EPÍSTOLA AOS COLOSSENSES
"Explicação Teológica"
Provavelmente Paulo ainda estava na prisão em Roma, quando escreveu aos fieis de Colossas. A missiva pode ser divida em três partes, a saber:
I – Parte Dogmática.
II – Advertência contra os erros.
III – Parênese. (Sermão realçando preceitos para a vida cristã, preceitos para a moral doméstica, estimulo ao cultivo do espírito apostólico, algumas notícias e a saudação final).
Inicia com a habitual saudação, acompanhada da ação de graças a DEUS e orações em benefício dos Colossenses.
Paulo enaltece o comportamento dos cristãos, que foram evangelizados por Epafras, um fiel colaborador da Comunidade.
I – Parte Dogmática:
O Apóstolo resume em dois aspectos o primado de CRISTO: 1º) Na ordem da criação natural; 2º) E na ordem da recriação sobrenatural, que é a Redenção. O CRISTO é considerado na Pessoa histórica e Único FILHO de DEUS feito Homem, imagem de DEUS, que reflete numa natureza humana visível a imagem do DEUS invisível. NELE, por ELE e para ELE, foram criadas todas as coisas, as visíveis e as invisíveis; ELE é a Cabeça da Igreja que é constituída pela humanidade cristã; NELE DEUS fez habitar toda a plenitude e “reconciliar por ELE e para ELE todos os seres, os da terra e os dos céus, realizando a paz pelo Sangue da Sua Cruz”. Não se trata da salvação individual de todos, mas da salvação coletiva do mundo por seu retorno à ordem e à paz na submissão perfeita a DEUS. No conceito Paulino, os indivíduos que não tiverem entrado nessa ordem pela graça, entrarão pela força.
Ele enaltece a vida dos cristãos colossenses, realçando que a conversão deles serve de modelo eficaz e demonstra de certo modo, uma participação exemplar na obra de Salvação da humanidade. Por isso mesmo, o Apóstolo se regozija nos seus próprios sofrimentos, com a convicção de ter feito o melhor e colaborado para que o cristianismo alcançasse um maior número possível de corações gentios. Antes, os gentios eram considerados excluídos da salvação que então, estava reservada somente a Israel. Assim eles estavam sem CRISTO e sem esperanças. Todavia, enfim foi revelado o propósito Divino, o “Mistério” de chamá-los à Salvação e para a glória celestial pela sua união a CRISTO.
Por essa razão ele revela para que eles saibam, da tenaz luta na qual está empenhado por vós em Colossas e pelos cristãos da Laodicéia, e por todos que o conhecem. E procede assim para que eles sejam unidos no amor, mantenham a fé e alcancem à plenitude da compreensão do Mistério de DEUS, “em Quem se acham escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento”!
II – Advertência contra os erros:
Paulo recomenda viver a verdadeira fé em CRISTO e não seguir as vãs doutrinas, porque uma vez libertos por CRISTO do império das trevas, agora renegar a CRISTO e voltar aos erros antigos, seria recair na escravidão.
JESUS CRISTO é o verdadeiro Chefe da humanidade e dos Anjos, “pois NELE habita corporalmente toda a plenitude da Divindade”. O sentido de “plenitude da Divindade” é porque no CRISTO Ressuscitado se reúne todo o mundo Divino (ao qual ELE pertence, pelo seu SER preexistente e glorificado), e todo o mundo criado (que ELE assumiu diretamente) – a humanidade – e indiretamente (o cosmo), pela sua encarnação e ressurreição: em suma, em toda a plenitude do SER. “Fostes sepultados com ELE no batismo, no qual também com ELE ressuscitastes, pela fé no poder de DEUS, que o ressuscitou dos mortos”.
