Site hosted by Angelfire.com: Build your free website today!

FUNDAÇÃO DE CLARAVAL - Em junho de 1115 o Conde Hugo de Troyes ofereceu uma área de terra, para que fosse instalado um Convento nos seus domínios. Estevão prontamente aceitou e decidiu colocar Bernardo na chefia da nova instituição. E forneceu mais uma prova de sua bondade, ao incluir na comunidade do jovem abade, os seus quatro irmãos, o tio, os primos e mais cinco outros rapazes, pois de acordo com o costume cisterciense, uma colônia devia conter 12 religiosos além do abade. É como se fosse o SENHOR e os 12 Apóstolos. E assim partiram os 13 jovens, cheios de ideal e de coragem.

O destino ficava a 140 quilômetros de Cister.

No dia 25 de junho de 1115 tomaram posse oficialmente do local e mudaram o nome para Claraval (Clara Vallis, Vale da Luz), porque devido a sua posição geográfica, ficava o dia todo exposto aos raios do sol.

Enquanto os monges sob a direção do prior Gauthier entregavam-se ao trabalho para erigir as construções, ele, em companhia de um religioso de nome Elbold, foi encontrar-se com o Bispo, porque ainda não tinha recebido a bênção abacial, ou mesmo a ordem do sacerdócio.

Entretanto, a luta pela existência suportada pelos monges em Claraval, foi terrivelmente severa. A terra era dura para o cultivo e não suficiente fértil. A possibilidade de receberem auxílio de fora era remota, porque não eram conhecidos do mundo. E assim viveram durante muitos meses com toda a sorte de privações.

No segundo ano de trabalho a comunidade não estava resistindo mais ao grande número de dificuldades. Com os olhos cheios de lágrimas rodearam Bernardo e lhe imploraram que os reconduzisse de volta a Cister. Suas vestes estavam em farrapos, a saúde ameaçada pela inanição em consequência da falta de uma substanciosa alimentação. Deviam fugir daquele Vale, porque embora fosse muito bonito, devorava os seus habitantes, porque as terras estavam cansadas e produziam muito pouco.

Em vão o Abade suplicou-lhes que tivessem paciência. Nem sequer conseguiu induzi-los a que o acompanhasse numa oração de socorro. Então sozinho, no meio dos monges, Bernardo ajoelhou-se e rogou a DEUS, ao Pai da Misericórdia, que se apiedasse de seus pobres filhos e lhes minorasse a angústia, como outrora ELE alimentara os israelitas no deserto. Mal terminara a oração, sentiu no interior do coração uma voz que lhe dizia:

"Levanta-te Bernardo, a tua prece foi atendida".

Ao mesmo tempo ouviu-se o som de rodas de uma carroça que se aproximava. Era um carro repleto de mantimentos, oferta de Odo, Prior de um estabelecimento beneditino que ficava próximo, o qual soubera dos apuros da Comunidade e se apressara em socorrê-los.

 

 

A MÃO DE DEUS – Como o fato descrito, diversos outros ocorreram. Foram acontecimentos notáveis que vieram em auxílio de Bernardo e dos monges de Claraval, que aos poucos foram vencendo as dificuldades do cotidiano e puderam viver com normalidade, testemunhando que a presença do SENHOR era permanente, entre os monges cistercienses.

Apresentamos a seguir alguns fatos, lembranças inesquecíveis daquela época muito difícil.
Certo dia, Bernardo disse a um monge chamado Guibert:

- "Irmão, necessitamos de sal. Leva o jumento e traz algum da cidade vizinha".

Inquiriu Guibert:

- "Reverendo Padre, e a respeito do dinheiro"?

Respondeu Bernardo:

- "Para dizer a verdade, há tanto tempo que não possuo ouro e nem prata, que já nem me lembro da cor. Mas existe alguém lá em cima que conserva a minha bolsa e todos os meus tesouros, ELE não permitirá que nos falte o dinheiro para a compra".

- "Muito bem, Reverendo Padre, farei como indica, mas se partir sem o dinheiro, voltarei sem o sal".

- "Tem fé meu filho - replicou Bernardo - o nosso tesoureiro Divino acompanhará a tua jornada e não consentirá que te falte coisa alguma".

Com estas palavras, abençoou-o e mandou-o a cidade.

Quando o irmão Guibert se aproximava do destino, encontrou um sacerdote que lhe perguntou de onde vinha e para onde se dirigia.

Satisfeito com a oportunidade, contou ao desconhecido a situação em que estavam as coisas em Claraval, sem se esquecer de mencionar-lhe o apuro em que o Abade lhe colocára, ao mandá-lo para o mercado sem dinheiro.

O bondoso padre comovido, levou-o para sua casa onde lhe deu 20 litros de sal e cinquenta moedas de ouro.

No regresso, feliz com o êxito da missão, encontrou-se com Bernardo. O Abade com simplicidade e uma maneira bem paternal, falou:

"Podes crer, nada é tão necessário a um cristão como a fé. Se tiverdes fé em DEUS, tudo correrá bem, nada faltará".

Em outra ocasião, Gerardo que era o encarregado da economia do Mosteiro, informou ao Abade que os gêneros alimentícios tinham acabado, que não havia comida para os irmãos e nem meios para consegui-la.

Bernardo perguntou-lhe:

"De quanto precisa para as necessidades presente"?

"Doze libras", foi à resposta.

O Santo afastou-se em silêncio para rezar.

Mais tarde, foi informado que uma dama de Chatillon encontrava-se lá fora para conversar com ele. Ela estava com um sério problema. Vinha solicitar as preces da confraria para o seu marido gravemente enfermo.

Bernardo depois de prometer-lhe as orações, assegurou-lhe que no seu regresso a casa já encontraria o seu marido totalmente restabelecido, como na verdade sucedeu.

Contudo antes de partir, a dama cheia de confiança em face das palavras de Bernardo, entregou-lhe em agradecimento exatamente doze libras, a soma que a comunidade necessitava para as despesas urgentes.

Muitos fatos desta natureza ocorreram durante bastante tempo, até que o "demônio da fome", fosse finalmente esconjurado de Claraval.

No ano 1117, entre as diversas pessoas que bateram ao portão de Claraval, contam-se duas delas, cuja vinda, provocou uma alegria especial no coração do Santo Abade. Foram seu irmão mais novo Nivard e seu pai Tescelin.

Foi uma cena comovente e inesquecível, ocorrida naquele dia do ano 1118 na Igreja da Abadia em Claraval, presenciar a cerimônia e ver o velho fidalgo pronunciando os seus votos, aos pés do jovem Abade, seu filho, prometendo obedecer-lhe até a morte, recebendo em seguida, já com o hábito sagrado, o beijo da paz de seus lábios.

A vida de Tescelin como monge foi curta mas invulgarmente fervorosa. Ao morrer no ano de 1120, atingira um tal grau de santidade, que foi considerado Santo pela Comunidade.

 

Próxima Página

Página Anterior

Retorna ao Índice