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“ESCOLHIDO POR DEUS”

 

 

OS PAIS E A FAMÍLIA

Odilon era descendente de uma família ilustre e nobre de Auvergne (cidade situada no centro da França). Seu pai era o senhor Berald de Mercoeur e sua mãe a senhora Gerberga. Com a morte de seu pai Berald, sua mãe viúva tornou-se freira no Convento de São João em Autun. Odilon tinha oito irmãos e duas irmãs. Uma de suas irmãs se casou e a outra se tornou abadessa. Ele nasceu em Auvergne provavelmente no ano 962, e foi o terceiro filho daquela grande e respeitosa família. Todavia, nasceu com um grave problema de saúde, que apesar de todas tentativas para curá-lo, acabou deixando-o paralítico. Foi atendido pelos profissionais da saúde na época, que apenas conseguiram fazê-lo mexer os braços, as mãos e os pés, entretanto, suas pernas permaneceram totalmente rígidas.

 

DEUS PROVIDENCIOU

Mas, aconteceu que a missão existencial daquele menino já estava considerada num mais elado e amoroso desígnio Divino. Certo dia, viajando na companhia do pai e de uma governanta, a carruagem foi estacionada numa pequena cidade, a fim deles se abastecerem de víveres. Ajeitaram a bagagem num abrigo defronte uma Igreja dedicada à SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA e deixaram a criança bem acomodada no local, e foram cuidar da necessidade. O menino sozinho observando aberta a Porta da Igreja, sentiu-se induzido por uma forte e misteriosa inspiração de aproximar-se da Porta. Com dificuldade arrastou-se até o Templo; e da Porta, olhando para o Altar, viu a linda imagem de NOSSA SENHORA; por isso, quis apreciá-la mais de perto, arrastando-se vagarosamente até o Altar. Parou e carinhosamente ficou olhando para a imagem. Mas não se sentindo bem naquela postura, se esforçou para se manter de pé, segurando a toalha do Altar, que estava presa nas extremidades no granito da mesa, tentando equilibrar o seu corpo... Inclusive andou ao redor do Altar procurando uma melhor posição. De repente uma força misteriosa invadiu o seu interior e o seu corpo tremeu... Ele perplexo, sem nada imaginar, num gesto de súplica olhou para a MÃE DE DEUS... E então, no mesmo momento, sentiu um forte aquecimento que lhe fez brotar um feliz sorriso e, sua face se alegrou, porque sentiu firmeza e segurança em seu corpo... Odilon estava curado!

 

ESCRAVO DA SANTA MÃE

Esse acontecimento transformou a sua vida, fazendo nascer em seu coração uma poderosa força amorosa pela MÃE DE DEUS. Na sequência dos anos, cresceu e estudou, tornando-se um homem responsável e repleto de ideais. Mas nunca se esqueceu daquele maravilhoso milagre; sempre tremia de emoção quando se recordava do olhar da VIRGEM MÃE que precedeu ao milagre da sua cura. Todos os domingos participava da Santa Missa e rezava agradecendo a bondade infinita de DEUS e do precioso presente da SANTÍSSIMA MÃE. Assim, na época oportuna, foi agradecer e confirmar o seu grande amor e devoção por NOSSA SENHORA. Diante do Altar da SANTÍSSIMA MÃE se consagrou integralmente a ELA como escravo, cingindo o seu pescoço com uma corda, e depositando a outra extremidade da corda, aos pés da imagem da VIRGEM SANTÍSSIMA, pronunciando piedosas e carinhosas palavras, como seu dedicado servo. Com este sublime ato, Odilon antecipou um fato acontecido em Paris séculos depois: o admirável São Luis Maria Grignion de Montfort, também um filho carinhoso e apaixonado por NOSSA SENHORA, no ano 1713 escreveu um pequeno manual com procedimentos para os cristãos que amavam a SANTÍSSIMA VIRGEM MARIA, estimulando-os cada um, ao exercício da “Santa Escravidão a MÃE DE DEUS”, como prova e testemunho maior de amor e devoção a IMACULADA VIRGEM e MÃE.

