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GUARDIÃO E OBREIRO

 

UMA MUDANÇA FORÇADA

Pelo fato do sítio dos Eremitas não ser longe do povoado, mais rapidamente a fama de santidade dos Frades se espalhou em todas as direções e primordialmente, chegou ao conhecimento dos habitantes de São Filadelfo, que estava mais próximo. Então aconteciam as naturais visitas, e com bastante frequência. As pessoas iam a Santa Domênica procurar por Frei Benedito para pedir uma bênção, um conselho, ou uma oração pelas suas necessidades ou por alguma doença. Com a sequência dos meses, espalhou-se a noticia de que por intercessão do Frade Benedito, DEUS estava realizando milagres e concedendo graças às pessoas que suplicavam com fé e devoção. Isto ocasionou um acréscimo considerável de peregrinos, que verdadeiramente passaram a interferir nas atividades e na ordem da Comunidade Eremítica. Acabou definitivamente com o sossego dos Frades e assim, o dilema criado por aquela situação pedia por uma solução. Isto porque, proibir o acesso do povo lhes parecia desumano, mas, se atendiam, não sobrava tempo para mais nada. Na realidade, o problema atingia mais diretamente o Frade Benedito e também o Frade Jerônimo Lanza. Mas do mesmo modo, inclusive os outros se sentiam incomodados, porque o volume de pessoas era muito grande, e elas se deslocavam por todos os locais do Sítio. Foi então que em sigilo decidiram abandonar o local.

Como nada possuíam a bagagem para a mudança era muito pequena e não apresentava nenhuma dificuldade. Cada um arrumou os seus “trapinhos” e pé na estrada. E decididamente seguiram para o Vale Nazana. Ali se instalaram e logo reiniciaram as suas atividades. Frei Benedito e seus companheiros rezavam e faziam severas penitências pela conversão dos pecadores e santificação da humanidade. O Vale era bem escondido, e por isso mesmo, os Frades Eremitas puderam se dedicar ardorosamente aos sacrifícios e objetivos que espiritualmente todos desejavam, praticamente não sendo incomodados por visitantes. Poucas pessoas descobriram que eles estavam por ali.

Depois de oito anos em Nazana, a Providência Divina inspirou os Santos Eremitas a seguirem para Mancusa. Um pequeno lugarejo a 15 quilômetros de Palermo. E escolheram um local de difícil acesso, com muita rocha e cheio de cavernas, que serviam de abrigos a lobos e a outros animais selvagens. Os Frades foram avisados dos perigos daquela região pelo povo de Mancusa. Mas eles não temeram, e inclusive, de certa forma até gostaram, pois imaginaram que sendo um local perigoso, não seriam incomodados pelas pessoas.

E com certeza, São Francisco de Assis conseguiu de DEUS a necessária proteção para os seus Frades, de tal forma, que os animais nunca os molestaram. Lá os franciscanos eremitas podiam rezar, cantar e realizar todos os seus trabalhos, espirituais e materiais, e jamais foram incomodados.

Mas as noticias correram ligeiras e alcançaram velocidades imprevisíveis. Em Mancusa, o povo começou a tomar conhecimento da presença dos Frades e a comentar: “Eles são Santos”... Diziam alguns: “Há Frei Benedito que dizem, consegue milagres de DEUS”...

Certo dia em que o Frade Benedito desceu até o lugarejo para algum trabalho, ao passar diante de uma pequena casinha que tinha várias pessoas na porta, alguém o chamou para ver uma doente. Ele humildemente parou e disse:

- “Não posso fazer muita coisa, porque não sou sacerdote. Mas posso rezar por ela”.

Os parentes da mulher imploraram:

- “Venha Frei, por favor, ela está sofrendo muito”.

A mulher deitada estava toda corroída por um terrível câncer no seio que se alastrava pelo peito. Ela gritou desesperadamente:

- “Pelo amor de DEUS Frei, me dá uma bênção”.

Sensibilizado pelas dores daquela mulher e a aflição dos parentes, Benedito se aproximou do leito e piedosamente, com palavras simples, animou-a a ter fé na misericórdia de DEUS e traçou o Sinal da Cruz sobre a chaga do seio. O milagre aconteceu! Na presença de todos que choravam e contritamente rezavam, instantaneamente a mulher ficou curada, a chaga cicatrizou.

