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MULHER CORAJOSA E DECIDIDA

 

SUA VIDA E SEUS SONHOS

Teresa Sánchez de Cepeda y Ahumada nasceu no dia 28 de Março de 1515 em Gotarrendura, uma pequena cidade na Província de Ávila, no Reino de Castela (Espanha). Seus pais eram cristãos fervorosos, e extremamente caridosos com os pobres e enfermos. Tiveram doze filhos, sendo três meninas e nove meninos, e mais dois filhos do primeiro casamento do pai. E pela graça de DEUS, todos seguiram o exemplo dos pais, que eram virtuosos, bons cristãos e repletos de caridade. Teresa foi Batizada na Igreja local de NOSSA SENHORA, no dia 04 de Abril de 1515. Seu pai, o senhor Alonso Sánchez de Cepeda, comprou um título de cavaleiro, o que era muito comum naquela época, e conseguiu com sucesso se tornar membro da sociedade católica. Sua mãe, senhora Beatriz de Ahumada y Cuevas, era mulher trabalhadora e atenciosa com todos os afazeres, buscando também acompanhar e amparar o crescimento e desenvolvimento dos seus filhos, mas, vendo a vivacidade e as qualidades pessoais de Teresa, tinha um cuidado todo especial com ela.

Teresa tinha muitas virtudes e entre elas, era fascinada por relatos sobre a vida dos Santos. Lia com prazer os livros e ficava tão entusiasmada pela bondade de DEUS, que ansiava imitar os feitos dos Santos, principalmente dos Mártires. Foi assim que com apenas sete anos de idade, em companhia do seu irmão mais novo Rodrigo fugiu para tentar conseguir o seu martírio entre os mouros, na África, alcançando a eternidade para melhor e mais rapidamente amar e adorar a DEUS. Por sorte, ou melhor, pela Providência Divina, o seu tio conseguiu impedi-los, quando os dois começavam a executar o plano de fuga, ao vê-los já fora das muralhas da cidade quando ele passando por ali, voltava para casa, depois de uma pequena viagem.

A mãe Beatriz, apesar dos muitos trabalhos, cuidadosamente também se preocupava em ensinar orações aos seus filhos, fazendo-os devotos de NOSSA SENHORA. Todavia, era uma senhora muito doente, com vários problemas de saúde, e por isso mesmo, com a idade de trinta e três anos já estava acabada para a vida, faleceu em 1528, quando Teresa tinha somente 13 anos de idade.

 

PRIMEIRA EXPERIÊNCIA NUM MOSTEIRO

A morte da mãe provocou em Teresa uma tremenda tristeza que a estimulou abraçar ainda mais a devoção à VIRGEM MARIA como sua mãe espiritual. Porém, estimulada por companheiras, inclusive por uma parenta de modos muito livres, que frequentava sua casa, adquiriu o cultivo de certas vaidades, exercitando um interesse exagerado pela leitura de ficções populares, principalmente novelas de cavalaria que eram muito exploradas, e que a conduziu a um maior interesse na manutenção da sua boa aparência pessoal. O pai e uma das suas irmãs, observando aquela vaidade, nas oportunidades a repreendiam, aconselhando não seguir por aquele caminho. Como nesta época, as suas irmãs já estavam com a vida praticamente definidas, por que uma estava casada e a outra estava noiva com casamento marcado, o seu pai achou conveniente interná-la no “Convento Santa Maria de Gracia” , ou seja, o Convento de NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS, das Freiras Agostinianas, em Ávila, não só para completar os seus estudos, mas primordialmente burilar a sua formação cristã. Assim, em 1531, com 16 anos de idade foi internada no Convento.