 

O SEMINARISTA

À família do Conde de Auvergne a qual ele pertencia, era possuidora de grandes extensões territoriais que se estendiam de um lado a outro de Allier, entre Brioude e Langeac. Ainda jovem, ingressou no Seminário de São Julien em Brioude, onde iniciou os seus estudos para o sacerdócio tornando-se especialista em direito canônico. Na continuidade, logo se tornou Cônego na Igreja de São Julien em Brioude. Em 991, com 29 anos de idade, Guilherme de Dijon convenceu-o a entrar no Mosteiro de Cluny e, ele concordou. E em Cluny, antes de completar o primeiro ano de provação, ou seja, antes de concluir o período da sua liberdade condicional em relação à vida consagrada, por sua própria vontade e em vista dos seus preciosos conhecimentos, e sua admirável dedicação, tornou-se coadjutor do Abade Mayeul. Trabalhando sempre com muita seriedade e respeito, já em 991, o Abade Mayeul, que era o quarto Abade de Cluny, observando sempre as excelentes qualidades de Odilon, o conduziu a Abadia colocando-o no cargo de Mestre dos Noviços. Na sequência dos meses, por motivo de não estar bem de saúde, Mayeul o elegeu Abade provavelmente no ano 993. E tudo foi realizado de modo oficial, na presença de Burchard, arcebispo de Lyon, de Hugues bispo de Gênova, e de Isarn bispo de Grenoble. Naquele momento ele ainda não tinha recebido o Sacramento da Ordem, o que aconteceu logo depois. E assim, quando o Abade Mayeul faleceu em 994, Odilon tornou-se o quinto Abade de Cluny.

 

ABADE ODILON DE CLUNY

Ele era um homem possuidor de caráter reto e intransigente. Homem de palavra e de muito respeito. Era também muito dedicado a oração e a penitência, com grande devoção à Encarnação do VERBO DIVINO e à MÃE SANTÍSSIMA de JESUS. Em face da sua grande devoção pela VIRGEM MARIA, incentivou a prática formal de consagração individual a NOSSA SENHORA, assim como o estudo e conhecimento das virtudes da MÃE DE DEUS, em todos os seus Mosteiros.

 

CONSTRUÇÕES E REFORMA ADMINISTRATIVA

Sob o governo de Odilon, Cluny não apenas progrediu rapidamente, mas os Mosteiros Beneditinos em geral foram reformados e muitas novas Fundações foram realizadas. Odilon lançou toda a influência de “Cluny” (da importância da Abadia e dos seus Monges, os clunicenses) na luta contra a simonia, o concubinato e o casamento não-canônico dos leigos. E por isso mesmo, os Abades de Cluny eram constantemente chamados para reformar outros Mosteiros. Entretanto, também aconteceu que muitas comunidades reformadas, por razões incompatíveis com a correta realidade cristã, logo voltaram aos seus velhos hábitos. Odilon se esforçou e procurou evitar que isso acontecesse, sujeitando-os a Cluny. Com este objetivo, nomeou todos os Administradores anteriores de todas as Casas da Organização Clunicense, e determinando que a profissão de fé de todo Monge, no mais remoto Mosteiro, fosse feita em seu nome e sujeita a sua sanção. Durante o seu mandato, centenas de Abadias aceitaram Cluny como Casa Mãe, e suas práticas foram adotadas por muitas outras Abadias, que ainda não eram diretamente afiliadas a Cluny. O Rei Robert II da França aliou-se de pleno acordo com o “partido Reformista de Odilon”, assim como, a Reforma empreendida pelo “Grupo de Cluny” se espalhou pela Borgonha, Provence, Auvergne, Poitou e grande parte da Itália e da Espanha. Também, a reforma monástica inglesa empreendida pelos Santos Dunstan, Æthelwold de Winchester e Oswald de Worcester, realizadas sob a influência do “Grupo de Cluny” foi um exemplo admirável do sucesso que alcançou as Reformas empreendidas por Odilon. Por essa razão, as suas Reformas foram reconhecidas e aplaudidas por Dom Fulberto, Bispo de Chartres que com felicidade, o denominou de "Arcanjo dos Monges".

 

REALIZOU OBRAS E AMPAROU OS POBRES

Além de reformar os próprios Mosteiros Beneditinos, ergueu um magnífico edifício para o Mosteiro principal de Cluny, objetivando favorecer as diversas dependências da administração. Também terminou a construção da Igreja de São Pedro o Velho, denominado Cluny II, e realizou muitas outras obras. Foi durante o seu tempo que Cluny se tornou o Mosteiro mais importante da Europa Ocidental.

Por outro lado, acontecendo uma grande fome em 1028 e depois em 1030/33, sua liberalidade para com os pobres embora tenha sido excelente, porque cobriu as necessidades daqueles que precisavam, foi censurado e considerado por algumas pessoas, como atitude exagerada; pois ele derreteu os vasos e ornamentos sagrados de ouro e vendeu o ouro em pequenas barras, para angariar recursos necessários a favorecer os pobres que passavam fome, e que realmente se encontravam em grande dificuldade. Homem simples e dedicado, não se queixou das críticas, porque sentiu no coração o sorriso da VIRGEM MÃE, aprovando as suas providências.

 

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