PRIMEIRA EPÍSTOLA A TIMÓTEO (SÃO PAULO APÓSTOLO)
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PRIMEIRA EPÍSTOLA A TIMÓTEO

"Explicação Teológica"

 

A primeira Epístola a Timóteo e aquela Epístola enviada a Tito, têm um estreito parentesco entre si: pelo conteúdo, pela forma e a situação dos acontecimentos. Elas se situam perfeitamente bem na história eclesiástica, deixando a convicção de terem sido escritas no ano 65, no decurso de uma viagem através de Creta na Ásia Menor, Macedônia e Grécia. Entretanto a segunda Epístola a Timóteo reflete uma situação de um novo cativeiro, que desta vez se encerraria com a morte do Apóstolo. Assim, a segunda Carta a Timóteo com certeza foi escrita em Roma, porque é como se fosse um testamento de Paulo e por isso também, se admite que ele a tenha escrito um pouco antes de seu martírio no ano 67. Estas missivas dirigidas a dois de seus mais fiéis discípulos, lhes propõem diretrizes para a organização das Comunidades Cristãs que ele, Paulo, lhes confiou. È por isso que se costuma chamá-las de “Cartas Pastorais”. No texto, o título de “epíscopo” que o Apóstolo utiliza, aparece como sinônimo de “presbítero” , porque ainda não existia nenhum vestígio do “bispo” diocesano como se entende na hierarquia, mas na realidade, é uma expressão que antecede as de nossos “bispos” e “sacerdotes”. No entanto, a evolução já estava em andamento, considerando que Timóteo e Tito eram dois delegados com autoridade apostólica, encarregados por Paulo para atender a diversas Comunidades Cristãs.

Epístola a Timóteo:

Após a saudação inicial Paulo recomenda cuidado com os falsos doutores, que fogem do conteúdo histórico do ensinamento religioso para se alongarem em fábulas e genealogias sem fim, que mais confundem e favorecem as discussões do que edificam a verdadeira fé em DEUS. Realça a utilidade da Lei esclarecendo que ela não é boa apenas porque faz conhecer o pecado ou porque prepara a vinda de CRISTO, mas, sobretudo, porque é necessária para corrigir os pecadores e tudo que se oponha à sã doutrina. (As Epístolas Pastorais retomam sempre o tema da “sã doutrina”, isto é, a pregação apostólica com todas as qualidades relacionadas à boa conduta moral e espiritual).

                    O Apóstolo dá graças a DEUS pelo dom de seu apostolado e lembra que “CRISTO JESUS veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o primeiro (o pecador mais abominável). Se por esta razão me foi feita misericórdia, foi para que em mim, o primeiro, CRISTO JESUS demonstrasse toda a sua longanimidade, como exemplo para quantos NELE hão de crer, para a vida eterna”.

                    Paternalmente coloca Timóteo diante de suas responsabilidades pastorais, recordando as profecias de outrora pronunciadas sobre ele, no momento de sua investidura apostólica. As profecias indicavam que ele seria competente, responsável e, sobretudo, fiel a missão. Por isso, lhe estimula a ser perseverante no bom combate contra as heresias, contra os ímpios e malfeitores, permanecendo fiel aos ensinamentos cristãos e ao Amor de CRISTO.

                    Paulo recomenda também a prática da Oração Litúrgica, estimulando que sejam feitas súplicas ao SENHOR em benefício dos reis e das autoridades em geral, a fim de que tenham uma vida digna e exemplar, e assim, tenham condições de administrar e dirigir o povo com sabedoria, discernimento, justiça e caridade. Porque o Desejo Divino, é que todas as pessoas sejam salvas e “cheguem ao conhecimento da verdade”. Esta afirmação, de grande dimensão teológica é motivada pela unicidade de DEUS e da situação única de JESUS CRISTO, ser Homem e DEUS. Paulo recebeu do SENHOR a missão de pregar a Salvação que é oferecida à humanidade de todas as gerações. Por isso é necessário não esquecer que “Salvação” é conhecimento da Verdade. Mas este conhecimento abrange a conduta e o empenho do fiel ao longo de “toda uma vida”.

                     O Apóstolo dizia: “Há um só DEUS, e um só mediador entre DEUS e a humanidade, um Homem: JESUS CRISTO, que se deu em resgate por todos”. JESUS é mediador em sua qualidade de homem, que lhe permite ser o Salvador de todos com sua morte em resgate por todos. Aceitando morrer por todos os homens, CRISTO tornou manifesto aos olhos do mundo o desígnio Divino de Salvar todos os homens.

                     Paulo recomendava que as mulheres fossem modestas, não usassem jóias e tivessem o necessário pudor para não usar roupas decotadas e indecentes que estimulasse a concupiscência. ”Durante a instrução a mulher conserve o silêncio, com toda submissão. Eu não permito que a mulher ensine, ou domine o homem. Que ela conserve, pois, o silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E não foi Adão que foi seduzido, mas a mulher que, seduzida (pelo demônio em forma de serpente), caiu em transgressão. Entretanto, ela será salva pela sua maternidade, desde que, com modéstia, permaneça na fé, no amor e na santidade”. Na palavra do Apóstolo, a vocação da mulher é essencialmente casar, educar os seus filhos e dar a vida por eles.

