PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS (SÃO PAULO APÓSTOLO)
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PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS

"Explicação Teológica"

 

Enquanto escrevia aos Tessalonicenses, Paulo evangelizava Corinto. Lá permaneceu por mais de 18 meses, do fim de 50 a meados de 52. Ele queria implantar a fé em CRISTO no povo que vivia naquele porto famoso e densamente habitado, objetivando espalhar o cristianismo por toda Acaia. Mas Corinto era um dos grandes centros da cultura grega, em que se defrontavam correntes de pensamento e religião muito diversas, com um total relaxamento dos costumes. O contato da jovem fé cristã com esta capital do paganismo devia suscitar aos neófitos, muitos problemas delicados. Foi buscando soluções para aqueles problemas que o Apóstolo lhes escreveu duas Cartas.

                     A primeira Missiva aos Coríntios foi escrita de Êfeso, por volta da Páscoa do ano 57. Em face da ocorrência de divisões entre os fieis e escândalos provocados por comportamentos merecedores de censura, Paulo exorta em sua carta: “guardai a concórdia uns com os outros, de sorte que não haja divisões entre vós”. Escreveu o Apóstolo, evitai as rixas! Uns dizem que são de Paulo, outros de Apolo, outros de Cefas, outros dizem que são de CRISTO! “CRISTO estaria dividido”? Ele explica que não veio para batizar ninguém em seu nome, porque CRISTO enviou-lhe para anunciar e pregar o Evangelho.“A linguagem da Cruz é loucura para aqueles que se perdem, mas para aqueles que se salvam, para nós, é poder de DEUS”. Acrescentou, “estive entre vós cheio de fraqueza, receio e tremor; minha palavra e minha pregação nada tinham da persuasiva linguagem da sabedoria, mas eram uma demonstração de ESPÍRITO e poder (alusão aos milagres que acompanharam a sua pregação), a fim de que vossa fé não se baseie sobre a sabedoria dos homens, mas sobre o poder de DEUS”.

                     O Apóstolo com muita habilidade, coloca em evidência a Sabedoria Divina e a verdadeira função dos pregadores, lembrando aos fieis: “Nós somos cooperadores de DEUS, e vós sois a seara de DEUS, o edifício do SENHOR”. E depois acrescentou: “Não sabeis que sois um templo de DEUS e que o ESPÍRITO DE DEUS habita em vós”?

                     Na continuidade, ele enumera alguns fatos que o aborreceram e faz admoestações aos cristãos de Corinto, recomendando-lhes que procurassem imitá-lo seguindo os seus ensinamentos e as palavras de Timóteo, que ele lhes havia enviado para recordar-lhes as suas normas de vida em JESUS CRISTO. E ele se manifestava assim, porque existia na comunidade uma série de anormalidades que precisavam ser corrigidas: um abominável caso de “incesto”, um filho vivia sexualmente com a esposa de seu pai; também, qualquer rixa ou desentendimento que acontecia, ninguém se preocupava em buscar um acordo fraterno e racional, logo a questão era levada aos tribunais pagãos para ser decidida; alguns exercitavam a fornicação seguindo o lema: “tudo é permitido” . Então Paulo pergunta: “Não sabeis que os injustos não herdarão o Reino de DEUS? Não vos iludais! Nem os impudicos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os depravados, nem os efeminados (pederastas), nem os sodomitas (os que fazem a conjunção sexual anal entre homem e mulher, ou entre homossexuais masculinos), nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os injuriosos herdarão o Reino de DEUS”. E com severidade afirma: “Eis o que vós fostes ao menos alguns. Mas lavastes e fostes santificados e fostes justificados em nome do Senhor JESUS CRISTO e pelo ESPÍRITO SANTO de nosso DEUS”. (Aqui nota-se a formulação trinitária no pensamento de Paulo).

                     A seguir ele apresenta soluções para os diversos problemas. É assim que para evitar a fornicação, recomenda que as pessoas se casem, e naturalmente, cada um procure ser fiel ao outro.

                    Quanto às carnes sacrificadas aos ídolos é “inegável que todos temos a ciência exata”, dizia o Apóstolo, “mas à ciência incha; é a caridade que edifica”. Não são os alimentos que aproximam ou afastam o homem de DEUS. Entretanto, comendo as carnes crendo que foi sacrificada aos ídolos, a pessoa comete uma transgressão contra o Amor de DEUS. Porque aquilo que os gentios imolam, “eles imolam ao demônio, e não a DEUS”. E ainda, conforme o ponto de vista da caridade, se comendo as carnes servir como mau exemplo para o irmão que é “fraco”, que não compreende a realidade dos fatos, não deverá comê-las, porque comendo, irá pecar contra CRISTO.

                    Quanto ao trabalho, o Apóstolo fez questão de esclarecer um aspecto primordial, considerando que algumas mentes venenosas colocavam certa malícia quanto ao seu procedimento. Ele disse: “Se semeamos em vosso favor os bens espirituais, será excessivo (demasiado) que colhamos os vossos bens materiais? Se outros exercem esse direito sobre vós, por que não o poderíamos nós com mais razão? Todavia não usamos esse direito; ao contrário, a tudo suportamos, para não criar obstáculo ao Evangelho de CRISTO”.

