GRAVE OCORRÊNCIA (SÃO PAULO APÓSTOLO)
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ESTEVÃO, O MÁRTIR

No imenso anfiteatro onde estudavam, os alunos tinham a liberdade de escolher o lugar onde assentar para participar das aulas. Acontecia então, que os simpatizantes de uma determinada seita ou doutrina, geralmente se assentavam em locais próximos uns aos outros. E dessa forma, exatamente no lado oposto a Saulo estava Estevão, um rapaz alto e forte, de olhar alegre e simples, que revelava modéstia e humildade em suas ações. Alguns companheiros simpatizavam com ele, mas outros tinham uma certa implicância com o traje que ele usava e o corte dos cabelos, na altura dos ombros, ao estilo dos essênios. Entretanto, Estevão era um jovem notável, estudante inteligente e exemplar, que sempre revelou uma forte personalidade e por isso mesmo, não dava importância aqueles que menosprezavam a sua aparência. Suas qualidades e virtudes eram visíveis e tão eloquentes, que seu trabalho foi logo reconhecido na Comunidade Cristã, sendo eleito Diácono pelos Apóstolos de JESUS.

Certo dia, assim que terminaram as aulas, alguns jovens que pertenciam a sinagoga dos Libertos, com outros cirineus e alexandrinos, propositalmente puseram-se a provocá-lo, discutindo com Estevão sobre assuntos de religião. Mas ele era tão brilhante que eles não podiam resistir à sabedoria e ao ESPÍRITO que o iluminava e que o impulsionava a falar com plena autoridade. Por essa razão, sem argumentos e com raiva dele, ao saírem dali, tramaram contra ele.

No dia seguinte, durante a aula, Gamaliel ensinava sobre as vantagens do matrimônio judeu sobre a poligamia pagã, quando Estevão solicitou licença para interromper:

         - Mestre! Jeová disse a Adão e Eva: “... um homem deixa seu pai e sua mãe, se une à sua mulher, e eles se tornam uma só carne.”(Gn 2,24) O marido e uma única mulher para formar uma só carne! Conforme JESUS confirmou no Novo Testamento. (Mt 19,6) Todavia, os judeus possuem mulheres e escravas em quantidade!

Pelas bancadas do anfiteatro ouviu-se um sussurro de vozes agressivas:

         - Fora com ele! Manda esse aí conversar com o carpinteiro de Nazaré! Logo ele que quer dar as mesmas lições do Nazareno aqui em Jerusalém? Agora só falta blasfemar!

Saulo levantou-se nervoso e transtornado, com a fisionomia séria correu o olhar em todo anfiteatro... Gamaliel que tudo observava, interveio procurando conciliar os ânimos e perguntou com voz branda e suave:

         - Saulo e você, como interpreta o texto?

         - Da mesma maneira que interpretam os patriarcas, os profetas e Salomão, respondeu com voz forte e decidida.

Alguns revoltados se manifestaram:

         - Que pretende ele com esta afirmação? E que história é essa de Novo Testamento? A verdade de Jeová não é nova e nem antiga, é eterna!

Estevão, com olhar sereno e aparência tranquila, falou com firmeza e doçura:

         - Jeová é hoje JESUS, o Messias Crucificado, que morreu e ressuscitou para nos salvar!

Saulo encolerizado, olhando para os condiscípulos escandalizados, perguntou:

         - Vocês ouviram? Estevão blasfemou!

E todos em coro, apontando para Estevão, gritaram:

         - Blasfemaste! Blasfemaste! Blasfemaste! Gritaram aqueles revoltados.

         - Existe aí ou existiu algum nazareno mais puro do que Abraão e Jacob, que tiveram mulheres e escravas? Gritou Saulo possesso de raiva.

Com tranquilidade replicou Estevão:

         - JESUS é maior, porque ELE é o FILHO DE DEUS, o próprio DEUS encarnado!

Num relâmpago de cólera, Saulo rasgou sua veste até a cinta, como para desagravar a blasfêmia, e disse:

         - Mestre Gamaliel e rapazes de Jerusalém, será que vamos tolerar nesta Escola da Cidade Santa, que se renegue Jeová, os Profetas e se quebrem as tábuas do Sinai?

Todos os estudantes, contagiados pelo fogo vivo de Saulo, saíram de seus lugares para o centro do salão onde ele estava e rodearam-no, como se esperassem a ordem de um chefe, e depois, partiram em direção a Estevão, que se mantinha calmo e imóvel no seu lugar. Gamaliel tentou intervir para conciliar. Em vão, sua voz não era mais ouvida e fisicamente nada pode fazer. Aquela massa de jovens carregou Estevão, porque na insanidade de seus pensamentos, queriam justiça e punição para o blasfemo. Levaram-no à presença do Sinédrio. Como a acusação era insignificante e sem conteúdo grave, arranjaram duas testemunhas falsas que depuseram perante as autoridades do Grande Conselho Judeu, inventando um absurdo de fantasias a fim de que o Diácono fosse considerado culpado.

Estevão iluminado pelo ESPÍRITO SANTO fez um longo e minucioso discurso recordando a história de Israel, começando por Abraão quando ele ainda estava na Mesopotâmia, antes de se estabelecer em Haran por determinação Divina; depois falou em Isaac, Jacó, os doze patriarcas, a história de José, Governador do Egito, o nascimento de Moisés, a obra de Moisés a serviço do SENHOR atravessando o Mar Vermelho e levando o povo israelita para a Terra Prometida; sobretudo falou sobre as tábuas da Lei dadas por DEUS a Moisés no Monte Sinai, tudo para lembrar aos presentes, que os ancestrais judeus embora sempre protegidos e beneficiados pelo SENHOR, por diversas vezes se recusaram obedecer a DEUS. E dizia Estevão:

         - “Homens de dura cerviz, incircuncisos de ouvido e coração, vós sempre resistis ao ESPÍRITO SANTO! Como foram vossos pais, tais sois vós! Quais Profetas vossos pais não perseguiram? Mataram os que prediziam a vinda do Justo (de JESUS) aquele mesmo do qual agora fostes traidores e homicidas, vós que recebestes a Lei por ministério dos Anjos e não a observastes.” (At 7,51-53)

Ouvindo aquelas palavras, eles se indignaram e rangiam os dentes contra Estevão. Ele, porém, repleto do ESPÍRITO SANTO continuava firme e decidido com sua pregação. E agora, vendo o céu se abrir e vendo DEUS, ele disse:

         - “Eu vejo o Céu aberto e o FILHO DO HOMEM (JESUS) de pé à direita de DEUS.” (At 7,56)

Eles não aguentaram!... Revoltados com as palavras do Diácono, dando grandes gritos e tapando os ouvidos, precipitaram sobre ele, empurraram-no para fora do Grande Conselho e o levaram para fora do muro que cercava a cidade e puseram-se a apedrejá-lo. Conforme o costume, aqueles que iam apedrejar deviam colocar as suas vestes aos pés da testemunha, que naquele episódio era Saulo, porque ali estava como chefe. Estevão suportou o martírio em silêncio. Quando sentiu que estava próximo do fim, invocou:

         - “SENHOR JESUS, recebe o meu espírito.” E dobrando os joelhos, disse:

         - “SENHOR, não faça cair sobre eles o peso deste pecado.” E morreu. (At 7,59-60)

Saulo em silêncio, presenciou todo o martírio, dando inteira aprovação a aquele bárbaro e covarde homicídio.

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