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NASCE UMA ESTRELA PEREGRINA

 

SEUS PAIS

Domingos nasceu no dia 24 de junho de 1170, na pequena vila de Caleruega, na antiga Velha Castela, onde hoje é a Espanha. Pertencia a uma ilustre e nobre família, muito católica e rica. Seus pais eram o Conde Félix de Gusmão e a Condessa Joana d'Aza, os quais já tinham dois filhos, Antonio e Manes. O primeiro tornou-se sacerdote e morreu com odor de santidade. O segundo, junto com sua mãe, foi beatificado pela Igreja. Desse modo, o berço de Domingos, estava envolvido por um autêntico e fervoroso espírito cristão.

Na verdade, o Conde Félix e a Condessa Joana ansiavam para que um de seus filhos decidisse casar e constituísse uma família, com a finalidade de perpetuar o ramo dos Gusmão. E assim, estando Joana grávida da terceira criança, renasceu no casal uma grande esperança da chegada de um continuador da descendência familiar.

E nesta expectativa, certo dia Joana sonhou muito com o andamento da sua gravidez, mas os bons momentos do sonho se misturaram com um desfecho preocupante, que a deixou assustada: “viu saltar de suas entranhas um cachorro branco e preto, trazendo uma tocha de fogo na boca”.

Mas o que é isso? Qual seria o significado daquele sonho estranho e misterioso? O que aconteceu com seu filhinho tão querido e tão esperado?

Cheia de preocupações e ansiando por uma interpretação do acontecido, em companhia do esposo deixou o Castelo e viajou até o célebre Mosteiro Beneditino na cidade de Silos, em busca de uma explicação junto ao túmulo do milagroso Santo Abade Domingos de Silos. No sétimo dia da Novena, em que suplicava a intercessão do Santo junto a DEUS, a fim de conseguir do SENHOR uma explicação necessária a sua própria vida, descreve a tradição, que o Santo Abade lhe apareceu numa visão e lhe confortou dizendo:

“Não é preciso ter medo. O filho que trazes no ventre será um grande homem de DEUS. Assim como o cão é fiel ao seu dono, o seu filho será fiel ao ALTÍSSIMO e a SUA Igreja. Com sua pregação incendiará o mundo no amor e na verdade do Evangelho. Não será segundo a carne a descendência dos Gusmão, mas no espírito, pois este menino que vai nascer será fundador e pai de uma numerosíssima família religiosa”.

Concluída estas palavras, o Santo Abade abençoando-a se despediu e desapareceu. A Condessa Joana ficou profundamente confortada e com uma imensa alegria interior, agradecida a DEUS por tão grande misericórdia.

NASCIMENTO FESTEJADO

Em meados do ano 1.170, Afonso VII tendo sido coroado Rei do Reino de Castela, na cidade de Burgos, em face do excelente relacionamento amigável que tinha com o Conde Félix, decidiu que sua primeira visita como soberano seria aos seus estimados e queridos nobres de Caleruega, Conde Félix de Gusmão e a Condessa Joana D’Aza, e assim ele fez.

Logo que o Rei e toda a comitiva real chegaram, se instalaram no Palácio em Caleruega, e no dia seguinte, 24 de Junho de 1170, festa de São João Batista, o terceiro filho de Félix e Joana nasceu, trazendo alegria a todos.

O júbilo foi tão grande que até o Rei e a Rainha exultaram com o fato e se prontificaram Batizar o recém-nascido, o que aconteceu na Igreja Paroquial de São Sebastião, em Caleruega, e a criança recebeu o nome de Domingos, em homenagem ao Santo Abade Domingos de Silos, a quem tinham grande e fervorosa devoção.

 

A INFÂNCIA DE DOMINGOS

Toda ela transcorreu no ambiente familiar, sobretudo, sob os cuidados atenciosos da sua mãe, de quem recebeu uma sólida formação espiritual. Diariamente, ao entardecer, quando o sino da Igrejinha local lembrava aos fiéis a hora da AVE MARIA, o pequeno Domingos ao lado da sua mãe rezava diante de uma imagem da VIRGEM MARIA na Capela do Castelo. E também, foi através das palavras da sua mãe, que aprendeu os ensinamentos de JESUS e ouviu muitas narrativas de passagens admiráveis contidas nas Sagradas Escrituras.

