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MORTE DOS CRISTÃOS

 

A SITUAÇÃO SE AGRAVAVA DIARIAMENTE

E percebendo a gravidade da situação, que piorava cada dia, Carlos, o chefe dos pajens, reuniu todos eles e fez com que rezassem juntos, batizou os que ainda não haviam recebido o Sacramento do Batismo, preparando-se para um final trágico.

Certo dia o rei, furioso, ordenou que todos os pajens fossem reunidos e trazidos a sua presença. Carlos Lwanga pessoalmente certificou-se de que todos abandonassem as suas tarefas imediatamente. Desse modo, assim que todos os pajens estavam reunidos, Lwanga fez-se anunciar ao rei e entrou no salão real à frente do grupo. No salão havia muitos membros do exército e carrascos que vieram presenciar a cena. Como de hábito, todos eles, Carlos e os pajens, servidores do palácio, assim que se aproximou, se prostraram diante do Monarca em sinal de servidão e obediência.

O Rei perguntou em alta voz: "Todos os pajens estão aqui reunidos?". Lwanga confirmou.

O Rei então disse: "Todos os que seguem a religião dos brancos devem se postar atrás do grupo. Os que professam a minha religião podem permanecer próximos a mim. E se algum cristão tentar se esconder, saiba que perderá a cabeça imediatamente."

Carlos Lwanga levantou-se e falou:"Todos os homens de boa consciência não podem renegar o seu DEUS. Senhor Rei, sempre nos dizes para seguir as suas ordens e nunca nos omitimos, sempre obedecemos, mesmo quando enfrentando os inimigos. Hoje, novamente, iremos seguir o seu comando, obedecendo à ordem que o senhor acaba de dar."

E assim, logo em seguida, Carlos Lwanga caminhou e tomou Kizito pela mão, um jovem pajem de 13 anos, e foi se colocar no local indicado para os “rezadores”. Seguiram-no mais doze, todos com menos de 25 anos de idade. Muanga II perguntou-lhes se eles pretendiam permanecer cristãos. Todos responderam corajosamente que sim, e foram condenados à morte. O rei mandou vir também um soldado que se tinha tornado católico, Tiago Buzabaliawo, e lhe ofereceu o perdão se apostatasse ali, naquele momento. Tiago recusou-se terminantemente, e foi engrossar o cortejo dos confessores da fé. Foi também condenado um chefe tribal, André Kagwa, que tinha convertido ao cristianismo toda a sua família e muitos conhecidos; e Matias Kalemba, juiz suplente num tribunal de província, que primeiro se tinha tornado muçulmano, e depois anglicano, e que finalmente se converteu a verdadeira Religião. Todos corajosamente confessaram a sua fé em NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.

O Rei, com os olhos cheios de ódio, ordenou que os amarrassem e os encaminhassem para a prisão e morte.

CONDENADOS A MORTE TERRÍVEL

Muitos foram logo levados e enforcados em árvores, outros, à prisão. Certo dia, Lwanga disse ao chefe da guarda: "Bem sabemos que vais nos matar, porque temos que esperar tanto?" No dia marcado, foram levados para fora da prisão, amarrados uns aos outros. Seguiu-se como uma procissão, com os soldados e carrascos brandindo as suas armas, tocando tambores e cantando.

A execução seria em Namungongo, a 60 km de distância. E na sequência dos dias assim aconteceu. Para lá seguiu todo o grupo. Em cada encruzilhada era imolado um cristão aos deuses locais.

E seguindo pelo caminho, escoltados por soldados fortemente armados, os condenados passaram perto da casa dos "Padres Brancos" . O Padre Lourdel, que tinha Batizado vários deles, ficou pasmo diante da tranquilidade e alegria com que se dirigiam ao local do suplício, inclusive, ficou admirado com o comportamento alegre e descontraído do menino Kizito. Quando o sacerdote ergueu a sua mão para lhes dar a absolvição, Tiago Buzabaliawo também ergueu as suas mãos, e embora estivessem amarradas e imobilizadas, com esforço apontou para o Céu, como se quisesse dizer que lá eles estariam esperando por ele, pelo sacerdote.

Chegados ao local da imolação, os prisioneiros foram atados fortemente, divididos em grupos e trancados em cabanas e alguns, amarrados a postes. Os mais velhos de cada grupo encorajavam os mais novos a perseverarem. Assim permaneceram durante uma semana, até que uma gigantesca fogueira terminou de ser montada.

No dia 3 de Junho, dia da Ascensão do SENHOR aos Céus, os pajens foram deitados de costas em esteiras de caniço seco, com as mãos amarradas, e colocados na fogueira.

Um dos pajens, Mubaga Tuzinde, de 17 anos, filho do carrasco-mor, teve que enfrentar a pressão do pai, que insistia em que ele apostatasse. Como Mubaga se mantivesse firme na fé, o pai mandou dar uma violenta pancada na nuca dele, para matá-lo antes de colocá-lo na fogueira.

Sem prantos nem gritos, mas rezando em alta voz, os mártires entregaram suas almas a DEUS, dizendo aos seus carrascos:“Vocês podem matar o nosso corpo, mas não nossa alma, que pertence a DEUS”.

Os carrascos ficaram perplexos com a atitude tranquila e alegre dos mártires frente à morte, comentando entre si: “Nós já matamos muita gente, mas a nenhum como estes, que não gemem nem choram, nem dizem más palavras. Tudo o que ouvimos é um suave murmúrio de preces. Eles rezam até morrer”.

UM CARRASCO ESPECIAL PARA LWANGA

Apareceu então Senkoole, o Guardador da Chama Sagrada, que havia prometido vingança, e apontando para Carlos Lwanga disse: "Você eu quero para meu proveito pessoal, vou sacrificá-lo aos deuses, serás uma oferenda de primeira."

