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“A PINTURA DA VIRGEM”

 

 

Nas encostas suaves de Jasna Gòra, a "Montanha Luminosa” ou também denominada de “Monte Claro", que circunda a cidade de Czestochowa (pronúncia=chestokova) na Polônia, encontra-se o famoso Santuário de NOSSA SENHORA DE CZESTOCHOWA , que está localizado numa colina de pedras brancas na parte oeste da cidade. Os polacos estão habituados a ligar este Santuário aos numerosos acontecimentos da vida: desde aqueles felizes e também aos tristes; decisões solenes, como por exemplo: a escolha do rumo da vida, a vocação religiosa ou o casamento, o nascimento dos filhos, os exames de maturidade, e enfim, todos os outros momentos. Assim os poloneses se acostumaram a levar os seus problemas à montanha de Jasna Gòra (Monte Claro) e diante da Imagem Milagrosa, confiá-los à VIRGEM SANTÍSSIMA, solicitando DELA a inspiração e a intercessão necessária junto ao SEU DIVINO FILHO JESUS, para orientação, solução, ou aconselhamento de cada caso. Pode-se dizer que esta imagem é o coração do Sagrado Santuário que possui uma admirável e poderosa força misteriosa e profunda, demonstrada ao longo dos anos atraindo multidões de peregrinos de todos os países, que vem a Polônia em busca de proteção, luz e consolo para as dificuldades da existência.

A pintura da MADONA DE CZESTOCHOWA tem uma história muito interessante. Na verdade, a tradição diz que a pintura foi feita por São Lucas diretamente sobre uma mesa de cedro que era utilizada pela Sagrada Família. O evangelista teria feito a pintura em Jerusalém com o objetivo de guardar para a eternidade a beleza incomparável de MARIA, NOSSA SENHORA. Por outro lado, uma lenda afirma que estando Jerusalém ocupada pelo exército romano, Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, quis visitar os lugares santos e procurar o lenho da Santa Cruz de JESUS. Nesta oportunidade ela também viu o quadro com a imagem da VIRGEM MARIA e ficou apaixonada por ele. Com muita devoção conseguiu adquiri-lo, recebendo-o das mulheres que o guardavam. Juntou a sua alegria a satisfação maior de também ter encontrado um belo fragmento do lenho da Santa Cruz de NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Assim, feliz com o agradável desfecho de seus objetivos, preparou uma reforçada embalagem e contratou transporte para ambas as preciosidades, enviando-as para o seu filho Constantino o Grande, Imperador de Constantinopla, que naquela época era a metrópole da Igreja Católica no Oriente.

 

CHEGADA A CZESTOCHOWA 

Constantino era um recém convertido ao cristianismo, e por isso mesmo, com imensa alegria recebeu o Ícone de NOSSA SENHORA e o fragmento da verdadeira Cruz de JESUS, enviados por sua mãe, colocando-os no Altar da capela particular de seu palácio, posicionando o Ícone da VIRGEM MARIA no Altar principal e o fragmento da Cruz de JESUS, ao lado, fechado numa hermética caixa de vidro. As noticias correram ligeiras e muitas pessoas queriam visitá-las. Carinhosamente o Imperador mandou fazer diversas cópias do Ícone, que foram distribuídas para as Igrejas de Constantinopla e Istambul, e algumas cópias foram doadas aos seus amigos, cristãos fervorosos do oriente e do ocidente. Todavia o quadro original permaneceu na Capela até o seu falecimento. Estima-se que por mais de 400 anos as cópias do quadro permaneceu nas capelas particulares de príncipes russos. O Ícone Original foi transferido para a Capela do Castelo em Belz (Beltz), também na Rússia, onde permaneceu por muitos anos.

Estando a Rússia (do Imperador Casemiro, o Grande) em guerra contra Ladislaw Jagiello, rei da Hungria e da Polônia, a disputa foi vencida por Ladislaw. Então, a cidade de Belz (Beltz) e o famoso Castelo Imperial, caíram nas mãos de Ladislaw, que nomeou o seu sobrinho Wladiyslaw Opolczyk, Príncipe de Opole (Polônia), como governador de Belz (Beltz).

