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"AMOR QUE DEU FRUTO"

 

A FAMÍLIA

Luzia era uma jovem siciliana de família rica e cristã, que nasceu na cidade italiana de Siracusa, situada na Ilha Sicilia, aproximadamente no ano 283 de nossa era cristã. Seus pais tinham bens imóveis e eram muito considerados na sociedade local. Sua mãe chama-se Eutíquia e seu pai Lúcio, conforme afirma a maioria dos autores cristãos. Inclusive descrevem, que durante a gravidez da senhora Eutíquia, ela e o esposo conversando sobre a criança que ia nascer, entre sorrisos e gracioso entendimento combinaram: “Se a criança fosse menino receberia o nome de Lúcio (nome do pai); se nascesse uma menina se chamaria Lúcia”. E assim aconteceu.

Há séculos a Santa é mais conhecida na Itália pelo nome de Santa Lúcia de Siracusa, que é o seu nome de Batismo unido ao nome da cidade onde nasceu. Todavia, pela imensidão das graças que DEUS ornou a sua vida, beneficiando muitas pessoas em diferentes partes do mundo, ela é denominada a “Santa da Luz”. E como a palavra “Luzia” procede de “Luz”, a Santa também passou a ser denominada: “Santa Luzia”. Este nome além de identificar com fidelidade os seus dons e virtudes oriundos da graça Divina, permaneceu nela para sempre. O notável escritor italiano Dante Alighieri, na sua obra “A Divina Comédia”, atribuiu a Santa a função da “graça iluminadora”.

Ainda era muito criança, provavelmente com 5 anos de idade, quando o seu pai faleceu, e sua mãe assumiu as duas funções: do homem e da mulher em casa, para a manutenção do lar e lhe propiciar uma educação digna e cristã.

Os anos passaram e Lúcia cresceu forte, bonita e inteligente, sempre orientada carinhosamente pelos conselhos e atenções da sua mãe, que estava sempre ao seu lado. Tornou-se uma das moças mais belas da cidade, e como era natural, despertou a atenção de muitos jovens, atraídos por sua beleza e pelo seu sorriso admirável. Sua mãe, sempre atenta, percebendo a tentativa de aproximação dos rapazes, e observando a postura ajuizada e digna da sua filha, quando ela completou treze anos de idade, conversaram sobre a possibilidade de um matrimônio.

JOVEM AJUIZADA

Amorosamente e com um profundo respeito filial que sempre cultivou, Luzia disse a mãe que não desejava pensar em casamento agora e, que queria continuar vivendo ao lado dela, estudando e compreendendo a religião, desenvolvendo o seu conhecimento de DEUS. E foi na continuidade dos estudos que ela conheceu a impressionante misericórdia e a bondade infinita de JESUS NOSSO SENHOR, assim como, o precioso e maternal carinho da VIRGEM MARIA, sempre disponível a auxiliar todos os seus filhos na caminhada existencial. Nos afazeres domésticos e mesmo durante as suas orações, muitas e muitas vezes, Luzia ficava imaginando e pensando nas passagens evangélicas que lia com atenção e cuidado, principalmente naquelas onde brilha de maneira inconfundível a grandeza incomensurável do Amor de NOSSO SENHOR, por todos nós. E foi assim que meditando sobre o Amor de DEUS, ela decidiu buscar maneiras e exercitar procedimentos que também revelassem as dimensões do seu interesse e do seu amor por JESUS e NOSSA SENHORA. E decidiu se consagrar inteiramente ao SENHOR, fazendo inclusive o voto de virgindade perpétua, como a melhor maneira que encontrou para mostrar a grandeza da sua dedicação e o tamanho de seu amor a DEUS. Todavia, Luzia guardou segredo, não contou a sua mãe a completa doação que fez a NOSSO SENHOR. Continuou vivendo como uma digna e competente cristã que se aplicava, junto com a mãe, em atender e auxiliar caridosamente os mais necessitados.

Quanto aos jovens que a procurava, Luzia com respeito e atenção, sabia mantê-los a distancia, não lhes oferecendo espaço para se aproximarem com intenções amorosas. Muito embora, é bem verdade, que havia um ou dois rapazes, mais afoitos, que com desculpa de conversar um assunto com a senhora Eutíquia, conseguiam adentrar ao lar por alguns minutos, obrigando-a muitas vezes a se trancar no quarto, se isolando, não desejando a visita de ninguém.

