MARIAZINHA RESPONSÁVEL
PRIMEIRA COMUNHÃO
Quanto à educação e formação dos filhos, Assunta assumiu decididamente o encargo de sozinha prepará-los para a vida, mantendo as orações noturnas com a família reunida e aos domingos, os levava a Igreja em Campomorto, ou em Conca, ou ainda em Nettuno, no antigo Santuário de NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS, mantendo a família unida pela oração, e suplicando o auxílio e o amor de JESUS e da SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA em benefício de todos eles.
Todavia, mesmo ao longo do trabalho diário e das ocupações caseiras de cada dia, Mariazinha nas oportunidades que surgiam, sempre manifestava um grande desejo que se mantinha presente em sua mente, o qual ardentemente almejava concretizar a fim de completar a felicidade em seu coração: “queria se preparar para receber JESUS na Primeira Eucaristia”. Na verdade, ela já vinha se preparando desde a morte do pai, participando do catecismo paroquial e recebendo uma preciosa ajuda de uma cozinheira cristã que trabalhava para o Conde. E como era analfabeta, gravava tudo na mente, tendo condições de entender e reproduzir todos os ensinamentos com fidelidade.
E assim, passado um ano após a morte de Luigi, a sua mãe Assunta, com alegria e o espontâneo carinho materno, levou Ângelo e Mariazinha ao Santuário de Nettuno, a fim do Pároco da Igreja examinar o conhecimento religioso dos dois e avaliar se o grau de preparação para receber a Primeira Comunhão já tinha sido alcançado. Naquela época, antes da reforma litúrgica aprovada pelo Papa Pio X, em 1910, as crianças só podiam receber a Primeira Eucaristia com 12 anos de idade. Contudo, como o Pároco local conhecia bem a família da senhora Assunta, e inclusive, já havia comentado o mencionado caso ao Órgão competente do Vaticano, conseguiu uma autorização especial para administrar o Sacramento, em caso das crianças se encontrassem devidamente preparadas. Os dois foram aprovados pelo Padre Temístocles Signori, que era o Pároco de Nettuno, e então, com muita alegria se movimentaram para preparar as roupas e combinar com a catequista a época certa, para dignamente receber JESUS Sacramentado, junto com as outras crianças que se preparavam na Paróquia.
O PROFESSOR ALESSANDRO
E sempre preocupada com a educação e desenvolvimento cultural dos filhos, Assunta pediu a Alessandro Serenelli, o jovem que também morava na mesma casa com o seu pai, para que ensinasse Mariazinha a ler. Entretanto este ensinamento não prosperou, por razões que Mariazinha não quis comentar.
Por outro lado, a senhora Assunta, mãe carinhosa e preocupada, continuava ensinando a filha os afazeres da casa, assim como o preparo dos diversos comestíveis na cozinha. Todas as noites mãe e filha conversavam sobre a programação do dia seguinte. E a mãe, feliz com o caprichoso e preocupado desempenho da filha, rezava e agradecia a DEUS por aquele “Anjinho maravilhoso”.
TRABALHADORA EFICIENTE
Mariazinha sempre estava pronta a servir a todos com boa vontade e atenção. Os serviços determinados pela mãe, ela considerava como prioridade absoluta e os realizava com alegria e muito amor. Assunta dizia: “Mariazinha fazia as compras e fazia tudo muito bem... Limpava a casa, arrumava tudo direitinho e cozinhava com especial capricho”. E continuava falando da filha: “Fugia da companhia de algumas garotas, que se comportavam de modo pouco correto. Permanecia vigilante diante de conversas inconvenientes e se mantinha em orações. O Terço se tornou indispensável para ela”.
A mãe quando se mostrava preocupada com o minguado dinheiro que entrava, ela lhe dava um apoio estimulante e encorajador: “Mamãe, coragem! DEUS vai nos ajudar”.
Para confirmar essa coragem e confiança que a filha tinha na proteção Divina, sua mãe contou uma passagem: “Lembro-me de que quando eu tinha medo das cobras, lá na roça, ela me dizia: Eu vou à frente, mamãe; a senhora tem medo, eu não. De fato, ela ia na frente e as cobras fugiam”.
O DESEJO ARDENTE DE RECEBER JESUS
Embora não sabendo escrever, e mesmo já considerada aprovada pelo senhor Pároco, continuava estudando. Com dificuldade aprendia o catecismo na Igreja, mas perseverantemente procurava fixar solidamente os ensinamentos e a Lei de DEUS em seu coração. Isto lhe permitia refletir sempre sobre o bem e exercitar palavras honestas e de grande sabedoria e esperança. Nas dificuldades, lendo a tristeza e preocupação nos olhos da sua mãe, dizia: “Coragem mamãe. DEUS vai nos ajudar”. Ela tinha uma imensa, uma incomensurável fé, na Providência Divina. A sua realidade consistia primordialmente em dizer “sim" (sempre disponível) e “agradecer” a DEUS por tudo aquilo que conseguia realizar e agradar as pessoas, fazendo sempre, em todas as ocasiões, a Suprema Vontade do SENHOR, com alegria e bom humor. Na verdade, o ardente desejo de comungar encontrava motivação na ardente necessidade que ela sentia de colocar JESUS no centro da sua vida cotidiana.