De acordo com fontes ucranianas, há documentos antigos de Jasna Góra (Monte Claro), que afirmam com crédito, os acontecimentos históricos que vamos descrever. Depois da guerra travada por Casimiro, o Grande, e também, quando a cidade foi incorporada ao Reino polonês, o Ícone da VIRGEM MARIA foi transportado com muita cerimônia e honras pelo Rei Leão I da Galiza, de Constantinopla para a cidade de Belz (Beltz), e permaneceu escondida no Castelo de Belz (Beltz), e desse modo, entrou automaticamente na posse do Príncipe de Opole, Wladiyslaw Opolczyk, Conselheiro de Luís I da Hungria Ladislaw Jagiello, Rei da Polônia e da Lituânia.

Depois de meses no Castelo, onde a paz reinava em todas as regiões, surgiu uma abominável situação de invasão por tropas inimigas. E a grave situação anunciou a possibilidade de um perigoso ataque, que logo se efetivou com uma dura e encarniçada batalha contra as tropas tártaras e lituanas que sitiaram o Castelo de Belz (Beltz). Diante da grave situação, o Príncipe Wladiyslaw invocou a Imagem Sagrada suplicando que a SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA destruísse o inimigo. E então aconteceu que durante o terrível cerco realizado pelo inimigo, um tártaro maldosamente feriu com uma flecha, o lado direito do belo rosto da imagem da MÃE DE DEUS! Depois dessa abominável profanação, um espesso nevoeiro apareceu e foi se estendendo de maneira densa, cobrindo toda aquela área do conflito, colocando em dificuldades as tropas inimigas que sitiavam o Castelo, não conseguindo ver praticamente nada e por isso mesmo, sem condições de se comunicarem entre si, por causa do denso nevoeiro. O Príncipe Wladiyslaw, então, aproveitando o momento favorável, lançou corajosamente as suas tropas contra o inimigo e os derrotou totalmente.

Tempos depois, no final do mês de Agosto de 1384, Wladiyslaw sonhou que devia levar o ícone para Czestochowa. Ele, embora respeitando o valor do sonho, guardava no coração uma grande dúvida. Até que um dia resolveu viajar para sua cidade de Opole, com o objetivo de rever os amigos e descansar. A pequena cidade se situava bem próximo a Czestochowa. Assim, decidido a viajar, depois de fazer as suas orações, por uma questão de consciência, decidiu levar consigo o Ícone da VIRGEM MARIA. Foi uma viagem tranquila e agradável. Aconteceu, todavia, que quando passava diante de uma colina árida, sem vegetação, com o terreno de origem calcaria todo esbranquiçado, que era conhecido pelo nome de Jasna Gòra (Monte Claro), observou uma humilde Igrejinha com o nome de Assunção, em homenagem a NOSSA SENHORA. Então, o seu cavalo recusou a continuar a viagem. Homem inteligente, logo compreendeu o que estava acontecendo. Reverentemente apeou do animal e com lágrimas nos olhos e a pintura nas mãos, caminhou até a Igrejinha, e ao Reverendo que lá se encontrava entregou o precioso Ícone da SANTÍSSIMA MÃE DE DEUS; e ainda muito emocionado, descreveu para o Padre diversos fatos ocorridos com aquela preciosa relíquia.

