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PRIMOGÊNITO INTELIGENTE

 

A FAMÍLIA

Ele nasceu no dia 9 de Março de 1568, no Castelo em Castiglione, nas imediações de Soferino e Vila de França, e seus pais eram os nobres: a senhora Marta Tana Santena de Chieri e o senhor Fernando (Ferrante) Gonzaga, Príncipe do Império e Marquês de Castiglione delle Stiviere, na Espanha.

Fernando e Marta se conheceram na corte espanhola, e ambos, gozavam da estima e proteção do Rei Felipe II e da Rainha Isabel de Valois. E por isso mesmo, o noivado foi anunciado com toda solenidade, no dia 25 de Junho de 1566. Poucos meses depois, aconteceu a cerimônia de casamento, também realizado na corte com grande e magnificente solenidade e a participação de toda nobreza.

Todavia, o filho primogênito de Ferrante (Fernando) e Marta, ao nascer, teve sérios problemas, que se agravaram no final da gestação, trazendo muito sofrimento a mãe, que naquele momento angustiante suplicou o auxílio Divino, prometendo ao SENHOR, se o filho nascesse com saúde, o levaria em peregrinação a Loreto, a fim de agradecer a preciosa graça de DEUS. E assim, depois de muito sofrimento, a criança nasceu. O pequeno parecia que estava morto. Foi lavado e massageado e com muita rapidez entregue a mãe, que carinhosamente apertou a criança contra o seu coração, e finalmente, teve a felicidade de ouvir o seu primeiro vagido. O filho estava vivo.

No dia seguinte, com a imensa alegria que invadiu o palácio, os canhões da fortaleza e os sinos da Igreja anunciaram vigorosamente o nascimento do Príncipe herdeiro em Castiglione, candidato ao trono espanhol.

A criança foi Batizada no dia 20 de Abril na Igreja do palácio, pelo Arcipreste Dom João Pastore, estando toda a nobreza presente, e recebeu o nome de Aloísio.

O júbilo de Dona Marta era muito grande, principalmente por que ela teve uma gravidez muito difícil e complicada. Repleta de amor, à medida que o menino crescia, procurava colocar no coração dele os mais nobres sentimentos de piedade para com DEUS e o próximo, assim como lhe ensinava orações e jaculatórias.

Com este procedimento, ela ia despertando no coração de Aloísio uma grande ternura por JESUS e NOSSA SENHORA, assim como, fez desabrochar a sua caridade, com um carinho especial e atencioso para com todos os necessitados.

O Marquês seu pai, olhava e gostava de acariciar o filho, mas com outros pensamentos, isto por que, queria o Aloísio um rapaz forte e ousado, como um grande e poderoso senhor de seu próprio feudo e do feudo dos tios, que não tinham herdeiros. Embora concordasse com os cuidados piedosos e carinhosos da sua esposa Marta, ele se preocupava em contar minuciosamente ao seu filho, episódios dos feitos e das conquistas militares dos antepassados da família. E tanto contava histórias de conquistas militares ao menino, que para inspirá-lo e mais atraí-lo para a carreira das armas, Dom Fernando mandou fazer para o seu Luisinho (como passou a ser chamado), uma bonita farda de soldado e armas apropriadas, de acordo com o seu tamanho, como arcabuzes e mosquetes especiais.

Como era natural, o filho se sentia orgulhoso de trajar aquela farda e de caminhar junto ao seu pai, e como toda criança, sentia-se feliz por ser membro daquela poderosa família.