Envolvido pelo exemplo e conselhos materno e os ensinamentos dos Santos Evangelhos, o espírito de Domingos amadureceu no caminho do SENHOR. Certa vez, sua mãe lhe descrevendo o nascimento de JESUS numa gruta em Belém, realçou que após ELE ter nascido a VIRGEM MARIA O envolveu numa manta, e O colocou na simplicidade de uma manjedoura, em completa humildade e pobreza. Este fato impressionou Domingos profundamente e deixou-o muito pensativo. Na hora de dormir, como era costume da sua mãe, depois que o filho já estava recolhido ao seu quarto, ia vê-lo carinhosa e maternalmente, a fim de observar se tudo estava bem. Naquele dia, para sua surpresa o seu filhinho estava dormindo no chão! Perguntado por que fazia aquilo, ele respondeu:

- “Minha mãe, o MENINO JESUS era pobre, nasceu numa gruta e foi colocado numa manjedoura, e o meu berço é valioso e bonito de mais para mim”...

Sua mãe emocionada e com os olhos cheios de lágrimas abençoou o seu filho, e na verdade, foi com muito custo e persistentes palavras, que conseguiu convencê-lo a voltar ao seu berço.

E junto de seus pais Domingos crescia e adquiria sabedoria. Com oito anos de idade chegou à época de aprender a ler e escrever, assim como também, estudar todas as matérias importantes que iriam ajudá-lo ao longo da sua existência. Por essa razão os seus pais o enviaram para estudar na Aldeia de Gumiel D’Izan, que pertencia a um sacerdote que era seu tio, e portanto, irmão da sua mãe. Ali permaneceu durante sete anos, onde cursou e completou todos os estudos, e finalmente, com boa formação didática e espiritual, retornou ao lar para alegria de seus pais e de todos os familiares.

UNIVERSIDADE DE PALÊNCIA

Agora já estava com 15 anos de idade, não era mais uma criança, mas um homem com discernimento e sabedoria, pronto a consumar o trabalho de preparação existencial, objetivando ter condições de exercitar dignamente a missão da sua vida. Entrou na Universidade, na cidade de Palência, a primeira Universidade da Espanha.

Mais uma vez Domingos teve que se despedir da família, deixar em Caleruega os seus pais que tanto amava e levar uma saudade imensa no coração. Mas era uma contingência da vida, o futuro exigia sacrifícios e lágrimas, pois o caminho a ser percorrido era áspero, pedregoso e cheio de muitas curvas.

O pai com um olhar pesado de tristeza, falou para o seu filho caçula que se despedia:

- “A nossa biblioteca lhe pertence. Procure nela os livros que lhe poderão ser úteis”.

E assim, Domingos levou consigo o que de melhor encontrou entre todos os livros.

Em Palência, hospedou-se numa Pensão, onde tinha um quarto reservado, e então ele pode se dedicar integralmente aos estudos na Universidade. E com uma vontade indomável de estudar e aprender passou muitas noites em claro, lendo e relendo os seus livros e as lições à luz de vela. O curso que ele fazia era extenso e exigente, estando incluídas as seguintes matérias: gramática, dialética, aritmética, filosofia, geometria, musica, astronomia, ciências humanas e ciências naturais. Não era fácil, e por isso mesmo a estes estudos Domingos se dedicou de corpo e alma por seis anos.

Durante aquele período de estudo na Universidade, aquela região passou por uma grande falta de alimentos e em consequência, por uma terrível e abominável carestia. Sem condições financeiras para comprar alimentos, os mais pobres morriam de fome. Domingos compadecido com aquela situação, observando grande parte do povo na miséria, sem ter o que comer, não hesitou e vendeu todos os seus preciosos livros para comprar alimentos aos flagelados. É importante lembrar, que naquela época não existiam livros como os de hoje, impressos em papel. Era tudo escrito a mão em peles de carneiro. E por isso eram muito caros. Só mesmo os ricos e filhos de ricos é que podiam estudar e ter os livros em casa. Como consequência do acontecimento, os seus colegas da Universidade ficaram escandalizados com a atitude dele, desfazendo-se de tão preciosos livros. Inclusive, um estudante seu amigo disse a ele que aquilo era loucura. Domingos tranquilo e com decisão respondeu:

- “Amigo, não posso estudar em cima de peles mortas, enquanto tantas pessoas com vida, homens, mulheres e crianças morrem de fome”!

