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O GRANDE MOSTEIRO

 

 

MONTE CASSINO

Acontece que desde longa data, um Padre de nome Fiorenzo (Florêncio) vinha perturbando Bento, com inveja do sucesso das obras do Santo e da admiração que o povo o envolvia com o melhor carinho. Estando este Padre instalado numa Igreja próxima, também no Subiaco, dentro do povoado, tendo tal repulsa por Bento e não suportando o homem de DEUS, resolveu tentar assassiná-lo com um pão envenenado. Fez chegar às mãos do Pai Bento um bonito pão, que logo apeteceu o desejo de alguns Monges que se encontravam nas proximidades. Mas, o homem de DEUS que já andava desconfiado com as manobras de Fiorenzo, não permitiu que os seus Discípulos o comessem. Esperou a chegada de um urubu fiel, que diariamente ele alimentava, e mandou que o corvo levasse aquele pão para bem longe. A ave meio ressabiada a principio, depois de dar duas voltas ao redor do pão, obedientemente segurou o embrulho com o bico e voou até desaparecer no horizonte. Depois de quase uma hora voltou o corvo, alegre e batendo as asas, anunciando a missão cumprida.

Fiorenzo percebendo que o plano não havia funcionado arranjou sete mulheres de má vida e as introduziu no jardim do Mosteiro, com a finalidade de conquistar e corromper os jovens Monges. O homem de DEUS ficou desapontado e estarrecido com o abuso do Padre Fiorenzo, que o obrigou nervosamente a agir rápido, não permitindo que os Monges vissem as mulheres. No mesmo dia, Mestre Bento acionou as autoridades religiosas contra o procedimento do Padre Fiorenzo, no sentido de cessar aquelas provocações e propiciar maior segurança aos seus Mosteiros, na região.

Por fim, Bento vendo que não existia mais nenhum tipo de problemas com seus Mosteiros no Subiaco, nomeou os Abades a fim de que assumissem a direção de cada Mosteiro naquela região e decidiu mudar dali, em face daqueles acontecimentos e absurdas provocações, que identificava Fiorenzo como sendo um homem de coração doente, malvado e invejoso. Quis se transferir para outra região aonde edificaria uma nova Casa, expressão maior e definitiva do seu ideal de vida monástica que cultivou ao longo dos muitos anos de experiência. Isto provavelmente aconteceu entre os anos 525 e 529, quando se mudou para Monte Cassino, a 130 quilômetros de Roma.

No dia da sua viagem, alguns historiadores descrevem, que o caminho por onde teria que passar o homem de DEUS, atravessava o vilarejo bem próximo a Igreja e a casa Paroquial, e que o Padre Fiorenzo feliz por vê-lo partir, apreciava sorridente a passagem de Bento e alguns Monges, quando de súbito, a varanda em que estava desabou e ele morreu.

Certo é, que depois dos atendimentos piedosos ao falecido, Pai Bento seguiu viagem. E chegando a um lugar que lhe agradou, havia um templo do deus Apolo que era frequentado por camponeses e onde, inclusive, faziam manifestações de adoração a satanás. Sem pensar duas vezes, mandou destruir o templo pagão e expulsou de lá aqueles camponeses malucos e fanáticos. No local edificou um templo cristão consagrado a São Martinho de Tours, o Monge Apóstolo da Gália, e a São João Batista, pai dos Monges do Novo Testamento e precursor de NOSSO SENHOR JESUS CRISTO. Aproveitou as instalações do velho edifício e o adaptou para ser a casa dos Monges. Na construção do Mosteiro de Monte Cassino o Pai Bento se empenhou de maneira tão admirável e inspirada, que fazia praticamente tudo, ele era o arquiteto da obra, o engenheiro e o organizador do novo Mosteiro, que na realidade, se tornou celebre e famoso, e foi o berço da Ordem de São Bento e onde também, ele escreveu a sua preciosa Regra.

A Regra de São Bento é composta de 73 Capítulos e representa uma síntese verdadeiramente madura da sua experiência monástica, que passou a ser adotada em todos os Mosteiros da Ordem, e inclusive, em diversas instituições religiosas de outras Ordens.

A Regra tem por objetivo ser um orientador para o comportamento humano de todos os membros da Comunidade Religiosa, e de ser também o recurso essencial que sempre possibilita afastar o coração humano das trivialidades, deixando à alma livre para se elevar a DEUS. A Regra cultivando e exercitando o aforismo: “Ora et labora” (Reza e trabalha), ainda tem o mérito de harmonizar na vida de cada Monge a oração e a ação, a ascese e a mística.

 

PREDIZ A DESTRUIÇÃO DO PRÓPRIO MOSTEIRO

Certo nobre chamado Teóprobo fora convertido pelos conselhos do Pai Bento, e gozava, por seus merecimentos, de grande confiança e familiaridade junto ao Santo. Certa vez, entrando na cela do homem de DEUS, o encontrou chorando amargamente. Então, penalizado com a situação deteve-se parado por muito tempo, notando, porém, que as lágrimas do homem de DEUS não cessavam, e que, ao invés de chorar rezando, como costumava, chorava de tristeza. E assim, aguardou a oportunidade certa e lhe perguntou qual era a causa de tão grande amargura? E Bento, com os olhos cheios de lágrimas, olhou para ele e disse: “Todo este Mosteiro que construí e tudo isto que preparei para os Irmãos, será entregue aos gentios, a juízo de DEUS Todo-Poderoso. Com dificuldade pude conseguir que pelo menos me fossem poupadas as vidas dos membros da minha Comunidade”.