 

PROBLEMAS COM O ÍCONE

Com alegria, o Sacerdote instalou o Ícone de NOSSA SENHORA no Altar principal e convidou os fiéis para rezarem uma Ladainha de agradecimento a DEUS. Mas as vicissitudes da MADONA NEGRA ocultamente estavam sendo trabalhadas. Em 1430, alguns seguidores do herege Giovanni Hus, vindos das fronteiras da Boêmia e da Morávia, sob a liderança do ucraniano Federico Ostrogki, atacaram e saquearam a Igreja de NOSSA SENHORA. Eles roubaram diversos bens, inclusive a preciosa pintura. O Quadro foi arrancado do altar com o sabre. Depois foi colocado na carroça e os hussitas se afastaram um pouco, mas os cavalos se recusaram a prosseguir. Então os ladrões hereges nervosos com o acontecimento, jogaram com força a pintura no chão, cujo suporte se quebrou em três pedaços. Um dos saqueadores desceu da carroça e para completar a maldade, desembainhou a espada e cortou a imagem duas vezes, causando dois cortes profundos na face da VIRGEM; os outros ladrões apavorados, ordenaram que ele subisse rapidamente, e com toda pressa abandonaram a pintura danificada.

Gravemente estragada a pintura foi transferida para a sede do município de Cracóvia e entregue à custódia da Câmara Municipal. Após um cuidadoso exame realizado por especialistas, a pintura foi submetida a uma intervenção excepcional para aqueles tempos, quando a arte da restauração era pouco conhecida. Eis o motivo porque se explica que ainda hoje, apesar da boa técnica dos restauradores, alguns dos problemas que foram causados à face da VIRGEM SANTÍSSIMA ainda são visíveis na imagem da MADONA NEGRA.

O Príncipe Wladiyslaw se responsabilizou pelo pagamento da restauração do Ícone, e depois o conduziu até a Igreja da Assunção. No dia 26 de Agosto de 1382, a pintura voltou para o Altar da Igreja. Por isso, ainda hoje é comemorado pelos poloneses, como sendo aquela data, o dia da festa da Pintura de NOSSA SENHORA. Agora, com todos os necessários cuidados, o Príncipe desejava que o homem mais santo guardasse a Pintura, e por isso mesmo quis construir uma Igreja maior e mais apropriada, assim como construir um Mosteiro para abrigar a preciosa Obra de Arte quando houvesse necessidade. Desse modo, ele construiu uma bela Igreja no mesmo local, em homenagem ao DEUS TODO PODEROSO e também dedicada a SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA, tendo um altar lateral interior, dedicado a todos os Santos. O Príncipe ainda  construiu um Convento para os Frades Paulinos da Ordem de São Paulo, que ficaram responsáveis pela administração do Templo Religioso, e também pela proteção e devotamente a imagem durante os próximos seiscentos anos (600 anos). E para que não faltasse nada aos Frades, e a perfeita e completa missão de vigiar e conservar aquele precioso e sagrado bem, Ladislaw Jagiello, rei da Polônia e da Lituânia, não só aprovou as doações do Príncipe Wladiyslaw, mas também contribuiu com outro tanto por sua parte.

No Vaticano, atendendo ao pedido do Rei da Polônia, o Papa Martinho V, pela Bula de 27 de Novembro de 1429, enriqueceu o Santuário de Monte Claro com diversas indulgências e com a benção papal, a todos que o visitassem e ali fizessem as suas orações a DEUS.

Desde o primeiro dia da chegada do quadro da VIRGEM MARIA na terra polonesa o povo sempre visitou e recorreu com frequência a NOSSA SENHORA, pedindo saúde, consolo e graças espirituais. E por isso mesmo, os múltiplos fatos ocorridos diariamente de beleza admirável e sobrenatural, testemunharam a verdadeira presença Divina. A SANTÍSSIMA MÃE DE DEUS, através da SUA linda pintura, apesar dos problemas ocorridos, sempre derramou um manancial de graças beneficiando a fé e as orações suplicantes de seus filhos: é assim que doentes foram curados, pessoas desesperadas encontraram paz e consolação, famílias se converteram e muitos sinais em benefício de várias pessoas aconteceram. Desse modo, ficou comprovado que todos que recorrem a NOSSA SENHORA com fé e amor, são carinhosamente atendidos nas suas súplicas e necessidades.

