FUNDAÇÃO
DA CONGREGAÇÃO
REDENTORISTA
ENCARREGADO DA IGREJA
Até então, Padre Afonso Maria vivia na casa dos seus pais, e suspirava por poder experimentar mais de perto a solidão de um Convento. Tem uma imensa e insaciável sede de DEUS, e para suavizá-la precisava de mais recolhimento e mais oração. Em 1729, pediu permissão ao seu pai para deixar a casa paterna, e foi morar no Instituto Chinês, uma espécie de Convento, e desta vez, o seu pai consentiu. Neste Instituto tinha o Colégio da Sagrada Família, onde foi residir na companhia de um grande missionário seu amigo: Padre Mateus Ripa.
No Convento, Afonso fez uma profunda experiência de DEUS. Vivia em extrema pobreza, alimentando-se muito mal por penitência, dormindo pouco e sobre uma taboa nua, e passando a maior parte da noite em orações.
Ele é o encarregado da Igreja, como se fosse o Vigário, e então, o Templo se transformou num centro de piedade profunda e de sinceras conversões. Ali, Padre Afonso experimentou uma das maiores alegrias da sua vida: a conversão do seu pai. O senhor Giuseppe passou a rezar muito, confessava-se com frequência e com o próprio filho, e participava ardorosamente da Sagrada Eucaristia.
Por outro lado, cada dia que passava, todos percebiam que a saúde do Padre Afonso Maria estava definhando visivelmente. Seus pais e os superiores começaram a se preocupar com o fato. Mas ele continuava teimando em fazer os seus excessos no trabalho, na penitência e nas orações.
Alguns Padres amigos convenceram-no há repousar um pouco, passando uma temporada fora. E inclusive, alguns foram com ele para a cidadezinha de Scala, hospedando-se numa ermida chamada Santa Maria dei Monti.
UMA CIDADE CHAMADA SCALA
Era uma região maravilhosa e ele saía andando pela redondeza para aspirar o ar puro das montanhas. Dava atenção a todos que encontrava pelo caminho.
Scala era habitada por muitos cabreiros que se dedicavam à criação de ovelhas. Também lá havia grande número de camponeses. Perceberam a bondade de Padre Afonso e passaram a seguir os seus passos, visitando sua casa. Eram totalmente ignorantes em tudo. Queriam que Padre Afonso os ensinasse a rezar, pois queriam aprender sobre DEUS e sobre NOSSA SENHORA. E Padre Afonso os ensinava. Cada dia aumentava mais o número das pessoas que frequentava, e em pouco tempo já era uma multidão de cabreiros e agricultores, vindos de todos os recantos, ávidos de conhecer DEUS.
Esse fato marcou indelevelmente a espiritualidade, o ministério e a vida de Padre Afonso Maria, que o conduziu a meditar diariamente nesse drama daquelas pessoas, tentando encontrar alguma coisa para fazer por eles.
Um dia, mergulhado em DEUS, teve uma idéia: “Por que não congregar um grupo de sacerdotes, para se dedicarem unicamente àqueles tão tristemente abandonados?”
UMA VISÃO QUE TROUXE LUZ
Também havia em Scala um Convento de Religiosas das Irmãs do Santíssimo Salvador. Eram Religiosas fervorosas, mas, no momento, passavam por uma crise, porque reinava divisão na Comunidade em consequência de dúvidas e discussões sobre a Regra (Estatuto) da Comunidade que deveriam seguir. O senhor Bispo de Scala pediu ao Padre Afonso para pregar um Retiro Espiritual para elas. Ele que veio para descansar!... Mas Padre Afonso Maria não sabia dizer “não”.
Ciente do que estava acontecendo, convidou as religiosas a se manifestarem com sinceridade. A primeira a falar foi a Irmã Maria Celeste Crostarosa. Ela teve uma visão há poucos dias e começou a relatar:
- “Vi um grupo grande de sacerdotes, que se dedicavam unicamente à evangelização das almas mais abandonadas. À frente desses Padres estava o senhor Dom Afonso”.