A verdade é que Luzia tinha os seus hábitos, exercitava um cristianismo bonito e nunca se esquecia de ajudar e auxiliar o próximo necessitado, que marginalizado pela sociedade não conseguia condições de existência, vivendo dos favores e da colaboração das almas caridosas.

A SAÚDE DA SUA MÃE

A senhora Eutíquia carregava um sério problema de saúde, que inclusive, ultimamente a estava impossibilitando de trabalhar normalmente: há mais de 40 anos sofria de graves hemorragias, e agora, ela sentia que o problema estava se agravando. Tinha visitado diversos médicos especialistas e feito vários tratamentos, tendo gasto muito dinheiro sem que acontecesse um resultado satisfatório. Então, cansada de frequentar os consultórios médicos, decidiu entregar o seu caso a DEUS. E assim, mãe e filha, através das orações suplicavam a misericórdia do SENHOR, pedindo a JESUS que curasse a saúde dela.

Nessa época, estava sendo divulgado com grande frequência, a fama dos milagres acontecidos por intercessão de Santa Águeda, que foi morta em Catânia, cidade próxima a Siracusa, durante a perseguição dos cristãos no ano 251, por ordem de Décio, Imperador Romano (no período de 249-251). As curas acontecidas pela fé em CRISTO, estimulava milhares de peregrinos a visitar o túmulo da Santa em Catânia, fazendo orações de súplicas, para que ela intercedesse junto a DEUS e alcançasse a graça da cura para eles.

E assim, mãe e filha também se decidiram rezar diante do túmulo da Santa em Catânia, na esperança da senhora Eutíquia ficar completamente curada daquele desagradável incômodo que estava prejudicando a sua saúde. A distância por terra entre Catânia e Siracusa era de 75 quilômetros. Mas os transportes eram precários e muito ruins. Com certeza, elas decidiram ir de barco, pois as duas cidades são marítimas e estão muito próximas. E assim, no dia 5 de Fevereiro do ano 301, Luzia e Eutíquia, sentadas numa embarcação singraram o azul e belo mar da Sicilia e em poucas horas chegaram a Catânia.

Assistiram a celebração da Santa Missa e ficaram admiradas com a coincidência, o Evangelho daquele dia foi extraído do livro de São Mateus, e conta a história da mulher com hemorroísa (que tinha fluxo de sangue, hemorragias) e que se curou instantaneamente, quando conseguiu tocar com fé, o manto de JESUS (Mt 9, 20-22). As duas mulheres ao escutarem aquela leitura encheram-se de esperança, reforçando a grandeza da fé que habitava os seus corações e que lhes dizia intimamente: “rezem e confiem”.

Terminada a cerimônia, as pessoas deixaram a Igreja e foram para as suas casas. Luzia e Eutíquia, cheias de fé, se aproximaram do túmulo de Santa Águeda, ajoelharam e começaram a rezar. De súbito, Luzia passou por um sono, enquanto ao lado, confiantemente sua mãe continuava em orações. Adormecida, Luzia viu Santa Águeda resplandecente de felicidade, cercada por vários Anjos sorridentes. E se dirigindo a Luzia, a Santa deu-lhe a certeza de que, em virtude da sua grande fé, sua mãe conseguiria a cura; e disse mais: “o voto de virgindade que você fez agradou muito a NOSSO SENHOR”.

De repente, Luzia acordou muito emocionada com o acontecido e contou a sua mãe a visão que teve e as palavras animadoras de Santa Águeda. Sua mãe sorrindo, com lágrimas nos olhos, confirmou que não sentia nenhuma indisposição, que seu organismo comportava-se com normalidade. Sentia que estava totalmente curada.

CARIDADE AO PRÓXIMO

Luzia, então, aproveitou aquela ocasião para contar a mãe, que tinha feito o voto de virgindade perpétua e que não desejava se casar, mas permanecer junto dela, para continuar com aquela obra de caridade recomendada por JESUS. E completou dizendo a mãe: “Mamãe, a senhora ia dar o meu dote para o casamento, não é verdade? Pois bem, vamos vender agora aquele dote e repartir o valor apurado com os pobres e necessitados”.

Sua mãe respondeu: “Luzia, minha filha, tudo o que é meu e do seu falecido pai, é teu, por isso, faça o que quiser”.