O susto e a alegria ocuparam a face das pessoas, enquanto Benedito com as feições sérias suplicava a todos:

- “Rezem e agradeça a misericórdia de DEUS e as milagrosas Mãos do SENHOR JESUS, Seu DIVINO FILHO, que se fizeram presente, retirando o câncer desta mulher”.

Enquanto prostrados de joelhos todos rezavam fervorosamente, Frei Benedito lentamente saiu daquele lugar e desapareceu, fugindo de qualquer louvor ou agradecimento que quisessem fazer a sua pessoa.

A notícia deste milagre repercutiu muito e de uma maneira tão estrondosa, que verdadeiras romarias começaram a se dirigir ao Eremitério dos Frades. Todos queriam conhecer, conversar, pedir uma bênção ou uma oração a aquele homem notável, a quem DEUS concedeu o dom da cura. Homens carregando macas e carroças transportando doentes diariamente chegavam, e era exatamente o que os Frades temiam. Acabaram-se completamente o sossego e o silêncio que a Comunidade necessitava às suas orações e a vida contemplativa. Repetiam-se em Mancusa os mesmos acontecimentos de Santa Domênica. Não existia outra solução, por isso mesmo, depois de várias reuniões a Comunidade decidiu mudar para outro lugar.

DEUS PROVIDENCIARÁ OUTRO LOCAL

Com este pensamento abandonaram Mancusa, mas com grande tristeza e o coração muito apertado, espremido pela dor de deixar aquele local tão bonito, envolvido pelo carinho da natureza que lhes propiciava maior fervor na vida contemplativa. Mas eles precisavam de solidão, a Comunidade não conseguia viver e nem respirar com aquela frequência extraordinária de peregrinos em busca de lenitivo e cura para os seus males.

E assim, partindo de Mancusa, durante quatro anos vagaram por diversos lugares, até que por fim, se estabeleceu no Monte Pellegrino, perto de Palermo, um local que já estava santificado pela presença de Santa Rosália, falecida e ali sepultada, no ano de 1160. Naquele local eles estabeleceram o seu Eremitério. Por essa razão, anos mais tarde, o lugar passou a ser denominado de Monte Santa Rosália.

Mas também ali, eles não ficaram muito tempo, embora ganhassem a simpatia do Vice-rei da Sicilia, Giovanni Lacerda, que desejando minorar a pobreza daqueles humildes Frades, mandou construir uma casa, com Capela e uma boa cisterna, considerando que a fonte de água ficava muito distante. Eles que sempre viveram em choupanas isoladas, puderam denominar aquela construção de Convento da Comunidade.

Também em Monte Pellegrino faleceu Frei Jerônimo Lanza, que podemos dizer, era o orientador da Comunidade e aquele que organizava as providências necessárias ao bem-estar de todos.

Desse modo, sua morte trouxe a principio certa desorientação a Comunidade, que tinha uma vida tão precária e cigana. Mas na verdade, a Comunidade não chegou ao seu final por falta de um chefe, ou de uma palavra autorizada e de decisão responsável. Isto porque, a presença de Frei Benedito além de ser uma garantia de continuidade, inspirava respeito, confiança e certeza de trilharem o melhor caminho. Mas a Comunidade dos Franciscanos Eremitas chegou mesmo ao final pela decisão soberana da Igreja, que desde algum tempo vinha querendo reunir os inúmeros ramos franciscanos que existiam, e naturalmente, um desses ramos eram os Irmãos Eremitas Franciscanos, fundado por Jerônimo Lanza.

Assim, o Papa Pio IV, em 1562, cancelou a licença dada pelo Papa Júlio III (1550-1555), extinguindo a Comunidade do Monte Pellegrino, ordenando que os eremitas procurassem Conventos da Ordem Primeira Franciscana, ou voltassem para as suas casas. Como aqueles eremitas da Comunidade de Jerônimo Lanza eram verdadeiros santos, e por isso mesmo, muito obediente, cada um seguiu o seu caminho, ingressando na Ordem Franciscana da sua preferência. Benedito já estava com 36 anos de idade, tendo permanecido na Comunidade Eremítica por mais de 15 anos.

O CONSELHO DA MÃE DE DEUS

Sem saber para qual Convento se dirigir, Benedito foi rezar na Catedral de Palermo, a fim de suplicar ao SENHOR e a VIRGEM MARIA, a luz do entendimento, para orientar o caminho da sua vida.