Da mesma maneira, peregrinações vindas de locais os mais distantes do país e mesmo do exterior, repleta de pessoas com muita fé chegavam a JASNA GÒRA (MONTE CLARO) em busca de socorro material e espiritual. Confortados pela ajuda recebida, expressavam sua gratidão, oferecendo ao Santuário donativos em ouro, prata, pedras preciosas e dinheiro. Também a Rainha da Polônia, Santa Edwiges, com seu esposo, o Rei Ladislau Jagiello e os dignitários da corte, faziam ricas doações a NOSSA SENHORA.

Ornada com tantas jóias de alto valor, o quadro milagroso tornou-se objeto de cobiça por parte de ateus, dos infiéis e dos assaltantes numerosos que existiam naquela época.

 

O ÍCONE

A pintura mede 122×82 centímetros, e exibe uma composição tradicional bem conhecida nos ícones do cristianismo oriental. A VIRGEM MARIA é mostrada como a MÃE carinhosa (Aquela que indica o caminho). Nele, a VIRGEM desvia a atenção de SI Mesma, gesticulando com a Mão Direita em direção a JESUS como fonte de Salvação. Por sua vez, a Criança (JESUS MENINO) estende a sua Mão Direita em direção ao observador como se fosse conceder uma bênção, enquanto segura um livro de evangelhos com SUA Mão Esquerda. O ícone mostra a MADONA em mantos na cor denominada “flor de lis”.

Os historiadores de arte dizem que a pintura original era um ícone bizantino criado em torno do século VI ou IX. Eles concordam que o Príncipe Wladiyslaw o trouxe para o Mosteiro dos Frades Paulinos no século XIV. Por outro lado sabemos através do “NOVO TESTAMENTO” da Bíblia de Jerusalém - Edições Paulinas, que possui na página 711 e outras, um informe minucioso num Quadro Cronológico, onde relaciona os principais fatos ocorridos na época de JESUS e depois da Ressurreição. Então fica confirmado que São Lucas viveu no Primeiro Século da era cristã. Inclusive os pesquisadores bíblicos acreditam que provavelmente o “Evangelho de São Lucas” foi escrito “antes do Ano 70” ou “por volta do Ano 80” (no Primeiro Século Cristão), e, portanto, mantendo a consideração de que foi São Lucas quem pintou o Ícone, como é possível aceitar a hipótese de que a pintura do Ícone aconteceu durante os séculos VI ou IX?

Na verdade, uma grande dificuldade acontece ao querer datar uma peça bem antiga, e aqui, no caso especial do ícone, é necessário considerar os terríveis fatos que ocorreram na sua existência. Queremos afirmar, que dadas às circunstâncias e as maldades que aconteceram com a pintura, não é fácil calcular as origens do ícone, encontrando verdadeiramente a data de sua composição, e por isso mesmo, ainda hoje ela é contestada entre os estudiosos.

Sem dúvida, um dos fatos abomináveis ocorridos com o Ícone, aconteceu quando a preciosa relíquia foi roubada por ladrões hussitas e propositalmente danificada por eles. O painel de madeira que apoiava a pintura foi quebrado e a imagem cortada maldosamente. Os restauradores medievais não conheciam as técnicas apropriadas para recompor a imagem na forma primitiva, mas querendo solucionar a gravidade do problema, aplicaram as suas próprias tintas, que eram completamente diferentes das tintas primitivas usadas por São Lucas. O resultado veio depois, quando eles descobriram, que as tintas que usaram destruíram as tintas utilizadas originalmente pelo pintor. Então todas aquelas áreas que foram danificadas, a tinta ficou borrada e a única solução imaginada, foi limpar toda aquela área e fazer uma pintura nova nas áreas afetadas, procurando reconstituir a pintura que existia originalmente. Então eles tiveram que apagar o restante da imagem original naquelas áreas danificadas e pintaram novamente no painel original a Face da VIRGEM, naturalmente buscando imitar a pintura anterior. Evidentemente fizeram um desenho, mas não conseguiram reaver a beleza e a pureza da imagem do artista, assim como a reconstituição da sua data verdadeira.

 

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