A AMEAÇA MUÇULMANA

E logo na sua primeira juventude, aconteceram terríveis ventos de guerra. Os muçulmanos ameaçavam a Cristandade inteira. A Tunísia, que o Imperador Carlos V havia arrancado dos turcos, estava sendo reconquistada quase inteiramente pelos infiéis, transformando-se num verdadeiro covil de corsários. A navegação tornou-se inseguríssima. Então, o Rei da Espanha Felipe II decidiu colocar um fim naquela situação, e para isso, chamou Dom Fernando que era o Capitão geral na Itália, para recrutar 3 mil homens e treiná-los na fortaleza de Casalmaggiore. E nesta oportunidade, o Marquês teve a idéia de levar o seu filho Luís para fazê-lo verdadeiramente um homem de armas, não para combater agora, por que era muito pequeno, mas para que ele se sentisse atraído e satisfeito naquele ambiente militar.

Dona Marta ficou com o coração triste com a partida do filho, e estando com Rodolfo (filho caçula) ao colo, abraçou longamente o seu querido Luís. Ele embora com lágrimas nos olhos por se despedir da mãe, estava feliz e empolgado, seguindo na carruagem ao lado de seu pai e de Dom Francisco del Turco, um homem que foi contratado para cuidar da educação e da cultura do Luizinho.

TRAVESSURAS DO SOLDADO LUIZINHO

Instalados na fortaleza, próximo ao rio Pó, Luizinho se empolgava ao lado do pai, acompanhando o treinamento intensivo da tropa para a guerra contra os muçulmanos. E de tanto presenciar, quis imitar os soldados. Provavelmente favorecido por algum soldado meio “zureta”, se dispôs a carregar um arcabuz com pólvora. Enquanto realizava a “travessura”, meio desajeitado, a mistura da pólvora se incendiou e lhe chamuscou as mãos e o rosto, dando-lhe um grande susto. Mas foi só um susto.

Mas o pequeno artilheiro não perdeu a teima e como todas as crianças, resolveu imaginar uma segunda tentativa. O campo inteiro repousava inclusive o seu pai. Ele querendo mostrar as suas habilidades e ser considerado como entendido no assunto, colocou em sério perigo a sua própria vida. Às escondidas e naturalmente com a condescendência de algum soldado “meio louco”, ou quem sabe, aquele mesmo da experiência anterior, conseguiu uma razoável quantidade de pólvora e transportou-a cuidadosamente até a torre onde estavam às armas de guerra, as bombardas, ou seja, diversas maquinas de guerra que arremessavam grandes pedras. Querendo imitar o que viu tantas vezes os soldados fazerem, carregou uma das maquinas e quando lhe pareceu que estava tudo conforme, pôs fogo na mecha. A pólvora explodiu forte, mas a maquina não estando escorada, retrocedeu com violência, e quase aconteceu um cruel acidente, pois certamente teria esmagado o pequeno e ousado Luís, se a Divina Providência não tivesse socorrido, protegendo o menino do iminente e tão grande perigo.

O acampamento acordou. O pai, que era o Chefe e Capitão Geral, deu ordem aos oficiais que verificassem o que estava acontecendo, e por isso, observassem se tratava de alguma tentativa inimiga. Eles foram e viram o Luiz. Pegaram o menino e o levaram a presença do pai. Dom Fernando super nervoso e irritado, pois considerava o filho como um oficial regular das suas tropas, quis aplicar ao insubordinado a lei de guerra. Os oficiais e soldados, porém, se empenharam e com muita habilidade, acalmaram a indignação paterna. Desse modo, Luizinho não foi punido e se tornou o “chamêgo” do acampamento, o ídolo da tropa, passando a conviver com mais frequência em meio à soldadesca. Mas tomou juízo para não “aprontar outra”.

Essa vida de acampamento durou alguns meses. No dia da tropa demandar a Tunis, a fim de enfrentar os turcos, por ser ele ainda muito pequeno, seu pai o enviou de volta a casa. Dom Fernando já estava bastante satisfeito com as provas de coragem do seu primogênito. Luís com o coração cheio de saudades despediu-se do pai e, tomou a carruagem em companhia do fiel Del Turco, dirigindo-se a Castiglione.

