“SERVAS DO SAGRADO
CORAÇÃO DE JESUS”
PROMISSORA CONGREGAÇÃO
Em 1877, a Nova Congregação passou a usar o nome de “IRMÃS REPARADORAS DO CORAÇÃO DE JESUS”, e recebeu a plena aprovação do Cardeal Moreno, Arcebispo de Toledo. O propósito desta Nova Congregação centrou-se primordialmente na adoração e exposição diária do Santíssimo Sacramento. E externamente, o objetivo da Ordem era de abrir Escolas para meninas pobres e prepará-las, tanto as meninas mais jovens, como as mais velhas, para a Primeira Comunhão Eucarística. Além desta intensa atividade, Rafaela trabalhou incansavelmente para o estabelecimento de novas Fundações, com objetivo de conseguir a aprovação da Congregação Religiosa, pelo Vaticano. Com este objetivo se esforçou incansavelmente no estabelecimento de novas fundações abrindo Casa em Córdoba no ano 1881, em Jerez no ano 1882, em Bilbao no ano 1885, e em Zaragoza no ano 1886. Todas as mencionadas Casas foram instaladas e permaneceram em completo funcionamento. Foi necessário este esforço para poder receber o Decreto do Papa com a aprovação formal em 1886. A aprovação definitiva aconteceu no ano 1887. O Papa Leão XIII aprovou a Congregação Religiosa com o novo nome: “SERVAS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS”, com Rafaela, como primeira Superiora Geral. E assim, a 14 de abril de 1877 estabelecia-se em Madrid a primeira comunidade das “SERVAS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS”, dedicadas a adorar o Santíssimo Sacramento e a educar crianças e jovens, principalmente os pobres. Eram 18 Noviças, aprovadas pelo Cardeal Moreno, que haviam começado aquele belo trabalho e nenhuma delas se perdera.
E a partir desta época, a “Ordem das Servas do Sagrado Coração de JESUS” também estabeleceram Escolas num nível social mais elevado, embora permanecessem fiéis ao propósito original de um precioso trabalho educacional entre as jovens mais pobres.
No ano seguinte, em assembléia realizada na Comunidade Religiosa, no dia 4 de Novembro de 1888, todas as Irmãs fizeram a Profissão de Fé, e também, com a total presença da Comunidade Religiosa, por unanimidade foi reafirmada Rafaela Maria em aclamação para Superiora Geral da Congregação Religiosa, e sua irmã Dolores ficou como Ecônomo Geral da Congregação.
UNIDA AO SENHOR
O grande desejo de Rafaela era que, a começar pelas Irmãs, as pessoas olhassem e se unissem fervorosamente ao ardente anseio do SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS: “Que todos O conheçam e O amem”. Ela seguia firme o seu caminho de oblação sabendo que era a única via para melhor se unir a DEUS. Assim O confiava em seus exercícios espirituais. E DEUS misericórdia infinita a escutou.
NOITE ESCURA
Em 1892 a Irmã Rafaela Maria estava com 43 anos de idade, e por tudo que ocorreu em sua existência, ainda teria mais 32 anos de vida. Mas foi justamente nesta época que abateu sobre ela uma abominável “Noite Escura” . A Congregação estava num momento fecundo de ótimas conquistas e com excelentes realizações, com todas as Casas nas diversas cidades em animador progresso, inclusive com admirável acréscimo no número de Irmãs, quando de repente, começaram a brotar terríveis ervas daninhas, fundamentadas na desconfiança, na mentira e na incompreensão, que causou um impacto desagradável, com uma “aniquilação progressiva e de martírio na sombra”, conforme as palavras do Sumo Pontífice Papa Pio XII, sobre algumas notícias que chegaram a Roma.