O regime da Lei que proíbe o pecado e conduz o réu a uma sentença de morte, foi suprimido por DEUS, executando-a sobre a pessoa de seu próprio FILHO, depois de ter “nascido sob a Lei” o fez “pecador” (assumindo todos os pecados da humanidade) e considerado “maldito”. DEUS o entregou à morte sobre a Cruz, pregando-o no madeiro e destruindo em sua pessoa o documento que trazia a nossa dívida e nos condenava. (O Pecado original que incidiu sobre todas as gerações).
Contra os falsos ensinamentos (falsa ascese) pregados pelos “elementos do mundo” (os maus espíritos), Paulo censura os doutores de Colossas que excediam em seus argumentos por confiarem em suas “visões” (as práticas ascéticas ou cultuais que davam importância demasiada aos elementos materiais do mundo, e por estes, aos poderes celestiais que os regiam). Ou simplesmente por construírem e divulgarem a sua religião sobre coisas essencialmente visíveis, esquecendo-se do Corpo de CRISTO Ressuscitado, que é a realidade escatológica essencial.
Concluindo esta segunda parte da missiva Paulo relembra que a união com o CRISTO celestial é o principio da vida nova. O cristão, unido a JESUS CRISTO pelo Batismo, já participa realmente de sua vida celestial, mas essa vida continua espiritual e escondida, porque desabrochará e será gloriosa apenas na Parusia.
III – Parênese:
A obra de morte e ressurreição operada pelo sacramento do batismo de maneira instantânea e absoluta no plano místico da união com o CRISTO celestial, deve realizar-se de modo lento e progressivo no plano terrestre em que o cristão vive. Já morto em principio para as coisas do mundo, pela adesão a DEUS, ele deve morrer de fato, mortificando e transformando dia a dia o “homem velho” do pecado que nele vive. O homem, criado à imagem de DEUS, perdeu-se, procurando o conhecimento do bem e do mal fora da vontade Divina. Daí em diante, escravo do pecado e das suas concupiscências, ele se tornou o “homem velho”, que deve morrer. O “homem novo”
, recriado em CRISTO, que é a imagem de DEUS, alcança a retidão primitiva e atinge o verdadeiro conhecimento moral. Na ordem do “homem novo”, revestido da graça de DEUS, desaparecem as distinções de raças, de religião, cultura e classe social, que dividiam o gênero humano desde a “queda” (Primeiro Pecado). Dessa forma, refaz-se a unidade em CRISTO.“A Palavra de CRISTO habite em vós ricamente: com toda sabedoria ensinai e admoestai uns aos outros e, em ação de graças a DEUS, entoem vossos corações salmos, hinos e cânticos espirituais (improvisações carismáticas sugeridas pelo ESPÍRITO durante as assembléias litúrgicas).E tudo o que fizerdes de palavra ou ação, fazei-o em nome do SENHOR JESUS, por ELE e dando graças a DEUS, o PAI”.
A seguir, Paulo relaciona diversos preceitos simples da moral comum, recomendando a obediência e ao seguimento dos mesmos pelos fieis, como meio seguro de agradar ao SENHOR, porque assim procedendo eles estarão também santificando a própria existência .
Também exorta aos colossenses a viverem com o espírito apostólico, vigilantes contra as más ações e contra os pregadores duvidosos (porque o grande perigo em Colossas vinha das especulações baseadas no judaísmo e a influência da filosofia helenística que atribuíam aos poderes celestiais que comandavam o cosmos uma importância excessiva, de molde a comprometer a supremacia de CRISTO). Exortava ainda, aconselhando que eles fossem perseverantes na oração e não se esquecessem de dar graças a DEUS por todas as vitórias espirituais, não se esquecendo também de rezar por ele, a fim de que pudesse continuar o seu apostolado falando do Mistério de CRISTO como o SENHOR gostaria que ele falasse.
Conclui a missiva enviando as notícias pessoais, dele e daqueles que o ajudavam como efetivos colaboradores das Comunidades Cristãs. E despedia-se com as saudações habituais e o voto final.