De acordo com a Ordem Religiosa, era costume permanecer uma Freira dormindo no mesmo prédio, no meio das jovens que estavam internadas para estudos ou desejando seguir a vida religiosa. E isto foi muito bom para ela, por que com carinho e muita paciência a Freira foi removendo do coração de Teresa, aquela vaidade em formação que tingia o seu caráter. A Freira com santidade e discrição, falava de DEUS, do imenso amor do SENHOR pelas criaturas e da bondade infinita que ELE jamais cessou de derramar sobre todos nós. Os conselhos e ensinamentos da Religiosa foram muito bons e edificantes na sua formação espiritual. Ela sentiu uma verdadeira transformação em seu interior. E assim, na continuidade, Teresa passou a amar a religião, gostava de rezar e meditar sobre a bondade infinita de DEUS, só não pensava em se tornar uma Freira, mas também, não pensava em se casar. Amava e queria amar muito mais o SENHOR DEUS, mas não tinha ainda definido o seu estado civil, de que modo ia permanecer ao longo da sua existência. Gostava daquele Mosteiro, dos conselhos da Freira, mas ela tinha uma grande amiga de infância que era Irmã num outro Convento. E assim, se decidisse a seguir a vida religiosa, por sua vontade, ia para aquele outro Convento. Isto também era motivado pelo costume que cultivavam naquela época, de um intenso relacionamento entre as pessoas de fora e as Irmãs, através do locutório, com muita conversa mundana que não edificava o espírito. E neste Convento a frequência era tão grande que a deixou até assustada.

 

UMA ENFERMIDADE DIFÍCIL

Os dias corriam, os ensinamentos se multiplicavam e já se encontrava há um ano e meio neste Mosteiro quando adoeceu. Foi conduzida a casa dos pais para tratamento. Provavelmente a doença que ela pegou, fosse à malária. Seguindo o tratamento médico com cuidado e interesse, em poucos meses se curou e entrou em cuidadosa recuperação, re-iniciando as suas atividades em casa, lendo as cartas de São Jerônimo, que animaram fervorosamente a sua vontade e encheram o seu espírito de vida. E os argumentos do Santo caíram tão bem em sua alma, que agora ela sentiu o chamado Divino. Verdadeiramente o SENHOR a chamava para se tornar uma Freira, seguindo a vida religiosa. Mas Teresa não queria voltar para o Mosteiro de NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS.

 

NO CARMELO DA ENCARNAÇÃO

Em casa, sentindo-se praticamente curada dos seus males e com a idade de 20 anos queria definir a sua vida. Seu pai não estava muito de acordo que ela entrasse em outro Mosteiro. Então, ela decidiu novamente fugir de casa na companhia do seu irmão, para conhecer aquele Mosteiro onde estava a sua amiga de infância que era Religiosa. E lá, ela chegou e gostou do que viu e, no dia 2 de Novembro de 1535, com o auxílio da sua amiga, Irmã Joana Suarez, que era Freira no Carmelo há muitos anos, entrou no Mosteiro Carmelita da Encarnação, em Ávila. Começou no Noviciado e durante um ano estudou e trabalhou intensamente, recebendo o hábito em 1536 e, fez a Profissão de Fé em 1537. Seu pai com simpatia e muito amor, a perdoou e acompanhou os seus passos na vida religiosa. Mas a saúde dela não estava bem, aumentaram as dores no coração e durante três meses os desmaios cresceram de tal ordem, que teve de voltar à casa dos seus pais, a fim de realizar um severo tratamento. E para sua maior alegria, aquela grande amiga de infância, também conseguiu uma licença no Carmo e veio ajudá-la a recuperar a saúde, tendo permanecido na companhia da Teresa nos dois primeiros meses mais difíceis do tratamento.

 

TRATAMENTO E APRENDIZADO

Durante o tratamento, Teresa leu muitos livros, aumentando os seus conhecimentos e trazendo conforto ao seu espírito e, sobretudo, ela confessou que aprendeu a amar muito mais e a confiar ilimitadamente em DEUS. E assim, conseguiu suportar todo o sofrimento e os incômodos da sua enfermidade. Também, teve grande consolo graças a um livro que o seu tio Pedro lhe deu de presente: “O Terceiro Alfabeto Espiritual”, escrito pelo Padre Francisco Osuna. Esta obra consiste em estabelecer instruções para um proveitoso e inteligente “exame de consciência”, aumentando a “concentração espiritual”, além de ensinar uma técnica para uma eficiente “contemplação interior” . Além desta obra, Teresa também fazia uso de outros livros ascetas, como o “Tratado da Oração e Meditação” de São Pedro de Alcântara e também, os “Exercícios Espirituais” de Santo Inácio de Loyola.