Quando ela terminou o Padre Afonso Maria estava profundamente emocionado: evangelizar os mais abandonados... Era exatamente a mesma idéia (inspiração) que tivera em Santa Maria dei Monti! Coincidência? Mas quem faz as coincidências? E porque a Irmã usou a expressão “Dom Afonso”?
Padre Afonso Maria reorganizou o Convento das Irmãs, dando-lhes novas Regras e elas continuaram o caminho de sua existência em paz. Ainda hoje existem e são conhecidas por Irmãs Redentoristas, e consideram que o Padre Afonso Maria é o seu fundador.
Mas a visão daquela Irmã não saia mais da cabeça do Padre Afonso, porque também coincidiu com sua inspiração, além de esboçar um lindo caminho para a sua espiritualidade. E por isso, procurou diversas autoridades, membros de outras Ordens Religiosas, porque queria ouvir a opinião deles sobre os fatos acontecidos, e as respostas, depois de muitas orações, eram unânimes: “DEUS quer que o senhor seja o fundador de uma Obra que se consagre à salvação dos mais abandonados”.
A VONTADE DE DEUS
Afonso voltou a Nápoles, ao Colégio da Sagrada Família e entregou-se à profunda oração e à reflexão durante vários dias. Isto porque, da mesma forma que muitos apoiaram a sua iniciativa, muitos também o criticaram, e ele se sentiu de certo modo perdido, necessitando de um arrimo mais forte, para se empregar totalmente na nova Obra. E tanto ele rezou e pediu, que DEUS NOSSO SENHOR, misericórdia infinita enviou-lhe um sinal poderoso: a cura miraculosa de uma religiosa gravemente enferma. Então ele se firmou na idéia. A Vontade de DEUS se fez clara e inquestionável. Conversou com o seu companheiro, Padre Mandarini, que ficou entusiasmado com todos os fatos ocorridos e descritos, e imediatamente apoiou a Obra do Padre Afonso Maria. Agora já são dois.
Aproximou-se o dia do Padre Afonso Maria deixar Nápoles para fundar uma Congregação. Seu pai está triste e contrariado com a decisão do filho. É tardinha, Padre Afonso chegou a casa para descansar um pouco. Seu pai ouviu os seus passos entrando no quarto foi ao encontro dele e perguntou:
- “Afonso, meu filho, é certo que vais abandonar o teu velho pai? É certo, meu filho?”
Foi uma dura provação para ele, as palavras do seu pai foram como punhaladas em seu coração. Mas disfarçando a sua dor, respondeu:
- “Sim, papai! DEUS o quer”.
O senhor Giuseppe agarra-o de novo, mais forte e aperta-o contra o seu peito. Era, sem dúvida, a despedida do seu filho.
Um tanto nervoso e intranquilo Padre Afonso deixou rapidamente a casa, não se despediu de ninguém, não olhou para trás, porque não queria que a cena se repetisse. Estava com 36 anos de idade e seis anos de sacerdócio. O destino é Scala.
ALICERCES DA CONGREGAÇÃO
Chegou a Scala no dia 8 de Novembro de 1732, e foi para o Convento que o senhor Bispo lhe dera. Não tem nenhum luxo, possuía três dormitórios pequenos, uma saleta para reuniões, um pequeno oratório, um banheiro WC, uma cozinha e uma copa. A mobília é mais pobre ainda, tendo algumas cadeiras já velhas e desconjuntadas, colchões também velhos e estragados, panelas e pratos de barro. A pobreza é grande e a miséria maior. Ali já estão esperando os seus companheiros e amigos, são sete, todos eles homens de virtudes e de valor incontestável, dispostos a seguir o chefe.
Dia 9 de Novembro de 1732 é o dia tão esperado, Padre Afonso e seus companheiros vão a Catedral. Assistem a Santa Missa do ESPÍRITO SANTO, e assim nasce uma nova Congregação Religiosa. O padroeiro é NOSSO SENHOR JESUS CRISTO e o nome: Congregação do Santíssimo Salvador. Mais tarde o Papa Bento XIV mudou esse nome para “Congregação do Santíssimo Redentor” . E para comemorar a fundação da Nova Ordem Religiosa, os Padres fazem três dias de retiro espiritual, rezam muito inclusive fazem muitas penitências, para implorar o auxílio, as graças e as bênçãos de DEUS sobre a nova fundação.