O que Teóprobo então ouviu em palavras naquela época, em 529, anos posteriores, em 568, aconteceu de fato, à terrível invasão da Itália pelos Lombardos, que destruíram o Mosteiro. Os terríveis invasores entraram durante a noite, enquanto dormiam os Irmãos, e saquearam tudo, roubaram o que podiam e destruíram o resto. Mas não conseguiram se apoderar de nenhum membro da Comunidade Religiosa. Assim DEUS cumpriu o que prometera ao fiel servo Bento: “embora entregasse os bens aos gentios, protegeria as vidas dos Irmãos”.

Também na 2ª Grande Guerra Mundial (1939/1945) o Mosteiro com a Basílica de Monte Cassino foi destruído pelo bombardeio nazista, mas foi totalmente reconstruído em 24 de Outubro de 1964.

 

MILAGRE DE ESCOLÁSTICA

A irmã gêmea de São Bento, chamada Escolástica, que também era religiosa, tinha o costume de visitar o irmão uma vez por ano. O homem de DEUS descia para recebê-la numa propriedade do Mosteiro, que não ficava distante da portaria do prédio principal.

Certo dia, ela se encontrou com o seu irmão, que veio acompanhado de alguns Discípulos da Comunidade Religiosa. Passaram o dia em louvores a DEUS e, em santos colóquios até o anoitecer, quando então, assentaram-se ao redor da mesa para uma refeição. E ali permaneceram numa santa, agradável e animada conversação, enquanto as horas corriam ligeiras. Bento preocupado olhou o tempo... Então a Monja, sua irmã falou: “Peço-te, meu irmão, que não me deixes esta noite, para podermos conversar até a manhã das alegrias da vida celeste”. Ao que ele respondeu: “Que é que dizes irmã? Ficar fora do Mosteiro não me é possível de modo nenhum”.

Até aquele momento, o tempo na região estava firme e o Céu límpido, sem nuvens, verdadeiramente se mostrando uma noite calma e tranquila. Quando, porém, a Monja ouviu a recusa do irmão, sem poder explicar as razões do seu pedido, cruzou as mãos sobre a mesa e sobre elas reclinou sua cabeça, fazendo uma oração a DEUS Todo-Poderoso. E assim permaneceu por quase um minuto, na presença do irmão e dos Discípulos da Comunidade em silêncio. Logo que levantou a cabeça, surgiram tão violentos relâmpagos, com trovões barulhentos que fizeram derramar copiosa chuva, e não puderam sair daquele recinto o venerável Bento e os Irmãos da Comunidade Religiosa. Escolástica ao reclinar a cabeça sobre as mãos chorou e derramou muitas lágrimas enquanto rezava, e no ato de levantar a cabeça, concluídas as suas preces, foi que a tempestade começou. O homem de DEUS vendo que não podia voltar ao Mosteiro no meio de tantos raios, trovões e grande enxurrada de água, lastimou entristecido dizendo: “Que DEUS Todo-Poderoso te perdoe, minha irmã! Que fizeste?” Ela respondeu: “Eis que te roguei e não me quiseste ouvir. Então roguei ao meu SENHOR e ELE me ouviu. Agora, se podes, sai e volta para o Mosteiro”. E assim, realmente não podendo sair, Bento, Escolástica e os Discípulos, passaram toda a noite em vigília, e se saciaram mutuamente em santas conversas sobre a vida espiritual.

No dia seguinte, a venerável mulher se despediu e voltou para o seu Mosteiro e, o homem de DEUS com os seus Discípulos voltou ao seu.

Três dias depois, dia 10 de Fevereiro de 547, o Pai Bento estando em sua cela, elevou os olhos ao Céu e viu a alma da sua irmã, desprendida do corpo, a penetrar sob a forma de uma pomba nas profundezas do Céu. Então, enchendo-se de alegria pela grande glória da irmã, com hinos e louvores rendeu graças a DEUS, anunciando aos Irmãos da Comunidade, a morte da sua querida irmã Escolástica. Sem demora, mandou buscar o corpo a fim de sepultá-la no Mosteiro, no mesmo jazigo que havia preparado para ele. Esta realidade acontecida pelas providências de São Bento vem atestar um adágio que diz: “Aqueles cujo espírito sempre foi um só em DEUS, também os seus corpos não serão separados pela sepultura”.

