“PREFÁCIO”
HISTÓRICO
Duas vezes por ano a Igreja nos recorda as “Dores de NOSSA SENHORA”: Na Sexta-feira que antecede ao Domingo de Ramos e no dia 15 de Setembro. Todavia, antes mesmo da fixação das mencionadas datas, em todo o mundo cristão, o povo já vinha lembrando ao longo dos anos, os sofrimentos da MÃE DE DEUS. No século XIII cultivavam com evidência a celebração das “Sete Dores da SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA”. Principalmente a Ordem dos Servitas, fundada em 1240, muito contribuiu para propagar esta devoção. Fizeram constar dos Estatutos da Ordem, que seus membros deviam santificar a si e aos outros pela Meditação das Dores de MARIA e de Seu FILHO JESUS. No fim do século XV a adesão do povo era geral, de modo admirável exercitavam o culto compassivo das Dores de NOSSA SENHORA. Os poetas e músicos de vários países compuseram músicas e poesias, inclusive o magistral hino “Stabat Mater” (Mater-Dolorosa, Mãe Dolorosa) do franciscano Jacopone da Todi, em 1306. E assim, da mesma maneira que o povo, as autoridades religiosas também revelaram carinho e atenção pelas Dores de nossa MÃE SANTÍSSIMA. No Sínodo de Colônia (Alemanha), em 1423, com o objetivo de expiar as injúrias cometidas pelos Hussitas contra as imagens sagradas, os Bispos reunidos deram ao evento o titulo: “Comemoração das Angústias e Dores da Bem-aventurada VIRGEM MARIA”. Esta homenagem se propagou rapidamente, recebendo o nome de “Festa de NOSSA SENHORA DA PIEDADE”. No ano 1725, o Papa Bento XII introduziu a Festa no Estado Pontifício, e no ano 1727, estendeu a Festa para a Igreja Católica Universal. Com a reforma do Breviário pelo Sumo Pontífice Papa Pio X, a data da Festa foi fixada anualmente no dia 15 de Setembro.
a) “MARIA, RAINHA DOS MÁRTIRES”, por causa da duração e intensidade das SUAS Dores.
A inveja unida a maldade dos soberanos, de autoridades religiosas e dos seus auxiliares naquela época, cegaram seus corações e cobriram com pesadas nuvens o lado bom do espírito humano, desencadeando uma perseguição covarde e maldita contra JESUS. ELE, de maneira generosa e heróica, sabendo das dificuldades que haveria de encontrar, veio até nós numa Missão Sublime de Amor Redentor, para o bem de todas as gerações. Sobretudo, porque também veio consolar a tristeza e o desapontamento do PAI ETERNO CRIADOR, pelo procedimento degradante e cruel da humanidade que ELE Mesmo Inventou e Criou, assim como, deixar meios eficazes para o povo se converter, buscando o caminho do perdão Divino, seguindo a estrada do direito, da justiça e do amor fraterno. Mas aqueles homens não pensavam assim, não se interessaram em compreender a Missão de JESUS, e agiram como animais indomáveis, e cheios de raiva tramaram a morte do SENHOR, num Tribunal sem defesa, no qual ELE foi julgado e acusado por testemunhas preparadas que O condenaram por crimes que não cometeu. Foi barbaramente flagelado e terrivelmente morto numa Cruz. E tudo isto, MARIA, SUA querida e Amada MÃE presenciou, com o coração transpassado de angústias e cheio de tristeza, torturada pelos desapontamentos, suportou tudo em silêncio, derramando sentidas e dolorosas lágrimas, impossibilitadas de serem ocultadas pela grandeza da maldade e terrível ferocidade dos carrascos. Corajosamente ELA se resignou em presenciar o sacrifício do Seu FILHO à Justiça Divina em benefício de todos nós, para reparar a pungente e abominável conduta humana. Portanto, NOSSA SENHORA é digna de nossa piedade e gratidão pela imensa dor que sofreu “por nosso amor”, nós que também somos filhos DELA, pela grandeza infinita da Vontade e do AMOR do SEU DIVINO FILHO JESUS. E se não podemos corresponder dignamente a tanto amor, dediquemos algum do nosso tempo para rezar e meditar, na consideração das SUAS acerbíssimas dores.
b) Pela Duração e Intensidade do SEU Martírio, MARIA é considerada, “RAINHA DOS MÁRTIRES”.
A VIRGEM SANTÍSSIMA é denominada “Rainha dos Mártires” , pelo fato de ter suportado o maior martírio que se possa padecer, pela flagelação e morte do SEU DIVINO FILHO. Então, os teólogos e exegetas de um modo geral consideram o sofrimento da MÃE DE DEUS, como um acontecimento extremamente fora do habitual, e por isso mesmo, a coroa de amargura com a qual ELA foi investida, foi de dores tão acerbadas, que excedeu aquelas dores e sofrimentos de todos os mártires reunidos na história do Cristianismo. Inclusive, há uma circunstância que atuou fazendo crescer ainda mais o martírio de MARIA. Sim, porque na verdade, ELA não só sofreu dores indizíveis, como também as sofreu "sem alívio algum", durante toda a Paixão de JESUS. Os mártires quando sofreram os tormentos que lhes impuseram os terríveis tiranos, tiveram o consolo Divino, pois o infinito Amor de JESUS lhes consolava tornando as dores mais suaves e não tão agressivas. Citando apenas um exemplo, São Vicente foi condenado ao martírio. O colocaram sobre um cavalete de madeira, e descarnavam o seu corpo com unhas de ferro, e também com lâminas candentes o queimaram dezenas de vezes. Vicente permaneceu firme, sério em orações, com tal fortaleza de ânimo e tal desprezo pelo tormento, que o próprio carrasco se manifestou dizendo: “Parece que são duas pessoas: uma que está encima do cavalete completamente distante e indiferente a realidade que acontece, e outra pessoa que nós enérgicamente descarnamos e queimamos”.
Com MARIA foi diferente, porque foi o SEU FILHO que estava sendo flagelado, e ELA verdadeiramente assumiu integralmente todas as dores e sofrimentos que ELE passou. Para se medir a dor da SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA pela morte do SEU FILHO JESUS é necessário compreender a imensidão do Amor que ELA devotava ao FILHO. Mas, como medir este Amor? O Amor do SEU FILHO no coração da MÃE MARIA era duplo e ambos perfeitamente ligados entre si: o Amor Materno, da MÃE pelo próprio FILHO, e um Amor profundo, de dimensões incalculáveis e Sobrenatural, com o qual amava JESUS como Seu verdadeiro DEUS que ELE é. Desse modo, um “Amor elevado a potência do infinito.” Então, este Amor imenso, incomensurável, envolveu o SEU Coração Materno e emudeceu completamente os seus lábios. A grandeza da dor incalculável foi neutralizada no CORAÇÃO SANTÍSSIMO DA MÃE por um Amor imenso e desmedido. Esta realidade nos conduz a comprovar, que não existe dor maior e nem mais profunda, do que aquela dor sentida por MARIA, NOSSA SENHORA, MÃE DE DEUS e nossa MÃE. Por essa razão, e com muito respeito a ELA denominamos: “RAINHA DOS MÁRTIRES”.