AS DIFICULDADES DE UMA GRANDE OBRA
Mas, como em toda obra, no seu início Padre Afonso teve sérias dificuldades, pois seus próprios amigos o criticavam pelo fato dele deixar Nápoles e sair para uma região desconhecida, com o objetivo de fundar uma Ordem Religiosa. Foi chamado de visionário louco e outros apelidos.
Mas a luta maior era junto dos seus membros, ele teve que empreender um notável esforço, para organizar e fazer com que a nova Congregação trilhasse um caminho que satisfizesse o seu espírito. Isto porque os primeiros Redentoristas já estavam vivendo em Comunidade, mas sem nenhum Regulamento escrito, o comportamento era ditado pelo procedimento dos mais antigos e do próprio fundador. Embora fossem pessoas adultas e com experiência de vida, era necessário haver o diálogo entre eles, com objetivo de harmonizar o procedimento, e também, a fim de permitir estabelecer regras compreensíveis ao entendimento e a aceitação de todos. O diálogo e as consultas começaram, mas, desde o inicio, começou a surgir uma divisão entre eles.
Logo na primeira reunião todos estão de acordo num ponto: “A Congregação será essencialmente missionária, e seus sacerdotes deverão se dedicar, especialmente, às almas mais abandonadas.” E os outros tipos de trabalho? Estão todos excluídos? Aí é que aconteceu a divisão. Diversos membros queriam que a Congregação não extinguisse a possibilidade dos seus sacerdotes trabalharem em Paróquias, em Escolas e também nas outras diversas formas de Apostolado.
Havia também outras discordâncias: uns queriam mais austeridade de vida, outros achavam que já havia muita austeridade; uns queriam pobreza e penitências extremas, além de muita oração; outros queriam um meio termo.
A reunião foi interrompida para reflexão.
Padre Afonso Maria foi consultar os seus conselheiros particulares, que recomendaram “firmeza” na decisão. Então ele usou de firmeza, isto porque, desde as manifestações sobrenaturais estava decidido que “a Congregação devia ser única e exclusivamente missionária”, e por isso mesmo, ele não abriu mão desta determinação. O resultado é que dos sete companheiros, ficaram apenas dois: Padre César Sportelli e o Irmão Coadjutor Vitor Cúrzio, os outros cinco companheiros abandonaram a Congregação. Afonso ficou arrasado, mas não desanimado. O Bispo de Castellamare que simpatizava com sua obra também ficou desapontado, mas não perdeu a tranquilidade e animou Padre Afonso Maria a continuar firme na luta. Isto porque, verdadeiramente ele tinha que começar o seu trabalho como recebeu a inspiração Divina. Depois, na sequência dos anos seria perfeitamente normal, oportuno e construtivo, que a Ordem Religiosa exercitasse também outros tipos de apostolado, que fossem da conveniência da Organização.
A LUTA NÃO PODE PARAR
Afonso, na sequência dos dias, sentiu uma terrível solidão e o desânimo esmagava a sua vontade de reagir. Triste e abatido entrou na Capela do Convento e se ajoelhou diante do Sacrário. E junto de NOSSO SENHOR desabafou as suas mágoas, falou das difamações, das calúnias, das caçoadas, do abandono daqueles que antes o admirava e falou também da enorme solidão que o deixaram seus cinco amigos e co-fundadores da Ordem. Suas lágrimas desciam pela face e o seu coração pulsava forte. Depois das palavras, olhando sempre para o Sacrário rezou fervorosamente.
E CRISTO, bondade infinita derramou um caudaloso bálsamo no seu espírito, tranquilizando o seu corpo, infundindo coragem e alegria ao seu coração. Padre Afonso Maria entendeu que devia continuar o seu trabalho, sacudir a poeira do desânimo e marchar firme com fé e esperança.