                    Paulo define a necessidade da perseverança e fidelidade ao ideal cristão para se alcançar uma preciosa vitória, oferecendo em comparação, o exemplo daqueles que participam de uma corrida olímpica, os quais se preparam cuidadosamente e se abstém de tudo para ganhar uma coroa perecível. Ele, porém, "com seu esforço maior e sua perseverante dedicação" são para cultivar o Amor de DEUS em plenitude, e alcançar uma coroa imperecível, que justamente, do mesmo modo, deve ser alcançada por todos os fiéis.

                    Lembra aos fieis de Corinto o passado de Israel e o dever insubstituível do exercício da prudência. Os antigos estiveram sob a nuvem de DEUS, atravessaram o mar a pé enxuto e comeram do mesmo pão espiritual. (A nuvem e a passagem do mar Vermelho são figuras do Batismo, o maná e a água da rocha são figuras da Eucaristia. Relembrava estes fatos para exortar os Coríntios a prudência e a humildade). Ele recorda que a maioria dos hebreus ofendeu a DEUS, tornando-se idólatras. Em consequência, ficaram sem a proteção Divina, “caíram mortos no deserto”. O fato citado pelo Apóstolo tinha como objetivo servir de exemplo ao povo, a não cobiçar coisas más, como os antigos cobiçaram. “Não tentemos o SENHOR, como alguns deles o tentaram (adorando os ídolos), de modo a morrer pelas serpentes”. E Paulo exorta com ênfase a fim de que o povo não pactue com a idolatria: “Não podeis participar da mesa do SENHOR e da mesa dos demônios”.

                    O Apóstolo também evidencia o assunto da boa ordem nas assembléias tecendo considerações sobre o “véu das mulheres”.

                    A seguir ele questiona e censura o procedimento dos fieis quanto à “Ceia do SENHOR” (também denominada Ágape que precedia a Ceia Eucarística). Muitos cristãos se apressavam em comer a própria ceia ou em “grupo de amiguinhos” comiam as iguarias que levavam, bebiam o vinho e até se embriagavam, e não dividiam com os outros que nada tinham. Uma falta de sensibilidade e, sobretudo, de caridade. O Apóstolo explica, “eu mesmo recebi do SENHOR o que vos transmiti:” “Na noite em que foi entregue o SENHOR JESUS tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: Isto é o MEU Corpo, que é para vós; fazei isto em memória de MIM. Do mesmo modo, após a Ceia, também tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a nova Aliança em MEU Sangue; todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em memória de MIM”. Paulo continuou: “Que vos direi? Hei de louvar-vos?” E falou que não os louvaria neste aspecto, porque não estava satisfeito e nem de acordo com o procedimento de alguns deles, pedindo que eles examinassem a consciência antes de comer o pão e beber do cálice na Ceia do SENHOR.

                    A respeito dos “Dons do ESPÍRITO”, só serão beneficiados aqueles que crerem que “JESUS é o SENHOR”.

                    O Apóstolo enumera alguns “Dons” realçando sua imensa diversidade e a unidade dos “Carismas”, acrescentando que: “isso tudo, é o único e mesmo ESPÍRITO que o realiza, distribuindo a cada um os seus dons, conforme lhe apraz”.

                    Com objetivo de dar forma a sua explicação, ele utiliza a imagem do corpo: “Com efeito, o corpo é um e, não obstante, tem muitos membros, mas todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, formam um só corpo”.

                    Resumindo seu argumento ele diz que todos, fomos batizados num mesmo ESPÍRITO para ser um só corpo, o Corpo de CRISTO. Assim sendo, cada pessoa é um membro e como tal, devem manter-se unidos ao SENHOR.

                     A seguir, ele nos apresenta uma idéia da “hierarquia dos Carismas” no seu famoso e notável “Hino a Caridade” (1 Cor 13, 1-9).

                    Na última parte de sua epístola faz considerações sobre a “ressurreição dos mortos”. Paulo recorda que o SENHOR morreu por nossos pecados e Ressuscitou ao terceiro dia, aparecendo a Pedro, aos Doze Apóstolos, a mais de 500 pessoas e por fim a ele, no caminho de Damasco. Então ele pergunta: “Se pregamos que CRISTO Ressuscitou dos mortos, como podem alguns dentre vós, dizer que não há ressurreição dos mortos? E se CRISTO não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia também é a vossa fé”. As pessoas com dúvidas ficam perguntando: com que corpo irei ressuscitar? E ele magistralmente teceu diversas considerações dizendo que, aquilo que é semeado, não é o corpo da futura planta, mas apenas uma semente, um grão. A semente morre e brota. Ao nascer, DEUS lhe dá a forma e o corpo que lhe é o próprio corpo.

                       Ele ainda explica: “Se há um corpo psíquico, há também um corpo espiritual”... “Primeiro foi feito o que não é espiritual, mas que é psíquico; o que é espiritual vem depois. O primeiro tirado da terra, é terrestre. O segundo homem vem do Céu”.

                     Isto acontece porque é o espírito que dá vida ao corpo. Significa dizer que a carne e o sangue não podem herdar o Reino de DEUS, da mesma forma que a corrupção não pode herdar a incorruptibilidade.

                    Por último, faz recomendações sobre as “coletas”, ou seja, as ofertas e doações que os cristãos fazem em benefício da Igreja em Jerusalém.

                    Na saudação final ele escreve: “Se alguém não ama o SENHOR, seja anátema”! E usa uma palavra em aramaico, que se referia a esperança da Parusia: “Maran atha”, que significa “O SENHOR vem”! (na segunda Vinda de CRISTO).

 

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