Descreve Santa Teresa:

“Muito me aproveitou para isso o ter lido a história de Job nos «Morales» de São Gregório, parece que o SENHOR estava me prevenindo com esta leitura, pois na minha existência, em cada momento trazia no pensamento as palavras de Job, que dizia: «Pois recebemos os bens da mão do SENHOR, porque também não sofreremos os males?» Isto ajudava a robustecer as minhas forças. Quando chegou à festa de NOSSA SENHORA em Agosto, as dores eram insuportáveis. Quis me confessar, pois o fazia com frequência, mas não tive oportunidade. Desde Abril aquelas dores era um tormento, embora crescessem muito mais nos três últimos meses. Naquela noite, deu-me um paroxismo (excitação) tão forte que duraram quatro dias, ou pouco menos, eu fiquei sem nenhum dos sentidos. Então me deram a Extrema Unção. A cada momento pensavam me ver expirar e não faziam senão me dizer o Credo, como se alguma palavra eu pudesse entender naquela hora. Ás vezes me tinha como morta e inclusive, chegaram a colocar cera nos meus olhos. Por fim, quis o SENHOR que eu voltasse a mim”.

 

NOVAMENTE NO CARMELO

E assim, após severo tratamento, que se prolongou até 1542, Teresa recuperou a saúde e retornou ao Carmelo. Mas emagreceu muito, só se viam ossos, e seu organismo estava num triste estado de grande fraqueza, em que assim permaneceu durante oito meses até a recuperação total. Ao todo, sua doença e recuperação consumiram cerca de três longos anos. Mas tudo ela sofreu com paciência e resignação.

Para ajudar na sua recuperação, decidiu suplicar o auxilio e ajuda de São José. A Santa escreveu:

“Tomei por advogado e senhor o glorioso São José e me encomendei muito a ele. E saibam, que tem sido de espantar as grandes graças que DEUS me proporciona por meio deste bem-aventurado Santo e, dos perigos que me tem livrado, tanto no corpo como na alma. Tanto na necessidade da recuperação da minha saúde, como em outras necessidades maiores, referentes à honra e a perda da alma, este Pai e Senhor me atendeu de uma maneira melhor do que aquela que eu lhe sabia pedir. Não me recordo de lhe ter suplicado alguma coisa que ele deixou de me atender”.

Curada da enfermidade, no Convento Teresa começou a instruir um grupo de religiosas que se interessaram em conhecer a doutrina com mais profundidade, aperfeiçoando e cultivando a oração e também, planejando uma reforma na Ordem Carmelita, a fim de acabar com aquela excessiva liberdade, voltando a Regra antiga que era muito mais rigorosa, permitindo que as Freiras ficassem mais tempo rezando e contemplando NOSSO SENHOR.

Por ser uma mulher muito inteligente e estudiosa, Teresa não encontrava um Confessor que realmente entendesse os seus sentimentos e o sentido das suas meditações. Isto a tornou mais concentrada espiritualmente nas boas leituras que iluminavam a sua alma.

Por outro lado ela descreve que durante a sua enfermidade, ascendia do estágio mais baixo da “oração mental” , ao estágio da “oração do silêncio”, ou mesmo, ao estágio das “devoções em êxtase” , que é uma perfeita união com DEUS. Durante este estágio final, Santa Teresa descreve que experimentava com frequência uma caudalosa quantidade de lágrimas.

 

SEU PAI PARTIU PARA A ETERNIDADE

O senhor Alonso Sánchez, seu pai, que não estava com boa saúde, apesar de acompanhado por membros da família e por competentes médicos, teve complicações ao longo do tratamento e acabou falecendo em 1544.

 

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