Os desertores quinze dias depois voltaram e queriam que Padre Afonso Maria os aceitasse novamente. Mas ele foi inflexível, só aceitaria os cinco de volta, se eles não conservassem as idéias anteriores.
A Congregação continuou pequena, com os seus três membros: Padre Afonso, Padre César e Irmão Vitor.
Todavia não demorou muito surgiu mais um, o Padre Januário Sarnelli, filho de um famoso Barão. E embora, sendo um pequeno grupo, partiram para a ação. Em pouco tempo evangelizaram Ravello, Raito, Benincasa, São Lázaro, Cámpoli e Pomerano. E desse modo a Congregação venceu o seu primeiro ano de vida.
E como frutos das missões surgiram às primeiras fundações, e junto com elas, novos companheiros e confrades.
A FUNDAÇÃO VILA DOS ESCRAVOS
A primeira fundação foi a de Vila dos Escravos. Quando chegaram foram recebidos com muita alegria e festa. O Padre Xavier Rossi, um dos entusiastas desta fundação, logo entrou para a Congregação.
Em Scala, Padre Afonso abriu o primeiro Noviciado da Congregação sob a orientação do Padre César Sportelli. As vocações foram se multiplicando e Scala já era pequena para abrigar tantos interessados. Vila dos Escravos também não é suficiente. Padre Afonso cheio de ideal e com muita energia partiu para abrir outras fundações. Surgiram as Casas de Ciorani, Nocera, Iliceto e Caposele.
A missão é tudo para Padre Afonso! Quase todos os dias ele é encontrado nas estradas, com os seus missionários, evangelizando de cidade em cidade, de lugarejo em lugarejo, ensinando e levando a palavra de DEUS. A viagem é sempre a pé. Só quando não é possível é que ele e os missionários usavam cavalos. Sempre vestidos pobremente, com batinas remendadas, mas limpas, usando Terços e livros de orações. E nas missões, nas localidades que visitavam ninguém era esquecido, nem os doentes e nem os presos. O importante na missão era a evangelização, porque justamente ela é que culminava com a conversão do coração dos ouvintes. Por isso, o atendimento as Confissões era algo muito sério, e os missionários ficavam horas e horas atendendo a todos os fieis. Padre Afonso Maria era o primeiro a entrar no Confessionário e o último a sair. As pregações eram diretas, ou seja, em estilo simples e accessível ao mais ignorante. Além dos outros assuntos abordados, havia dois temas principais: NOSSA SENHORA e a Oração.
É HORA DE REDIGIR AS REGRAS
A Congregação crescia rapidamente, Padre Afonso sentia que estava na hora de escrever as Regras para normalizar e orientar a ação dos Redentoristas. Na pequena cidade de Scala onde estava a sede da Congregação, havia uma montanha que dominava a cidade e nela existia uma gruta, que já era do conhecimento dele, que a frequentou muitas vezes para rezar, fazer mortificações e meditar. E também foi nesta gruta que ele foi inspirado e recebeu preciosas visitas da MÃE DE DEUS. Desse modo, utilizou a gruta para escrever as Regras da Congregação e só saiu de lá com elas totalmente prontas.
Depois de escritas, as Regras deviam ser aprovadas por Sua Santidade o Papa e pelo Rei de Nápoles. E foi uma operação extremamente demorada. Padre Afonso Maria rezou muito e sofreu bastante durante anos, até conseguir a total aprovação das Regras da Congregação.
O GRANDE ESCRITOR
Em princípios de 1762, enquanto as coisas assim caminhavam, com 66 anos de idade, se sentia esgotado, porque trabalhava excessivamente e sofria demais. Até aquele dia sua vida era agitadíssima, mas não se lamentava. Assim, a bem da sua saúde, precisando diminuir o ritmo das atividades externas, decidiu se dedicar a escrever, e escreveu muito, cerca de 200 obras. No seu livro de Teologia Moral ele chegou a fazer mais de 70.000 citações. Por isso mesmo, hoje ele é Doutor da Igreja e considerado célebre moralista.
