Chegando a Damasco logo procurou os membros da Comunidade Cristã, que o recebeu calorosamente. A notícia de sua chegada logo se espalhou. No primeiro sábado se apresentou na Sinagoga, que estava repleta de gente. Todos queriam vê-lo e saber realmente o que tinha acontecido. Alguns, que já eram amigos de JESUS, vibravam de alegria com o fato e apoiavam o novo cristão. No entanto, a maioria das pessoas que se encontravam no templo judeu, se mantinham em silêncio, não concordavam com a atitude dele, inclusive alguns mais exaltados se declaravam seus inimigos, em face daquela mudança que os enfurecia e desnorteava.
Todavia, Saulo mantinha-se tranquilo e sério. Ocupou o lugar de Rabi na Sinagoga e no momento oportuno, levantou-se e falou:
- “Perante vocês, meus irmãos, eu me declaro um grande pecador pelo martírio de Estevão e pela perseguição cruel que empreendi aos cristãos. Saí de Jerusalém para prender e castigar as famílias cristãs de Damasco, agindo como polícia do Templo, trazendo estas cartas (abriu a túnica e retirou as cartas) que me concedem autoridade. Entretanto, na estrada durante a viagem, JESUS CRISTO me apareceu e transformou a minha vida.”
Gritos e palavrões foram ouvidos na assembléia pelas revelações dele e diversas vozes mais afoitas, manifestaram repulsa e o acusavam:
- “Mentiroso! Traidor! Blasfemo!”
Formou-se um violento tumulto, com imprecações e ameaças contra ele. Todavia, uma pessoa mais ponderada lembrou aos presentes, que eles se encontravam num Templo e que deveriam reprimir os impulsos violentos. Saulo tranquilo e com determinação continuou:
- “JESUS é o FILHO de DEUS, o verdadeiro DEUS que se fez homem para salvar a humanidade! Nunca negarei que sou fariseu e um benjamita, e que também sou cidadão romano, pelo mérito de meu pai Eleasar ser oficial do Imperador Augusto! Contudo, minha vida mudou, porque o SENHOR teve misericórdia de mim e mostrou-me a Verdade!”
Neste momento, alguns que não aceitavam os argumentos dele, abandonaram o Templo com suas famílias. Entretanto a sinagoga ainda permaneceu cheia de gente. Saulo continuou a falar:
- “Hoje conheço a verdade e posso lhes afirmar: nada neste mundo conseguirá emudecer a minha voz e deter o meu passo. Podem vir às angústias, as tribulações, a fome e todos os perigos, até a espada, nada me impedirá de servir ao SENHOR JESUS, meu e nosso DEUS.”
E assim, falando com clareza, expôs as razões de sua conversão e o atual desígnio de trabalhar e difundir a doutrina cristã. Aos poucos foi conquistando a simpatia de uma boa parte daqueles que permaneceram no Templo, sobretudo porque compreenderam que o fato ocorrido, era um milagre, um autêntico chamado Divino. E desse modo, a Sinagoga permaneceu atenta e em silêncio, até o final de sua pregação.
Todavia, aqueles judeus que não acolheram as suas palavras, queriam vingança, cresceu neles um profundo ódio e ficaram verdadeiramente irritados com Saulo. Por essa razão, reuniram-se para decidirem o que fazer. Resolveram matá-lo.
Os cristãos assim que souberam da trama, procuraram proteger Saulo com o maior cuidado, escondendo-o num lugar secreto, na expectativa de chegar o momento certo para ele fugir para um local mais seguro. E foi assim que no silêncio de uma noite, executaram um plano magistral. Por uma janela de uma casa construída encima da muralha que protegia Damasco, desceram Paulo numa cesta. (At 9,25) Do outro lado, em terreno aberto, fez uma pausa e agradeceu ao SENHOR. Depois caminhou sem parar durante 5 horas, quando então descansou em local seguro. O sol nascente rosava os picos nevados do Taurus e derramava cor nas montanhas! Apreciando aquele magnífico amanhecer, pode cuidar dos pés que ardiam inchados, por causa das pedras do caminho. A viagem era longa e cansativa, porque também procurava não transitar pela estrada principal, para não despertar suspeitas. Somente no sexto dia de caminhada, avistou os muros de Jerusalém, depois de três anos de ausência.
CHEGADA A JERUSALÉM
Atravessando a porta principal de acesso, rumou para a casa de seus parentes, de quem se encontrava afastado desde o martírio de Estevão. Mas os cristãos em Jerusalém não se aproximaram, porque se lembravam dos terríveis fatos que tinham acontecido por iniciativa dele. Ficaram com receio de que aquela “anunciada conversão”, fosse mais uma trama diabólica dos escribas e fariseus, para dizimar os fieis de CRISTO. Por essa razão, permaneciam a distancia.
Contudo, Barnabé, um fervoroso cristão, moço rico de Jerusalém que tinha vendido todos os seus bens para distribuir aos pobres, decidiu aproximar-se dele, pois também tinha sido seu colega na Escola de Gamaliel. Ouvindo os fatos descritos por ele, Barnabé compreendeu que verdadeiramente Saulo tinha se convertido e decidiu levá-lo a presença dos Apóstolos. Encontrou Pedro e Tiago Menor. Depois de apresentá-lo, ele lhes descreveu como na estrada de Damasco viu o SENHOR, que lhe falou e lhe deu a ordem de se encontrar com Ananias em Damasco; a milagrosa recuperação de sua visão, sua fuga para Arábia e a destemida pregação na Sinagoga dos judeus. Depois deste encontro, Saulo passou a viver no ambiente cristão. Pregava com firmeza os ensinamentos de JESUS tanto aos judeus cristãos como aos gregos convertidos ao cristianismo, muito embora ainda existisse uma certa desconfiança por parte de membros da Comunidade e de alguns Apóstolos, que muito discretamente, procuravam manter-se distantes dele, porque duvidavam de sua sinceridade.
Por outro lado, não tardou a chegar ao conhecimento das autoridades do Sinédrio, a notícia do retorno de Saulo, a quem os judeus de Jerusalém logo chamaram de traidor. Mágoas e boatos se espalharam... Ficou claro que muitas pessoas não gostavam dele e queriam matá-lo. Os irmãos cristãos cientes do fato, com receios de que algum mal pudesse lhe acontecer, decidiram conduzi-lo a Cesaréia, de onde seguiu para Tarso. Lá, onde ele nasceu e onde residiam os seus pais, com certeza estaria em maior segurança, do que em Jerusalém. Assim, considerando o aspecto de preservação de sua vida, Saulo ficou de acordo. Contudo olhando para a grandeza de sua missão, aquela saída para Tarso transparecia como se ele estivesse sendo mandado para o exílio. Mas respeitou a decisão, porque no momento percebeu, aquela era a melhor solução para o seu caso.