                    Para que o discernimento e a caridade do Apóstolo Paulo não sejam mal interpretados, torna-se necessário explicar que esta manifestação sobre a mulher não traduz a essência de seu pensamento (ver Segunda Epístola a Timóteo 1,5), assim como ela não era a verdadeira caridade do Apóstolo (ver Primeira Epístola aos Coríntios 16,19). Aquela manifestação aconteceu por causa de um determinado número de senhoras que se envolveram numa tremenda e estrondosa confusão com os instrutores da Comunidade, que só foi totalmente solucionada depois de muitos aborrecimentos. Como resultante do acontecido ele assumiu uma posição de repulsa, contra a participação da mulher na instrução e administração religiosa, mas que na verdade acalmou com o passar do tempo.

                     Na continuação, Paulo recorda instruções para aqueles que desejassem entrar no “episcopado”. Todavia não estabelece normas para os “bispos” e os “presbíteros”, eles apenas são mencionados nas suas instruções. Quanto à lista de qualidades, apresentada por ele para os candidatos, nada tem de específico, ela foi inspirada em listas clássicas que existiam naquela época e cujo conteúdo era normalmente requerido para aqueles que desejassem exercer um cargo de comando na Igreja. Ele estabelece também, normas para as pessoas que quisessem pertencer ao quadro de Diáconos. E seguindo com a missiva, anuncia a Timóteo que espera encontrá-lo em breve, mas completa, se isto não for possível, ele confia em todas as decisões dele no comando da Comunidade, na certeza de que ele saberá como proceder na Casa de DEUS. A Igreja do DEUS Vivo é coluna e o sustentáculo da verdade, onde o Evangelho que Salva é solidamente conservado.

                    O Apóstolo também escreve sobre o período de crise que deve marcar os “últimos tempos”, quando muitos renegarão a fé, “dando atenção a espíritos sedutores e a doutrinas demoníacas”, que transformarão as mentes e os corações de muita gente, conduzindo-os pelos caminhos da violência, da ambição, do egoísmo, da cobiça e da traição. O Apóstolo acrescenta que “eles”, os maus, proibirão o casamento, atitude que era uma característica do gnosticismo; exigirão a abstinência de certos alimentos, conforme faziam lembrar as interdições alimentícias dos grupos judaizantes; sempre com a intenção de dominar e aniquilar a consciência cristã. Paulo reage e argumenta que todas as coisas foram criadas por DEUS e por isso mesmo, são boas e devem ser recebidas com a necessária ação de graça, agradecendo a bondade Divina. Estimula Timóteo a suscitar nos cristãos um cultivo da piedade, porque ela “contém a promessa da vida presente e futura”. E para dar ênfase a esta realidade, nas “Epístolas Pastorais” Paulo repete a palavra “piedade” cerca de dez (10) vezes. Na verdade, a “piedade” resume toda a atitude religiosa dos cristãos, porque está relacionada ao conhecimento da fé, que é o cerne da vida em CRISTO JESUS.

                     Justamente considerando a jovem idade de Timóteo, o Apóstolo prescreve uma recomendação especial, para que ele seja um bom exemplo e modelo para a Comunidade, através de sua conduta, de sua palavra, da grandeza de sua fé e do inconfundível cultivo da pureza. “Não repreendas duramente um ancião, mas admoesta-o como a um pai” ; aos jovens fale como se estivesse conversando com seus irmãos; às senhoras e as moças, use de delicadeza, jamais aumente o tom da voz e nunca utilize de palavras “carregadas”. (de ofensa, de maldade, de mau juízo, etc.)

                     Também escreve recomendações para as viúvas objetivando que elas procurem manter a fé e continuem com uma existência irrepreensível.

                     Referindo-se aos presbíteros, ele recomenda que sejam dignos de uma dupla remuneração, aqueles que exercem a presidência do culto com dignidade, principalmente aqueles que trabalham no ministério da palavra e na instrução. Por outro lado exige que eles sejam puros, dêem o bom exemplo e censurem publicamente os pecadores, para que os outros temam e continuem na estrada do direito; jamais devem participar do pecado de alguém e nunca use de favoritismo em suas escolhas dentro da Comunidade.

                     Recomenda aos escravos que saibam considerar os seus senhores, para que eles sejam dignos de todo respeito. Aos senhores que são fieis a DEUS, os escravos deverão tratá-los como verdadeiros irmãos.

                     No ensino da doutrina, esteja atento para analisar as palavras do orador e discernir se os seus argumentos são de um verdadeiro ou falso doutor. Se alguém ensinar de modo diferente é um impostor, que quer causar confusões com alguma finalidade suspeita, talvez, até para alcançar vantagens financeiras. “Ora, os que querem se enriquecer caem em tentação e cilada, e em muitos desejos insensatos e perniciosos, que mergulham os homens na ruína e perdição. Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro (Este é um provérbio corrente na literatura profana da época), por cujo desenfreado desejo alguns se afastaram da fé, e a si mesmos se afligem com múltiplos tormentos”.

                     Ao concluir a Missiva, Paulo faz uma solene admoestação a Timóteo, para que ele fuja destas coisas seguindo a justiça, a piedade, a fé, a mansidão, perseverando no caminho do direito e do amor fraterno.

                     Projeta um retrato do cristão rico financeiramente, exortando-os a colocarem as suas esperanças em DEUS e não na instabilidade da riqueza.

                     E termina com uma admoestação e uma saudação: “Timóteo, guarda o depósito (É uma idéia importante das Pastorais. Seu conteúdo é o da fé ou da tradição; mas a noção é de origem jurídica e acentua, no depositário, o dever de conservar e em seguida, de entregar ou transmitir intacto o depósito que lhe foi confiado), evita o palavreado vão e ímpio, e as contradições de uma falsa ciência, pois alguns, professando-a, se desviaram da fé. A graça esteja contigo! Amem”!

 

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