BISPO DE SANTA ÁGUEDA
Em Nocera, no dia 9 de Março de 1762, Padre Afonso “quase morreu de surpresa”. Foi nomeado Bispo de Santa Águeda dos Godos. Chorou como criança porque desejava permanecer apenas sacerdote. Tentou recusar oficialmente. O Papa Clemente XIII deu a impressão de ter ficado sensibilizado com as alegações e argumentos dele. Por isso ele ficou aguardando a resposta.
No dia 19 de Março de 1762, às 18 horas, Padre Afonso Maria foi confirmado Bispo. Ele ficou perturbado, mas ajoelhou e rezou: “Seja feita a Vontade de DEUS”.
No dia 4 de Abril, ele se despediu de Nocera e foi a Roma. No dia 20 de Junho de 1762, na Igreja de Santa Maria “Supra Minervam” , Padre Afonso Maria é sagrado Bispo.
Sagrado Bispo, foi se despedir do Papa e pedir a bênção para si mesmo e para a sua Diocese. Depois que ele se retirou, o Papa Clemente XIII comentou emocionado: “Após a morte de Dom Afonso Maria Ligório, teremos mais um Santo na Igreja”. E o Papa não se enganou.
A entrada do Bispo Dom Afonso Maria em Santa Águeda dos Godos foi o mais simples possível, porque ele não quis nenhum tipo de solenidade. Todos ficaram impressionados com a simplicidade e a modéstia dele. E sua primeira comunicação ao povo foi direta e objetiva:
1 – No próximo domingo terá início uma missão geral para toda a cidade.
2 – Também haverá retiro para o clero e para os nobres.
Foi assim que Dom Afonso Maria estreou no episcopado. E na continuidade revelou em plenitude o seu espírito de pobreza: não aceitava presentes de maneira nenhuma e por nenhum motivo, logo de inicio rejeitou os vinhos, doces, frutas, licores, que as pessoas lhe ofertavam. Também na mesa, para as suas refeições, não aceitava os banquetes que lhe preparavam e inclusive chamou a atenção do Irmão Romito que o acompanhara a Santa Águeda: “Não quero banquetes enquanto muitos pobres morrem de fome”. E também, os Cônegos que haviam lhe preparado um quarto confortável, ele mandou tirar tudo e só queria o seu “colchão de palha” (um colchão duro).
HUMILDADE, SIMPLICIDADE E ENERGIA
No desempenho da sua função Dom Afonso foi impecável, exigente e defensor do direito e da justiça. Na sua simplicidade e modéstia fazia surgir à grandeza de um caráter firme e decidido, com extremoso cuidado pelos que necessitavam, principalmente com os pobres.
E não aceitava, por menor que fosse, qualquer tipo de desordem ou arruaças em sua Diocese. Enquanto não via o mal extirpado sentia-se mal, perdia o apetite e o sono.
Apesar da idade avançada, fazia fortes penitências, rezava continuamente e mandava rezar para que essa ou aquela desordem que surgisse, desaparecesse da sua Diocese.
Durante o tempo do episcopado escreveu muitos sermões, livros e quase uma centena de artigos, para encorajar a devoção ao SANTÍSSIMO SACRAMENTO e à VIRGEM MARIA.
DOM DA BI LOCAÇÃO
No dia 22 de Setembro de 1774, Dom Afonso Maria agraciado pelo dom de DEUS, embora estivesse numa cadeira, quebrado fisicamente pela doença e pela idade, foi espiritualmente transportado até Roma, e mais precisamente até o Vaticano, no dia em que o Papa Clemente XIV morria às 7 horas da manhã, e presenciou todos os acontecimentos dos últimos momentos da vida dele. Lá na sua Diocese ele estava presente, permanecendo corporalmente em Santa Águeda, silencioso, sentado naquela cadeira, sem falar, sem comer, sem dar qualquer sinal de vida, dando a impressão que dormia.
No dia seguinte, logo cedo, acionou a campainha para chamar os seus auxiliares. Vieram correndo e todos assustados perguntaram-lhe; “O que aconteceu senhor Bispo? Estamos preocupados com o senhor, pois desde ontem que o senhor está imóvel nesta cadeira.”