Terminada as orações, decidiu ir procurar Frei Arcângelo de Scieli, guardião do Convento Franciscano de Santa Maria de JESUS, a poucos quilômetros de Palermo. Segundo o comentário do povo, ali residiam religiosos de grande santidade.

Benedito foi muito bem recebido pelo guardião e depois pelos irmãos da Ordem, pois inclusive, a sua fama de santidade já era do conhecimento de todos, e por essa razão, eles esperavam a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente e rezar na companhia dele.

E muito embora fosse um religioso professo a mais de 10 anos, os Superiores mandaram Frei Benedito para o Convento de Sant’Ana di Giuliana, para uma espécie de Noviciado, com objetivo dele se integrar e aprimorar a Regra Conventual. Ele adaptou-se tão bem, que por lá permaneceu cerca de três anos. Cumprido o tempo necessário, os Superiores determinaram o seu retorno a Santa Maria de JESUS, onde viveu o resto da sua vida.

MÃOS A OBRA NO CONVENTO

Sua primeira função foi de cozinheiro. Devia preparar o “feijão” do pessoal com muito amor e carinho, para mantê-los em forma e estimulá-los ao trabalho. E desde esta época, a graça de DEUS atuou decisivamente através das mãos de Frei Benedito, de modo que deixava todos bem alimentados, alegres e até muito felizes. Sempre havia um intenso júbilo no coração de todos aqueles que frequentavam o refeitório da Comunidade Franciscana.

Certa vez acabaram-se as provisões do Convento. O Convento vivia de esmolas, da mesma maneira como na época de São Francisco de Assis. Era uma época difícil em consequência da minguada colheita, que impedia o normal abastecimento de gêneros alimentícios em muitas regiões. Os Superiores do Convento sempre em busca de soluções acionaram todas as medidas possíveis, e principalmente, suplicaram o auxílio Divino, no sentido de que a crise fosse debelada e o abastecimento normalizado. Era época do inverno Europeu, e lá fora, as condições climatéricas anunciavam uma terrível tempestade. Como sair para pedir esmola e conseguir alimento para a Comunidade?...

Enquanto os Frades rezavam na Igreja, Benedito com imensa confiança na Providência Divina se lembrou de uma passagem bíblica que numa ocasião semelhante, tinha sido invocada por São Francisco: “Não se inquietem quanto à sua vida, com o que vão comer ou beber, nem quanto ao vosso corpo com o que vão vestir. Porventura não é o corpo mais do que o vestido, e a vida mais do que o alimento? Olhem para as aves do Céu: não semeiam, nem ceifam, nem recolhem em celeiros; e o PAI Celeste as alimenta”. (Mt 6,25-26)

Com o coração vibrando de amor, junto com o seu auxiliar, acionou uma série de providências na Cozinha, enchendo com água todas as panelas, tachos e latas grandes que havia na casa. E depois foram descansar. De manhã, que maravilha: a misericórdia Divina se manifestou num prodigioso milagre: Todas as vasilhas estavam cheias de peixes frescos, alguns deles ainda vivos. O milagre de DEUS propiciou refeição abundante por muitas semanas, a toda Comunidade Religiosa.

CEIA DE NATAL

O senhor Arcebispo de Palermo, Dom Diogo d'Abedo, quis celebrar a Ceia de Natal, na companhia da Comunidade Franciscana. Como sabemos os Franciscanos no mundo inteiro, sempre gostaram de celebrar o Nascimento de JESUS com muita contemplação e ação de graças, não só para manifestar um profundo amor ao FILHO DE DEUS, como para relembrar que foi São Francisco o autor do primeiro presépio, em honra e homenagem a NOSSO SENHOR, pela nossa vida e redenção.

E por isso mesmo, Frei Benedito estava lá na Igreja, diante de um quadro com a imagem da VIRGEM MARIA e do MENINO JESUS, que ficava ao lado do altar-mor, rezando, contemplando e agradecendo os dons e as virtudes da nossa existência. Mas, e a cozinha? Será que Frei Benedito se esqueceu de preparar a Ceia para a Comunidade receber a visita do senhor Arcebispo? As horas passavam ligeiras e ele não aparecia na Cozinha... O seu auxiliar estava apavorado e sem saber o que fazer. Onde está o cozinheiro? Ninguém sabia! Neste momento, o auxiliar deixou o seu posto e foi avisar aos organizadores do evento, que rapidamente saíram à procura de Frei Benedito, e o encontraram na Igreja, mergulhado profundamente na oração, diante de um bonito quadro do presépio de JESUS. Eles gritaram assustados:

- “Frei Benedito, já está quase na hora do almoço e o senhor Arcebispo de Palermo já está quase chegando! Como foi acontecer uma coisa desta? Que vergonha para nós!”