A PERPLEXIDADE DE RAFAELA
Ela que sempre foi uma jovem idealista, desejando o bem-estar de todos, jamais imaginou ter que enfrentar conversas tão mesquinhas e situações tão desprezíveis, que jamais supôs mesmo nas difíceis circunstâncias da luta intensa que enfrentou, junto com suas colegas, para edificar a Congregação Religiosa. E por incrível que possa parecer, também estava envolvida na terrível intriga, a sua querida companheira Dolores, sua estimada irmã. Naquele mesmo ano de 1893, Dolores, ou seja, a Irmã Maria Del Pilar, passou a externar uma visão distorcida sobre Rafaela, afirmando que ela cometia muitos erros na administração econômica da Congregação e que poderiam representar sérios prejuízos para a Comunidade Religiosa. Mas isto é incrível!... Como imaginar um comportamento destes em Rafaela? Ela que como uma Leoa feroz, fundou a Congregação, viajou pela Espanha divulgando a obra e abrindo Novas Casas em diversas cidades! Tudo com um único e santo objetivo de ampliar e dar consistência a sua Obra, sobretudo, visando à aprovação oficial da mesma pelo Vaticano, buscando propiciar maior honra e glória ao SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS! Como é possível uma pessoa assim, ser acusada de incompetente? E a maldade se alastrou violentamente e justamente envenenou as Conselheiras do Instituto, sempre com o firme e maldoso objetivo de denegrir Rafaela e tirá-la do cargo de Superiora da Comunidade. Aquelas conversas causaram um mal estar geral tão grande, que alterou completamente a atmosfera do ambiente agradável e fraterno que existia no cotidiano da Congregação. E assim, depois de muitas intrigas, as Conselheiras acabaram acreditando e convidaram a Madre Superiora Rafaela Maria para conversar.
MADRE RAFAELA DEIXA A DIREÇÃO DA CONGREGAÇÃO
Madre Rafaela desapontada com toda aquela celeuma de cruéis afirmações, antes de ser confrontada com aquele assunto desagradável, renunciou ao cargo de Superiora. Sua Irmã Dolores, que era a sua auxiliar direta e conhecia toda a organização administrativa, foi escolhida para ser a nova Superiora. Assim, foi preparada e realizada a reunião para oficialização dos fatos. Rafaela não compareceu. Na mesinha do seu pequeno quarto assinou o documento de demissão. Por determinação do estatuto da Ordem Religiosa, enviaram ao Vaticano a ata da reunião e a carta de demissão assinada por Rafaela, assim como o documento referente à posse de Dolores, a nova Superiora Geral da Comunidade Religiosa.
HUMILHAÇÃO E MARAVILHOSA HUMILDADE
Santa Rafaela viveu mais 32 anos desprezada e esquecida por todos, num pequeno quarto das instalações da Ordem Religiosa. Ninguém a procurava. Ali permaneceu sempre sozinha e abandonada. Até as refeições não eram no refeitório da Comunidade. Uma das auxiliares da cozinha levava no quarto para ela. Porém, sem guardar mágoas ou qualquer rancor, ela dizia estar feliz, por poder se dedicar integralmente a oração, assim como dar o bom exemplo para todas as Irmãs, mantendo de modo admirável, um coração humilde e sem ressentimentos. Viveu sem cultivar amarguras, sem fazer críticas e sem alimentar nenhuma mágoa. Mantinha um silêncio completo e total. Só dizia o estritamente necessário. Assim, ela também pode ver e apreciar o desenvolvimento maravilhoso da sua Obra, que era fruto precioso do seu coração e da Vontade de DEUS. Ela via em tudo a Mão de NOSSO SENHOR agindo em sua vida, modelando-a para a Vida Eterna. E por isso mesmo, sorria interiormente, porque sabia que tudo aquilo era o desejo Divino, que a Obra devia sempre crescer, florescer e espalhar pelo mundo a Vontade e o Amor de DEUS por todos nós. Sua dor, que era grande e profunda, unida a sua perfeita e silenciosa aceitação, certamente foram os adubos mais férteis para o crescimento da preciosa Obra.
EXISTÊNCIA EXEMPLAR
Nos trinta e dois anos de isolamento e marginalização, Santa Rafaela não teve nenhum tipo de consolo na Casa da Congregação, como também nem lhe ofereceram a oportunidade para visitar as outras Casas da Congregação na Espanha. Na época quando governava a Instituição, em todas as casas por onde passava, sempre deixou um magnífico exemplo de santidade, de muita oração e de humildade. Agora, completamente abandonada e esquecida, só fazia os trabalhos mais humildes, também os mais duros, exatamente aqueles que eram rejeitados pelas outras religiosas. E muitas vezes ainda sofria humilhações, enquanto se imolava com uma vivência heróica, revelando plena humildade e se mostrando sempre pronta a conceder o perdão. Tudo o que fazia realizava com alegria de coração, deixando transparecer que tinha uma profunda vida interior unida a DEUS. Esta realidade lhe consolava e satisfazia deliciosamente o seu espírito, deixando-a perceber que as glórias humanas são apenas fatos que podem produzir alegrias, mas não produzem a necessária felicidade permanente e duradoura. Na sua solidão e silêncio renovava o seu espírito de reparação, sempre rezando, fazendo sacrifícios e suplicando a misericórdia Divina pelos pecados do mundo, e assim, permanecia pensando unicamente na glória de DEUS.