Dom Afonso respondeu:
- “É verdade, meus filhos, é verdade. Mas não estava dormindo. Eu estava em Roma assistindo ao Papa que estava morrendo”.
Todos se assustaram e nem todos acreditaram, imaginando que Dom Afonso estivesse caducando. Mas pouco depois chegou a notícia confirmando a morte do Papa.
APOSENTADORIA POR DOENÇA E MORTE DE UM SANTO
Dom Afonso estava doente e com idade bem avançada, atacado de paralisia que deformou o seu corpo de maneira horrível, com o pescoço acentuadamente inclinado para frente. Já havia pedido diversas vezes para deixar a Diocese e nunca foi atendido. Certa vez o Papa Clemente XIV lhe escreveu:
- “Basta que o senhor governe a Diocese do leito em que DEUS o prendeu”.
Em 1775, o Papa Pio VI que sucedeu ao Papa Clemente XIV, atendeu ao seu pedido de aposentadoria, por motivo do agravamento da sua doença. Ele foi viver na Comunidade Redentora de Pagani.
Dom Afonso Maria deixou a Diocese de Santa Águeda no dia 27 de Julho de 1775, com 78 anos e 10 meses de idade. Grande multidão de pessoas estava à frente da sua casa, chorando, acenando e cantando musicas religiosas. Ele também chorou. Deu a última bênção ao povo e viajou de carro de retorno ao Convento de Nocera dei Pagani.
Sua primeira providência chegando ao Convento em Nocera, foi visitar o Santíssimo Sacramento. Prostrou-se diante do Sacrário e rezou demoradamente. Ao terminar, disse: “Meu DEUS, agradeço-VOS por me terdes livrado desta carga tão pesada! Meu JESUS, eu já não podia mais!”
Dom Afonso Maria ainda viveu mais 12 anos, rezando muito, atendendo a todos que o procuravam, além de pequenas viagens, visitando os Conventos vizinhos a fim de estimular os religiosos a perseverarem e continuarem fieis a missão.
Faleceu no dia 1º de Agosto de 1787, com 90 anos e 10 meses de idade, entre os membros da sua Ordem Religiosa, no Convento Pagani.
Sua fama de Santo se espalhou por todos os lados, em face da sua eficaz e forte intercessão junto a DEUS. O SENHOR realizou uma quantidade notável de milagres pela suplica e intercessão dele.
Foi BEATIFICADO em 15 de Setembro de 1816, pelo Papa Pio VII, e foi CANONIZADO no dia 26 de Maio de 1839 pelo Papa Gregório XVI, em solene festa no Vaticano.
Mas sua glorificação não havia terminado, porque ele é considerado um dos maiores e mais profundos escritores eclesiásticos, cujos livros, são fontes inesgotáveis da mais pura doutrina cristã. Por essa razão, mais de 800 Bispos assinaram documentos solicitando a Santa Sé que lhe concedesse o título de “Doutor da Igreja”.
O Papa Pio IX, no dia 7 de Julho de 1871 lhe concedeu o honroso titulo de “Doutor Zelosíssimo”, da Igreja de DEUS.
Em 1950 ele foi declarado “Padroeiro dos Moralistas e dos Confessores”.
SUAS OBRAS
Escreveu 111 obras sobre espiritualidade e teologia. A notável quantidade de 21.500 edições de suas obras, traduzidas em 72 idiomas, comprovam que ele é um dos autores católicos mas lidos, até o presente.
Tinha uma expressiva devoção mariana, e escreveu diversos livros, onde deixa evidente esta realidade: "As Glórias de MARIA"; "Devoção Mariana"; Orações à Mãe Divina"; "Canções Espirituais"; "A Verdadeira Esposa de CRISTO"; "As Visitas ao SANTÍSSIMO SACRAMENTO e a VIRGEM MARIA", e outras.
Mas também, se faz necessário realçar a imensa contribuição que ele deu a Igreja no campo da teologia moral, com o seu notável e minucioso livro "Teologia Moral" , onde cria um sistema admirável, fundamentado na prudência, evitando tanto o relaxamento como o rigor excessivo no viver de uma organização responsável.