TÍTULO DE CÔNEGO

Terminado o Curso Básico, que também era chamado de trívio ou quadrívio, ele ingressou no estudo de Teologia, que era denominado “estudo da Lectio Divina”, e nele permaneceu durante mais quatro anos, preparando-se para o sacerdócio. Era um estudante austero e mortificado. Abstinha-se de beber vinho e daqueles passatempos que a juventude apreciava. Domingos vivia atento às necessidades do próximo e sentia-se profundamente solidário com os sofrimentos das pessoas. Foi ordenado sacerdote aos 25 anos de idade. Seus pais ao receberem a notícia, exultaram de alegria.

Na Universidade, ele conheceu e fez amizade com o seu professor, Diego de Acevedo, que era Cônego e Prior do Cabido de Osma. A ele abriu o seu coração e manifestou o desejo de ser ordenado sacerdote. Desde aquele dia, Domingos começou a pertencer ao Cabido de Osma. Professou e jurou observar a Regra de Santo Agostinho, vestindo o hábito dos Cônegos Regulares, se incorporou definitivamente a Comunidade Agostiniana, no ano de 1196, passando a ser chamado de Cônego Domingos. Por sua profissão religiosa, renunciou à posse de bens. Visto ser de uma família rica, poderia herdar muitos bens e possuir comodidades próprias da sua condição social. Mas, Domingos com sua decisão, entrou pelo caminho estreito do segmento de CRISTO, “que sendo rico se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza”.

Na Diocese, além do intenso trabalho que exercia, teve a experiência de uma vida contemplativa, podendo exercitar fervorosamente o seu desejo de ter um espaço de tempo, para permanecer em adoração e orações ao SENHOR. Também foi ali que o Cônego Domingos começou a se revelar como excepcional pregador, e logo foi convidado para auxiliar o Rei Afonso VII nos trabalhos diplomáticos do seu governo, e da mesma forma, representar a Santa Sé, em algumas difíceis missões.

Também, em face do seu notável aproveitamento nos estudos, que lhe proporcionou um sólido e respeitável conhecimento das Sagradas Escrituras, após ter concluído o Curso de Teologia e sua ordenação presbiteral, regeu uma cadeira, como professor na mesma Universidade de Palência, lecionando as Sagradas Escrituras, abordando todos os livros canônicos com tanto êxito, que recebeu o Título de Mestre.

VIAGEM DIPLOMÁTICA

No ano de 1203, o Rei de Castela, Afonso VII, decidiu casar o seu filho Fernando com a Princesa da Dinamarca. E com este objetivo, organizou uma embaixada e solicitou ao Bispo Dom Diogo de Acevedo para ir pedir a mão da Princesa para o seu filho. O Bispo não teve dúvidas de escolher o Cônego Domingos, seu amigo, como companheiro de viagem, e assim, seguiram para a Dinamarca.

Entretanto, mal atravessaram as Montanhas dos Pirineus, entrando no solo francês, depararam com a dura realidade de que as heresias dominavam o Sul da França. Os hereges tinham idéias completamente erradas sobre as verdades católicas e se agrupavam em seitas organizadas, sendo os seus seguidores denominados albigenses, cátaros, valdenses e outros nomes, variando entre eles, na quantidade e no tipo da heresia cultivada.

A Comitiva real se instalou numa hospedaria na cidade francesa de Toulouse, e logo, Domingos percebeu que o dono do estabelecimento era um herege convicto. E nasceu no seu coração a necessidade de convertê-lo. E não perdeu tempo. Enquanto a Comitiva descansava, ele doutrinava o herege. Mas o homem era “cabeça dura”, e também, era muito teimoso. Domingos não desanimou, argumentou e insistiu com convicção, passando a noite toda em discussão com ele, até que ao raiar do dia, diante da lógica e da verdade cristã, o hospedeiro se converteu e se reconciliou com a Igreja de NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. E a viagem continuou.

Chegando a Copenhague, capital da Dinamarca, o Bispo Diogo explicou ao Rei o motivo de sua viagem. O Soberano que simpatizava com o Reino de Castela, agradeceu a escolha e consentiu que sua filha se casasse com o Príncipe espanhol.

Todavia, a Comitiva real já havia caminhado durante vários dias, no retorno ao Reino de Castela, quando foi alcançada por um emissário do Rei da Dinamarca, que transmitiu a triste notícia da morte prematura da Princesa Dinamarquesa.

Diante disto, o Bispo Diogo ordenou que a Comitiva real retornasse a Espanha e entregasse o documento com a triste notícia ao Rei, enquanto ele e Domingos seguiram a Roma, a fim de encontrar e conversar com o Papa Inocêncio III.

 

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