Como era natural, embora estando com sua mãe, seus irmãos e na fortaleza residencial, como toda criança, guardava a lembrança das suas aventuras e experiências militares junto ao pai, e por isso, nas primeiras semanas, andava meio calado e pelos cantos da casa, não querendo muita conversa. Mas, o cuidado da mãe sempre presente, e dentro do próprio ambiente familiar, com as novas ocupações, o Luizinho acabou se descontraindo, voltando a ser aquele mesmo menino alegre e carinhoso de sempre.

É HORA DE ESTUDAR

Chegando a época em que devia começar os estudos, lhe foi dado por professor João Albertinelli, lá mesmo de Castiglione, e mais tarde, Júlio Bresciani, de Cremona, na Itália, ambos rapazes competentes e muito piedosos. E assim, começou a desenvolver os seus conhecimentos e, em companhia da mãe aprendeu as orações necessárias ao estimulo das suas devoções: o ofício de NOSSA SENHORA, os Salmos Penitenciais, diversas outras orações e a Santa Missa. Aprendeu o cerimonial do Altar e ainda criança, todos os dias, ajudava na celebração da Santa Missa, com sincera devoção penitencial, recusando sempre o genuflexório, ou alguma almofada, ajoelhando diretamente no chão. O mesmo entusiasmo que havia revelado na aprendizagem dos exercícios militares, ele também demonstrava agora, nas práticas de piedade e devoção, para as quais tomou imenso gosto e jamais as abandonou.

Certo dia, abatido por uma febre intermitente e incomoda, foi forçado a permanecer no leito. Nas conversas que mantinha com sua mãe, soube dos problemas da gravidez dela, dos sofrimentos, de seu difícil nascimento e do voto que ela fez a DEUS, pela vida dele. Inclusive, o desejo secreto da sua mãe de que ao menos um dos seus filhos se tornasse Sacerdote. E neste momento Luis disse a sua mãezinha:

- “Ora, esse filho, poderia ser eu, não é minha mãe”?

Dona Marta se rejubilou, muito embora interiormente desejasse que um dos outros filhos fosse o Sacerdote da família, por que sendo Luizinho o primogênito, sabia por demais, os planos que seu marido tinha para o primogênito.

Luis seguia a sua vida angélica e devota, auxiliado pela graça Divina que sempre o impulsionava a novos progressos: rezava e rezava sempre com devoção e competência.

BRINCADEIRAS DE CRIANÇA

Certo dia brincava com alguns meninos, jogando uma prenda. Quem perdesse tinha que dar ao vencedor uma prenda pessoal. E no final da brincadeira, para resgatar a prenda, o perdedor tinha que se submeter a uma penitência.

Luís perdeu naquela tarde. Deu ao vitorioso um objeto pessoal. Depois no final da brincadeira, para reaver o objeto dado, ele deveria se submeter a uma penitência. O colega lhe impôs a penitência dele beijar no muro a silhueta projetada pelo sol, de uma menina que passava por ali. Luizinho ficou cor de brasas. Abandonou o jogo. Não houve maneira de fazê-lo retornar a brincadeira. Ficou zangado e muito aborrecido.

DOM FERNANDO RETORNA DA GUERRA NA ÁFRICA

Finda a campanha militar em Tunis, na África, Dom Fernando retornou a Espanha, mas não estava muito satisfeito, por que a guerra contra os muçulmanos não tinha alcançado o êxito esperado. Isto por que, além do problema maometano, o Rei Felipe II estava preocupado com o crescimento do protestantismo na Europa, e por essa razão, não pode oferecer um apoio mais maciço e concreto a Dom Fernando na campanha da África, para alcançar êxito em Tunis.

Dom Fernando encontrou o seu primogênito inteiramente diferente do que imaginava, não era o mesmo Luis, não estava interessado nas armas e na vida militar. Era um menino inteligente, extremamente respeitador, obediente e muito dedicado em todos os afazeres, cultivador das orações, devoto e piedoso no trato das coisas de DEUS.

 

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