Sabendo que Senkoole, por motivos religiosos, não podia permanecer no mesmo local onde os outros seriam mortos, ao ser separado dos demais, Carlos exortou os seus companheiros: "Meus amigos, nos encontraremos logo no Paraíso, eu ficarei um pouco mais aqui, vocês chegarão primeiro. Mantenham a coragem e perseverem até o final."

Um a um os cristãos eram queimados com uma tocha acesa diretamente na Chama Sagrada, enquanto ouviam a sentença: "A tua desobediência é responsável por tua morte e não o deus Kabaka".

Senkoole levou Carlos Lwanga para um lugar mais próximo de onde estavam os demais cristãos, para que estes pudessem assistir melhor. A pira foi construída embaixo de uma árvore, como se fosse uma cerca. Lwanga, amarrado, seria descido para perto do fogo. Pediu, então, que o desamarrassem para que pudesse arranjar melhor a pira. Assim, o mártir pode preparar a sua cama de morte.

Novamente amarrado, desceram-no até próximo ao fogo. Senkoole controlava as chamas para que não fossem muito altas e, assim, queimassem Lwanga mais lentamente. Os pés eram queimados, mas o restante do corpo permanecia bem. Senkoole lhe falou: "Estou queimando-o mais lentamente possível, para que o teu DEUS tenha tempo de vir salvá-lo".

Lwanga respondeu: "Pobre homem bobo! Não entendes o que estás dizendo. Estás me queimando, mas é como se estivésseis colocando água sobre minha cabeça. Eu estou morrendo por amor a DEUS, mas tu fiques atento, pois se não te arrependeres, é tu que queimarás por toda a eternidade."

Em seguida, Carlos Lwanga ficou orando em silêncio. Quando finalmente percebeu que seu último suspiro estava próximo, gritou: "Meu DEUS!"

Carlos Lwanga morreu na manhã do Dia da Ascensão do SENHOR, festa na qual esperava ansiosamente comparecer e inclusive, já havia se preparado adequadamente para aquela data.

No total, 21 cristãos, doze católicos e nove anglicanos foram queimados na terrível fogueira. Um deles, Mgaba Tuzinde, estava na multidão assistindo ao martírio. Reconhecido pelos carrascos, foi jogado ao fogo na mesma hora. O martírio se deu no dia 3 de Junho de 1886, em Uganda.

DEPOIS DO COVARDE E BÁRBARO CRIME

Um ano após a morte daqueles cristãos, o número de catecúmenos que vinha crescendo corajosamente, agora já havia se multiplicado por quatro.

Na época da execução dos cristãos, o desprezível e cruel Rei Muanga II para evitar que surgissem muitos mártires, que poderiam atrair mais conversões para o cristianismo, mandou que Carlos Lwanga morresse primeiro, queimado vivo, dando chance aos demais para ver e ficarem com medo, evitando assim a própria morte, renegando a sua fé. Este ardil de nada adiantou porque os demais cristãos também foram mortos, e sob brutal flagelação, corajosamente aceitaram a morte, sendo alguns torturados e outros completamente queimados vivos.

O último mártir foi um pajem de nome João Maria, decapitado no dia 27 de Janeiro de 1887. Desse modo, foram 22 o total de mártires, e este acontecimento teve grande repercussão no mundo inteiro, que lamentou tão grave acontecimento.

Eles morreram invocando o nome de JESUS e proclamando: "Vocês podem queimar os nossos corpos, mas não conseguirão destruir as nossas almas."

Quando finalmente os "Padres Brancos" foram expulsos do país, os novos cristãos continuaram o trabalho deles, traduzindo e imprimindo o catecismo cristão para sua língua nativa e dando sequência a instrução religiosa e o cultivo da fé. Sem sacerdotes, sem liturgia e os sacramentos, mas com inteligência, muita fé, coragem e sabedoria, mantiveram a Igreja Católica viva e crescente em Uganda.

BEATIFICAÇÃO E CANONIZAÇÃO

São Pio X introduziu a causa de Beatificação dos servos de DEUS, Carlos Lwanga, Matias Kalemba e companheiros. O grupo foi Beatificado em 1920 pelo Papa Bento XV e Canonizado no dia 16 de Outubro de 1964, pelo Papa Paulo VI. O mesmo pontífice, em 1969, consagrou o altar do grandioso santuário construído no local onde fora a prisão em Namugongo, na qual os vinte e um pajens, dirigidos por Carlos Lwanga, rezavam aguardando a hora de testemunhar a fé em JESUS CRISTO.

Os anglicanos, obviamente, não poderiam ser canonizados, mas seus nomes foram honrados em virtude do seu sacrifício. Oficialmente a Igreja determinou que, São Carlos Lwanga e companheiros fossem lembrados anualmente no dia do seu martírio, 3 de Junho. Em 1934, Carlos Lwanga foi declarado "Padroeiro da Juventude Africana".

O sangue dos mártires se transformou em semente sagrada de cristãos. Quando os “Padres Brancos” foram expulsos do país, os católicos continuaram o trabalho de instrução e evangelização, que eles realizavam, catequizando o povo e estimulando todos os fieis a buscarem a santidade para suas vidas. Mesmo sem sacerdotes, sem liturgia e sacramentos, essa Igreja acéfala permaneceu viva e cresceu em Uganda. De modo que, quando os missionários voltaram após a morte de Muanga II, encontraram quinhentos cristãos e mil catecúmenos esperando por eles. Hoje, o número de cristãos em Uganda soma mais de um milhão de fiéis.

 

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