Respondeu o Santo:

- “Calma gente, está tudo pronto. Quando Sua Excelência estiver à mesa, a comida será servida quentinha”.

Eles, sem saber o que falar, e sem entender o que acontecia, cristãmente decidiram pelo silêncio.

Frei Benedito se dirigiu a cozinha e lá, para surpresa geral, tudo estava pronto. Apenas ele se apressou em tirar as comidas das panelas, colocá-las nas travessas e entregá-las aos confrades que ajudavam a servir, a fim de levá-las à mesa. “Mas como aconteceu isto?” Exclamou o irmão auxiliar da cozinha. – “À meia hora atrás não havia nem panelas no fogo!”... Todavia, não faltaram testemunhas! Quando o auxiliar da cozinha saiu para avisar sobre a ausência de Frei Benedito, dois Frades estudantes de teologia viram chegar ao local dois jovens de grande beleza, que mexeram para cá e para lá na cozinha e rapidamente aprontaram o almoço, enquanto Frei Benedito rezava na Igreja. Outros concluíram: “Sem dúvida, eram dois Anjos de DEUS”. O fato é que mãos estranhas, mas muito competentes, tinham preparado um magnífico banquete de Natal, para toda a Comunidade e para o senhor Arcebispo de Palermo, deixando todos eles muito felizes e satisfeitos com aquele especial almoço.

GUARDIÃO DO CONVENTO

Guardião é o titulo dos Superiores dos Conventos Franciscanos. Em 1578, reuniu-se o Capítulo Provincial dos Franciscanos, no Convento de Santa Maria dos Anjos, em Palermo. Padre Pedro Cilento, Doutor da Universidade e Visitador da Província de Val Mazzara, atendendo ao desejo de muitos religiosos que pediam uma observância mais exata da Regra Franciscana, em virtude da Bula do Papa Clemente VII (Bula "in Suprema"), deu autoridade à reforma ao Frei Boaventura de Girgenti que era o Superior em Santa Maria de JESUS. Na verdade, a maioria dos Conventos acolheram prontamente o desígnio do Papa. E assim, Frei Benedito que estava com 52 anos de idade, foi nomeado Guardião do Convento de Santa Maria de JESUS. Este foi um fato raríssimo ocorrido na história das Ordens Religiosas, em que os membros de uma Comunidade escolheram para seu Superior um leigo religioso, quando nela existiam diversos sacerdotes, com reconhecida capacidade de administrar. Este acontecimento singular e admirável é suficiente para avaliarmos o notável prestígio que o humilde e Santo Frei Benedito possuía junto aos seus Irmãos Franciscanos. Em outras palavras, coloca a convicção em nossa mente, de que eles também reconheciam em Frei Benedito, além das suas qualidades e virtudes para rezar, contemplar e amar a DEUS, de saber cozinhar, de dar o bom exemplo e respeitar a ordem estabelecida, nele apreciava também as qualidades de dirigente e organizador.

Isto por que, o Superior de uma Comunidade Religiosa deve ser um bom administrador: dando ou negando licenças solicitadas; deve saber analisar a prestação de todas as contas, assim como dos gastos extras; é ele quem preside todas as reuniões da Comunidade, assim como as orações comunitárias; é ele quem escala os trabalhos apostólicos e é o primeiro a trabalhar; um Superior Santo, santifica os seus confrades; um superior relaxado instala a bagunça generalizada em todo o Convento. Por isso mesmo, todos aqueles que escolheram Frei Benedito para ser o Guardião do Convento de Santa Maria de JESUS, não olharam para os seus estudos que eram muito poucos, mas enxergaram a sua santidade que era muito grande, era imensa. Sem saber ler, conhecia muito bem a palavra de DEUS, e mesmo a Teologia, a tal ponto, que tinha argumentos tão claros e coerentes, que espantava até os estudiosos. Conhecia e vivia com perfeição, as regras da sua Ordem Religiosa.