FINALMENTE A PRIMEIRA COMUNHÃO
Durante um bom tempo Mariazinha ia quase todos os dias as aulas de Catecismo da professora de Conca. E assim os dois irmãos estavam responsavelmente bem preparados para receber NOSSO SENHOR. O primeiro pensamento que ela teve foi oferecer as graças que receberia com a Comunhão do SANTÍSSIMO SACRAMENTO, em sufrágio da alma do seu querido e saudoso pai. Depois, exercitando um ato de humildade, fez questão de visitar a vizinha família dos Cimarelli e lhes pedir desculpas por alguma falta, mesmo que a tenha cometida involuntariamente; em casa, ajoelhou-se aos pés da sua mãe e pediu perdão pelas suas faltas e incompreensões; abraçou e chorou com seus irmãos os mal entendidos infantis, e enfim, diante dos dois Serenelli, que sempre a criticavam em tudo o que ela fazia e, também representavam uma presença ameaçadora, ela se aproximou humildemente e com os olhos enterrados no chão, pediu desculpas e prometeu “ser melhor, (isto é),servi-los e amá-los como sua própria família”, (ou seja) "respondendo com bondade a prepotência e as absurdas reclamações que eles sempre faziam".
Na Igreja, a festa foi magnífica, na simplicidade e no amor! O vestido, ela aproveitou como presente, o “vestido” que foi usado pela sua amiga Teresa Cimarelli; o véu, sua mãe Assunta possuía, estava bem “novo” ; arranjaram um “par de sapatos” que ficou meio apertado, mas deram uma "boa massagem para alargá-lo" e funcionou corretamente, tudo pronto. Da mesma forma, o seu irmão Ângelo conseguiu se ajeitar e ambos, na hora certa, estavam reunidos com as outras crianças em Nettuno, no SANTUÁRIO DE NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS. Foi uma linda celebração.
DEVOÇÃO SINCERA
Depois da Primeira Comunhão, ela se tornou ainda mais devota e se mostrou mais obediente, melhorando cada vez mais o seu procedimento ao longo dos dias.
Da mesma maneira que recebia os convites das suas companheiras para a graça Divina, ela também fazia os mesmos convites, com a mesma intenção de alcançar as graças e o amor de DEUS, principalmente convidando a sua amiga Teresa, sua vizinha, para ir receber a Comunhão na Igreja de Campomorto ou no Santuário de Nettuno. E juntas em jejum desde a meia-noite do dia anterior, saiam as duas meninas descalças caminhando durante duas horas, para com uma profunda e jubilosa satisfação interior, participarem da Santa Missa e receberem JESUS no SANTÍSSIMO SACRAMENTO.
Ela compreendia que quem quer encontrar JESUS conscientemente, é quem respeita a vida, é quem cultiva uma dignidade honesta e não falseada por repugnantes atitudes condenáveis, porque JESUS é vida, ELE venceu o último inimigo que é a “morte”. Por isso mesmo, fora de JESUS, distante do SENHOR, ela sempre dizia: “só existe morte e destruição”.
Todo o voluntariado de amor de Mariazinha se exercia dentro de casa, na pequena horta, no curral, na fonte para pegar água e no rio Astura, onde lavava as roupas e dava de beber aos animais, assim como nas “caminhadas amorosas” , para participar da Santa Missa em qualquer lugar.
SUA SANTIDADE
Mariazinha provou que a santidade é absolutamente possível na vida cotidiana. Ela se mostrou uma pessoa totalmente realizada como adolescente e plenamente unida ao ESPÍRITO DO SENHOR; uma mulher alegre e feliz cultivando igualmente com dignidade e em plenitude de ações, as necessidades humanas do seu corpo (quando dormia, quando se alimentava e quando trabalhava nas diversas funções, com a consciência tranquila de ter feito o melhor e com muita alegria interior) e atendendo com júbilo e empenho as necessidades da sua alma, do seu espírito, [(que é a parte Divina de cada pessoa, porque foi inventada por DEUS) (fazendo suas orações, rezando o terço, participando da Santa Missa, recebendo a Sagrada Comunhão, se sacrificando pelo bem estar das pessoas)], numa admirável experiência vivencial, seguindo os ensinamentos de JESUS. Assim vivendo, ela fez brilhar um modelo de santidade, perfeitamente ao alcance de qualquer pessoa, que ao realizá-la se permite ser também um caminho luminoso para aqueles que buscam a luz, e ser semente de vida, para aqueles que se sentem áridos por dentro, da mesma maneira que ser sal e fermento para os diferentes caminhos do mundo, sem qualquer tempero e inspiração.
Vivendo assim no seu cotidiano, ela revelou que a santidade se mostrava, quando ela exercitava as suas dimensões mais profundas, através da afetividade, da maior capacidade de trabalho dedicado e atencioso, de um caridoso e piedoso relacionamento humano, de um grande senso da liberdade, de um profundo e honesto respeito à sociabilidade e, sobretudo, um imenso e paciente amor puro e honesto, apesar de ser somente uma criança.
Acompanhando estas manifestações do seu corpo e da sua alma, a educação lhe favorecia um maior cuidado no tratamento pessoal, com uma consciente obediência. Ela sabia obedecer, pois saber obedecer é exercitar com sabedoria: a humildade, o respeito e a consideração.
Por outro lado, o seu desejo interior de agradar a DEUS por tudo o que ELE representava na sua vida e pela imensa fé que depositava NELE, a sua castidade se transformava numa manifestação de amor imenso, sem medidas, honesto e apaixonado pela SANTÍSSIMA TRINDADE. Manter a virgindade para Mariazinha era a sua mais profunda e real demonstração de amor ao DEUS DA VIDA.