SUA IRMÃ DOLORES
Ela assumiu o comando de Superiora Geral da Congregação no mesmo ano de 1893. Governou a Congregação por dez anos (até 1903), quando foi afastada e enviada para uma Casa da Ordem Religiosa em Valladolid, também na Espanha.
MUDANÇA PARA ROMA E FINALMENTE A ETERNIDADE
Rafaela mudou-se para Roma, onde passou o resto da sua vida em reclusão na Casa Mãe da Congregação. Teve apenas dois consolos externos que alegraram o seu coração: fez uma peregrinação a Assis e a Loreto na Itália, onde teve a oportunidade de rezar diante daqueles famosos Santuários Cristãos; e também, fez uma viagem a Espanha, onde teve oportunidade de visitar as Casas da Congregação. As religiosas mais jovens puderam comprovar o que tinham ouvido das Irmãs mais idosas, os comentários sobre a Fundadora. Ela nunca mais exerceu a autoridade no Instituto, mas sua presença edificava a todas as Irmãs, ao observarem as suas ações revestidas de plena santidade. Por isso, nas Casas que visitou deixou uma imagem pura de santa edificação. Por causa das longas horas que passava ajoelhada diante de JESUS SACRAMENTADO, contraiu uma grave doença no joelho direito. Tal enfermidade lhe causava muitas dores, as quais com o tempo se tornaram insuportáveis. E assim, sentindo muitas dores e em pleno silêncio, ela passou os últimos meses da sua vida. Porém, cheia de fé, dizia:"Aceitei todas as coisas como se viessem das Mãos de DEUS". .
Suas palavras com plena consciência: «En el no hacer está mi mayor martirio. DIOS me pide ser Santa. Yo no puedo dejar de serlo sin despreciar SU Santo querer. Si logro ser Santa, hago más por la Congregación, por las hermanas y por el prójimo, que si estuviese empleada en los oficios de mayor celo. Mi espíritu gime, pero vale más agradar a JESÚS gimiendo que riendo […]. El gozo será en la otra vida. JESÚS me ama mucho y esto me debe alentar siempre»
(Tradução das palavras, de como ela abraçou a Cruz do SENHOR). "Não fazer (nada) é o meu maior martírio. DEUS me pede para ser Santa. Eu não posso deixar de ser uma Santa sem desprezar o SEU Santo Amor. Se posso ser Santa, faço mais pela Congregação, pelas Irmãs e pelo meu próximo, do que se estivesse trabalhando nos ofícios mais zelosos. Meu espírito geme, mas é melhor agradar a JESUS gemendo do que rindo [...]. A alegria estará na próxima vida. JESUS me ama muito e isso deve sempre me encorajar».
Rafaela Maria morreu santamente na Casa Mãe da Congregação em Roma no dia 06 de Janeiro de 1925 as 18 horas.
Somente depois do seu falecimento foi que as autoridades eclesiásticas compreenderam com clareza, o que de fato havia acontecido com a Superiora Rafaela, na Congregação fundada por ela mesma. Isto aconteceu a partir do momento em que foi aberto o Processo Diocesano que evidenciou a Santidade Dela.
BEATIFICAÇÃO E CANONIZAÇÃO
Ela foi Beatificada no dia 18 de Maio de 1952 pelo Papa Pio XII. Também nesta data foi feito o translado dos seus restos mortais. Foi Canonizada no dia 23 de Janeiro 1977 pelo Papa Paulo VI. Esta última data, por coincidência, também marcava o centenário de fundação do INSTITUTO DAS SERVAS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS.
Santa Rafaela está sepultada na Casa Generalícia (Casa Mãe) da Congregação em Roma, e como ela faleceu no dia 06 de Janeiro de 1925, sua data coincide com a Festa da Epifania de JESUS.
UM FATO MUITO COMENTADO
Pouco tempo depois, quase no final da Segunda Grande Guerra Mundial (1939-1949), um avião norte americano, lançando bombas sobre Roma, procurando destruir um armazém de munições nazista, atingiu o Cemitério onde Santa Rafaela Maria estava sepultada. Porém, o túmulo dela não foi atingido, foi preservado milagrosamente. Quando abriram a sepultura e fizeram a exumação, encontraram o corpo da Santa, perfeitamente incorrupto e com uma impressionante flexibilidade, como se fosse uma pessoa normal, que estivesse dormindo.