muita conversa”. E por isso mesmo, o Diretor Alberto o apelidou de “boi mudo” (comia as letras e as ruminava, quieto e calado) E disse sobre ele:

“Quando este boi mugir, o mundo inteiro ouvirá o seu mugido”.

Deixou Paris em 1248, acompanhado de seu mestre, e foram para a Alemanha. Dom Alberto foi incumbido de fundar o “Studium Generale” dos Dominicanos, na cidade de Colônia, onde Tomás terminou os seus estudos. Em 1252, Tomás de Aquino retornou a Paris, e obteve licença para lecionar teologia e logo iniciou o seu magistério.

Foi mestre na Universidade de Paris, no reinado de Luis IX, e atuou como professor, lecionando pelo resto da sua vida. Atuou de 1252 a 1259 na Universidade de Paris; de 1259 a 1268, na Cúria Pontifical, e de 1269 a 1272, em Roma. Mais tarde, voltou a Paris, onde permaneceu lecionando no Convento de Estudos de Santa Sabina e depois, também se deslocou a Nápoles, onde organizou o programa de estudos da Ordem Dominicana da Província de Roma.

Foi convocado pelo Papa Gregório X para participar do II Concílio Geral de Lyon, na França, mas faleceu a caminho, antes de chegar ao destino, com apenas 49 anos de idade, no dia 7 de Março de 1274.

Antes de iniciar esta viagem, a sua saúde já havia se manifestado com problemas, aos quais, ele não deu a devida importância. Com o tempo, o mal evoluiu. Assim que iniciou a viagem para participar do Concílio, sua doença forçou-o a se abrigar na Abadia Cisterciense de Fossanova, nas imediações da capital italiana, onde veio a falecer, cercado pelo carinho de toda a Comunidade Religiosa.

O PENSAMENTO E A SUA MAGNÍFICA OBRA

A busca da verdade foi sempre uma grande preocupação de Tomás, que nas meditações, ao longo de sua vida, buscava resposta. E na realidade, o ser humano, pela própria natureza, se preocupa em conhecer e saber sobre a verdade. A privação desse bem dá a humanidade uma face desfigurada da existência, que se explica por incompreensíveis procedimentos e pela adesão a falsas doutrinas ou a meias verdades.

Descrevem os historiadores do grande teólogo, que desde pequeno, no Mosteiro Beneditino, vendo um monge cruzar com gravidade e recolhimento os longos corredores, sem hesitar, puxava a manga do hábito dele e lhe perguntava: "Quem é DEUS?" Descontente com a resposta que, embora verdadeira, não satisfazia inteiramente o seu desejo de saber, esperava passar outro monge e indagava: "Irmão, pode me explicar quem é DEUS?" Mas... que decepção! Não conseguia a explicação que lhe satisfazia. Na sua pequenez sentia que as palavras dos monges não traduziam uma clara e compreensiva idéia de DEUS, como ele gostaria de ouvir. Sentia que faltava algo, que sua pouca idade não lhe permitia raciocinar.

E foi se aplicando nos estudos e desenvolvendo um discernimento lógico e objetivo, que se tornou um dos maiores teólogos da Igreja Católica e a coluna fundamental da filosofia cristã, sendo considerado o ponto de convergência no qual se reuniram todos os tesouros da teologia até então acumulados e dos quais emanaram luzes para as futuras explicitações.

Aos 22 anos de idade interpretou com genialidade a obra de Aristóteles. E também a partir desta época, começou a escrever os seus estudos. Sua Obra tornou-se tão vasta, que só para enumerá-la, com uma pequena explicação, são necessárias várias páginas. São quase sessenta grandes obras, entre comentários, sumas, questões e opúsculos. Todavia, sem dúvida, a sua grande Obra é a famosa “Suma Teológica”.

Sua prodigiosa faculdade de memorizar lhe permitia reter todas as leituras que havia feito, entre elas a Bíblia, as obras dos filósofos antigos e dos Padres da Igreja. Todas as oitenta mil citações contidas em seus escritos brotaram espontaneamente de sua capacidade retentora. Nunca precisou ler duas vezes o mesmo trecho. Ao lhe ser perguntado qual era o maior favor sobrenatural que recebera, depois da graça santificante, respondeu: "Creio que o de ter entendido tudo quanto li".

Ao falar das qualidades do Doutor Angélico temos que considerar a supremacia da graça que resplandecia em sua alma. Frei Reginaldo, o seu fiel secretário, disse tê-lo visto passar mais tempo aos pés do crucifixo do que em meio aos livros.

Com o objetivo de obter luzes para solucionar difíceis problemas, o Santo Doutor fazia jejuns e penitências com frequência, e não raras vezes o SENHOR, misericórdia infinita, o atendeu com revelações celestiais. O seu secretário particular descreve que em certa ocasião, enquanto rezava fervorosamente, suplicando luzes para explicar uma passagem de Isaías, numa homilia que preparava, apareceram-lhe São Pedro e São Paulo que lhe esclareceram todas as dúvidas.

Muitas vezes também, recorreu a JESUS SACRAMENTADO. E diante do Sacrário, passava horas em orações. Tomás afirmava com segurança, ter aprendido mais desta forma, junto de DEUS, do que em todos os estudos que fizera. Amava JESUS SACRAMENTADO, e este grande amor, o levou a compor o “Pange Língua” e o “Lauda Sion” para uma festa de Corpus Christi.

Descrevem os seus hagiógrafos, que ao receber a Sagrada Eucaristia pela última vez, ele disse:

"Eu VOS recebo, preço do resgate de minha alma e Viático de minha peregrinação, por cujo amor eu estudei, eu vigiei, trabalhei, preguei e ensinei. Tenho escrito tanto, e tão frequentemente tenho discutido sobre os mistérios da VOSSA Lei, ó meu DEUS; sabeis que nada desejei ensinar que não tivesse aprendido de VÓS. Se o que escrevi é verdade, aceitai-o como uma homenagem à VOSSA infinita majestade; se é falso, perdoai a minha ignorância. Consagro tudo o que fiz e o submeto ao infalível julgamento da VOSSA Santa Igreja Católica Apostólica Romana, na obediência à qual estou prestes a partir desta vida."

A Igreja não tardou a glorificá-lo, elevando-o à honra dos altares em 1323. Na cerimônia de canonização, o Papa João XXII afirmou: "Tomás sozinho iluminou a Igreja mais do que todos os outros doutores. Tantos são os milagres que fez, quantas as questões que resolveu". No Concílio de Trento, as três obras de referência postas sobre a mesa da assembléia foram: a Bíblia, os Atos Pontificais e a Suma Teológica. É difícil exprimir o que a Igreja deve a este seu filho admirável.

 

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