 

MORTE DE SÃO BENTO

No ano em que devia partir desta vida, ele anunciou a data da sua santíssima morte a alguns Discípulos que viviam com ele e a outros que moravam distantes. Seis dias antes da sua morte, mandou abrir à sepultura. A partir desta data, foi atacado diariamente por febres contínuas, com temperaturas elevadíssimas, agravando-se o mal dia a dia. No sexto dia, ao seu pedido, os Discípulos reunidos o levaram ao Oratório, recebendo a Sagrada Comunhão do Corpo e Sangue do SENHOR. A seguir, em pé apoiou o corpo nos braços dos Discípulos e elevou as mãos ao Céu, pronunciando uma derradeira oração; depois fechou os olhos e partiu para junto de DEUS.

No mesmo dia, dois Irmãos da Comunidade tiveram a mesma visão: um que estava no Mosteiro e outro que estava num local bem distante. Ambos viram um caminho forrado de tapeçarias e com luzes cintilantes, que se estendiam desde a cela de Bento no Mosteiro até o Céu. No alto, estava um homem de aspecto venerando e resplandecente, que lhes perguntou de quem era a estrada que eles viram? Eles responderam que ignoravam. Então aquele homem lhes disse: “Este é o caminho pelo qual Bento, o amado do SENHOR, subiu ao Céu”. Assim aconteceu, como os Discípulos viram a morte do Santo. Foi sepultado na Capela de São João Batista, que ele próprio construíra.

A tradição cristã afirma que São Bento morreu em Monte Cassino no dia 21 de Março de 547, com 67 anos de idade.

A Ordem de São Bento cresceu de maneira admirável e se tornou uma das maiores e mais famosas do mundo. Atualmente existem 700 Mosteiros Beneditinos Masculinos e 900 Mosteiros Beneditinos e Casas Religiosas Femininas, que seguem a Regra de São Bento.

No ano de 1947 o Papa Pio XII o elegeu “Pai da Europa” e no ano de 1964, confirmando a escolha anterior, o Papa Paulo VI o designou “Patrono da Europa” junto com outros Santos. Todavia, desde longa data São Bento também é o “Patrono da Alemanha”.

 

SANTIDADE

De acordo com a Tradição, São Bento de Núrsia foi “SANTIFICADO” por ter vencido duas vezes as forças do maligno, defendendo-se de duas traiçoeiras ciladas de satanás, quando lhe ofereceram um cálice com vinho misturado com veneno, e de outra vez, quando lhe enviaram um pão envenenado. E também, por outras muitas vezes que recebeu insultos do maligno, presenciado por muitos Monges que viram o homem de DEUS se defender rechaçando o demônio fazendo o Sinal da Cruz, e também, utilizando a oração contida na Medalha-Cruz, que foi esculpida nas paredes do Mosteiro.

 

MEDALHA DE SÃO BENTO

A origem da Medalha-Cruz de São Bento não está perfeitamente definida. Sabe-se que ela foi redescoberta em 1647, em Nattremberg, na Baviera, num acontecimento muito singular. Naquela época algumas bruxas foram condenadas por causa de feitiçaria. E na cadeia afirmaram que não conseguiam praticar qualquer tipo de magia em lugares que existisse uma Cruz, e citaram em especial a Abadia de São Miguel Arcanjo, em Metten. As autoridades com curiosidade quiseram verificar e saber o “porque” da questão. E então, entrando nas dependências do Mosteiro de São Miguel, observaram entalhadas nas paredes de um cômodo, imagens da Cruz, tal como hoje elas são apresentadas nas Medalhas. Também na Biblioteca da Abadia encontraram um manuscrito de 1415 que continha textos e ilustrações, sendo uma delas de São Bento, com uma Cruz e uma flâmula, com os seguintes versos:

 

“Crux sacra sit mihi lux, non draco sit mihi dux.
Vade retro satana, nunquam suade mihi vana.
Sunt mala quae libas, ipse venena bibas”.

TRADUÇÃO:

“Cruz Sagrada seja minha luz, não permita ser o dragão meu guia.
Afaste satanás, para que não me induza a coisas inúteis.
São coisas más as que brindas, ele beba do próprio veneno”.

Calcula-se que a origem da Medalha está no século XV, em algum Mosteiro da Ordem Beneditina, com o objetivo de manter presente o espírito do Santo Fundador.

 

A MEDALHA-CRUZ

A Medalha se mantém no mesmo formato que a primitiva, com pequenas variações. Possui na frente à imagem de São Bento, vestindo o traje monástico, denominado cógula, trazendo na mão direita uma cruz e na mão esquerda uma flâmula ou um livro aberto, que representa a Regra que ele escreveu. No verso há uma cruz grande, e em ambas as faces da Medalha existem inscrições em latim.

Na frente da Medalha está escrito: "Ejus in obitu nostro praesentia muniamur"; (Sejamos protegidos pela sua presença na hora da nossa morte).

Em 1742, o Papa Bento XIV aprovou a Medalha, concedendo indulgências quem a usar e estabeleceu a oração, mencionada acima, que também está no verso da Medalha, como forma de exorcismo, que se tornou conhecida como “Vade Retro Satana” (Afaste Satanás). Atualmente existe uma Medalha mais simples, denominada Medalha do Jubileu, cunhada em 1880 por ocasião do XIV Centenário do Nascimento de São Bento, feita pelos Monges de Beuron, para a Abadia de Monte Cassino.

 

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