Então, não é motivo para ninguém se admirar ou ficar escandalizado com o acontecimento. Na verdade, quem estranhou o fato foi ele mesmo, Frei Benedito na sua humildade honesta e pura, não quis aceitar o cargo de maneira nenhuma. Chegou a argumentar assim:

- “Eu, um pobre religioso leigo, analfabeto, ser o Superior dos meus confrades Sacerdotes, dos quais não sou digno de desatar as correias das suas sandálias? Ser Guardião deste Convento da MÃE DE DEUS, que já é guardado pelos Anjos do SENHOR? Não posso aceitar.”

Com veemência ele apresentou aos seus Superiores as suas escusas. Mas sua recusa não foi aceita, todos estavam convencidos de que tinham feito a melhor escolha, ou seja, conscientemente haviam rezado e solicitado a Luz do ESPÍRITO SANTO, então ali estava manifestada a Vontade de DEUS e, portanto, era hora de obedecer, conforme disse o Superior Frei Boaventura de Girgenti.

Frei Benedito abaixou a cabeça e falou: “Seja feita a Vontade do SENHOR”. E permaneceu no cargo durante três anos, prestando magníficos serviços a Comunidade Franciscana.

Mas nem pelo fato de ser o Guardião do Convento, a autoridade maior da Comunidade, deixou Frei Benedito de desempenhar os outros modestos trabalhos da casa. Assim, o Guardião era visto ora na cozinha, na horta, ou com uma vassoura na mão varrendo algum cômodo. O espírito de co-responsabilidade levava o Santo a compartilhar de todos os trabalhos do Convento, e desse modo, havia alegria e disposição em todos, tudo prosperava.

NÃO NEGAR NADA AOS POBRES E FAMINTOS

Um dos casos mais extraordinários que aconteceu no tempo da administração do Guardião Frei Benedito foi durante um quotidiano atendimento na Portaria do Convento, para socorrer os pobres e famintos.

Como já mencionamos anteriormente, o Convento vivia de esmolas e por isso mesmo, não possuía um estoque de alimentos, mas sim uma pequena reserva para uso diário da Comunidade e que com bastante economia, poderia sobrar algo para o dia seguinte. Apesar desta realidade, o Guardião Frei Benedito deu uma ordem clara ao Irmão Porteiro: Nenhum pobre pode ser despachado, sem ser atendido”. Assim, Frei Benedito queria que fosse vivido na realidade o preceito de JESUS: “Dêem de graça o que de graça receberam”. (Mt 10,8)

Certa vez, o Porteiro Frei Vito, ao distribuir para os pobres os pães que estavam na cesta, percebeu que a fila era muito grande e os pães que restavam eram exatamente para atender a Comunidade Religiosa. Então, encerrou a distribuição e despachou os pobres. O fato chegou ao conhecimento do Guardião, que intimou o bom Porteiro, sair correndo atrás dos pobres que ficaram sem pão e trazê-los de volta ao Convento, e lhe deu a ordem com severidade:

- “Dê aos pobres tudo o que estiver no cesto, isto por que, a Providência Divina sempre encontrará o melhor meio para nos socorrer”.

O Irmão Porteiro muito assustado com aquela ordem, abaixou a cabeça e obedeceu. Trouxe os pobres e organizou uma longa fila. Foi à despensa, pegou o cesto com os poucos pães e re-iniciou a distribuição. No principio ele estava muito sério e com as feições bem fechadas, mas começou a observar que algo de extraordinário acontecia, por que os pães não acabavam nunca, quanto mais eram distribuídos se multiplicavam no cesto. O espanto e a alegria encheram o coração e a face do Irmão Porteiro, que então, viu em toda plenitude a grandeza do milagre de DEUS, uma nova “multiplicação de pães”. Terminada a distribuição, com a maior surpresa ele observou que os pães que sobraram no cesto, os quais seriam utilizados pela Comunidade Religiosa, eram exatamente a mesma quantidade anterior. A Providência Divina atuou e determinou que todos fossem igualmente bem servidos.

É por isso que em todos os anos, nos dias da Festa do Santo, em homenagem a este fato e também, lembrando aquele outro milagre de DEUS acontecido pela intercessão de Santo Antonio, muitas pessoas caridosas, em diversas partes do mundo, compram sacos de pães e entregam a Igreja para serem distribuídos aos pobres.

 

 

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