Assim que regressaram a Siracusa, começaram a vender os bens e a distribuir generosamente os valores com os pobres e os necessitados. E muito embora fizessem o trabalho discretamente, evitando que o gesto caridoso ficasse em evidência, as noticias correram e as opiniões se dividiram. Mas a maioria sendo pagã e politeísta, adorando muitos deuses pagãos, acharam aquele gesto um absurdo. Um dos rapazes que estava interessado em Luzia, foi mais corajoso e quis se certificar da realidade. Para isto, se aproximou para observar e perguntar. A senhora Eutíquia apareceu para atende-lo e explicou:

“Luzia é uma moça responsável e muito previdente, ela está investindo em algo de muito mais valor e, que é muito mais rendoso”.

O rapaz ficou meio no ar sem entender corretamente aquelas palavras, imaginando que Luzia estava investindo numa propriedade bem maior, e que poderia dar um retorno muito grande no futuro. Saiu dali, mas ficou observando nas semanas seguintes. E percebeu que na verdade a Luzia estava distribuindo dinheiro, e que aquele procedimento só era praticado por seguidores de CRISTO, e portanto, ela só podia ser uma cristã. Ficou com muita raiva, sentiu-se ludibriado e traído, muito embora, em nenhuma ocasião ela lhe tenha dado alguma esperança. Mas a verdade é que o rapaz além de se imaginar “um bom conquistador” , era um autêntico audacioso e cheio de cobiça. Por isso, além de desejar Luzia como esposa, também cobiçava os seus bens, e como perdeu os dois, decidiu denunciá-la ao Prefeito de Siracusa, o senhor Pascácio, “como bom pagão” , ficou furioso ao saber da notícia. E então, seguindo as ordens expressas contra os cristãos, determinadas pelo terrível Diocleciano, Imperador Romano, mandou chamar a jovem.

No reinado do Imperador Diocleciano (284-305) o clima de covardia e terror, pelos seus abomináveis atos praticados contra os cristãos, chegou a um auge. O absurdo das perseguições cresceu tanto que por um édito, determinou que todas as Igrejas deveriam ser demolidas, e todos os cristãos que exercessem cargos públicos seriam obrigados a abjurar a fé em CRISTO, ou seja, negar e desprezar a própria fé cristã.

JULGAMENTO

Luzia conduzida pelos soldados foi colocada diante do Prefeito de Siracusa. Pascácio ordenou que ela fizesse publicamente, sacrifícios aos deuses pagãos. Luzia respondeu: “O sacrifício que é agradável a DEUS, é visitar e ajudar as viúvas, proteger e auxiliar os órfãos. E também, se desapegar dos bens terrenos, para ajudar os necessitados”.

Irritado com as palavras de Luzia, o Prefeito criticou a moça com voz sarcástica, dizendo: “Isto é um auxílio desnecessário feito a vagabundos e dissolutos”. Não obstante esta crítica dura, Luzia firmou-se no seu ponto de vista, declarando que estava colocando os seus bens no seguro,“onde nem a traça, nem o caruncho destroem, e onde os ladrões não arrombam e nem roubam”. (Mt 6, 20)

O interrogatório seguiu e o Arconte da Cidade sempre buscava subjugar Luzia. Ela com muita tranquilidade e o espírito elevado proclamou a alegre realidade da presença do ESPÍRITO SANTO na alma e no corpo daquele que tem fé.

Nervoso e com raiva, Pascácio ordenou aos soldados que a levassem para uma Casa de Prostituição, não respeitando a sua condição de moça de família e virgem. E ainda lhe disse: “Vou te levar a um lugar de perdição, te afastando do ESPÍRITO SANTO”. Os soldados rapidamente se aproximaram e tentaram levá-la de uma vez, mas não conseguiram. Fizeram todo o esforço possível, inclusive amarrando-a com cordas, mas não foi possível movê-la daquele local. Inexplicavelmente ela permanecia rígida cravada no chão, como se fosse um grande tronco enraizado no solo.

O Prefeito julgando ser coisa de bruxaria, mandou chamar os magos da cidade para se aconselhar com eles. Os magos chegaram e “receitaram baldes de urina”. E então, jogaram baldes de urina nela, mas nem assim, conseguiram exorcizá-la, continuou firme no mesmo lugar.

Envergonhados, trouxeram uma junta de bois, para arrancá-la dali na amarra. Os bois vieram, e eles passaram uma corrente grossa em Luzia e a prenderam na junta de bois. Bateram nos animais para que imprimissem toda força. Não solucionou, a jovem permaneceu no mesmo lugar e os bois de tanto forçarem, patinavam na terra e chegaram a fazer um buraco.

 

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